Muita gente se expressa assim, quando algo não vai bem:"Queria tanto que tal acontecesse...". Nessas horas, cabe a pergunta: -"Queria mesmo?" Ou como aquele bordão antigo, num homorístico em que Jô Soares exclamava, irônico: -"Querias!".
Quantos de nós respondemos a um convite, com a indefectível fórmula: -"Gostaria muito de ir". Se usamos a esfarrapada desculpa do "ah! esquecí-me!, nosso interlocutor nos olha com ar de desprezo ou ironia, como se dissesse: -"Arranja outra desculpa, ô meu!
Quantos de nós respondemos a um convite, com a indefectível fórmula: -"Gostaria muito de ir". Se usamos a esfarrapada desculpa do "ah! esquecí-me!, nosso interlocutor nos olha com ar de desprezo ou ironia, como se dissesse: -"Arranja outra desculpa, ô meu!
Parece que sabemos, mesmo sem teoria alguma, que há uma diferença enorme entre DESEJAR e QUERER.
O "querer" é algo consciente, dito abertamente ou não. Quero isso e não quero aquilo. O "desejar" mora em outro cenário, bem mais embaixo, lá no "porão" do inconsciente, e nem sempre é tão acessível. Pode até acontecer de a gente "querer" o que não se deseja e "desejar" algo que, conscientemente, negamos. Tratam-se de desejos inconfessáveis, socialmente incorretos, o dos quais nos envergonhamos. Ou desejos que conflitam com nossa formação, nossos valores. Às vezes tememos o que queremos. É como se torcêssemos - sem o saber - para algo dar errado: assim, alguém fracassa num concurso para não ter de mudar de cidade; outro "se esquece" de um telefonema importante para resolver certo problema... somos mesmos complicados.
O "querer" é algo consciente, dito abertamente ou não. Quero isso e não quero aquilo. O "desejar" mora em outro cenário, bem mais embaixo, lá no "porão" do inconsciente, e nem sempre é tão acessível. Pode até acontecer de a gente "querer" o que não se deseja e "desejar" algo que, conscientemente, negamos. Tratam-se de desejos inconfessáveis, socialmente incorretos, o dos quais nos envergonhamos. Ou desejos que conflitam com nossa formação, nossos valores. Às vezes tememos o que queremos. É como se torcêssemos - sem o saber - para algo dar errado: assim, alguém fracassa num concurso para não ter de mudar de cidade; outro "se esquece" de um telefonema importante para resolver certo problema... somos mesmos complicados.
Por outro lado, o desejo é poderoso, tanto assim que, sem mais nem menos, cometemos um "ato falho": um esquecimento, um gesto ou uma fala que nos trai, desnudando o que estava escondido (muitas vezes escondido até de nós mesmos).
Freud, o criador da Psicanálise, escreveu um livro sobre isso: Psicopatologia da Vida Cotidiana. Nessa obra, de linguagem elegante e acessível, ele ensina que o pensamento aparentemente mais sem sentido, o lapso mais casual, o sonho mais fantástico possuem um significado que pode servir para desvendar os segredos da mente. (Você não vai se arrepender de ler.)
O sofrimento de cada um se constitui, no fundo, no fundo, num conflito entre o "querer" e o "desejar", muitas vezes incompatíveis. A gente acaba aprendendo que vai ser necessário fazer algumas concessões, tanto de um lado quanto de outro, e que o fato de não se poder ter tudo não é o fim do mundo.
Aliás, o "desejo" nunca se realiza completamente, estando o "objeto desejado" escorregando sempre para um mais além, o que, graçasadeus, sustenta o próprio desejo.
Aliás, o "desejo" nunca se realiza completamente, estando o "objeto desejado" escorregando sempre para um mais além, o que, graçasadeus, sustenta o próprio desejo.
Nós não somos donos dos nossos desejos, mas somos responsáveis por eles.
Como nem sempre se coadunam "desejo" e "querer" mais os "laços sociais" que se tramam ou se desfazem de acordo com a cultura, ficamos por aí, "peregrinando neste vale de lágrimas" que é a nossa vida, pontuada de momentos felizes e de vicissistudes.
Agora, tem uma coisa: quase sempre, para não dizer sempre, somos presenteados de acordo com nosso empenho.
Sem esforço, nada feito.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Comente aqui.