Minha alma de criança demonstra sua imortalidade toda vez que me deparo com alguns brinquedos. Lembram-me fantasias de outrora, quando um pedaço de madeira virara revólver ou uma latinha vazia de sardinha era a carroceria de um caminhão.
O quintal era um reino encantado, cheio de possibilidades, onde tudo poderia ser qualquer coisa, bastava imaginar, sonhar, viajar nas fantasias.
Alguns brinquedos remetiam à realidade que me atraía. Por exemplo: o ferrorama era o trem-de-ferro que apitava de madrugada, ao atravessar as brumas sob as quais a cidade dormia. Lá vai o trem para Vitória... lá vem o trem de Belo Horizonte. Meu pai trabalhava nos Correios e despachava malas, conferia fardos, às vezes até viajava (e eu com ele, algumas vezes) acompanhando o carro-correio.
Em Curitiba, ano passado, fiquei babando diante do ferrorama do Shopping Estação. Voltei no tempo e mais horas passaria ali caso o relógio fosse mais camarada. Lembrei-me da Sony N1 a tiracolo e trouxe comigo o 'trem de Curitiba'. Voltei a ser criança.