A tradição católica diz que o presépio surgiu no século 13, quando São Francisco de Assis quis celebrar um Natal o mais realista possível e, com a permissão do papa, montou um presépio de palha, com uma imagem do Menino Jesus, um boi e um jumento vivos perto dela. Nesse cenário foi celebradada em 1223 a missa de Natal. O sucesso dessa representação do presépio foi tanta que rapidamente se estendeu por toda a Itália. Logo se introduziu nas casas nobres européias e de lá foi descendo até as classes mais pobres. [daqui]
Desde a infância acompanhei a construção de presépios na minha casa. Início de dezembro era época de a meninada correr aos quintais em busca de pedras bonitas e musgos, que serviriam de caminhos e jardins no bucólico cenário de casinhas, pastagens e a gruta onde nasceria o Menino.
Aos adultos (lá em casa era minha mãe, mesmo) competia preparar as montanhas. Como? Cobriam-se com areia de minério azul escuro e faiscante os sacos de aniagem ou o grosso papel de cimento, previamente preparados com grude feito de polvilho e água.
Aos poucos, uma cidadezinha ia surgindo, fabricada com casinhas de madeira, cerâmica e papel maché, retiradas cuidadosamente das caixas que as guardavam do ano anterior.
Era um momento mágico: minha mãe e a criançada ao lado a desmbrulhar cuidadosamente os personagens e adereços guardados do ano anterior. Alegria maior era quando surgiam os bichos: ovelhas, burro, vaca, leões, girafa, patinhos, galinhas, um zoo inteiro! Não podia faltar um garboso galo carijó, que seria colocado em destaque. Ao galo caberia cantar bem alto, anunciando o nascimento de Jesus.
Seria apenas uma lembrança do passado, não fosse a determinação da Amélia de manter a tradição aqui. Nem que fosse simples improvisação, um aranjo com manjedeoura, o Menino, José e Maria.
Aos poucos, Amélia se sofisticou e, ultimamente, o presépio foi tomando importância e ganhando detalhes. Posso dizer que se amineirou, pois se caracteriza como uma vila do interior, construída com casinhas de cerâmica moldadas pela Jovita no Vale do Jequitinhonha e outras advindas de várias regiões do Brasil.
Se, ano passado, o presépio se restringiu a uma cidade plana com suas ruazinhas tortas ladeadas de casinhas, agora em 2008, novamente ajudada pelo filho Ângelo e pela norinha Renata, as montanhas de Minas compõem o cenário:
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