29 setembro, 2005

CASAMENTO É LOTERIA?

Depois de narrar a história do Pe. Antero e Jandira, uma improvável história de amor, fiz um post , sobre um artigo do Psicanalista Carlos Perktold, no qual ele aborda as vicissitudes da “Revolução Feminista”.

A partir de algumas observações do comportamento “amoroso” de jovens da classe média, afirma que, atualmente, há muita resistência por parte dos rapazes em estabelecer vínculos mais estáveis com as moças. Segundo Perktold, as jovens que têm hoje entre 25 e 30 anos, filhas das primeiras beneficiárias da tal revolução, acabam sofrendo mais, pois o crescimento intelectual, a independência financeira e a igualdade competitiva entre os sexos as tornariam ameaçadoras para uma classe de homens, que só querem “ficar”. Daí, Carlos Perktold conclui “o tiro do devastador canhão revolucionário das feministas dos anos 60 do século passado está saindo pela culatra social e as conseqüências são pagas por seus filhos".

Os comentários ao post foram ótimos:

Sandra , bem irônica e incisiva, diz: Sou independente financeiramente, sustento minha casa e meu filho, e acho que não estou a fim de ter outro para “cuidar” (...) Acho que a revolução era inadiável. Só não contávamos com a apatia dos homens e a falta de entendimento.

Afonso contesta com as estatísticas que indicam a estabilidade no número de casamentos e aponta a distorção sociológica do artigo: Os "muitos jovens adultos" que atendes em teu consultório - ou que podem freqüentar um consultório - são uma minoria.

Yvonne foi direta: se existe uma coisa que me deixa extremamente chateada é quando ouço alguém falar que o tiro saiu pela culatra no que diz respeito ao feminismo. Quanto à disponibilidade sexual, queremos sexo e parceiros para compromissos ou uma noite de amor sem grandes conseqüências. Isto também é um preço a ser pago por sermos livres. Não abro mão de viver esses tempos em nome de nada.

Bete concorda ipsis litteris com a Yvonne e acrescenta: E o que aconteceu com nos mulheres e que nos evoluimos e os homens continuam na mesma posicao, infelizmente.

Jacque se identifica um pouco com o tom do artigo e exemplifica: E já passei por uma situação hilária de um ex-namorado meu me perguntar, todo temeroso, quais as minhas intenções com ele. Ri muito e perguntei: "Vc tá achando que quero casar?" E ele respondeu: "é natural que a mulher pense nisso, né?" Respondi: "mas só temos 1 mês de namoro e essa idéia de casar ainda tá muito longe de mim". Ele então suspirou aliviado e riu. (Pode uma coisa dessas?)

Allan, lá da Itália, filosofa: quando é que deixaremos de ser homem e mulher, branco e preto, cristão e muçulmano e passaremos a ser somente seres humanos?

Ismael Cirilo, do alto de sua experiência de 81 anos, acha o tema complicado – afinal, ele e minha mãe se casaram em 1948, são um exemplo de vida em comum, esbanjam alegria. Mesmo assim, não deixou de comentar: esse tema é muito avançado para mim, entretanto, de acordo com o meu raciocínio, o Perktold tem razão, parece que o tiro saiu pela culatra.

Alberto Eiguer, psicanalista francês, em seus livros “Um Divã para a Família” e "O Parentesco Fantasmático" estabelece alguns “organizadores” que orientam a escolha de parceiro. Para ele, os casamentos e, por extensão, a família, se estruturam por mecanismos inconscientes ligados às primeiras experiências de vinculação .
Alberto Eiguer edifica um modelo de vínculos intersubjetivos narcísicos e objetais, do qual emergirá a representação do antepassado que desperta identificações cheias ou ocas, estruturantes ou aniquiladoras. E assim, mostra que doravante faz-se necessário - se admitirmos que o sujeito utiliza-se do outro como defesa, como fonte e motor de seu imaginário - pensar a família em termos de "transgeração" e "mito familial". Afirma que “os objetos parentais constituem o núcleo do inconsciente familiar”, para o bem e para o mal, penso eu.

Para Eiguer, são três organizadores: 1) Escolha de objeto; 2) as vivências do “eu familiar” e sentimentos de pertença”; 3) o romance familiar, vivido na primeira infância, representando uma imagem idealizada dos pais.

Quanto ao primeiro ítem - “escolha de objeto” - haveria três modelos:

1) Escolha objetal anaclítica, ou assimétrica: o homem ou a mulher buscam um parceiro que lhes forneça amparo e apoio (mãe ou pai da infância). É uma escolha alimentada pela pulsão de conservação e visa, antes de tudo, dominar a angústia de perda das figuras parentais. Haveria uma identificação mútua na perda e cada um idealiza o outro. De alguma forma, o casal se julga sabedor de como um deve sanar a falta do outro. Dois caminhos se oferecem: a) defensivo: quando o homem escolhe uma mulher que é o oposto ao pai e vice versa; b) regressivo: quando se identifica, no parceiro, um sucedâneo da figura parental de identificação. Conheço um casal, por exemplo, que se conheceu no Cemitério Parque da Colina(BH), quando ambos velavam as respectivas mães.

2) Escolha objetal narcisista, ou simétrica: Neste caso, a pessoa se liga a um parceiro que se assemelha:
a) ao que se é;
b) ao que se foi;
c) ao que gostaria de ser;
d) ao que possui uma parte do que se foi.

O vínculo se estabelece a partir de uma idéia de poder, orgulho, onipotência e ambição. Por exemplo: o parceiro seria alguém que seja difícil, a fim de se comparar com ele em força e em capacidade manipuladora. Há um jogo sadomasoquista na relação. Exemplo: uma pessoa, muito fechada, tímida e insegura se sente atraída pelo parceiro arrogante e sociável. É provável que uma das partes acabe desprezando a outra.

3) Escolha objetal edípica, ou dissimétrica: trata-se de uma escolha regida pela identificação madura e adulta ao pai do mesmo sexo.
Exemplos:
a) um rapaz se casa com uma mulher que, de alguma forma, representa a mãe dele;
b) casais que procuram o significado de sua relação amorosa, de interação homem-mulher, baseados nas vivências satisfatórias em suas famílias de origem.

As afirmações de Alberto Eiguer se basearam em pesquisas feitas durante anos, na França, com casais que procuraram terapia. As bases teóricas se fundamentam na teoria psicanalítica do Complexo de Édipo e sua resolução – teoria esta colocada em cheque por inúmeros autores. Afinal, Freud viveu na época vitoriana e tinha, por modelo, a família estruturada pelo pai, mãe e filhos. Esse tipo de família, por incrível que pareça, somente foi definido por Littré, em 1869 (há menos de duzentos anos).

Aliás, é bom lembrar que a palavra "família" deriva do verbete latino "famulus" = 'domésticos, servidores, escravos, séquito, comitiva, cortejo, casa, família'.

Atualmente, após a “revolução feminista”, a liberdade sexual, o desmascaramento das hipocrisias pequeno-burguesas, a facilidade de se obter divórcio, os filhos de pais separados ou “avulso”, inseminação artificial, clonagem, muita coisa mudou.

Será que, finalmente, os casamentos que “dão certo” são, mesmo, uma loteria?
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[acrecentei ao verbete "Família", da Wikipédia, este comentário do livro de Alberto Eiguer. Confira]

28 setembro, 2005

Pela descriminalização do aborto



Notícia de hoje: "Brasília – Depois de enfrentar resistências por mais de um mês, a ministra da Secretaria Especial de Políticas para Mulheres, Nilcéa Freire, conseguiu o aval para apresentar ontem na Comissão de Seguridade da Câmara a proposta para descriminar o aborto. A presença da ministra foi confirmada minutos antes do início da solenidade, logo depois de uma reunião que teve com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para discutir o assunto. Nilcéa se atrasou, mas sua chegada teve gosto de vitória para as feministas. Ela entrou pela porta junto da platéia, foi aplaudida e cantou o Hino Nacional. Até o início da tarde, as avaliações eram de que a entrega da proposta da descriminação do aborto seria feita por integrantes da comissão tripartite criada pelo próprio governo para discutir a revisão da lei, o que reduziria o impacto do gesto.

Integrada por 18 pessoas que representaram a sociedade civil, o Executivo e o Legislativo, a comissão reuniu-se entre abril e agosto. Por maioria, propôs a liberação do aborto até a 12ª semana de gestação. Para casos em que a gravidez é fruto de violência, o prazo é de 20 semanas. Pela proposta, a gestante poderá fazer a interrupção da gravidez em serviços públicos ou, se tiver plano de saúde, num hospital conveniado, sem necessidade de carência.

A reviravolta se desenhou ontem mesmo. Na semana passada, cansados de esperar uma confirmação do governo, integrantes de movimentos sociais decidiram tomar a liderança e apresentar, por conta própria, o projeto no Congresso."

A questão do aborto sempre provocou controvérsias. Grande parte da disciplina e dos livros de Bioética tratam deste tema: quando se pode interromper uma gravidez? a partir de quando o ovo (óvulo fecundado) pode ser considerado uma pessoa? existem justificativas éticas, morais e jurídicas para se interromper a gravidez? já se pode considerar que existe vida humana antes que o ovo consiga a nidação na mucosa uterina? a mulher pode dispor do próprio corpo, geri-lo de acordo com sua consciência ou está submetida ao controle de outrem? como separar aspectos religiosos de aspectos biológicos e jurídicos?

No Dossiê Bioética e as Mulheres: Bioética e legalização do aborto há rellexões pertinentes para fundamentar uma discussão aberta e sem preconceitos sobre o direito da mulher sobre o próprio corpo e considera anti-ético obrigar indiscriminadamente a todas a seguirem uma linha de conduta derivada de uma posição religiosa específica.

Para mim, a descriminalização do aborto acabará com a hipocrisia da sociedade em relação a inúmeras gestações não desejadas e propiciará o acesso democrático a clínicas de tratamento bem estruturadas. Cada caso deverá ser considerado individualmente, um a um, avaliado por equipe multi e interdisciplinar, cabendo escutar a gestante para que suas demandas e conflitos mais profundos tenham encaminhamento adequado. Emocionalmente, a experiência de abortar pode acarretar culpas profundas, dependendo da matriz de personalidade, meio cultural e orientação religiosa. Tanto o aborto imposto por uma sociedade machista quanto a criminalização pura e simples se tratam de violência contra a mulher.

Milhares de mulheres são vítimas de procedimentos toscos, infectantes e violentos, causa de elevado número de mortalidade: isto sim, quase um genocídio que afeta principalmente as pessoas de menor poder aquisitivo, sem condições de buscar ajuda em clínicas regulamentadas.

Creio que não se trata, aqui, de defender a prática generalizada abortiva: antes é necessário dar condições de vida digna à gestante e ao futuro bebê, formando cidadãos que tenham acesso às condições de vida, lazer, liberdade e trabalho. A educação para a saúde e conscientização dos métodos anti-conceptivos, bem como o acompanhamento pré-natal são premissas básicas para a dignidade das mulheres e dos frutos de seu ventre. Ou seja, antes de tudo, a procriação responsável.

Trata-se, pois, agora, "apenas" de descriminalizar aquilo que não deveria ser crime.
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Hoje, blogagem coletiva no NÓS NA REDE. Confira os links abaixo:
Descriminalização do Aborto

>> A favor da descriminalização

:: Morte e vida - severina? - Lucia Malla
:: Meu último aborto - Milton Ribeiro
:: Aborto - Afonso
:: Aborto: em defesa de qual vida? - Túlio Vianna
:: A liberdade de optar - Viva
:: Pela descriminalização do aborto - Guto Magalhães
:: Nem só as mães são felizes - Ana Lucia
:: Aborto: reflita antes de julgar - Marmota
:: Direito à escolha - Smart Shade of Blue
:: Todo apoio ao projeto de descriminalização do aborto - Idelber Avelar
:: Aborto - Flávio Prada
:: Hipocrisia Conceitual - Hernani Dimantas
:: O certo, o errado, e a descriminalização do aborto - Cynthia Semíramis
:: Aborto: questão sulamericana - Luiz
:: Sobre o aborto - Sergio Leo
:: Agulhas de tricô servem pra tricotar - Tiago Casagrande
:: Aborto não é crime - Maria Elisa Máximo
:: Dia pela descriminalização do aborto - Biajoni
:: Por que apóio a descriminalização do aborto - Leila Couceiro
:: Direito Necessário - Elenara
:: A liberdade de decidir - Juliano
:: O aborto na história - Denise Arcoverde
:: Pela descriminalização do aborto - Cláudio Costa
:: Pela O crime do Padre Amaro - Helena Máximo
:: Da vida, do direito, da estupidez - Gejfin
:: Pela defesa da vida. Pela descriminalização do aborto. - Roberson
:: João, Maria e Tia Dulce - Bruno
:: Nós na Rede - Pedro Dória

:: Aborto - Marcelo
:: Aborto - 30 anos - Horvallis
:: A Humanidade é Filha da Mulher - Beth S
:: Minha experiência pessoal com o aborto - Ju
:: Acolhimento ao sagrado - Lilian
:: Quando? - Charô

>> Contra

:: Por que sou contra o aborto - Maria Helena Nóvoa
:: O meu e o teu umbigo - Roman
:: Direito à vida, uma questão de classe - Su


26 setembro, 2005

Pura diversão

Hoje, inspira-me o último post da DaniCast. Ela comenta alguns videoclips do artista David Bowie e cita sua música “Wednesday Child” (ele nasceu em 8 de janeiro de 1947).

Quando criança, eu ficava intrigado com os nomes dos dias em português: aquela série de "feiras", començando pela segunda (onde estaria a primeira?) era incompreensível. Mais tarde, aprendi que essa terminologia é coisa lusitana (coisa de português, sim, senhor!).


Os irmãos lusitanos ordenavam a semana de acordo com as feiras que organizavam para vender seus produtos que se sucediam em regiões diversas. Dos antigos romanos, que deram os nomes de acordo com os deuses homenageados, mantiveram apenas o Domingo e o Sábado:

  • Domingo: dia do senhor, do Dominus, do Sol. (Em inglês: Sunday = dia do Sol)
  • Sábado: dia da "sabbata", dia da ceia, quando os soldados romanos voltavam à suas casas e faziam uma ceia festiva junto aos familiares.

OS DIAS DA SEMANA

PORTUGUÊS

MITOLOGIA ROMANA

INGLÊS

CASTELHANO

Domingo

Dominus (Deus do Sol)

Sunday

Domingo

Segunda-feira

Dies Lunae (dia sereno)

Monday

Lunes

Terça-feira

Marte. Deus da guerra - Fogo

Tuesday

Martes

Quarta-feira

Mensageira da chuva - Dia da Água

Wednesday

Miércoles

Quinta-feira

Flos, Dia das flores, da Natureza

Thursday

Jueves

Sexta-feira

Dia do Ouro

Friday

Viernes

Sábado

Sabbata, ceia, terra natal

Saturday

Sábado

DaniCast conta que existe um folclore (inglês? norte-americano?) acerca do significado do dia-da-semana em que cada um nasceu:

“Monday’s Child is fair of face (bonito)
Tuesday Child is full of grace (abençoado)
Wednesday’s Child is full of woe (má sorte, tristezas)
Thursday’s Child has far to go (”vai longe”, boa sorte)
Friday’s Child is loving and giving (amoroso e bondoso)
Saturday’s Child works hard for a living (vida difícil, cheia de trabalho)
But the child that is born on the Sabbath day
is fair and wise, good and gay”
(é justo, sábio, bom e alegre)

Por meio deste Calendário Perpétuo, descobri que eu sou amoroso e bondoso (!!!) e que me casei com uma mulher que se chama Amélia, que tem boa sorte e vai longe!!! Ou seja, cada marido tem a mulher que merece! hehehehehehe

24 setembro, 2005

TIRO PELA CULATRA?

No Caderno "Pensar" do Jornal Estado de Minas, de ontem (sábado), o psicanalista Carlos Perktold faz uma ligeira análise das conquistas e "fracassos" da revolução feminista, a partir da II Guerra Mundial. Inicia seu artigo situando, historicamente, as transformações do papel da mulher na sociedade industrial-ocidental:

O movimento feminista começou no mundo ocidental quando os homens americanos foram convocados para a II Guerra Mundial e suas mulheres assumiram os postos deles nas fábricas e grandes corporações, cumprindo as tarefas com o mesmo talento. Terminado o conflito mundial, elas se recusaram a desocupar o lugar profissional e retornar às tarefas domésticas. Quinze anos depois, com as muitas mudanças, entre elas o advento dos anticoncepcionais e o aumento da produção dos automóveis, abriu-se o mercado para os motéis. As feministas ocidentais aproveitaram esses novos fatores, jogaram gasolina na fogueira ideológica que se apagava, incendiaram seus sutiãs e fizeram uma vitoriosa revolução que ratificou o profissionalismo delas e consolidou novos costumes sexuais.

Alguns parágrafos adiante, Carlos Perktold afirma que a liberação sexual da mulher acabou favorecendo aos homens e se tornou um estorvo para as próprias mulheres:

O tempo comprovou que esses troféus feministas trouxeram um indesejado efeito colateral revolucionário, porque beneficiou mais os homens, na medida em que a disponibilidade sexual delas aumentou. A traição masculina, dolorosa para a mulher, sempre foi suportada e com freqüência perdoada, assertiva ainda provocadora de ódio entre elas.

O autor salienta que as mulheres conseguiram, sim, ocupar o mercado de trabalho antes reservado aos homens, mas tiveram que acumular as novas tarefas com as antigas: cuidar dos filhos, relatar os sintomas aos pediatras, gerenciar a casa, etc. Com isso, estariam sobrecarregadas:

Mas o tempo está comprovando que o tiro do devastador canhão revolucionário das feministas dos anos 60 do século passado está saindo pela culatra social e as conseqüências são pagas por seus filhos. O primeiro pagamento está na ilusão de que as mulheres tenham realmente abandonado o primitivo lugar. Percebe-se que as novas e as velhas trincheiras - freqüentar supermercados, padarias, dar conta da casa, prestar informações ao pediatra das crianças e, à noite, serem boas de cama - ficaram acumuladas.

Diz, ainda, que as atuais filhas da revolução feminista, as moças que hoje têm entre 25 e 30 anos estão tendo dificuldades para encontrar rapazes que se disponham a ser parceiros mais dedicados e comprometidos, pois os jovens do sexo masculino têm muitas fêmeas à sua disposição e não querem se envolver mais profundamente. Criou-se uma horda de "ficantes" os quais, ao final da noite, voltam para a casa do papai e da mamãe, onde têm comida e cama de graça, conforto total, TV e DVD, etc... São os "eternos adolescentes", com dificuldade para assumirem as responsabilidades da vida adulta, com autonomia financeira e emocional. (Evidentemente que se trata de uma generalização, mas não deixa de ser
verdadeira, em parte, essa descrição tão irônica.)

As revolucionárias jamais previram que seus filhos homens achariam ótimo o que vivem, que não abandonariam tanto prazer e facilidade disponíveis e que se beneficiariam das suas conquistas mais que as mulheres. E nem imaginaram que essas conquistas provocariam pânico e ameaça neles quando suas filhas desejassem um relacionamento responsável e duradouro. Despreparada emocionalmente, a rapaziada não arrisca qualquer união estável, porque, no eterno machismo latino-americano, tem medo do comportamento libertário delas. Eles fantasiam que três ou quatro encontros seguidos possam ser interpretados como uma promessa de casamento e a conseqüente perda do privilégio de ter uma nova presa diária, daí as inexplicadas ausências a encontros marcados e a rapidez fugaz dos namoros atuais. As revolucionárias, ao facilitar a própria vida sexual, criaram inimagináveis vantagens para a vida de solteiro deles e nenhuma desvantagem. Então, responsabilidade pra quê?

Na minha clínica, tenho atendido muitos jovens adultos - adultescentes - que demonstram enorme angústia diante da tarefa de crescer. Tremem diante do desafio de encontrar parceiros(as) que correspondam ao idealizado, pois a perfeição vendida pelo marketing onipresente das propagandas, programas de TV, festas e baladas não se concretiza no dia-a-dia do relacionamento. Ainda sonham com o amor romântico, mas têm medo/vergonha de - ou não sabem como - falar dos próprios sentimentos e são incapazes de momentos de silêncio interior para escutarem o que o outro lhes tem a dizer.

Há uma crise. Será que, de acordo com Carlos Perktold, "o tiro do devastador canhão revolucionário das feministas dos anos 60 do século passado está saindo pela culatra social e as conseqüências são pagas por seus filhos"?

"Psicocirurgia"

Quer mais? Entre no site da Maitena.

22 setembro, 2005


"Mano Cláudio, aqui tem calor????!!!!!!!!
Veja esta fotografia tirada do termômetro instalado na Praça dos Girassois,
ao lado do Palácio do Governo, em Palmas-TO, no dia 19/09 + ou - às 15h.
Só falta aqui o mar."
Jaques, meu irmão que mora em Gurupi e já morou em Palmas, no estado de Tocantis, mandou-me essa mensagem e a foto. Alguém aí já imaginou que o inferno pode estar logo ali? Lembrei-me de um versinho que cometi, ainda na adolescência:
"Com razão duvida o padeiro
se a vida se torna um inferno
ou um forno mal regulado".

21 setembro, 2005

14 setembro, 2005

Vida de repórter

Acabo de ler VIDA DE REPORTER, do José Maria Mayrink, publicado pela Geração Editorial, SP, 2002.
Conheci José Maria há muitos anos, numa de suas idas ao antigo Colégio do Caraça, onde ele estudou. Era jovem e transmitia a aura de quem queria modificar o mundo. Fiquei impressionado com sua pessoa.
Muito tempo se passou até que ganhei o livro do diretor do Colégio São Vicente, do Rio, o Lauro Palú. Aliás, revendo o cartão que o Lauro deixou entre as primeiras páginas, caio em mim de vergonha: "Caríssimo Cláudio, falei ao Mayrink de seu interesse em comprar sua Vida de Repórter. Envio-lhe um exemplar que deixou comigo. Se quiser pagar, são R$ 15,00. O preço nas livrarias é 25. Um abraço com amizade fiel, Lauro Palú." Pois não é que nem me lembrei de enviar o money? Data: 23 de junho de 2002!!! Já posso me considerar um caloteiro...
Vida de Repórter é fascinante: conta a trajetória do Mayrink desde seu primeiro emprego como jornalista, no Correio de Minas, ainda na década de 60. Viajou pelo mundo, fez reportagens espetaculares. Trabalhou sob supervisão do então jornalista Fernando Gabeira, entre outros famosos: Guy de Almeida, Jânio de Freitas. Mayrink foi o primeiro repórter a ver o Carlos Marighela morto, ainda dentro do automóvel. Fez parte da primeira equipe de jornalismo que chegou ao avião dos Mamomas Assassinas, espatifado nas imediações de Guarulhos. Esteve em Porto Rico e no Haití. Em Roma, New York, Paris...
Além de me fazer recordar fatos importantes da história recente (últimos 40 anos) do Brasil, principalmente o período da ditadura, o livro traz informações tipo "making of" de grandes reportagens.
Vale a leitura.

09 setembro, 2005

ENTRE UMAS E OUTRAS

Se eu fosse um imperador todo poderoso, decretaria FERIADO toda quarta-feira! O mundo seria muito melhor: Trabalha-se dois dias e... descanso! Mais dois e chegou o fim-de-semana! Muitos males seriam combatidos: acabaria o estresse pelo trabalho, a poluição cairia pelo menos 20% com conseqüente diminuição do efeito estufa e do aquecimento global (adeus Katrinas, adeus elevação do nível dos oceanos!).

Para compensar a queda da produção industrial, haveria ganho econômico com a diminuição dos acidentes de trabalho e aumento do turismo interno – afinal, em um dia de feriado, muitas pequenas viagens seriam feitas, não? Os cinemas receberiam mais platéia, os restaurantes ficariam cheios, barzinhos venderiam mais na véspera. Com menos estresse, menor a probabilidade de infartos: a média de vida, com certeza, ultrapassaria o índice de países mais desenvolvidos. Haveria menos deprimidos e ansiosos. Os pais poderiam conviver com os filhos por mais tempo e, sendo bons o suficiente, haveria menos delinqüentes juvenis e a criminalidade seria menor. O trânsito, nas quartas-feiras, ah!, o trânsito não teria engarrafamentos e, portanto, economizaríamos combustível. Obviamente, menos gasto. Os namorados se encontrariam não apenas nos finais de semana e o romantismo invadiria os corações...

E eu aproveitaria para assar trutas com ervas, como fiz hoje, sem pressa, em plena quarta-feira de setembro! Pela manhã, uma caminhada na Praça JK, onde os jardins explodiam em flores, antecipando a Primavera: ipês roxos e amarelos, paineiras, patas-de-vaca e azaléias salpicando de cores a paisagem.

Como os “meninos” foram para as namoradas, ficamos Amélia, Ana Letícia e eu a curtir o Lar Doce Lar...

Degustamos as trutas, delicadamente temperadas, regadas por um bom azeite extra-virgem. Arroz branco e salada, os acompanhamentos. E o vinho?

Abri uma garrafa do “nosso” vinho fabricado como nossas uvas pelos padres do antigo Colégio do Caraça. De olhos fechados, viajei pelo tempo, desde quando adquirimos o terreno, lá nas encostas da Serra do Caraça, preparamos a terra, compramos e plantamos as mudas. Quanto trabalho! É um aprendizado lento - entremeado por fracassos, claro – e recompensado, finalmente, com a safra de dezembro/04[fotos das vinhas, aqui].

Pois foi o vinho que me lembrou de alugar o DVD de Sideways: Entre umas e outras.

Narra o passeio de dois amigos pelos vinhedos da Califórnia. Um é escritor que não consegue publicar. Outro, um ator decadente. Conversam sobre uvas, visitam as plantações e algumas casas de degustação, enquanto se envolvem com duas garçonetes “do interior”. Talvez o classifique com três estrelinhas pela sutileza na abordagem dos problemas existenciais, sem cair no drama nem na comédia escrachada. Nada profundo, apenas delicado, leve, irônico. Bom programa. [Mais outra crítica do filme, aqui].

Pois esta quarta (7/set) terminou com uma chuva de granizo!

Mais uma vantagem de feriados na quarta-feira: hoje não houve hora do rush!

07 setembro, 2005

Sobre o Brasil: nós na rede


Faço parte de um grupo de blogueiros que discutem questões entre si. Foi proposto que, hoje, todos escrevessem posts sobre a data nacional. Fui deixando prá depois e... não fiz o meu. Mas aqui vai uma série de línks dos colegas do Blog-Left e de mais alguns. Atualizarei, depois.


# Brasil - À Francesa
# Brasil - Pelo Cordão - C.O.S.F. Com o sotaque francês
# Design brasileiro - Básico e Necessário
# Dia da independência do Brasil - Nutriane
# Hoje é feriado mas eu trabalho - Lixo Tipo Especial
# Independence Day - Chez Moi
# Independência e corte - Uma Malla pelo Mundo
# Independência ou morte? - Tulio Vianna
# Encontros do Cotidiano - Telma Arcoverde
# Meu País - Papel Maché
# O que significa independência hoje? - Stuck in Sac
# Ode ao Umbiguismo - Monicômio
# Onde cantam os sabiás... - Tudo Pode Acontecer
# Outro sete de setembro - Onde anda Su?
# Pátria - O Chato
# Pátria Amada!!! - Entre Dois Mundos
# Sete de Setembro - A Sopa no Exílio
# Sete de setembro com Nós na Rede - Imaginação ao Poder
# Sob o mesmo céu - Macaxeira Blues

______________________
Brasilidade com conciência crítica. Eis a questão.

03 setembro, 2005

UXORICÍDIO & FILICÍDIO

Acabo de conceder à Rádio Itatiaia-FM uma entrevista que deverá ir ao ar no "jornal da manhã" de segunda-feira.

A repórter Solange Bastos relatou-me a tragédia ocorrida às 15,30h de quinta (1° de setembro): um jovem adulto, 28 anos, pedreiro, ligou para emissora mais ouvida em MG:
- Vocês se lembram do caso de uma pessoa que matou mulher e filhos? Pois é, fiz a mesma coisa.

O homem acabara de assassinar a própria esposa e o filho de 7 meses. Detalhou os fatos: ele e a mulher se davam muito bem. Durante um jogo sexual, ela lhe pediu para que a amarrasse na cama. Empolgado, asfixiou-a! A seguir, deu banho no filho e o aprontou, enquanto resolvia para quem o entregaria. Mas concluiu que "não haveria sentido o menino viver sem a mãe" e o matou... Só então telefonou para a rádio.

Antes de se entregar à Polícia, buscou no colégio os filhos que teve com outras companheiras, levou-os para tomar sorvete e os entregou às respectivas mães...

O episósio é chocante e a repórter deseja opinião minha, do ponto de vista psiquiátrico e psicanalítico: Trata-se de um caso de "psicopatia"? Quer saber se o homem é louco, se jogos sexuais podem desencadear crimes, se a causa do crime estaria no desemprego, ou se "todos nós somos assassinos em potencial"(sic)!

Evidentemente não é possível diagnóstico psiquiátrico e psicanalítico sem que se entreviste o sujeito, sem que tenhamos seu relato, sua história de vida, etc. Mas casos assim sempre atiçam a curiosidade e é normal que busquemos explicações do tipo: "esse cara é louco". Com respostas simplistas, afastamos de nós qualquer semelhança com o outro, dito anormal, psicopata, doido... ou seja: eu sou normal, loucos são os outros! Portanto, isso nunca acontecerá comigo. Cruz credo, t'esconjuro, sai pra lá, comigo não!!!

Inúmeros estudos, porém, demonstram que os portadores de doença mental - ou "loucos de toda espécie", no ultrapassado jargão jurídico - não são as pessoas mais violentas. Ou seja, nós - os normais (?) - é que engordamos as estatísticas da criminalidade.

"A psicopatologia, nesses últimos 10 anos, adquiriu conhecimentos que correspondem a 90% do que havia sido conhecido em toda história da humanidade em termos de neurofisiologia. Isso, evidentemente, repercute num substancial incremento sobre o entendimento acerca da pessoa humana e de seu comportamento.

A despeito desse conhecimento que explodiu na última década, a maioria das pesquisas ou não encontrou uma associação entre doença mental e o risco de cometer crimes de violência, ou encontrou apenas uma discreta associação, estatisticamente não significativa." [Ballone]



A primeira pergunta que surge é: trata-se de um psicopata?
O conceito de "psicopatia" tem mudado ao longo dos avanços da Psiquiatria. Resumidamente, podemos definir o psicopata como uma pessoa cujo tipo de conduta chama fortemente a atenção e que não pode ser classificado nem de louco nem de débil: está num campo intermediário. Indivíduos assim se distinguem da maioria da população em termos de comportamento, conduta moral e ética. Diz-se que têm "personalidade psicopática" (PP). Atualmente, a Classificação Internacional de Doenças-10ª revisão (CID-10) os classifica como portadores de Transtorno de Pernsonalidade Anti-social.
São incapazes de se integrar a qualquer grupo, devido ao seu egoísmo absoluto e a não aceitarem qualquer tipo de regras. Só o que eles querem é o que interessa. No início, eles até fazem amizades com facilidade mas, diante dos primeiros conflitos, a sua amoralidade aparece em todo o seu potencial. Terminam por ser rejeitados pelos grupos em pouco tempo. São, por isso, em geral indivíduos solitários, que migram de grupo em grupo até que não restem mais grupos para os aceitarem".
[Se você quiser conhecer os vários tipos de psicopatas, entre neste site aqui, do psiquiatra Geraldo Ballone. Excelente!!!]

No relato jornalístico de ontem, diz-se que os vizinhos, amigos e parentes sempre consideraram o criminoso como pessoa normal. Teve filhos com outras mulheres e não os abandonou: dava pensão, buscava na escola, pai exemplar. Não tem o perfil de um psicopata. A não ser que fosse um fingidor, mestre da dissimulação, podemos acreditar nisso: um sujeito comum e normal que se transforma num "monstro" aos olhos da sociedade - e, talvez, de si mesmo.

Há casos em que o assassino apresenta explicações delirantes, tipo: "fiz isso porque Deus mandou"; "escutei uma voz dentro de mim ordenando que matasse". Outras vezes, constata-se que se tratava de uma intoxicação por alguma droga. No caso em questão, nada disso. Como explicar?

Na Psicanálise, tal fato se denomina "passagem ao ato" durante um surto psicótico, no qual o sujeito é arrebatado para fora da realidade, invadido pelo Real (Lacan: tudo aquilo que é sem ordem, sem lei, está dentro de nós mas é indescritível, inenarrável).
Trata-se de uma teoria complexa, que podemos simplificar mais ou menos assim: todos nós temos fantasias inconscientes indescritíveis, irredutíveis à plena palavra. A maneira saudável de lidar com isso se dá via linguagem simbólica, mecanismo incompleto porém aceitável. A cultura é fruto desta operação, permitindo ao bicho-homem que supere a ordem do "natural" (animal), da pura necessidade instintiva e alcance a ordem simbólica, por cujo intermédio pode falar de seus desejos, seus fantasmas, sua total impossibilidade de lidar com o indizível (por exemplo, o terror da morte). Por isso falamos: aceitando nossa incompletude e a impossibilidade de realização plena de nossas pulsões, submetemo-nos a uma lei inaugural (a castração freudiana ou a "Lei-do-Pai", na famosa expressão lacaniana).

A passagem-ao-ato, a irrefreável atuação concreta - quando tudo poderia se passar no plano simbólico, fantasioso - é um dos momentos em que o sujeito escapa à simbolização, é dominado pelo Real. Por isso se diz que, na psicose, falta a lei-do-Pai. O Nome-do-Pai é estruturador da subjetividade. Quando falta, não há âncora e o indivíduo se perde no Real.

A consequência, pois, da ausência do simbólico é a passagem ao ato, através do que o indivíduo, por um momento perde/busca a própria identidade. O crime horrendo desencadeia uma angústia insuportável, pois suas motivações são incompreensíveis tanto para a sociedade quanto para aquele que o cometeu. Em muitos casos, é seguido de suicídio, não apenas pelo remorso, mas pela angústia do desconhecimento de si:
- Eu fiz isso? Quem, em mim, cometeu esse desatino?

Na sua tese de medicina, “Da psicose paranóica em suas relações com a personalidade”, de 1932, Lacan descreve o caso de uma mulher, que ele chamou Aimée (em francês = Amada). Aimée apaixonou-se por uma atriz, uma vedete. Perseguiu-a por todos os lugares até que, na saída de um espetáculo, a esfaqueou. Lacan explica: É assim uma ilustração clínica das potencialidades do amor, quando esse é levado ao extremo: a facada dada por Aimée na vedete que, a título de ideal, absorvia seu investimento libidinal. A fotografia no jornal, nos dias seguintes à sua prisão, devolveu-lhe a calma.

Assim, o assassino mineiro da esposa e do filho de 7 meses, desesperado, almeja o "re-conhecimento" e telefona imediatamente à Rádio Itatiaia, como se bradasse:
- Eu existo, eu sou eu, tanto que matei. Eis-me aqui. Olhem para mim. Eu existo!

Essa teoria - aqui resumida e simplificada, com perda de elementos e de compreensibilidade, bem o sei - essa teoria, repito, poderá explicar crimes tão absurdos?

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1) Uxoricida: aquele que mata a própria esposa. Do latim: uxor-is (esposa) + caedere (matar, deitar abaixo, cortar).
2) O "Real":

O registro psíquico do real não deve ser confundido com a noção corrente de realidade. Para Lacan, o real é aquilo que sobra como resto do imaginário e que o simbólico é incapaz de capturar. O real é o impossível, aquilo que não pode ser simbolizado e que permanece impenetrável ao sujeito do desejo para quem a realidade tem uma natureza fantasmática. Diante do real, o imaginário tergiversa e o simbólico tropeça. Real é aquilo que falta na ordem simbólica, os restos que não podem ser eliminados em toda articulação do significante, aquilo que só pode ser aproximado, jamais capturado.

Lacan veio reconhecer que, para o ser falante, não há adequação na relação entre o objeto e sua imagem, entre as partes do corpo e a imagem que se tem dele. Como a nossa imaginação desordenada pode preencher sua função? Como o imaginário e o real podem ser articulados na economia psíquica do sujeito? Esta polaridade, esta fratura entre o imaginário e o real, entre o simbólico e o real corresponde exatamente à categoria da secundidade. O real é sempre bruto e abrupto. É causação não governada pela lei do conceito. O real resiste ao simbólico porque ele insiste, en souffrance, de tocaia para tomar de assalto o simbólico. [Santaella Braga]

01 setembro, 2005

Sempre é bom lembrar que...

Desde que habito neste mundo internético-virtual-blogsférico-eletronicmailed, já entrei em contato imediato de terceiro grau com todo tipo de mensagens. Pois hoje o sempre presente Márcio Candiani, amigo de pele-osso-e-vísceras (êpa!) me encaminhou o decálogo abaixo:

Você já cometeu uma gafe na internet ou é pessoa finíssima no meio virtual? Como em todos lugares, na Web também é preciso saber se comportar, agir e comunicar. Para não dar uma mancada.com é melhor usar o bom senso e conhecer alguns princípios básicos de etiqueta. O código de boas maneiras no mundo virtual evita mal-entendidos, ajuda a formar uma boa imagem do usuário e afasta a fama de inconveniente virtual, ou “mala”, se preferir.


No livro “net.com.classe” (Ed. Melhoramentos), a autora Claudia Matarazzo comenta o comportamento adequado neste novo mundo! Selecionamos 10 dicas preciosas, confira:

Velocidade na sala de chat
1 – “Numa sala de bate-papo, velocidade é fundamental. Seu parceiro não vai se sentir à vontade esperando 5 minutos até que você digite uma dissertação de mestrado simplesmente para responder à clássica pergunta ‘como você é?’”

Já nos e-mails
2 – “Nos e-mails, o excesso de concisão pode ser mal interpretado. Será que você é tão atarefado assim que não pode perder uns minutinhos a mais escrevendo algumas linhas?”

Repassar coisas
3 – “Existem pessoas com a péssima mania de repassar toda mensagem engraçadinha ou página interessante que recebe a uma lista enorme de usuários. Isso sem falar nas ‘correntes’ de oração, abaixo-assinados e terrorismo on line na forma de aviso sobre novos tipos de vírus. Você, internauta elegante, não vai cair nessa tentação”.

Assine sempre
4 – “Uma dúvida comum é se o e-mail deve ser assinado ou não, já que a identificação do remetente costuma aparecer no corpo da mensagem. Deve, sim! Não custa nada uma despedida simpática para fechar a mensagem. E nenhuma despedida é suficientemente simpática se não tiver o nome da pessoa que a está enviando.”

Segue em anexo
5 – “Se você não quiser ser muito inconveniente, jamais envie algo em formatos ‘pesados’ como BMP. Vale a pena perder um tempinho convertendo as imagens de JPG ou GIF, que são mais amigáveis e fáceis de transportar sem perder qualidade”.

Formal ou informal
6 – “O tom predominante nos e-mails deve ser a informalidade, a exceção é o uso profissional do correio eletrônico, que deve ser um pouco mais formal. Contudo, ‘informal’ não quer dizer ‘no tapa’. Sempre revise os e-mails à caça de erros de português e, principalmente, de digitação”.

Cores e fontes
7 – “Evite, sempre que puder, o uso de cores e fontes diferenciadas nos e-mails. Esses recursos tiram um pouco a seriedade do texto e correm o risco de cair no puro e simples mau-gosto”

Responda em até 24 horas
8 – “Demorar demais para responder um e-mail é considerado uma grande falta de educação ou, pelo menos, de interesse. A maioria das pessoas agüenta 24 sem irritação. Com 48 horas já surge sensação de abandono.”

Fulano de tal
9 – “Alguns engraçadinhos usam caracteres especais para formar seu ‘nick’ no chat. Sinceramente, fica parecendo coisa de adolescentes aficionados por computador. Nada mais chato que conversar com alguém que chama %$#*&%()”.

Polêmicas inúteis
10 – “Evite participar de polêmicas inúteis. Muita gente entra nos chats apenas para extravasar seus recalques e dedicar-se à ofensa virtual, só pelo prazer de dizer coisas que não teria coragem de dizer pessoalmente. Ignore esses tipos”.

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Se depender de mim, vou direto pro céu, pois não transgrido nenhum desses mandamentos. Como dizem os deputados lá nas CPIs: "tenho absoluta convicção que eu não fiz isso!". Ou: "nego com veemência qualquer deslize de minha parte". "Se me acusam, que mostrem as provas". Ou seja: tô limpo - até prova em contrário...