29 maio, 2005

Revista Veja fala dos Blogs

A Revista Veja desta semana faz extensa reportagem sobre o mundo blog, intitulada: Blog é coisa séria.
Um dos trechos de Veja:
Desde que surgiu, a internet foi saudada como a ferramenta ideal para que qualquer um pudesse divulgar suas idéias. Mais que os sites, os blogs são a consumação dessa possibilidade. Para montar um site, é preciso ter conhecimento de programação de computadores – ou dinheiro para pagar a alguém que o faça. Com os blogs, as dificuldades se dissiparam. Não se gastam mais que quinze minutos para montar uma dessas páginas (veja quadro). Como tantas histórias de sucesso no mundo da internet, a novidade foi criada por um grupo de jovens especialistas em computação da Califórnia. Então nos seus 20 e poucos anos, Evan Williams e Jason Shellen, os mentores da equipe, pretendiam a princípio elaborar um tipo de site muito simples para técnicos envolvidos num projeto de informática discutirem seu andamento. A ferramenta deu tão certo, contudo, que eles decidiram abri-la ao público. O nome escolhido, Blogger, acabaria definindo como esse tipo de serviço ficaria conhecido. O sucesso do Blogger levou o Google a adquirir a empresa, em 2003. "Achávamos que haveria algum interesse, mas não que se tornaria um fenômeno desse porte", disse Williams a VEJA.

Os blogs levam às últimas conseqüências dois princípios da internet. Um deles é a interatividade. Cada texto postado num blog vem acompanhado de uma janela para que os leitores façam comentários, o que torna essas páginas espaços de debate por excelência. O outro é a formação de comunidades que vão se ampliando e se sobrepondo. Os blogs são interligados uns aos outros por meio de links – os atalhos que permitem ao usuário saltar entre as páginas da internet. Assim, um texto publicado num blog que isoladamente não atrai grande número de leitores pode de repente se espalhar de maneira exponencial. Quanto mais um blog é recomendado pelos similares, mais ganha status. Da mesma forma, o blogueiro que participa das discussões em páginas de terceiros acaba, por tabela, divulgando a sua própria. Atualmente, o campeão em popularidade nos Estados Unidos é um blog chamado Boing Boing, que fala sobre cultura pop e tecnologia. Na semana passada, havia 22.532 atalhos para seu endereço em outras páginas da internet.

As grande empresas já descobriram o potencial de marketing que existe na blogosfera e o mercado já contrata blogueiros-propaganda - disfarçados, é claro:

Recentemente, o McDonald's americano criou um "flog" – um falso blog – para avaliar a aceitação de um de seus anúncios. Outras empresas pagam a blogueiros estabelecidos para falarem bem delas. Como nem sempre revelam sua condição de garotos-propaganda, esses blogueiros têm causado polêmica.

Eu ainda não fui procurado pela Editora Abril. De tal formas que (isso é jeito mineiro de falar) este post não é matéria paga.

Armei barraco!


Barraca do Claudio, originally uploaded by clcosta.

Ir a Curitiba e não armar barraco não dá. Então, deixei lá a Barraca do Cláudio...

28 maio, 2005

Do PrasCabeças pras cabeças

História do tempo do trem-de-ferro:
Em um trem, João, Roberto e Antônio são o foguista, o guarda-freios e o maquinista, mas não respectivamente. São passageiros, no mesmo trem, três homens de negócio, que têm os mesmos nomes: um, Sr. João. Outro, Sr. Roberto. O terceiro, Sr. Antônio.
  • O Sr. Roberto mora em São Paulo.
  • O guarda-freios mora a meio caminho do Rio de Janeiro e São Paulo.
  • O Sr. Antônio ganha, exatamente, Cr$ 200.000,00 por mês.
  • O vizinho do guarda-freios, um dos três negociantes, ganha, em números redondos, três vezes mais que o guarda-freios.
  • João vence o foguista sempre que jogam bilhar.
  • O negociante, cujo nome é o mesmo do guarda-freios, mora no Rio de Janeiro.
COMO SE CHAMA O MAQUINISTA?

26 maio, 2005

Dos Confins ao Guaíra - Parte II

Dia cheio:
O céu claríssimo, sem uma núvem. O sol não venceu a frente fria: 6º C. (brrrrr)
Aqui no Hotel Deville tomo o café-da-manhã como convém: receita de Soié e Aparecida: iogurte desnatado + frutas + granola. Um café-com-leite quentíssimo para esquentar e uma fatia de bolo (não resisti) prá arrematar.
O ônibus para o ExpoTrade Pinhais fica logo ao lado: "Curitiba-Piraquara - Parador".
Achei que se referia ao filme "Um luar sobre Parador" com Sônia Braga: A sinopse diz tudo:
A morte repentina de Alphonse Simms (Richard Dreyfuss), o ditador de um país latino-americano, Parador, faz Roberto Strausmann (Raul Julia), o chefe de gabinete, e a polícia nacional "convencerem" um sósia, Jack Noah (Richard Dreyfuss), que é ator e tinha acabado de filmar no país, para se fazer passar pelo mandatário. Desta forma Strausmann pode governar, usando Noah como fantoche. Porém enganar a namorada do governante, Madonna Mendez (Sônia Braga), não é uma tarefa tão fácil quanto iludir o povo .
Não, "Parador" indicava, apenas, que o ônibus parava nos pontos do seu percurso. Pois entrei, paguei R$ 1,80 e, 10km adiante, saltei numa imensa pradaria (não confundir com padaria), atravessei a rodovia e adentrei no ExpoTrade.
O Congresso de Neurologia e Psiquiatria Infantil é organizado pela ABENEPI e se estrutura em conferências, mesas redondas, foruns, etc., compartimentado em áreas de Psiquiatria, Neurologia, Saúde Mental, Bebê, Criança, Adolescente, etc. Um mundo de palestras, discussões, compartilhadas por pelo menos 2.500 congressistas de todo o Brasil, do Cone Sul e até dos Estados Unidos.
No sábado-28, estou no Fórum sobre a Formação do Psiquiatra da Infância e Adolescência, representando a Residência Médica que coordeno. Também coordeno uma Mesa Redonda. Os contatos com os colegas de todo o Brasil é a melhor parte: revemos os amigos, renovam-se as amizades.
Ainda não deu prá ver nada da cidade, apenas as primeiras impressões, ao chegar, das quais falei no post de ontem.
É impressionante ver o interesse das pessoas de todas as áreas envolvidas com crianças e adolescentes: psicologia, pedagogia, neuropediatria, pediatria, assistentes sociais, psiquiatras. Há um amplo espaço para as discussões sobre políticas públicas para a atenção à saúde mental das crianças e já se ouviram críticas ao descalabro dos serviços (quando existem) e à carência quase absoluta de serviços. Estes, quando existem, estão apenas em capitais (nem todas) e em alguns municípios maiores. No Estado de São Paulo, por exemplo, há alguns serviços de qualidade compatível com o "primeiro mundo", mas insuficientes, absolutamente insuficientes. O que dizer do resto do Brasil?
Na verdade, mesmo após o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) promulgado em 1990, quase nada é cumprido.
Eis o que reza seu artigo 4º:
Art. 4º É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária.
Parágrafo único. A garantia de prioridade compreende:
a) primazia de receber proteção e socorro em quaisquer circunstâncias;
b) precedência de atendimento nos serviços públicos ou de relevância pública;
c) preferência na formulação e na execução das políticas sociais públicas;
d) destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas relacionadas com a proteção à infância e à juventude.
Alguém já viu isso ser praticado?

25 maio, 2005

Dos Confins ao Guaíra

Pela manhã, o tempo estava ótimo em Belo Horizonte, apenas um anúncio de friagem chegando. As montanhas da Serra do Curral abrigavam alguns flocos de neblina, comuns nesta época do ano.

Pela primeira vez, após a mudança dos vôos do Aeroporto da Pampulha (7km do centro) para o elefante branco chamado Aeroporto Tancredo Neves, que fica a 40km, no município de Confins (aqui, o que é longe está "nos confins do Judas"), tomo o ônibus no terminal do Centro. R$ 12,00 é o preço da passagem - De táxi, mais de 60! -. São 50 minutos pela Avenida Cristiano Machado, alcançada após um labirinto de ruas no centro de Belo Horizonte.
O vôo é previsto para 11,45h. Como teria de chegar com uma hora de antecedência, saí de casa às 9,30h. O dia parece que vai ser longo, até chegar a Curitiba, via São Paulo.

Todos comentam a distância de Confins, dificultada pelo trânsito sempre pesado.
Entretanto, os jornais de hoje apresentam farto noticiário, com fotos de maquetes e tudo, a respeito do plano dos governos estadual e municipal de construção de uma via expressa. Ontem, segundo li, o governador Aécio deu mais um "show", apresentando o plano de obras orçado em torno de 200 milhões de reais: serão mais de 20 viadutos e trincheiras, duplicação de vias e o recapeamento de 1.400 m do Ribeirão Arrudas. Promessa: tudo fica pronto em meados de 2006.

Parece que o neto de Tacredo está "pavimentando" - literalmente - sua candidatura à reeleição ou - presunção maior: à presidência. Outro dia já estiveram em B.H. os generais do PSDB, incluindo o FHC. "Coisa de gente grande", comentara-se.
Política e obras: de um lado a gente fica pensando: "que bom, agora posso ir para o aeroporto em 35 minutos, ao invés dos atuais 50!"

No mesmo jornal, menciona-se um estudo da UFMG que classifica a mega-obra como desperdício, frente às urgências de que padece a capital dos mineiros: saneamento básico, conclusão do metrô (em construção há 26 anos!!! - o metrô mais caro do mundo, segundo os dados). "As prioridades deveriam ser outras", diz o estudo.
Mas, como dizia Joãozinho Trinta: "o povo gosta de luxo". todo mundo babando com as grandes obras que desafogarão o trânsito de quem pode viajar de avião.
O atual ocupante do Palácio da Liberdade - aspirando vôos muito mais altos - justifica, alegando que "os trabalhadores da região norte economizarão 20 minutos no trajeto casa-trabalho-casa".

Após um péssimo serviço de bordo - dois mirrados sanduíches de queijo com presunto desde Belo Horizonte - o A320 da TAM aterrisa às 16h em Curitiba, ou melhor, em São José dos Pinhais. Deparo-me com um trânsito a fluir por larga avenida que me leva ao centro. R$ 6,00 é o preço da passagem do ônibus executivo - de táxi seriam 40! Desço a uma quadra do hotel, ao lado do Teatro Guaíra.

Amanhã, conhecerei melhor aquela que é considerada a capital de melhor nível de vida no Brasil. Será?
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Além de telefonar para Amélia - saudades, saudades... - já li o novo post do meu pai, Soié, no seu Ontem e Hoje. Coisa mais emocionante!

20 maio, 2005

De pânico, fobias e obsessões

Estou eu aqui, em João Monlevade, a 120 km de Belo Horizonte. Viagem rápida (?) ziguezagueando por encaracoladas serras (!), pelas vias tortuosas da BR-262, da qual falei, há algumas semanas.
Vim a trabalho, em plena sexta-feira: acabo de fazer uma palestra na XVII Jornada Médica de João Monlevade, convocado pela Associação Médica de Minas Gerais.
O tema que me coube: Transtornos Ansiosos, Síndrome do Pânico e Depressão em Crianças e Adolescentes.
Impressionante o interesse dos médicos locais (todas as especialidades, de cirurgião a pediatra, de ginecologista a neuropediatra - apenas uma psiquiatra na platéia).
Foram duas horas de palestra, incluindo os comentários, as perguntas. Apesar do tempo longo, não foi cansativo, nem prá mim nem pro pessoal que aguentou firme. O segredo? Muito humor e muitos "causos" clínicos, ilustrando um pouco os conceitos mais estabelecidos: sintomas, evolução, causas, manifestações desde o nascimento, primeira infância, idade escolar até a adolescência.
Os colegas clínicos confirmaram o que a gente lê nos manuais: 60% das consultas médicas denotam um "sofrimento psíquico". Uns 30% das manifestações dolorosas, transtornos gástricos, doenças da pele, sintomas cardiovasculares têm origem emocional: as tais das doenças psicossomáticas: asma, prurido, transtornos endócrinos, dores pré-cordiais. Ou seja, "a cabeça" está dançada em muitos e muitos casos. Daí, o paciente que não é "escutado" pelo clínico, acaba numa via-sacra sem fim, procurando remédios, submetendo-se a exames laboratoriais cada vez mais complicados, caros e invasivos. Um dado interessante: os ansiolíticos (lexotans e diazepans da vida) são os medicamentos mais receitados no mundo, sendo que os maiores prescritores são os clínicos, e não os psiquiatras! Em segundo lugar, vêm os antidepressivos (os prozacs da vida), fruto de uma cultura onde o prazer deve ser conseguido a qualquer custo e a felicidade pode ser comprada na farmácia da esquina! Oh! engana-me que eu quero, parece dizer o homem pós-moderno!
Pois os colegas de João Monlevade trocaram idéias, perguntaram, relataram suas experiências. Um deles, que foi médico de minha mãe há mais de 20 anos, até hoje atende na cidade, especializando-se em gerontologia. Disse-me que suas clientes levam-lhe os filhos ou netos com queixas várias, afinal, confiança é tudo! - e ele está impressionado com a quantidade de problemas emocionais existentes. De início, afirma, a queixa é clínica; basta escutar o paciente por alguns minutos, deixá-lo falar "além da queixa" e surgem as questões "da alma"...
Acreditem: João Monlevade só tem uma psiquiatra! A região tem uns 80 mil habitantes! Ou seja, adoecer psiquicamente aqui é um risco de tornar-se louco até ser levado para Belo Horizonte "para internar". Ainda bem que há um serviço público, no qual atendem psicólogos, assistentes sociais e um psiquiatra que vem de Belo Horizonte às sextas-feiras.
Pois é, bebês e crianças pequenas também sofrem emocionalmente, têm depressão, ansiedades, fobias e suas queixas precisam ser valorizadas pelos pais, pelos clínicos (pediatras) e, muitíssimas vezes, o sofrimento poderia ser detectado e curado bem no início. Caso contrário, as portas para a depressão, a inibição social, a ausência de prazer na vida, as ansiedades de todo tipo ficam abertas. Daí vêm o fracasso escolar, transtornos de conduta, comportamento anti-social, abuso de álcool e outras drogas.
Sobre este último ítem, escutei no carro, enquanto vinha pela estrada: 83% dos jovens da escola média em São Paulo ingerem bebidas alcoólicas pelo menos uma vez por semana! 49% das meninas e 27% dos rapazinhos já estão fumando.
Prá mim, o trem tá feio. Ou não?
Ia dar apenas uma noticiazinha, fui falando, destramelei! Acho que é fobia de ficar sozinho aqui neste Vale do Aço!
Bom, volto agora pro Central Palace Hotel, que de palace não tem nada. Até amanhã. Ou depois...

16 maio, 2005

Agenda de hoje



1. 1nspirar-se com as ótimas lembranças do fim-de-semana desfrutado em Catas Altas-MG, na Festa do Vinho, conforme anunciado no post anterior. Show do Marcus Viana: espetacular! Sua "Orquestra Transfônica" apresentou principalmente as trilhas sonoras para novelas (Manchete e Globo), com uma sonoridade impressionante. No telão, as imagens deslumbrantes ilustravam os sons. Muita empatia com o público. Foi uma noite maravilhosa, em companhia da minha Amélia , que me aquece neste inverno , hoje e sempre.


Com ela, o friozinho estava tão gostoso... inda mais aquecido com o vinho fabricado com nossas uvas pelos padres do antigo Colégio do Caraça.
No dia seguinte, passeio à Serra do Caraça. Na foto, uma imagem dos jardins fronteiros ao prédio principal. Há mais na coluna da esquerda. Há uma série com as janelas e da igreja neogótica. Clique em qualquer foto e veja mais.
2. 16h - Palestra: A Esperança e o Desejo. Local: Kala - cultura, diversão e arte.
"Quem deseja, quem espera (tem esperança), sonha. Ou será o contrário: só quem sonha tem desejos e esperanças? ɉ preciso aprender a sonhar, ou cultivar os sonhos, ou acreditar neles. Talvez seja uma boa maneira de viver, driblar a Morte: sonhar. Não se tratam, aqui, dos sonhos dos lunáticos e delirantes, mas do sonho que engendra a ação, a construção, a busca ativa".
A citação é um pequeno trecho do meu post "Da esperança", de 08 de março. Leia mais, aqui.

14 maio, 2005

PORQUE HOJE É SÁBADO

1. E a tal cartilha do "politicamente correto"? O assunto já amornou, mas ainda provoca bons comentários. Por exemplo: a Luci, do 100querer. Pois eu espicho o assunto:
Esta cartilha é pra gente rir ou chorar? Tentar domar a criatividade da língua viva é querer contar as estrelas do céu. Não restam dúvidas de que a linguagem se forma no caldeirão das crenças e, em seguida, a própria linguagem determina crenças e idéias. Somos seres-da-linguagem, gerados e atravessados pela palavra - o que significa que até nossos pensamentos derivam da linguagem. Parece estranho: pensamos porque falamos, não o contrário. Por isso não é surpresa que nos descobrimos "discriminadores", "preconceituosos" ou "politicamente incorretos" quando utilizamos - sem pensar - uma determinada palavra. Isso, porém, não justifica uma cartilha. Talvez o processo educativo e de conscientização consiga oferecer um esclarecimento dos conteúdos pejorativos e aí, sim, cada qual que se responsabilize pelo que diz. Afinal, o homem morre pela boca: pelo que entra e pelo que sai...

2. Pois o Soié, do Ontem e Hoje, esteve sob a mira de um revólver. Pior: confundiram-no com um rato!

3. No final deste mês, o Idelber tá chegando a Belo Horizonte. A cidade vai ficar mais culta e interessante.

4. Amélia e eu estamos indo, hoje, para a Festa do Vinho, em Catas Altas-MG. Como plantadores de uvas, viticultores e quase produtores de vinhos, com certeza não endossamos a aplicação da palavra "vinho" para o produto resultante da fermentação das jaboticabas, aquelas frutinhas pretas, saborosas e típicas de Minas Gerais. Mas... trata-se de um esforço da comunidade de Catas Altas, marcando lugar no Circuito do Ouro, trecho importantíssimo da Estrada Real, o maior projeto turístico em implantação no país. Vale a pena experimentar! Hoje à noite, haverá um show do Marcus Viana e sua Transfônika Orquestra.

5. Começou quinta e termina amanhã o Festival Boa Mesa de Belo Horizonte. Estaremos lá, no encerramento.

6. Ah! o almoço! Delícias na Villa Chiari, cuja arquitetura é tão boa quanto o cardápio. Não dá nem prá falar, de tão bom, este almoço de sábado!

7. E quem não se emociona com o poema de Vinícius de Moraes: Porque hoje é sábado ?

12 maio, 2005

UTOPIA - POR QUE NÃO?

Às vésperas deste século, Eduardo Galeano escreveu suas previsões utópicas para o século 21, que se iniciava:

"No próximo milénio o ar estará limpo de todo veneno que não venha dos medos humanos e das humanas paixões. Nas ruas, os automóveis serão esmagados pelos cães. As pessoas não serão programadas por computador, nem compradas no supermercado, nem espiadas por televisor. O televisor deixará de ser o membro mais importante da família e será tratado como o ferro de engomar ou a máquina de lavar a roupa. As pessoas trabalharão para viver, em vez de viverem para trabalhar.
Será incorporado nos códigos penais o delito de estupidez, que cometem todos aqueles que vivem para ter ou para ganhar, em vez de viverem apenas para viver, como canta o pássaro sem saber que canta e como brinca a criança sem saber que brinca.
Em nenhum país serão presos os jovens que se recusem a cumprir o serviço militar.

Os economistas não chamarão nível de vida ao nível de consumo, nem chamarão qualidade de vida à quantidade de coisas. Os cozinheiros deixarão de considerar que as lagostas gostam de ser cosidas vivas. Os historiadores deixarão de crer que existiram países que gostaram de ser invadidos.
Os políticos não acreditarão mais que os pobres adoram comer promessas. A solenidade deixará de se julgar uma virtude e ninguém tomará a sério nada que não seja capaz de assumir. A morte e o dinheiro perderão os seus poderes mágicos, e nem por disfunção ou por acaso será possível transformar o canalha em cavalheiro virtuoso. Ninguém será considerado herói ou louco só porque faz aquilo que acredita ser justo, em vez de fazer aquilo que mais lhe convém.
O mundo já não se encontrará em guerra contra os pobres, mas sim contra a pobreza, e a indústria militar não terá outro caminho senão declarar a falência. A comida não será uma mercadoria, nem a comunicação um negócio, porque a comida e a comunicação são direitos humanos. Ninguém morrerá de fome porque ninguém morrerá de indigestão.
As crianças de rua não serão tratadas como se fossem lixo, porque não haverá crianças de rua. Os meninos ricos não serão tratadas como se fossem dinheiro porque não existirão meninos ricos. A educação não será um privilégio apenas de quem possa pagá-la. A polícia não será a maldição daqueles que não podem comprá-la. A justiça e a liberdade, irmãs siamesas condenadas a viverem separadas, voltarão a juntar-se, bem unidas ombro com ombro.
Uma mulher, negra, será presidente do Brasil e outra mulher, negra também, será presidente dos Estados Unidos da América; uma mulher índia governará a Guatemala, e outra o Peru.
Na Argentina, as loucas da Praça de Maio serão um exemplo de saúde mental, porque se negaram a esquecer em tempos de amnésia obrigatória.
A Santa Madre Igreja corrigirá os erros das tábuas de Moisés, e o sexto mandamento mandará festejar o corpo. A Igreja ditará também outro mandamento que havia sido esquecido: "Amarás a natureza, da qual fazes parte". E serão reflorestados os desertos do mundo e os desertos da alma."

Do mesmo Eduado Galeano, esta frase:

"A utopia está no horizonte:
quando caminho dois passos, ela se afasta dois passos;
eu caminho dez passos e ela está dez passos mais longe...
Para que serve a utopia?
Serve para isso, para caminhar."


Quem, ainda, ousa sonhar?

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Só para lembrar: Utopia = etim lat. utopia, nome dado por Thomas Morus (humanista inglês, 1477-1535) a uma ilha imaginária, com um sistema sociopolítico ideal; formado com o gr. ou- (do adv. de negação) + gr. tópos,ou 'lugar'; ver u- e top(o)- (Houaiss)

08 maio, 2005

Dia das Mães, à la Minas Gerais

Aqui em casa, muitas vezes, o jargão “psi” sempre foi perfeitamente inteligível – afinal somos da área, eu e minha esposa – “eterna namorada” como diz Soié, meu pai. Assim, os filhos Ana Letícia, Ângelo e Léo já utilizam termos psicanalíticos e psiquiátricos para se referirem a situações corriqueiras, quase sempre em tom jocoso e – é lógico – sem nenhuma presunção de cientificidade.
Ontem mesmo, enquanto viajávamos para Nova Era-MG, a fim de comemorar o aniversário do mano Nélio Costa e, simultaneamente, estar com a minha mãe, na véspera do Dia das Mães, o Léo me “pegou”: quando inventei um nome feminino para um personagem fictício, saiu-se com uma interpretação selvagem, porém típica das brincadeiras “psi”: - Aí, heim, pai, quem é essa tal? Está com fulana na cabeça, né?” O riso foi geral!

Um passeio como não fazíamos há tempos. Amélia, eu e “os meninos”! Coisa raríssima depois que a turma cresceu. É lógico que não precisou da típica discussão na garagem:

- Eu na janela!

- Não! Eu é que vou!

- Da última vez foi você!

- Naquela vez não valeu, pois você não reclamou!

- Então, na volta sou eu!

- Ta bom!

E, assim, transcorriam as horas e sucediam-se os quilômetros. Nas curvas, quando um caía em cima do outro, se estivessem bem humorados, era gargalhada. Caso contrário, uma encostadinha gerava briga. Às vezes eu tinha de parar o carro no acostamento para “fazer uma intervenção”. Pra quem já assistiu “Férias Frustradas”, reprisado sempre na Sessão da Tarde, dá pra imaginar o clima. Na verdade, nunca foram assim frustradas, mas as viagens eram bem temperadas!

Pois, ontem, estávamos, de novo, juntos. O papo rolava em torno de acontecimentos passados, tempos do colégio e da infância de cada um de nós. Lembrei-me do tempo de “grupo escolar”, especialmente de uma briga após a aula, no terreno defronte ao saudoso G. E. Desembargador Drummond. Não sei quem ganhou, mas tenho certeza de que não perdi! Anos depois, encontrei-me com o desafeto, que não reconheci, de imediato. Ostentava uma camisa do Clube Atlético Mineiro – Galo! - ele gordo, barbudo, com filho. Cheio de orgulho, gabou-se:

- Vou ao Mineirão não é pra assistir jogo, é pra brigar. Gosto é de confusão!

Já em Nova Era, almoço em família. O Nélio e a Valdenice, com dois filhos pequenos, moram em casa situada no alto de uma encosta. A cidade se derrama pelo vale, dividida pelo Rio Piracicaba.

O cardápio, bem mineiro, fez nossa alegria: feijão tropeiro com lombo assado, além dos acompanhamentos de praxe: arroz branco, salada e maionese. Foi encontro de gerações, com avós, filhos, irmãos, sobrinhos e netos. Como sempre, meus pais, Soié e Aparecida, sorridentes, felizes, orgulhosos da família ali reunida. Será que isso ainda existe?

Final do dia, hora de voltar. Estrada cheia – a famigerada 262. Curvas, subidas e descidas, faróis no olho, caminhões, caminhões, caminhões!

Sobreviventes, aqui estamos no domingo.

Desta vez, a pedido dos “meninos”, Amélia preparou mais um almoço à mineira: canjiquinha com costelinha de porco! Não faltou uma "couve assustada", rasgada e refogada com muito alho! Normalmente a gente almoça fora, mas hoje, a pedido dos filhos, foi dia de "matar saudades da comida da mamãe", pois há 3 meses que Amélia não "encosta a mão na cozinha" - expressão dela. Está em tratamento fisioterápico pós cirurgia ortopédica no ombro. (Isso é outra história). Os ingredientes foram comprados na sexta-feira, por mim e pelo Léo. A costelinha, cortada em pedaços pequenos, foi desengordurada, para não dar culpa no papai aqui, na hora de comer!
Sobremesa? manjar branco com calda de ameixa preta com rum– outra obra prima da homenageada do dia!

Um fim-de-semana bem familiar, pois não é o que sugere o Dia das Mães?

05 maio, 2005

Leia!

Antológico este texto do Allan, da Carta da Itália. Como deixei no comentário lá: filosofia e política, no sentido sublime dos termos. Gostaria de tê-lo escrito. Para me compensar, recomendo-o. Corra e, depois, me diga se não tenho razão.

04 maio, 2005

VAPT-VUP !

- Oi!
- E aí?
- Pressa demais
- Informação demais
- Perfeição demais: magreza, corpo sarado, dieta
- Rap demais: enxurrada de palavras.
- O mundo é um videoclipe?
- Obsolescência demais. (Tudo corre, tudo passa)
- BytesKilobytesMegabytesGigabytes
- O mundo é hiper!
- Tempus fugit...
- Onde amigos?
- Não-pensar

- Você viu?
- Corra!
- Anh?
- Ciao!
- Fui!
- Já?
- É!

P.S. - como antídoto à correria, está confirmado que o velho e romântico bonde voltará às ruas da capital mineira. O modelo é semelhante ao que circulava ligando vários bairros ao Centro da cidade, até 1963, quando o sistema foi extinto e os bondes viraram peças de museu. Se mineiro não perde o trem, quanto mais o bonde!

01 maio, 2005

Chapéu Panamá

Buritis é o nome de um bairro próximo ao nosso (Gutierrez). Daqui até lá é só subir a Raja Gabaglia e entrar à direita, logo após o cruzamento com a Silva Lobo. Desce-se por uma rua tortuosa, incompatível com o fluxo do trânsito, até chegar num vale, recém ocupado pelos prédios e casas de classe média. A ocupação deste espaço, na cidade, começou com a sede da empresa Mendes Júnior, atualmente ocupada por uma faculdade. Outras instituições de ensino superior estão por ali, também, o que fez aumentar extraordinariamente o número de pessoas, principalmente jovens. Consequentemente, os botecos, barzinhos, pizzarias, churrascarias, etc. têm no Buritis uma freguesia certa. Lá existe a Escolinha de Futebol do Zico, a Pizzarella, o Rancho Fundo (restaurante típico das Minas Gerais) e o Baritis.
Pois não é que no sábado à tarde, neste bar do Bairro Buritis (daí o "Baritis"), nossos filhos Ângelo e Leonardo deram um show com a banda Chapéu Panamá? Eles e alguns amigos formaram o grupo que canta "samba-de-raíz", como dizem: música brasileira de qualidade. Sucesso total.
Ângelo, camiseta preta, ao pandeiro.
Léo, de camisa branca.
É claro que as namoradas (Renata, do Ângelo; Leda, do Léo) deram o ar de sua graça. Ana Letícia e Daniel, idem. Adélia (a prima) e Thiago saíram do Coração Eucarístico para prestigiar a banda...
O ambiente estava animadíssimo, com gente sambando, bebendo cervejinhas, tira-gosto de Guardem este nome: Chapéu Panamá.