29 março, 2007

Pausa para respirar

  • Estou ali e volto já! Uma pausa nesta semana, mas já-já volto a dialogar com meus amigos-leitores.
  • Enquanto isso, divirtam-se com os dois últimos posts do meu pai, Soié, no Ontem-Hoje!
  • Abração.

20 março, 2007

Pra pensar

Inês Lemos, psicanalista, brindou-nos com algumas reflexões suscitadas pelos filmes Babel e A Pequena Miss Sunshine, no caderno Pensar, do EM. (link só para assinantes). Como não vi, ainda os filmes, deixo para comentar, depois. Mas o final do artigo, a meu ver, ultrapassa a referência filmográfica:

"A vida é para ser bordada, ponto a ponto. Destino traçado por fadas que idealizamos, que nos orientam e nos indicam os jardins de beija-flores. Refeição à mesa, com a família reunida. Juntos, comem o sofrer e saboreiam o saber.
Nas metrópoles, a vida de famílias que abandonaram seus feudos sentimentais e migram para lugares sem memória, conforto sem esperança, é rala, fria e frágil. A emoção, hoje, é participar do Big brother, eliminar o “babaca da vez”.
Triste é a juventude acreditar que a vida é essa obscenidade sem sabor, pecado sem dor, desistindo de encontrar o néctar dos deuses, no jardim da existência. Essa vida burguesa, dissoluta e sem sentido já havia sido severamente criticada por Salinger em seu ontológico O apanhador no campo do centeio:
- “Esses sujeitos que vivem dizendo quantos quilômetros fazem com um litro de gasolina... Sujeitos que nunca na vida abriram um livro. Sujeitos chatos pra burro”.
Salinger realizou um pouco do desejo de se ausentar da hipocrisia americana, tal como aspirava seu personagem de O apanhador. Retirou-se para uma vida despojada e marginal, ao que parece em uma cabana no Maine, onde não havia água encanada e luz elétrica. Distante da frieza do progresso e longe do alcacér, abarcou o universo, ao escrever e revelar ao mundo sabedoria. Soube viver a emoção de saber de si."

19 março, 2007

Sob o signo da emoção

Acabo de ler o post de hoje do blog de minha filhota Ana Letícia & amigas, o Mineiras,Uai!. Os flashs com que ela descreveu um tempo bom de muitos anos atrás me provocou risos e saudades. Só quem passou por aquelas vivências pode compreender que saudade boba é essa.

Também o post do meu pai Soié, no Ontem-Hoje provocou-me sentimentos gostosos.

Um comentário do primo Omar, no meu último post, igualmente, mexeu com lembranças, reavivou memórias e desencadeou emoções.

Há sentimentos e experiências que podem ser consideradas "inenarráveis", uma vez que só se pode ter noção do que se trata se a pessoa passar pela mesma situação. Mesmo assim, cada pessoa é única e singular e, em última instância, as palavras que vier a utilizar serão sempre coloridas pela sua particularidade.

Mesmo aqueles vocábulos (os "nomes comuns" ou "substantivos comuns") que nomeiam objetos cotidianos, ao serem utilizados por alguém ou ao se intrometerem no discurso carregam significados pessoalíssimos, construídos ao longo da vida de cada um de nós.
É mais ou menos isso que J.Lacan afirma quando diz que um significante (uma palavra qualquer, um signo, um traço) tem inúmeros significados [ S/s1,s2,s3... ].

Um exemplo óbvio seria a palavra "mãe", que, embora esteja associada indelevelmente à experiência pessoal de cada um com aquela entidade que nos gerou, ou cuidou, ou adotou, ou amparou, ou acarinhou... ou... ou... tá vendo? "mãe" são muitas, infinitas e, ao mesmo tempo, "mãe é uma só!": a minha!

Assim, cada palavra (=significante) tem significados múltiplos que se sucedem numa cadeia infindável.

Por isso mesmo podemos afirmar que a linguagem (a língua, qualquer língua) é insuficiente para dizer tudo o que se quer dizer! Haverá sempre um resto, um indizível, um inenarrável (palavra danada de bonita, essa).

Os poetas são aqueles que, ao se apropriarem das palavras, fazem delas sua matéria prima com que conseguem exprimir as mais recônditas emoções, surpreendendo-nos com achados tão originais que se transformam em arte.

Ah! olhaqui: 'saudade' também é nome de flor, de acordo com o mesmo Aurélio: Designação comum a diversas plantas da família das dipsacáceas, principalmente da espécie Scabiosa maritima, e às suas flores; escabiosa, suspiro: "E ela deu-lhe do seio uma saudade / Murcha, e no entanto bela" (Gonçalves Dias, Obras Poéticas, II, p. 98).

17 março, 2007

Sociologia de estrada

- São 20,12h e acabamos de chegar a Nova Era.
Foram 4h de estrada, apenas 138km, pela BR 262, sentido leste.
A rodovia está sendo recuperada, já com o piso pronto, quase toda sinalizada, algumas pontes a serem alargadas, trevos precários.
- Então, por que demorar 4h para percorrer distância tão curta?
- Por burrice do DNIT e seu programa de 'recuperação' das estradas: as curvas (infinitas e acentuadas) não foram corrigidas, mas os motoristas, principalmente os de caminhão, carretas e ônibus aceleram pra valer.
Resultado: acidentes constantes.
- Como?
- Após o recapeamento, o número de mortes aumentou e o tempo de viagem, anteriormente de 1,50h, passou para o dobro, pois as retenções são diárias. Hoje, por exemplo, foram três acidentes graves envolvendo caminhões. Um deles foi até pitoresco: tratava-se de um transporte de biscoitos e vimos mais de 100 carros estacionados no acostamento. Os passageiros saíam correndo e saquevam a carga. Um opala (?) azul tinha o banco traseiro abarrotado de pacotinhos, até o teto. Uma farra!

Foto by Ana Letícia

- Será que alguém se interessou em saber como estava o motorista?
- Viajar por essas bandas é uma aula de sociologia, antropologia e política: pobreza, descaso, falta de civilidade e corrupção: obras inacabadas e mal feitas.
- Quem aprova e quem fiscaliza isso? Para onde vai o dinheiro - 38% do nosso rendimento - dos impostos?
- Quem souber responder que me diga.

Violência

Tempos Sombrios

Realmente, vivemos tempos sombrios!
A inocência é loucura.
Uma fronte sem rugas
denota insensibilidade.

Aquele que ri
ainda não recebeu a terrível notícia
que está para chegar.

Que tempos são estes?

Pois falar de coisas inocentes
é quase um delito:

implica em silenciar
sobre tantos horrores.

[ De Bertold Brecht,
porque me faltam palavras ]

12 março, 2007

Fazenda da Vargem

Deparo-me com uma notícia sobre minha cidade natal, Nova Era, na primeira página do jornal EM de hoje. Fiquei triste com o que li:

Tombada pelo patrimônio público, a Fazenda da Vargem perde a cada dia um pouco de sua riqueza histórica e arquitetônica. Referência no desenvolvimento econômico e social da região do Vale do Rio Doce, o imóvel foi construído em 1840, em Nova Era. Desapropriada há 30 anos, com o objetivo de abrigar o parque da cidade, permanece desocupada e sem função.

A tal Fazenda da Vargem é uma construção magnífica, dos finais do séc. XIX e poderia ser um polo de atração turística, educação artística e ambiental para toda a região do Vale dos Rio Piracicaba e Rio Doce. Mas está caindo aos pedaços, como descreve a reportagem do jornalista Gustavo Werneck:

Três grandes impactos perturbam quem chega à Fazenda da Vargem, em Nova Era, na região Central do estado, a 137 quilômetros de Belo Horizonte. O primeiro está na beleza estonteante do casarão do século 19, pintado de azul e branco e, pelo visto, em paz com a natureza que o cerca. Mais de perto, embora a grandiosidade permaneça a mesma, vai caindo lentamente a máscara da conservação. De uma tacada só, vem o choque que conduz os olhos para a falta de janelas e portas, madeiras quebradas, mato crescendo entre tábuas do assoalho, teias de aranha e galinhas ciscando sobre pedras centenárias do pátio.

Há duas fotos maravilhosas (autoria: Beto Novais, do EM) que compartilho com vocês, para demonstrar a imponência da vetusta construção e quanta beleza se esconde no interior das Minas Gerais:


Há alguns anos, a administração municipal promovia anualmente a Feane - Feira de Arte e Artesanato de Nova Era: a participação popular era maciça e foi aí que as pessoas descobriram a riqueza cultural que possuíam. Além da 'feira' em que se vendiam produções da terra, havia shows com bandas de lá e de outras cidades. Um fim-de-semana de festas!

Na "Feane" assisti, pela primeira vez, a famosa banda Sagrado Coração da Terra, de Marcus Viana, que viria a fazer sucesso como compositor de trilhas sonoras para novelas da Globo, etc. O Marcus circulava entre o público, conversamos um pouco (ele nem sabe quem sou) e se mostrou admirado com a escolha de sua banda para tocar naquela cidadezinha. (Clique aqui para escutar algumas de suas músicas e assistir samples de alguns DVDs.)

Pois, agora, tomo conhecimento de que a Fazenda da Vargem pode estar indo pro beleléu, sem que ninguém assuma a responsabilidade de manter e revificar aquele patrimônio.

Triste sina. Temo que, um dia, alguém poderá parafrasear Drummond e exclamar: "A Fazenda da Vargem é apenas um retrato na parede... mas como dói".

_________
Créditos:
Fotografia: Beto Novais.
Retirado do EM de 12.mar.07

10 março, 2007

Soié & Ana

Vou fazer 'nepotismo' aqui:

1. Vocês já leram os dois últimos posts de meu pai, Soié, no Ontem-Hoje? Em 20/2, sou personagem (verdade ou fantasia?) de uma história de carnaval. Hoje, uma fábula contada pela minha avó.

2. O Mineiras, Uai! - da filhota Ana e amigas, está demais! E eu, aqui, babando...

Como se deduz, somos três gerações de blogueiros: O Soié - meu pai; eu aqui e minha filha, a Ana. Cada qual com seu estilo. Divirtam-se neste sábado.

04 março, 2007

Sobremesa de Aniversário


Amélia, como sempre, fez-me todos os agrados possíveis no dia do meu aniversário. As sobremesas foram de enlouquecer: dois rocamboles (um de doce-de-leite e outro de doce-de-leite-com-coco + damascos). Coisa de louco mesmo, não?

Mas não ficou aí. A surpresa do dia foi uma
Tartelete Romeu e Julieta, danada de gostosa, com recheio de goiabada e doce-de-queijo, uma combinação tipicamente mineira elevada à sofisticação francesa!

Clique nas fotos para ver o Álbum e... babar!

Precioso líquido

- O que é que custa quase R$ 6.000,00/ litro e não é para beber?
- Sei lá!
- TINTA DE IMPRESSORA!
- Ahn?
- É mais uma forma de roubo do qual não nos demos conta ainda!
Apenas reclamamos do preço.
- Só se for tinta feita de ouro, uai!

- Acorda! Você não vê que as impressoras ink-jet estão cada vez mais baratas? Pois é. Os fabricantes oferecem impressoras cada vez mais e mais baratas. Só que os cartuchos de tinta custam muito caro. Há casos em que o conjunto de cartuchos pode custar mais do que a própria impressora.
- Igualzinho às lâminas de barbear da Gilette. Comprei um ‘Sensor’, aquele com lâmina tripla. Custou-me pouquíssimo. Agora, vá comprar lâminas de reposição! Caríssimas e fabricadas nos Estados Unidos. Levam nosso minério, fazem o aço inoxidável e nos vendem as lâminas.
- Uma HP DJ3845 já pode ser encontrada por apenas R$170,00, nas principais lojas. Gastam-se R$ 130,00 para repor os dois cartuchos (10ml o preto e 8ml o colorido). Daí você vende facilmente sua impressora semi-nova sem os cartuchos por uns R$90,00 (pra vender rápido), e com
mais R$80,00 adquire nova impressora com cartuchos
originais de fábrica: ainda economizará R$50,00!
- Então é um bom negócio, hehehe!
- Bom pra quem fabrica tinta, ô meu. Os fabricantes fingem que nem é com eles, dizem que é caro por ser tecnologia de ponta, transformam o simples ato de fabricar tinta em algo mais complexo do que coletar a 3ª lágrima da Deusa-Loba dos Campos Elíseos, ou algo assim.
- Que Deusa-Loba é essa?

- Esqueça. O que importa é que o Cartucho HP, com míseros 10ml de tinta custa R$55,99. Isso dá R$5,99 por mililitro. Um litro = R$ 5.999,00! Quase R$ 6.000,00 por um litro de tinta de impressora! Já existem cartuchos com 5ml de tinta, os tais de HP 21 e 22. A Lexmark comete o mesmo abuso ao vender um único cartucho para a linha de impressoras X, o tal cartucho 26, com 5,5 ml de tinta colorida por R$75,00.
Se 1.000ml / 5.5ml=181 cartuchos, então 181 cartuchos custarão R$13.575,00. R$13.575,00 por um litro de tinta colorida! Com este valor podemos comprar: 300gr de ouro ou 3 TV s de Plasma de 42 polegadas.

- E eu com isso? Não tenho impressora, não tenho computador, só escrevo com lápis e moro em Jaçanã!

- Ops!