24 março, 2005

SEMANA SANTA EM VIENA

- "Estima-se que mais de 70 mil pessoas sairão de Belo Horizonte pelo terminal rodoviário, hoje. As estradas que deixam a cidade em direção ao interior e ao litoral - Rio, Cabo Frio e Guarapari - estão com trânsito lento."
Acabo de escutar a repórter da TV e penso comigo:
- Apesar da neve e do frio, aqui em Viena está tudo tranqüilo...
Desembarquei hoje em Viena, onde me esperava um fiacre [ s.m. etim fr. fiacre (1650) 'veículo de aluguel, puxado por cavalo e conduzido por cocheiro, que se contrata por corrida ou por hora' ] bem conservado, que me deixou na Bäckerstrass 7, a tempo de vislumbrar Sig e Breuer sendo recebidos pela Sra. Mathilde. Breuer não tirava Lou Salomé da cabeça, por isso se mostrou tão indiferente com a esposa.
Não se deram pela minha presença, pois eu acabara de chegar à página 48 de Quando Nietzsche Chorou, guiado por Irvin Yalom.



É o livro que estou lendo agora, do qual já ouvira falar, sempre com recomendações enfáticas. Estou ainda bem no início de um romance que parece ser muito interessante: uma ficção sobre o tratamento (jamais acontecido) a que se submetera um desesperado Nietzsche com o Dr. Breuer, em Viena, mais ou menos em 1880. Freud é um dos personagens convocados pelo autor para dar verossimilhança ao que se pode chamar de "romance de idéias" acerca do nascimento da psicanálise.
Mas a figura mais interessante, até agora, é Lou Andreas Salomé, cuja biografia intitulada Lou: minha irmã, minha esposa (H.F.Peters) é imperdível. A edição que tenho é da Zahar(1986), que eu já havia lido há tempos. Marcou-me muito, pois Lou foi uma mulher "avançada para a época", para dizer o mínimo: independente, ousada, inteligente, bonita. Envolveu-se com figuras proeminentes no meio intelectual: Freud, Breuer, Nietzsche Paul Rée...


Enquanto o trânsito engarrafa nas BRs do Brasil, aqui em Viena, por ora, faz frio e a neve umedece até a alma. Mas estou bem aconchegado: Ana Letícia faz ovos de Páscoa para o namorado. Amélia prepara brownies. Os rapazes se mandaram com as namoradas.
Ah! deveria haver pelo menos uma "semana santa" a cada dois meses!

Maravilhas do capitalismo selvagem

Passo adiante, contrariando a "política" do Pras Cabeças, e sem fazer as contas, uma mensagem que recebi. Si non é vero...

COMO FUNCIONA UM BANCO
 Se você, correntista, no dia 1º de julho de 1994 (data de lançamento do real) tivesse depositado R$ 100,00 (cem reais) na sua conta poupança e não tivesse efetuado nenhum resgate, seu saldo, hoje, seria a fantástica quantia de R$ 374,00 (trezentos  e  setenta e quatro reais)!
Se, naquela mesma data, você estivesse com o saldo negativo de R$ 100,00 (cem reais) em sua conta, utilizando-se do cheque especial, teria hoje uma dívida de R$ 139.259,00 (cento e trinta e nove mil e duzentos e cinqüenta e nove reais). Ou seja: com os juros sobre os R$ 100,00 do cheque especial, você estaria devendo 9 carros populares, e com o rendimento da poupança,conseguiria comprar apenas 4 pneus.

Quanto a mim, nem devo os 139 mil, nem tenho os míseros 374 reais. Não sou dono de banco. Estou mais ou menos como o José, do Carlos Drummond de Andrade: "sem teogonia / sem parede nua para se encostar".