21 abril, 2009

Amor e desamor nos tempos atuais

De 30abr a 03mai, estarei em Conservatória-RJ, cidade serrana, voltada para o turismo. Fui convidado para participar do Congresso Nacional do Corpo de Psicólogos e Psiquiatras Cristãos [CPPC], no Hotel Fazenda Vilarejo.

Quem me fez o convite - apesar de eu não fazer parte do CPPC - foi a amiga Janes Herdy, que já me acolheu por duas vezes em Cuiabá-MT, quando me chamara para ministrar um curso de Psicodrama e outro de Psicodrama e Dinâmica de Grupo na UFMT. A amizade se firmou, embora estarmos tão distantes, primeiro quando ela morava no Mato Grosso e, agora, morando em Niterói-RJ. Mas a Janes é dessas pessoas "de coração imenso", sensível e delicadíssima.


O tema de minha palestra será: Cuidados maternos e negligência: desamor nos tempos atuais, assunto de tristes manchetes nos noticiários: o descuido por parte de quem deveria cuidar da infância.


Claro que não poderemos atribuir somente às 'mães', de forma tão reducionista, toda a responsabilidade pelos descuidos que vitimam crianças e adolescentes. Pretendo partir do senso comum cultural e demonstrar que o tratamento dispensado às crianças e adolescentes, nos tempos atuais, está longe de ser manifestação de carinho e amor, mas de exploração e descaso.

Eis o resumo enviado à organização do evento:
"A Psicologia Evolutiva, em suas origens, se ocupou em desvendar os mecanismos das aquisições das funções psíquicas, em especial as capacidades psicomotoras, intelectuais, cognitivas e afetivas da criança, desde o nascimento.


Aos poucos, as teorias psicanalíticas, que atribuem aos precoces conflitos psíquicos a causalidade dos transtornos mentais, suscitaram minuciosas pesquisas acerca das relações objetais, obviamente colocando em cena a relação entre mãe e filho, estendida à relação pais e filhos.


Diante das demandas emanadas dos controladores sociais, psiquiatras e psicólogos descobriram a importância da educação e dos cuidados familiares na prevenção de condutas antissociais e da marginalização a que se relegavam os pequenos malfeitores, rebeldes e aqueles "de comportamento difícil".


Eis o campo conceitual que sustenta, hoje, o entendimento e as orientações de caráter 'preventivo' - ainda que sem garantias - e as intervenções exigidas pelo assustador número de crianças afetadas emocionalmente, muitas delas com o previsível destino da contravenção, do conflito com a lei e da marginalidade.


Talvez se possam utilizar os conceitos de amor e desamor para fundamentar ações psicossociais abrangentes e intervenções dos agentes de saúde na clínica.


O Autor pretende, com suas reflexões, animar o debate e a troca de experiências entre os participantes."


Aos leitores deste post, solicito sua colaboração: o que pensam a respeito deste tema? Ainda dá tempo de enriquecer minha fala. Aguardo ansiosamente, de verdade.

18 abril, 2009

Acabou-se o pão-de-queijo?

Na década de 80, quem tomava a Avenida Amazonas, em busca da saída oeste (Triângulo Mineiro) e sudoeste (São Paulo) atravessava a Cidade Industrial (Contagem). De olhos fechados, a qualquer hora, sabíamos a localização exata da Fábrica Cardoso, depois Aymoré, pois o aroma exalado dos fornos que tostavam os famosos biscoitos 'perfumava' tudo, penetrava nos ônibus e nos trazia água na boca. É verdade que, dependendo da direção do vento, outros aromas menos nobres nos provocavam reações de mal-estar, pois havia os curtumes e algumas empresas químicas poluentes, antes das exigências de filtros e controle ambiental.
Era orgulho bobo de mineiro falar para todo o mundo que era "nossa" uma das maiores fábricas de biscoitos do Brasil, da mesma forma que logo acrescentávamos uma informação: ali também se produzia a famosa Cocada Baiana Aymoré, aquela queimadinha acondicionada em lata, sobremesa irresistível. O coco podia ser da Bahia, mas melhor cocada era mineira! (Afinal, somos mesmo bairristas, tal como os gaúchos, os cearenses, os outros todos... ).
Hoje, a Aymoré pertence ao Grupo Arcor e Danone, nada tem de mineiro, o tempo levou...

Três Corações é cidade do sul de Minas, terra de Pelé, e nome de uma das dez mais famosas marcas de café de Minas Gerais, o Café Três Corações. Aqui pertinho de BH, em Santa Luzia, há uma enorme fábrica do Café Três Corações que, tal como a Biscoitos Cardoso, exala um aroma delicioso de café torrado e moído na hora. Talvez os moradores de seu entorno nem o sintam mais ou dele estejam enjoados, mas pra quem trafega raramente pelo trecho sabe pelo cheiro que a fábrica se aproxima, está logo ali.

Mais orgulho besta de mineiro: o Três Corações é nosso. Pois não é não: desde dezembro de 2000, a empresa passou a fazer parte do Grupo Strauss-Elite e em dezembro de 2005, a Strauss anunciou uma joint venture através da qual, juntamente com a Santa Clara, segunda maior empresa de café no Brasil, constitui uma nova empresa no Brasil: a Santa Clara Participações , com sede em Eusébio (Região Metropolitana de Fortaleza), no Ceará! A globalização, mais uma vez, se abateu sobre 'coisa nossa'.


Ah, mas pão-de-queijo ninguém tasca, é coisa de mineiro sim, uai! Também acreditava nisso, pelo menos até descobrir que a maior parte do queijo utilizado na marca mais famosa dessas plagas vinha da Austrália! Segundo os fabricantes (e isso há alguns anos, eles dizem), o queijo australiano teria mais padrão, mais sabor, menos contaminação, mais padronização e... melhor preço que o queijim mineiro. Mas Forno de Minas é a marca mais famosa do Brasil e é produzida aqui mesmo, em Contagem. Tá bom, não é nossa, é da General Mills, uma das maiores empresas de alimentos do planeta, dona da marca desde 2001:

Em 2001, a General Mills comprou as marcas Forno de Minas e Frescarini por meio da aquisição da Pillsbury Company. No Brasil, possui matriz em São Paulo e seis filiais espalhadas pelo país. As marcas que fazem parte do portfólio são Häagen-Dazs, da divisão de sorvetes super premium, e Nature Valley, divisão de barra de cereais. Mas a receita é nossa, criada pela Dalva Mendonça, responsável pela receita de sucesso do pão de queijo que é fabricado pela Pillsbury, ainda ali em Contagem, com queijo da Austrália.
Pois não existe mais! Acabou-se! Leia aí o press release da General Mills, datado de ontem, sexta-feira, a informar o fechamento da Forno de Minas:
"Aproximadamente 500 funcionários serão afetados pela decisão, inclusive os funcionários da unidade de produção localizada em Contagem, Minas Gerais. A companhia está oferecendo amplo pacote de benefícios e outros serviços para todos os funcionários afetados. Isso nos permitirá aumentar os investimentos em nosso principal foco, incluindo a expansão dos nossos negócios voltados para linha de sorvetes premium Häagen-Dazs e para as barras de cereais Nature Valley,” explica Pablo Pla, diretor geral da General Mills Brasil."

Acabou-se o pão-de-queijo?
É claro que não! Onde já se viu viver sem pão-de-queijo? Pode-se acabar a Forno de Minas, pode-se levar o 3Corações embora, compremos Cocada Baiana Aymoré dos grincos mas estas iguarias estão em nossa memória gustativa, olfativa e afetiva.
Aqui em casa, por exemplo, a Amélia é mestra em muitas coisas, até psicóloga ela é! E sabe fazer o melhor pão-de-queijo do mundo:

Pois então, sinta-se convidado: venha degustar do "verdadeiro' pão-de-queijo, elaborado de acordo com a tradição, porém com o upgrade caseiro aqui da Amélia.

13 abril, 2009

Rio from Niterói


Rio from Niterói, upload feito originalmente por ClaudioCosta.
Quando vi esta paisagem, lembrei-me das pinturas de Johann Moritz Rugendas, o pintor alemão que veio ao Brasil em 1821 como desenhista da missão científica do barão de Langsdorff.
Fotografei o Pão de Açucar lá do outro lado da baía da Guanabara, a partir da pequena elevação sobre a praia de Camboinhas, em Niterói. Visitava meu irmão Jaques & família, recém mudado para aquele recanto, entre Piratininga e Itacoatiara, praias oceânicas.
Maldosamente, muitos dizem que 'o melhor de Niterói é a vista do Rio'. Não chego a tanto, mesmo porque conheço pouquíssimo da capital fluminense.

Mas veja se não tenho razão em lembrar-me do Rugendas:

Colheita de café - Rugendas - Biblioteca Municipal de São Paulo

07 abril, 2009

Re: Cláudio & Freud by GUZ

O Guz, além de desenhista, é gentilíssimo e dono de uma poética eloquência. Eis sua resposta ao vídeo:

04 abril, 2009

De mãos dadas com Freud

Fernando Massote é um dos mais respeitados cientistas políticos de Minas, ex-professor da UFMG, uma figura e tanto. Tive a honra de ser convidado pro seu almoço de aniversário, hoje à tarde, quando convivi com seus amigos e companheiros de muitas lutas, jornalistas, políticos, médicos, gente de cultura e 'cabeça'. Parece anacronismo falar de 'gente cabeça', mas que as há, inda bem que existem, pois o que falta nesse mundão é quem veja, analise, pense e fale do que há por aí [querem exemplos? leiam o blog do Massote].



Pois lá estava o Guz, cartunista celebrado pelos desenhos mistos em lápis e guache, cujas caricaturas políticas cumprem a velha máxima 'ridendo castigat mores' [Guz no YouTube].

E não é que o danado do artista quis fazer minha caricatura? Embora o Houaiss diga que seja um desenho de pessoa ou de fato que, pelas deformações obtidas por um traço cheio de exageros, se apresenta como forma de expressão grotesca ou jocosa, senti-me homenageado e recebi este presente do Guz:
Dr. Cláudio de mãos dadas com Dr. Freud by Guz

E a Ana Letícia, filha deste papai aqui, filmou o make of:


03 abril, 2009

Tô aqui, uai!


Tô aqui, uai!
Um mês sem postar,
confirmo o adágio:
"em boca fechada
não entra mosquito".

Nem tanto, nem tanto,
sem paranóia, sem teogonia,
apenas me morde
um bicho preguiça
- taxonomia
pra falta de ânimo;
nada que uma taça de vinho
[sec, bien sûr]
não possa sanar

Então,
até.