Um monarca nunca permitia que lhe fizessem o retrato. Finalmente, cedeu aos pedidos do filho para que, antes de falecer, deixasse sua imagem à posteridade. Impôs, entretanto, uma condição: caso não aprovasse a obra, executaria o artista! Três píntores se dispuseram a arriscar o próprio pescoço.
O primeiro retratou o monarca tal e qual, com o narigão enorme e tudo. O rei, diante do quadro, embora admirando o gênio artístico, enfureceu-se com a figura horrenda e mandou enforcar o infeliz artista.
O segundo, apesar de temeroso, pintou o rei fielmente, com exceção do aberrante apêndice nasal, em cujo lugar colocou irrepreensível narizinho. O soberano, sentindo-se ridicularizado, condenou o pintor à pena capital, sem comiseração.
Chegou, a vez do terceiro. Habilidoso, conhecendo a paixão real pela caça, retratou o soberando portando um arco, a atirar numa raposa. O antebraço na arma tapava-lhe justamente o nariz. Diante do trabalho, o monarca sorriu satisfeito e recompensou o artista generosamente.
Alguém comentou:
- Há várias formas de se falar a verdade:
A primeira é a franqueza rude, contundente, que não hesita em expor toda a realidade dos fatos, doa a quem doer. Os partidários dessa atitude podem revelar o mérito da coragem e do desinteresse, mas tiram nota zero em relações humanas.
A segunda é a hipocrisia interesseira. Os deste grupo podem revelar inteligência e engenhosidade para distorcer os fatos, a fim de agradar aqueles a quem desejam conquistar.
A terceira é a dos partidários da verdade construtiva, evidenciando o que é útil, edificante, e elegante, omitindo sutilmente os aspectos menos agradáveis da vida do próximo.
Aqui vai um poema do Carlos Drummond de Andrade: Verdade.
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