Li esta notícia no Estado de Minas de hoje: A empresa Artificial Life, de Hong Kong, desenvolveu um novo jogo que inclui uma namorada virtual. A empresa diz que a moça vai aparecer como uma figura animada na tela de vídeo do telefone celular... Todas as namoradas virtuais vão ter a mesma aparência – mas cada uma delas se comportará de maneira diferente – dependendo de quanto dinheiro for gasto com elas. Os homens terão que pagar extra para comprar flores e presentes para a sua namorada virtual. Em troca, ela vai apresentar ao namorado diferentes aspectos de sua vida, como suas amigas – também imagens eletrônicas. Se o jogador negligenciar a namorada, ela vai se recusar a falar. A namorada virtual é magra e tem cabelos escuros, como a personagem Lara Croft, do jogo Tomb Raider. (A notícia está aqui e um pequeno vídeo da Virtual Girlfriend aqui - horrorosa, por sinal).
A gente já fala de "amigo(a) virtual" e até de "sexo virtual", proporcionados pela internet. Creio que é uma força de expressão: na verdade, as imagens e sons disponibilizados nos jogos eletrônicos e sites especializados apenas alimentam a imaginação de cada um. Os artistas de TV, os apresentadores mais populares, as figuras públicas, todos podem experimentar o carinho ou ódio dos telespectadores e do público: são reconhecidos nas ruas e tratados, às vezes, com uma intimidade desconcertante. Seria uma espécie de "intimidade virtual"? -Ah! você é a Xuxa? Te adoro! Olá Ronaldinho, como vai a Daniela?
Mas o termo virtual se aplica, mais especificamente, às criações digitalizadas, que nos dão a impressão de realidade: cenários de filmes, jogos eletrônicos, personagens imaginários, como a Lara Croft, de Tomb Raider.
Lara Croft
O fenômeno, porém, é mais antigo: conta-se que Michelangelo, impressionado com a perfeição de seu Moisés, martelou o mármore, dizendo: "Parla!". A virtualidade estaria em transferir para os objetos inanimados as características só encontradas em seres vivos, como se aqueles pudessem expressar ou sentir como se humanos fossem.
Há um exemplo ótimo, representado pelo quadro "Pigmaleão e Galatéa, de Jean-Léon Gérôme, 1824-1904, atualmente no The Metropolitan Museum of Art, New York, USA.
Neste quadro, Gerôme capturou muito bem a perfeição da estátua, a tal ponto que escultor a abraça - e a deseja - como a um ser humano. Afinal, a textura do mármore, as convexidades e concavidades caprichosamente moldadas pareciam ter vida, até mesmo querer se mover!
Pigmaleao e Galatea
Acho que estes exemplos demonstram nossa fragilidade diante do real e a força de nosso imaginário. Por isso, não duvido nada de que muitos gastarão seu dinheirinho presenteando as Virtual Girlfriends, tranferindo para elas seu amor e esperando delas a satisfação de suas fantasias e desejos. Só não sei se o slogan de uma antiga loja (acho que da multinacional Sears) poderá ser evocado: Satisfação garantida ou seu dinheiro de volta! Afinal, a idealização do outro, a superestimação de suas qualidades e o engano dos sentidos não resistem ao duro teste de realidade. Enquanto isso, no meu "mundo blog", estou cheio de amigos e leitores, cuja virtualidade se esvanece cada vez que deixam aqui seus comentários. Então, tenho certeza, tem gente do lado de lá. Graças a Deus!
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