30 dezembro, 2004

Quem pode fazer você feliz?

O que mais se espera e mais se deseja aos amigos nas datas importantes - na passagem de ano, por exemplo - é a indefinível felicidade. Feliz Ano Novo é a expressão mais proferida, seja por convenção, seja por convicção.
Mas quem pode nos tornar felizes? Quem nos garantirá aquilo que tanto buscamos? Um amor, dinheiro, o emprego, a conquista de um bem, uma viagem, comida farta...
As receitas são várias. Quanto a mim, estou com a seguinte sugestão:
Felicidade
[Ken Keyes Jr.]

Há uma única pessoa
no mundo
que realmente pode
fazer você feliz.

Há uma única pessoa
no mundo
que realmente pode
fazer você infeliz.

Que tal
conhecer
essa pessoa
mais intimamente?

Para começar,
olhe-se
no espelho;
sorria
e diga:
"Olá!"

29 dezembro, 2004

Experimente pintar um pássaro

Como pintar um pássaro
Jacques Prévert
[Tradução-Homenagem: Carlos Drummond de Andrade]

Pinte primeiro uma gaiola com a porta aberta.
Em seguida pinte alguma coisa graciosa,
alguma coisa simples,
alguma coisa bonita,
alguma coisa útil... ao pássaro.
Depois, coloque a tela contra uma árvore no jardim,
no bosque
ou na floresta
e esconda-se atrás da árvore sem dizer nada,
sem se mexer.
Às vezes o pássaro chega logo,
mas pode levar muitos, muitos anos
até se resolver.
Não desanime,
espere.
Espere, se preciso, durante anos.
A velocidade ou a lentidão da chegada do pássaro,
não tem a menor relação com a qualidade da pintura.
Quando ele chegar (se chegar)
mantenha o mais profundo silêncio,
espere que ele entre na gaiola.
Depois que entrar,
feche lentamente a porta com o pincel.
Aí então
apague uma por uma todas as varetas.
(Cuidado para não esbarrar em nenhuma pena do pássaro).
Finalmente pinte a árvore,
reservando o mais belo de seus ramos ao pássaro.
Pinte também a verde folhagem e a doçura do vento,
a poeira do sol,
o rumorejo dos bichinhos da relva no calor da estação.
Depois aguarde que o pássaro se decida a cantar.
Se ele não cantar,
mau sinal:
sinal de que o quadro não presta.
Mas bom sinal, se ele canta:
sinal de que você pode assinar o quadro.
Então retire suavemente uma pena do pássaro
e escreva o seu nome a um canto do quadro.
[O texto original está bem aqui.]

27 dezembro, 2004

Viagem virtual pela Estrada Real

Janeiro vai chegando e o pensamento se ocupa das férias. Algumas idéias se organizam em torno da VIII Mostra de Cinema de Tiradentes, a se realizar na última semana (21 a 29/01/2005): reservar pousada e grana.
Como que adivinhando, o "genro-Noel" Daniel Caborges acaba de me presentear com o livro De Volta à Estrada Real, de Flávio Leão. Está sendo a preparação "espiritual" para mais um giro por Tiradentes-MG. Trata-se do diário da viagem de Flávio e seu amigo Rafael pela Estrada Real, do Rio de Janeiro até Ouro Preto, a pé, seguindo o rastro dos tropeiros do século XVIII. Comecei a ler e estou em plena viagem virtual.
Além de mergulhar na cultura cinematográfica e gastronômica, em Tiradentes vou ler o O Código Da Vinci, presente da Amélia, amiga-companheira-esposa.
Se "navegar é preciso, viver não é preciso" -lema dos argonautas, que Fernando Pessoa usou no prólogo de sua obra poética- viajar por terra também é preciso! Fascinam-me as estradas, com suas paisagens, surpresas, viajantes. Por isso mesmo Flávio Leão destaca, na orelha do livro, o poema da Rachel de Queiroz:
A Estrada
[Rachel de Queiroz]
Um palácio é bonito,
um arranha-céu é grande,
uma catedral é imponente,
mas uma estrada é viva.
Por isso, das construções do homem,
talvez seja a estrada
a que mais lhe fale ao coração,
lhe sugira com aproximação maior
o transitório, o inquieto,
o rápido da vida.
A estrada é o rio sem água -
quem desce nele são os viventes.
A estrada é o longe e o perto,
a presença da distância,
o convite à caminhada,
a aventura, a fuga.
A estrada leva e traz,
a estrada anda,
vive e participa também.

As metáforas da Rachel de Queiroz são preciosas: a sugestão do transitório, do inquieto, do rápido da vida, o rio sem água no qual descem os viventes... viajar é preciso, viver não é preciso!

24 dezembro, 2004

O Natal de Maria Cleonice

Maria Cleonice - é assim que gosta de ser chamada, pois "os nomes duplos inspiram nobreza"- acordou bem disposta. Bonita, suave, de olhos azuis, ajeitou o cabelo, caprichou na maquiagem, borrifou um pouco de Poison nas curvas de seu pescoço e no colo bem feito. Os 41 anos não lhe cobram quase nada.
Feliz? Pode-se dizer que sim, embora o ex-noivo, Antônio, ainda a faça suspirar um pouco, quando as boas recordações avivam a libido. De verdade, nunca se afastaram, pois, embora casado com Vanessa, o moço é seu colega de escritório. Além disso, mantêm explícita amizade e, para espanto de uns e admiração de outros, Maria Cleonice é íntima do casal - coisa dos tempos modernos.
Às nove, suavemente envolta pela fragância venenosa do perfume, ela está diante do ex-noivo que, mais uma vez, solicita-lhe visita a um cliente, na vizinha cidade de Santa Luzia:
- Não sei se é possível, Tonico, meu carro está na oficina.
- Pois lhe empresto o meu, vá no Corsa.
...
Lá pelas onze, Antônio explica isso à Vanessa. No trajeto para casa, tomada por um ciúme medrado insidiosamente nos últimos tempos, demonstra-lhe desagrado:
- Benzinho, essa mulherzinha já tá abusando, você não acha? Tá sempre arrumando desculpa para ficar perto de você e, agora, nosso carro está com ela! Estou me segurando, não é de hoje!
Antônio evitava qualquer discussão. Contemporizou:
- Ah! meu amor... tá bom, tá bom, não vou dar mais colher de chá, você sabe que te amo!
A tempestade quase fora adiada se não tocasse o celular. Era Maria Cleonice:
- Oi, meu Tonico, passo na sua casa, devolvo o carro e almoço com vocês.
Indeciso entre não desagradar à mulher e à ex-noiva, passa o telefone à Vanessa:
- Você decide.
- Olhaqui, sua noivinha frustrada, fique no seu lugar, vê se desconfia e dá um tempo!
...
Às 16,32, o porteiro do prédio de Antônio e Vanessa abre o portão para o Corsa do 504. Bonita, suave, de olhos azuis, Maria Cleonice ajeita o cabelo:
- O carro já está na vaga, Feliz Natal!
...
A fumaça toma conta do ambiente. Espessa e negra, provém da garagem. Os bombeiros são chamados.
Maria Cleonice comemorara o Natal incendiando o "corsinha do Tonico".
- O fogo se alastrou, não foi minha culpa. Não queria queimar os outros cinco carros, lamentou.
Bonita, suave, de olhos azuis...

21 dezembro, 2004

Big Brother na Big City

Há muitos anos li o interessantíssimo e fundamental "1984", obra de George Orwell, pseudônimo do autor inglês Eric Arthur Blair (1903-1950), nascido nas Índias britânicas, de mãe de ascendência francesa e pai inglês. O Mundo Cultural assim apresenta Orwell e resume seu romance "profético":
Começou a escrever sob o pseudônimo de George Orwell e sempre se pareceu mais com os heróis de seus romances que com os muitos rótulos com que tentaram catalogá-lo ao longo de sua vida. Ferrenho ativista a favor da liberdade e da justiça, lutou na Guerra Civil Espanhola, onde assistiu à derrota do POUM (Partido Operário de Unificação Marxista) e começou a desiludir-se com o stalinismo. Dedicou seus últimos anos de vida a denunciar o papel do Estado no aniquilamento das liberdades individuais e da cidadania. É considerado o mais influente escritor político do século XX, a ponto de hoje o termo “orwelliano” ter-se consagrado como adjetivo, caracterizando o que tem aspecto totalitário e falsificador na História.
A obra retrata o mundo dividido em três grandes superestados: Eurásia, Lestásia e Oceania. Em uma ou outra aliança, esses três superestados estão em guerra permanente. O objetivo da guerra, contudo, não é vencer o inimigo nem lutar por uma causa,
mas manter o poder do grupo dominante.
O enredo, sob a perspectiva de Oceania, mostra como teletelas permitem que o chefe supremo do Partido, o Grande Irmão – o Big Brother no original inglês –, vigie os indivíduos e mantenha um sistema político cuja coesão interna é obtida não só pela opressão, mas também pela construção de um idioma totalitário, a Novilíngua, que, quando estivesse completo, impediria a expressão de qualquer opinião contrária ao Partido.
Em todas as casas e edifícios, havia teletelas, através das quais o Grande Irmão vigiava todos os cidadãos.
Embora em circunstâncias diferentes daquelas prenunciadas por George Orwell, é impossível não associar sua "premonição" com o que está a acontecer nas grandes metrópoles e, recentemente, em nossa Belo Horizonte: acabam de ser instaladas mais de 90 câmeras de TV no hipercentro, vigiando os transeuntes por 24 h. A polícia, pelos monitores, tem a possibilidade de dirigir o foco para qualquer indivíduo "suspeito", com a aproximação impressionante proporcionada pelas câmeras com zoom de 200 vezes! Ou seja, dá prá conferir até a cor de seus olhos. O que me faz recordar os lembretes pendurados até nos banheiros de minha escola primária (lá se vão alguns anos): "Deus me vê". Não dava prá pecar nem em pensamento!
Dados oficiais apuram que os índices de criminalidade (furtos) se reduziram em 40% e uma dúzia meliantes foram presos em flagrante somente nas duas últimas semanas!
Belo Horizonte virou um imenso "big brother". Não aquele global, desempenhado por caçadores da grande chance, mas o big brother urbano, no qual todos participamos.
Nos elevadores do prédio onde trabalho já sou vigiado por câmeras e os porteiros sabem quando ajeito o cabelo ou coço o saco. Nas lojas, sorrio sempre, conforme mandam os avisos: "Sorria, você está sendo filmado!"
Agora, para um passeio pelas calçadas, tenho de caprichar no visual e na atitude, pois o risco de ser "suspeito" pode causar confusões: "Teje preso! O que o senhor está fazendo olhando insistentemente para a vitrine da joalheria?" Lá vou eu ter de explicar que não tenho más intenções...
Eis o preço da modernidade, da insegurança geral, da desigualdade, da decadência dos valores, da necessidade de controle!
Você aí, cuidado! Evite atitudes suspeitas! Caso queira cometer um delito, faça-o na periferia ou eleja-se deputado, vereador, prefeito!

17 dezembro, 2004

Felicidade plena é doença?

Há algum tempo, tomei conhecimento do suicídio de um jovem de 25 anos, filho de poderoso empresário nacional. O rapaz teria deixado um bilhete com a explicação:
"- Enjoei de viver, nada me falta, tenho tudo, perdi o tesão de viver..."
As pessoas comentavam a inacreditável razão para o tresloucado gesto (expressão consagrada da crônica policial) e me interrogaram sobre isso. A gente ouve dizer acerca de desesperados que se matam por perderem algo ou alguém, por falta de emprego, ciúmes, depressão grave... mas, por tudo ter?
Gostava de brincar com meus filhos ao entrar no BH-Shopping, exclamando, do alto do 3° andar, bem no átrio daquele templo de consumo: "- Graças a Deus, não preciso de nada disso aí!". E remendava, diante do espanto: "- ... mas quero muitas coisas!". O alívio era imediato.
Somos seres do desejo, além de animais necessitados. Para além da satisfação do que chamarei de necessidades instintivas (alimento, abrigo, oxigênio, sono, etc.) o ser humano se constitui como tal por ser desejante. Não nos basta conseguir sobreviver, queremos mais e mais. É o que Freud chamou de pulsão, o correlato psíquico dos instintos.
A pulsão busca a satisfação por qualquer meio, custe o que custar, "o que quero é gozar", diria o puro impulsivo. Assim agem as pessoas impulsivas que, diante de um obstáculo ou mobilizados pela força pulsional, avançam sobre a presumida fonte de sua satisfação e se mostram agressivas e sem controle diante de qualquer frustração.
O desejo, porém, é um refinamento e o ser desejante diria: "- O que quero é gozar... de uma certa maneira!". É mais ou menos a diferença entre a fome e o apetite. O apetite nos propicia a escolha por determinado alimento, o requinte, a espera, o adiamento da satisfação. A pulsão sexual, por exemplo, poderia ser satisfeita por qualquer objeto sexual. Já o ser-desejante escolhe a parceria por razões puramente individuais e, sempre, inconscientes. Isso, irônicamente, explica tantas escolhas errôneas - ou incompreensíveis ao senso comum - de parceiro(a)s! Aqui aparece o que chamamos amor (!?).
O que causa o desejo é, portanto, algo que não se vislumbra objetivamente, ou seja, um objeto perdido, faltoso, A FALTA!
Ah, bom! assim é possível entender as razões do jovem suicida: se nada lhe falta (é lógico que se trata de uma percepção totalmente enganosa), então o desejo morre e o sujeito sucumbe: "Sem tesão não há solução", diria o terapeuta-escritor Roberto Freire.
O deus-Mercado tem-se esmerado em oferecer objetos para a satisfação dos consumidores, lançando novidades, gadgets, quinquilharias; a Ciência promete juventude eterna; a Indústria do Entretenimento derrama sexo-drogas-rock'n roll sobre corações e mentes e os bichinhos humanos correm como ratinhos de laboratório atrás das migalhas... alguns correm a vida inteira; mais alguns impulsivos buscam compulsivamente adquirir tudo e cada vez mais; outros, enfim, se cansam de tanta oferta e caem no tédio - depressão, desinteresse por tudo, anorexia, auto-extermínio.
É necessário recuar diante de tanta oferta, buscando descobrir o próprio desejo - o que não é fácil, irmão.
Sobre este tema, um Seminário está sendo oferecido:
"Esse é um importante problema humano, para a psicanálise na orientação lacaniana. O difícil não é tanto tratar o que dói, mas, paradoxalmente, o difícil, para um analisando, é se responsabilizar por suas qualidades, pelo êxito, pelo que lhe acontece. O que isso quer dizer - perguntava Lacan - se não que "o que é temido é sempre o isto que não falta"? Os módulos de pesquisa, dirigidos por Jorge Forbes no primeiro semestre de 2005, estarão atentos ao que acontece quando a falta deixa de faltar - em um estudo dos seminários de Lacan: A Angústia e O Sintoma."

12 dezembro, 2004

107 anos

Daqui da varanda, sob uma fina garoa e céu escuro, aliviado com o suspiro de esperança do Clube Atlético Mineiro [este link é quente!] após a vitória (1x0) de ontem sobre o Grêmio , observo nossa cidade que comemora, hoje, 107 anos.
A criação de Belo Horizonte, ao final do século XIX, foi motivada, antes de tudo, pelos ideais modernizadores da República recém proclamada. A antiga Vila Rica (Ouro Preto), com suas igrejas barrocas e palacetes encarapitados em tortuosas vielas, representava o império e a colonização portuguesa. Os republicanos, influenciados pelos ideais positivistas - ordem e progresso - e impregnados de francesismos, propuseram a mudança da capital, enfrentando oposição de políticos tradicionais. Queriam uma cidade racional, riscada com método, arejada, funcional. Muitos duvidaram da empreitada: em três anos, contruir uma cidade "melhor do que Buenos Aires, mais moderna que o Rio de Janeiro e São Paulo", como prometia o engenheiro responsável, Aarão Reis. O traçado urbano , a régua e esquadro, é um tabuleiro com ruas que se cruzam perpendicularmente, interrompidas na diagonal por largas avenidas. Independente do terreno acidentado, assim foi feito: hoje, motoristas aprendem a "controlar o carro na embreagem e a arrancar nas subidas íngremes" para, finalmente, conseguir a carteira de habilitação (sufoco total!). Projetada para pouco mais de 400.000 habitantes, a "grande BH" se transformou numa metrópole de 3.000.000. A modernidade transformou a incipiente capital, empoeirada e deserta há alguns poucos anos, num semi-caos repleto de ônibus, carros, caminhões. O centro é um burburinho de gente a trançar como formiguinhas à sombra de arranha-céus. Somos a capital dos barzinhos, da gastronomia tradicional e internacional (por conta dos imigrantes italianos, alemães, espanhóis, orientais, árabes, etc). Música e teatro, dança e pintura, artesanato e tecnologia, tudo enriquece a vida cultural do antiga Curral d'El Rey, onde turismo e cultura se confundem.
Num dos jornais de hoje, uma notícia demonstra a presença da tradição entre nós:
Um giro pela cidade torna-se fundamental, para contemplar trechos, aplaudir a beleza e, só por hoje,
fechar os olhos para as mazelas. É o que faz o taxista Alvino Bernardo de Souza, de 91anos (!!!), que se mantém ativo no volante de seu carro, acelerando o bom humor e o sorriso
e deixando na poeira os obstáculos. Sempre com uma boa história para contar, Alvino, morador do bairro São Geraldo, é um ótimo papo, gentil e espirituoso como ele só.
Mas, no serviço, as coisas mudam. Teve JK como passageiro, quando a Pampulha estava em construção, mas não rendeu muito assunto, “devido ao trabalho”.
Para comemorar, muitas festas, discursos, espetáculos.
Entretanto, a cidade não pára, os problemas urbanos se acumulam, a violência nos cerca, os morros, tomados por favelas, contemplam a cidade. São desafios a serem vencidos, "se a tanto ajudar engenho e arte".

05 dezembro, 2004

Eu claudico, tu claudicas...

"Quando nasci, um anjo torto, desses que vivem na sombra, disse: vai, Carlos, ser gauche na vida". Taí o primeiro verso do poema autobiográfico do Carlos Drummond de Andrade. Drummond confessa, logo de cara, sua claudicação pela vida: ser gauche é ser meio manco, meio sem jeito, tímido talvez.
Pois, quando nasci, meus pais me deram um nome: Vai, menino, ser Cláudio na vida! Acho que foi logo aí que me identifiquei com o Poeta itabirano. Afinal, meu nome deriva do verbo "claudicar = arrastar de uma perna; não ter firmeza em um dos pés; coxear, mancar, capengar e, no sentido figurado, cair em erro ou falta; fraquejar intelectualmente". Ai, ai, ai, minha humildade não chega a tanto, nem Soié e Dona Aparecida me rogaram praga nenhuma! Segundo minha mãe, tratava-se de um nome bonito e menos comum e, além disso, nome de imperador romano! Um grande futuro me esperava - ou ainda espera, duvidar quem há-de?
Gosto de utilizar o verbo claudicar sempre que cometo uma gafe, ou "mancada =
atitude, resolução, comportamento errôneo, cujos resultados são insatisfatórios ou negativos; falha, lapso, erro, indiscrição espontânea, irrefletida; ação ou fala inoportuna; gafe."
Pois agora, confesso: de vez em quando dou umas mancadas, que deus-me-livre-e-guarde!
Aqui vai uma:
- encontro-me com o jornalista político Vidal, na rua da Bahia. Logo digo: "- Há quanto tempo". E ele: "- Viajei, estava em Milão." Todo afoito, exclamo: "- Ah! então deve estar ótimo no alemão!"... "- Que isso! Milão fica na Itália." Tento consertar: " - É mesmo, onde fica a FIAT." Não deu mais, desolado, me ampara: "- Não, a FIAT fica em Turim!!!". Deixei um cumprimento sem graça e me mandei! Já claudicara demais!
E você, já claudicou alguma vez?

02 dezembro, 2004

Água na boca!

Ouro Preto-MG fica a 90km de Belo Horizonte, nestas Minas Gerais. É Patrimônio da Humanidade, pois representa um dos maiores acervos de construção colonial de nosso país. Na História do Brasil, tem destaque por causa da Inconfidência Mineira (cujo líder, Francisco José da Silva Xavier, foi enforcado, esquartejado, virou Samba de Doido, tem estátua na Praça Tiradentes - esquina de Brasil com Afonso Pena, em BH e, principalmente, deu nome a um dos lugares mais típicos da mineiridade que conheço: Tiradentes-MG ). Já foi capital da Província das Minas Gerais quando se chamava Vila Rica. É o ponto culminante do maior projeto turístico dessas paragens, a Estrada Real...
Mas hoje, um convite:
Que tal aproveitar do Festival de Gastronomia, Ouro Preto Sabor?

O festival envolve 29 restaurantes de Ouro Preto, praticamente a totalidade das melhores casas da cidade. O evento conta com o apoio do Ministério do Turismo, que possibilitou que os 20 primeiros restaurantes de Ouro Preto que se inscreveram para participar do festival recebessem gratuitamente o PAS (Programa Alimentos Seguros) do Sebrae, por meio do qual são aplicadas consultorias e treinamentos visando a produção de alimentos com segurança e qualidade.Além disso, o período final do festival com o encontro do Mercosul, Ouro Preto + 10, que vai reunir na cidade 12 chefes de Estado, o que deve trazer uma visibilidade internacional ao evento.

Só para se ter uma idéia, eis alguns pratos que você poderá saborear:

  • Polenta a Moda do Beco - Polenta recheada com queijo gorgonzola, coberta com frango, nozes, curry e ora-pro-nóbis
  • Medalhão ao Molho de Ervas em Cama de Taioba - Entrada de salada de cenoura, pepino e maçãs seguida de medalhão de filé mignon com bacon ao molho de ervas sobre folha de taioba acompanhado de moranga e arroz com cogumelo.
  • Camarão do Carmo - Camarões VG ao molho de jabuticaba acompanhada de arroz com camarões, shitake. Sobremesa de maracujá num lago de creme com chocolate amargo.
  • Frango com Ora-pro-nóbis - Frango com ora-pro-nóbis acompanhado de arroz branco e angu de fubá de moinho d'agua.
  • Torta Negra - Torta com mousse de jabuticaba, chocolate amargo, calda de jabuticabas e pistache.
  • Salmão ao Molho de Alcaparras - Salmão grelhado com molho de alcaparras acompanhado de arroz com nozes e passas.
  • Entrada de bambá de couve com costelinha desfiada seguida de coxa e contra coxa recheada com abobrinha e mel acompanhada de arroz com alho, tutu de feijão e couve frita.
  • Massa branca de lasanha servida com carne de sol desfiada com molho ao sugo, molho branco e queijo canastra.
  • Fettuccine ao molho de jabuticaba com costelas de porco frescas.

Sentiu o drama? Estive com Amélia em Ouro Preto outro dia mesmo, passeando com os amigos brasilienses Paulo e Letícia - veja o post Vila Rica de Ouro Preto prá dar mais vontade ainda de trilhar os tortuosos caminhos abertos pelos bandeirantes...
O Festival termina em 19 de dezembro, ou seja, você tem ainda 2 semanas prá arrumar as mochilas, pegar a estrada e... a gente se encontra por lá! O friozinho deste verão(!) ajuda a subir e descer ladeiras, contemplando montanhas, adentrando igrejas, espiando pelas janelas coloniais. Aproveite para visitar o Museu do Oratório. Deixe uma oração para esse que vos fala: não preciso de nada, só de continuar tudo tão bom com o que Deus me tem servido. Até.