A criação de Belo Horizonte, ao final do século XIX, foi motivada, antes de tudo, pelos ideais modernizadores da República recém proclamada. A antiga Vila Rica (Ouro Preto), com suas igrejas barrocas e palacetes encarapitados em tortuosas vielas, representava o império e a colonização portuguesa. Os republicanos, influenciados pelos ideais positivistas - ordem e progresso - e impregnados de francesismos, propuseram a mudança da capital, enfrentando oposição de políticos tradicionais. Queriam uma cidade racional, riscada com método, arejada, funcional. Muitos duvidaram da empreitada: em três anos, contruir uma cidade "melhor do que Buenos Aires, mais moderna que o Rio de Janeiro e São Paulo", como prometia o engenheiro responsável, Aarão Reis. O traçado urbano , a régua e esquadro, é um tabuleiro com ruas que se cruzam perpendicularmente, interrompidas na diagonal por largas avenidas. Independente do terreno acidentado, assim foi feito: hoje, motoristas aprendem a "controlar o carro na embreagem e a arrancar nas subidas íngremes" para, finalmente, conseguir a carteira de habilitação (sufoco total!). Projetada para pouco mais de 400.000 habitantes, a "grande BH" se transformou numa metrópole de 3.000.000. A modernidade transformou a incipiente capital, empoeirada e deserta há alguns poucos anos, num semi-caos repleto de ônibus, carros, caminhões. O centro é um burburinho de gente a trançar como formiguinhas à sombra de arranha-céus. Somos a capital dos barzinhos, da gastronomia tradicional e internacional (por conta dos imigrantes italianos, alemães, espanhóis, orientais, árabes, etc). Música e teatro, dança e pintura, artesanato e tecnologia, tudo enriquece a vida cultural do antiga Curral d'El Rey, onde turismo e cultura se confundem.
Num dos jornais de hoje, uma notícia demonstra a presença da tradição entre nós:
Um giro pela cidade torna-se fundamental, para contemplar trechos, aplaudir a beleza e, só por hoje,
fechar os olhos para as mazelas. É o que faz o taxista Alvino Bernardo de Souza, de 91anos (!!!), que se mantém ativo no volante de seu carro, acelerando o bom humor e o sorriso
e deixando na poeira os obstáculos. Sempre com uma boa história para contar, Alvino, morador do bairro São Geraldo, é um ótimo papo, gentil e espirituoso como ele só.
Mas, no serviço, as coisas mudam. Teve JK como passageiro, quando a Pampulha estava em construção, mas não rendeu muito assunto, “devido ao trabalho”.
Para comemorar, muitas festas, discursos, espetáculos.
Entretanto, a cidade não pára, os problemas urbanos se acumulam, a violência nos cerca, os morros, tomados por favelas, contemplam a cidade. São desafios a serem vencidos, "se a tanto ajudar engenho e arte".
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