08 agosto, 2007

Eu claudico. Tu claudicas?

Eu mesmo. Caminhando na Rua Gov. Valadares, em Nova Era. Há muito tempo...
Eu claudico, tu claudicas...

"Quando nasci, um anjo torto, desses que vivem na sombra, disse: vai, Carlos, ser gauche na vida".

Taí o primeiro verso do poema autobiográfico do Carlos Drummond de Andrade. Drummond confessa, logo de cara, sua claudicação pela vida: ser gauche é ser meio manco, meio sem jeito, tímido talvez.

Pois, quando nasci, meus pais me deram um nome:

- Vai, menino, ser Cláudio na vida!

Acho que foi logo aí que me identifiquei com o Poeta itabirano. Afinal, meu nome deriva do verbo "claudicar = arrastar de uma perna; não ter firmeza em um dos pés; coxear, mancar, capengar e, no sentido figurado, cair em erro ou falta; fraquejar intelectualmente".

Ai, ai, ai, minha humildade não chega a tanto, nem Soié e Dona Aparecida me rogaram praga nenhuma! Segundo minha mãe, tratava-se de um nome bonito e menos comum e, além disso, nome de imperador romano!

Um grande futuro me esperava - ou ainda espera, duvidar quem há-de? Gosto de utilizar o verbo claudicar sempre que cometo uma gafe, ou "mancada = atitude, resolução, comportamento errôneo, cujos resultados são insatisfatórios ou negativos; falha, lapso, erro, indiscrição espontânea, irrefletida; ação ou fala inoportuna; gafe."

Pois agora, confesso: de vez em quando dou umas mancadas, que deus-me-livre-e-guarde!

Aqui vai uma: - encontro-me com o jornalista político Vidal, na rua da Bahia.

Logo digo:

"- Há quanto tempo".

E ele: "- Viajei, estava em Milão."

Todo afoito, exclamo: "- Ah! então deve estar ótimo no alemão!"...

"- Que isso! Milão fica na Itália."

Tento consertar: " - É mesmo, onde fica a FIAT."

Não deu mais, desolado, me ampara:

"- Não, a FIAT fica em Turim!!!".

Deixei um cumprimento sem graça e me mandei! Já claudicara demais!

E você, já claudicou alguma vez?

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Publiquei este post em dez.2004. Republico-o, sem pejo: é tempo de reminiscências...