09 junho, 2006

Choque musical

No Bairro Gutierrez, aqui em BH, existe um posto de gasolina que funciona como ponto de encontro de jovens aficcionados por carros "sonorizados". A partir de 23h, começam a chegar os boys com seus carangos (a gíria é antiga, mas o "espírito" é o mesmo!). A música rola alta. O volume aumenta de acordo com o teor alcoólico e a emulação dos concorrentes. O dono do barzinho anexo deve gostar: tem movimento, vende cervejas e tira-gostos, atrai a atenção de mais gente e o sucesso é total.


Para os vizinhos, porém, é um tortura.


Constantemente a polícia é acionada, além do "Disque Barulho" - um número de telefone da Prefeitura, que recebe denúncias de
excesso de decibéis em horas impróprias. Tanto a polícia quanto os fiscais municipais se mostraram, até agora, incapazes de coibir o abuso: os cidadãos que precisam dormir não dormem. As reclamações continuam, sai notícia no jornal, mas nada muda. Nem a turma emudece. Alguns dos moradores pensam em mudar. (Ai, que trocadilho infame!).

Vou sujerir à edilidade que usem um método homeopático. Todos sabem o princípio da Homeopatia: similia similibus curantur (as coisas iguais são curadas por coisas iguais - tradução livre, claro, mas dá pra entender, não?).

A idéia não é minha. Em Sidney, na Austrália, a municipalidade adotou a fórmula de se utilizar "barulho contra barulho" - taí o recurso homeopático!

Eis a notícia da BBC:
Barry Manilow foi recrutado para lutar contra o comportamento anti-social dos jovens da cidade de Sydney, na Austrália, onde sua música vai ser tocada em alto-falantes de um carro para dispersar grupos ruidosos.

"Música cafona é uma das formas de fazer com que eles deixem a área, porque não suportam a música", disse um funcionário da prefeitura local ao jornal local Daily Telegraph.

Além de Manilow, Bing Crosby e músicas das décadas de 30 e 40 também vão ser usadas.

A prefeitura quer impedir que grupos de jovens se reúnam em estacionamentos para tocar música alta.

A música da prefeitura vai ser tocada alta o suficiente para dispersar os grupinhos, mas não para irritar a vizinhança, esclareceu.

"Vamos usar todo o tipo de música clássica e músicas que não têm apelo junto ao público jovem".

De minha parte, pago pra ver. Não me agrada muito a idéia de se utilizarem músicas clássicas como remédio amargo, algo para espantar os jovens. Para mim, essa guerra musical pode sedimentar, nos jovens, a idéia de que os clássicos e os românticos são, realmente, "coisa do demo, é melhor cair fora!". Quanto aos vizinhos, dormirão embalados por sinfonias?

E aqui no Brasil? Qual música utilizar? Xitãozinho & Chororó contra os rappers? Axé Music contra os roqueiros? MPB contra os pagodeiros? Ou tudo vice-versa?