08 outubro, 2006

Como Vencer um Debate ...sem Precisar Ter Razão

O domingo amanheceu nublado, quase chuvoso, em Belo Horizonte. Algumas manchetes de jornais relembram que, hoje à noite, haverá o primeiro debate entre Alckmin e Lula. Este, busca a reeleição - perdida por pouquíssimos votos. Aquele, animado pela improvável chegada ao segundo turno, repete bordões.
Propostas de governo? É o que menos importa. Agora, é guerra, como descreve o lead da notícia no EM de hoje:

As armas para a primeira batalha
Certos de que o primeiro debate hoje na TV será cartada decisiva na acirrada disputa pela Presidência da República, os dois candidatos ao segundo turno, o presidente Lula (PT) e Geraldo Alckmin (PSDB), passaram os últimos dias preparando as armas para o confronto. Serão apresentadas propostas e exibidas realizações, mas também não deverão faltar acusações de parte a parte.

Já que é 'guerra', o importante é vencer, parece.

Meu amigo Lucas Monteiro de Castro, neuropediatra de alta estirpe, formado em Direito, expert em Filosofia (ufa!), recomendou-me e me emprestou o livro de Arthur Schopenhauer: Como Vencer um Debate sem Precisar Ter Razão (Editora TopBooks).
O subtítulo explica: Em 38 estratagemas(1): dialética erística(2).

(1) Estratagema: s.m. (1559 CDP VIII 151) 1 mil manobra, plano empr. ger. em guerras para enganar, confundir o inimigo 2 p.ext. plano, esquema etc. previamente estudado e posto em prática para atingir determinado objetivo 3 p.ext. qualquer ato ardiloso; subterfúgio ¤ etim gr. stratêgéma,atos 'manobra de guerra, estratagema, astúcia, artifício de guerra'.

(2) Erística: s.f. (1873 cf. DV) fil 1 na antiguidade grega, arte ou técnica da disputa argumentativa no debate filosófico, desenvolvida sobretudo pelos sofistas, e baseada em habilidade verbal e acuidade de raciocínio 1.1 pej. em Platão (427-348 a.C.), argumentação que, buscando unicamente a vitória em um debate, abandona qualquer preocupação com a verdade ¤ etim substv. do gr. eristikê subentendido tékhné

Há um sentido pejorativo (cf. acepção 1.1) para Erística, provavelmente adotado por Platão, ao afirmar que, em busca da vitória, não importa a verdade na argumentação. Muitas vezes, sua marca registrada é o sofisma(3).

(3) Sofisma: s.m. (sXIV cf. FichIVPM) 1 lóg argumento ou raciocínio concebido com o objetivo de produzir a ilusão da verdade, que, embora simule um acordo com as regras da lógica, apresenta, na realidade, uma estrutura interna inconsistente, incorreta e deliberadamente enganosa 2 lóg argumentação que aparenta verossimilhança ou veridicidade, mas que comete involuntariamente incorreções lógicas; paralogismo

Poder-se-ia pensar que, por isso, tais debates entre candidatos não devem ser levados muito a sério, já que aos debatedores interessa vencer a qualquer preço, inclusive às custas da verdade.

Ora, conhecendo as 'artimanhas' da Erística, o eleitor poderá ficar mais atento às distorções e estratagemas de cada um dos presentes à cena do duelo verbal, incluindo-se o(s) entrevistador(es). Estes têm um grande poder de sedução, pois ao grande público aparecem como imparciais, quando, na verdade, não o são: geralmente fazem perguntas capciosas quando querem 'derrubar' o entrevistado pelo qual (seus patrões) não têm simpatia ou, ao contrário, 'levantam a bola' para o candidato do seu (patrão).

Os debates na esfera política (e em muitas outras, evidentemente) são caracterizados pela necessidade de vitória sobre o outro, custe o que custar. Isso contraria as propostas da dialética de Aristóteles e de Sóprates por exemplo, que propõe uma disputa limpa, sem truques, cujo exercício leva à 'verdade', objetivo único a ser perseguido: 'arte da controvérsia, da argumentação sutil' "Pela decomposição e investigação racional de um conceito, chega-se a uma síntese, que também deve ser examinada, num processo infinito que busca a verdade."

Ah... mundo ideal...

Schopenhauer, no Intróito do seu livro, já define assim a tal de Dialética Erística: é a arte de discutir, mais precisamente a arte de discutir de modo a vencer, e isto per fas et per nefas (por meios lícitos ou ilícitos).

A seguir, distingue que ter razão nem sempre significa que se tem a verdade:

Assim ocorre, por exemplo, quando o adversário refuta minha prova e isto é tomado como uma refutação da tese mesma, em cujo favor se poderiam aduzir outras provas. Neste caso, naturalmente, a situação do adversário é inversa àquela que mencionamos: ele parece ter ração, ainda que objetivamente não a tenha. Por conseguinte, são duas coisas distintas a verdade objetiva de uma proposição e sua validade na aprovação dos contendores e ouvintes.
Dentre os 38 estratagemas descritos por Arthur Schopenhauer, enumero alguns mais comuns:

  • Ampliação indevida: levar a afirmação do adversário para além de seus limites naturais, interpretá-la do modo mais geral possível, tomá-la no sentido mais amplo possível e exagerá-la. (Quanto mais geral uma afirmação se torna, tanto mais ataques se podem dirigir a ela!).
  • Mudança de modo: tomar uma afirmação relativa como se fosse absoluta e refutá-la neste segundo contexto.
  • Pré-silogismos: quando se quer chegar a uma certa conclusão, evita-se que esta seja prevista, de tal modo que o adversário, sem o perceber, admita as premissas uma de cada vez e dispersas, sem ordem.
  • Perguntar em desordem: Fazer, de uma só vez, várias perguntas pormenorizadas e, assim, ocultar o que, na verdade, queremos que seja admitido. Confundir o outro, eis a questão.
  • Encolerizar o adversário: provoque a cólera do adversário para que, em sua fúria, ele não seja capaz de raciocinar corretamente e perceber sua própria vantagem. Como? Tratando-o com insolência, fazendo ofensas, humilhando-o e acusando-o injustamente!
  • Alternativa falsa: induza o adversário a aceitar uma tese apresentando-lhe a tese contrária, ressaltando essa oposição com estridência, de tal forma que ele tenha que se decidir pela nossa tese, em comparação com a outra (falsa).
  • Proclamar-se, precocemente, vitorioso: trata-se de um golpe descarado, principalmente diante de um adversário tolo ou tímido.
  • Impelir o adversário ao exagero: quando o pato cair no exagero, explore isso, refutando-o e expondo-o ao ridículo.
  • Falsa redução ao absurdo: extraia conseqüências absurdas das afirmações do adversários, distorcendo-as perante a platéia.
  • Argumento de autoridade: apele para a própria sabedoria ou à sabedoria de alguém tido como conhecedor do assunto, ao mesmo tempo que minimiza o conhecimento do adversário.
  • Ironia: finja incompetência e se declare incompetente para compreender o que o outro diz. Insinue que a afirmação do outro é tão incompreensível e insensata, que escapa à compreensão!
  • Discurso incompreensível: desconcerte o adversário com um caudal de palavras sem sentido.
  • Último estratagema: quando percebemos que o adversário é superior e que acabará por não nos dar razão, então nos tornemos pessoalmente ofensivos, insultuosos e grosseiro. Ataquemos a honra do outro - esqueçamos seus argumentos, já que não temos mais chance de refutá-los!

A tudo isto estarei atento, hoje.
Se conseguir dormir depois, será por exaustão!
(Exaustão, esta, que espero não tenha atingido meus dois ou três leitores deste post 'quase' filosófico...)

3 comentários:

  1. Tem como vencer um debate sem precisar ter razão?
    No passado, os sofistas se tornaram mestres nessa habilidade, venciam qualquer tipo de debate, sem a necessidade de fundamentar os argumentos pela lógica e ou pela razão. Na atualidade, são os políticos que demonstram essa habilidade, vencem debates, ganham eleições e não apresentam argumentos que tenham base na razão.
    Medo!_!

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  2. Como vencer debate?
    Então existe vários conceitos para uma boa argumentação estarei ensinando os principais conceitos de uma ótima argumentação para vencer qual quer pessoa em um debate como você tem a informação básica que ele não tem muito poder de argumentação será mais fácil você vencer ele no debater alertando que não sou ateu muitas pessoas fica me chamando de ateu alerto que não sou ateu apenas tenho conhecimento de uma boa argumentação.

    Os principais conceitos para uma argumentação é "Pesquisas, Evidências, Comprovações" tudo o que você falar deve ter uma base ou uma teoria para provar que é verdade evita o máximo possível utilizar a palavra "Eu Acho, Eu Penso, Eu" na argumentação caso a argumentação seja para manipulação em massa utilize a palavra "Nós Iremos, Nós Podemos, Nós Temos" um grande exemplo de Manipulação em massa foi Hitler ele manipulou a Alemanha inteira e todos os seguirão.

    Outra dica é prestar atenção na mensagem corporal que você está passando nunca fique nervoso ou com medo do que irá dizer você deve se posicionar como um líder com uma postura superior assim você passa uma mensagem que você sabe do que está dizendo e tem posição para ser um líder para diminuir a base de uma argumentação você pode zombar da ideia do outro concorrente como as redes de televisão faz para impor suas ideias veja o repórter zombando de um equipamento diminuindo a força da argumentação da existência de fantasmas e coisas do gênero realmente a rede globo ela manipula mais ninguém percebe eles colocando as ideias na cabeça dos jovens.

    Outra dica para ter uma argumentação boa caso seja uma argumentação em massa é provocar emoções nos populares vamos supor se alguém diz "Eu irei dominar o mundo." ninguém vai apoiar não é mesmo alias ele está oferecendo poder apenas para ele agora quando ele diz "Nós iremos dominar o mundo." as pessoas acaba engolindo com mais facilidade o argumento e escondendo o verdadeiro proposito um exemplo disso foi Hitler ele manipulou a Alemanha inteira dizendo o seguinte "Nós tomaremos o poder e seremos uma nação mundial." mais o seu verdadeiro proposito era dominar o mundo sozinho.

    Agora vamos entender se eu digo algo do gênero para ganhar voto "Eu irei melhorar a saúde, educação" certamente ninguém vai acreditar agora se eu dou uma emoção em uma voz "Nós iremos mudar esse país estamos cansados de sermos enganados de sermos manipulado" certamente a segunda palavra iria ganhar mais crédito não é mesmo por que você está jogando a culpa em outra pessoa assim parecendo que você é bonzinho é o mocinho da historia como por exemplo Hitler fez ele disse "Os judeus eles querem dominar o mundo." mais na verdade ele que queria dominar o mundo ele tacou a culpa nos judeus para desviar a atenção do povo.

    Quer ser um bom manipulador e ter ótimas argumentações siga o exemplo de "Hitler, Rede Globo, Movimento Feminista, Movimento Anonymous" que são mestres em manipular a massa para que eles aceitem sua argumentação vamos supor se eu digo "Esse cara fica bêbado todo dia isso é uma vergonha" eu estou auto afirmando subliminarmente que eu não bebo se eu digo todo homem trai eu estou auto afirmando que mulheres não trai se eu digo os homens são do mal eu estou auto afirmando que as mulheres são do bem se eu digo as mulheres são inferiores eu estou auto afirmando que os homens são superiores se eu digo os judeus estão dominando o mundo eu estou auto afirmando que eu não quero dominar o mundo. (Escondendo a verdadeira verdade)

    Outra dica é parecer inteligente quanto mais pesquisas difíceis você falar mais inteligente você vai parecer aumentando a força da argumentação se uma pessoa diz coisas difíceis mais inteligente ela parece não é mesmo.

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  3. Como vencer debate? (Continuação)

    Quanto mais palavras subliminares você usar criando duvidas mais fracas serão as argumentações do seu concorrente quanto mais duvidas você colocar sobre a teoria do seu concorrente mais fraca ficará a argumentação dele se ele diz "Eu vou melhorar a saúde a educação" e você diz "Todos os políticos dizem isso" você enfraquece o poder de argumentação do candidato.

    "Não sou político mais pretendo ser daqui alguns anos para dar uma limpada nessa sujeira"

    Valeu...Até...

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