Eis as respostas que ofereci a uma jornalista de uma rede de escolas daqui de BH. Dirigiu-se a mim com o seguinte tema:
- Gostaria de entrevistá-lo. A ideia é falar um pouco sobre a responsabilidade dos pais na escolha da escola e também sobre a importância da troca de expreiências entre os pais dos alunos, uma vez que hoje, muitas vezes, os grupos familiares são pequenos.
- O momento da escolha da escola muitas vezes gera uma insegurança dos pais em relação aos seus próprios papéis.
Realmente é momento de angústia, pois a sociedade atribui um valor muito grande (não sem razão!) ao processo de inserção dos filhos no mundo da cultura. A saída do círculo familiar para espaços cada vez mais amplos se inicia com a escola.
No primeiro momento, a função dos dispositivos escolares é muito mais desenvolver as capacidades de convívio social iniciadas já dentro do pequeno mundo familiar. A escola descobrirá, muito cedo, que grande parte das dificuldades infantis expressam as dificuldades dos pais. Há um aforisma psicanalítico que diz: 'a patologia da criança é expressão da patologia parental'. Isso é muito pesado e não deve ser entendido como uma culpabilização dos pais, mas um reconhecimento de que todos somos imperfeitos e, por isso, a "entrada" no mundo social exigirá o polimento de muitas arestas.
Realmente é momento de angústia, pois a sociedade atribui um valor muito grande (não sem razão!) ao processo de inserção dos filhos no mundo da cultura. A saída do círculo familiar para espaços cada vez mais amplos se inicia com a escola.
No primeiro momento, a função dos dispositivos escolares é muito mais desenvolver as capacidades de convívio social iniciadas já dentro do pequeno mundo familiar. A escola descobrirá, muito cedo, que grande parte das dificuldades infantis expressam as dificuldades dos pais. Há um aforisma psicanalítico que diz: 'a patologia da criança é expressão da patologia parental'. Isso é muito pesado e não deve ser entendido como uma culpabilização dos pais, mas um reconhecimento de que todos somos imperfeitos e, por isso, a "entrada" no mundo social exigirá o polimento de muitas arestas.
Por que é importante para as crianças que os pais consigam fazer essa escolha? O que eles devemos procurar passar para os filhos nesse momento? Que fatores devem ser levados em conta nessa escolha?
Em função das considerações anteriores, pode-se deduzir que a escolha da 'escola ideal' refletirá convicções e expectativas de cada família. Na verdade, creio que muito poucas famílias têm condições de 'realmente' escolher, pois há enormes limitações para a maioria da população, sejam de ordem socioeconômica, sejam de ordem geográfica e até mesmo de oferta. É preciso lembrar que nosso país carece de uma rede completa de ensino e será sempre um privilégio poder escolher. Há situações limites em que o simples fato de uma escola oferecer merenda já se constitui como razão para enviar os filhos!
- Qual o papel da escola na hora de assessorar os pais?
Se a escola se coloca como extensão do processo educacional iniciado pela família, a primeira coisa que deve ficar claro é aquilo que se poderia chamar de 'filosofia da educação' praticada pela instituição. Não é fácil definir essa filosofia, já que há fatores inconscientes que a influenciam, fatores mercadológicos e ideológicos. Deve ser bem claro para os pais que a escola não é o substituto da família no processo educacional, mas uma extensão que permita os aportes de conhecimento e de ferramentas para se adquirir mais e mais conhecimento.
Assim como a família, a escola participa do processo de educação. Se buscarmos a origem da palavra educar, veremos que se trata da junção do prefixo latino ex- ao verbo ducere, significando "conduzir para fora". Como assim? Para fora de que? Educar é retirar o filhote do ser humano do mundo da natureza, das necessidades, da dominação instintiva e introduzí-lo no mundo da cultura, da construção, do esforço pelo crescimento, no domínio da linguagem, etc. Não é tarefa simples nem fácil, a ponto de o próprio Freud, criador da psicanálise, ter dito: "Educar, governar e psicanalizar, três tarefas impossíveis, mas que não podemos deixar de fazer!".
Por isso, a grande função do Educador se assemelha à função do Pai, que é mostrar à criança a necessidade de controlar os próprios impulsos, um preço que se paga para entrar na cultura, no convívio social. Daí se deduz que a escola não pode ser apenas um lugar de transmissão de conhecimentos científicos, mas também um lugar de conscientização, sociabilização, responsabilização. Há também uma dimensão política: formação para a cidadania, para o respeito às diferenças, para a sustentabilidade.... é muita coisa!
- Atualmente, os grupos familiares muitas vezes são pequenos e os pais se veêm sem o apoio até do grupo familiar de origem. A turma da escola, os outros pais, podem ajudar a compor essa família? Em que sentido? A formação desse novo grupo social é importante, por exemplo, para que os pais possam trocar experiências sobre a educação dos filhos? E de que maneira a formação dessa rede pode ser positiva para a criança?
No meu entender, a escola deveria ser o centro catalizador das experiências de sociabilização das crianças e adolescentes, da interação familiar, da comunidade. Se bem observarmos, os prédios escolares costumam ser os mais amplos dos bairros, principalmente na periferia. Há grandes espaços ociosos disponíveis em fins de semana e à noite. Fica tudo fechado, como se a escola fosse apenas um estabelecimento comercial, só funcionante em dias úteis. Há as quadras, há salas, computadores. Imaginemos toda esta infraestrutura funcionando como catalizador de ações comunitárias! O país seria outro. Mas, para que tal aconteça, será necessário um enorme avanço na interação entre pais e escola e, ora vejam, de certo grau de democracia institucional, o que não é nada fácil.
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