12 abril, 2006

Pirataria? Atire a primeira pedra...

Olhaí a notícia do portal Uai, dagorinha mesmo:
Uma pesquisa divulgada, nesta quarta-feira, revela que 84% dos belo-horizontinos já compraram ou compram com frequência produtos pirateados.

De acordo com o estudo, realizado pelo Ibope em todo o país, o valor ultrapassa o de estados como o Rio de Janeiro, onde 78% da população reconheceu adquirir produtos falsificados, e São Paulo, onde o índice chega a 69% dos entrevistados.

Metade dos entrevistados revelou que costuma comprar CDs, DVDs, roupas e brinquedos no comércio clandestino. Os números preocupam empresários e o governo pelos prejuízos que provocam. Dos que assumiram adquirir tais produtos, 67% afirmaram saber diferenciar a cópia do produto original, o que piora ainda mais a situação.
A pirataria, aqui, é oficial. De verdade:

A Prefeitura de BH conseguiu uma proeza e tanto: retirou da rua quase todos os camelôs - conhecidos entre nós como "toreros" - os ambulantes que se especializaram em se esquivar os ataques dos fiscais, tal como fazem os toreadores de Madrid. (Música de fundo: A habanera, da ópera Carmen, de Bizet).

Eu seu site oficial, o Prefeito Pimentel (PT-MG) conta vantagem:


Pimentel afirmou ver satisfação nos camelôs do Shopping Oiapoque em trabalhar de forma legal e segura. Disse ainda que a retirada dos ambulantes da área central foi responsável pelo registro profissional de muitos deles.

O preço foi a criação de alguns shoppings populares, eufemismo para conjunto de lojas especializadas em vender produtos contrabandeados, pirateados, etc.

Há alguns meses, escrevi um post sobre o mais famoso deles, o famoso Shopping Oiapoque, carinhosamente chamado de Shopping Oi (clique aqui para ver o site oficial do empreendimento). Leia aqui: Do Sahara ao Oiapoque...

Tenho um conhecido que é dono de algumas lojas legalizadas - paga impostos, alvarás, só compra com nota fiscal, etc. - e que possui, igualmente, lojas em shoppings populares. Explica:

- Tenho de fazer concorrência comigo mesmo, para não perder venda. Nas minhas lojas tradicionais, o preço é normal, pois repasso os impostos ao consumidor. Nos populares, vendo os mesmos produtos muito mais barato, pois compro no mercado paralelo, não dou nota fiscal, não aceito cheque, só dinheiro vivo. E mais: estou tendo mais lucro com o produto genérico (outro eufemismo) do que com o original.

Alguns produtos - acredito - são quase impossíveis de falsificar: câmeras fotográficas, por exemplo. E os preços, realmente, são convidativos. Há DVDs, CDs de MP3, roupas, bonés, perfumes (estes são falsificadíssimos!).

Não vou dizer, aqui, que já comprei algo por lá. Não, isso não vou dizer. Não digo mesmo. (E não tenho caseiro pra me dedurar...).

E você?
Atire a primeira pedra...

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Em tempo: mais uma do Soié, que acaba de postar Porco ou suíno?