21 abril, 2004

Amor e Conhecimento

Para meu irmão, Ismael, que me comunicou estar iniciando o MBA em Gestão Estratégica, respondi com a seguinte mensagem:
Ismaelzinho, meus enormes parabéns! fico muito orgulhoso de você (e dos outros manos, também) que se dedica ao aproveitamento útil do tempo, cuidando do físico (caminhandas, ficando "bonitão") e da mente (agora você vai fazer MBA!!!). Daqui a pouco, termos o Dr. Ismael José da Costa com o merecido título de Master of Business Administration.
Conhecimento não ocupa lugar e nos aprimora para tudo na vida. Evidentemente que não é tuuuuudo, pois temos que cultivar a sensibilidade, o respeito, a vida amorosa e espiritual, é claro.
Isso me faz lembrar o Sermão de 5a. feira Santa, do Padre Antônio Vieira, ainda no século XVII. Neste sermão, aproveitando a data em que os Católicos comemoram a Instituição da Eucaristia por Jesus durante a Santa e última Ceia, o Pe. Vieira toma o AMOR como tema. Cita a famosa antífona do canto gregoriano: Ubi Amor Est, Deus Ibi Est (onde há amor, Deus aí está). Conclama-nos a amar a Deus e ao próximo. Depois nos instiga com a pergunta: quem ama mais? Deus aos homens ou o homem a Deus? Com todo seu palavrório barroco (delicioso de se ler, pode crer), Pe. Vieira vai demonstrar que Deus tem mais poder de amar que o mais piedoso dos homens.
Por que? Aí, a grande sacada de Vieira: porque para se amar, é necessário o CONHECIMENTO do objeto amado, caso contrário trata-se de uma ilusão, de um engano, de uma fantasia, Ora, Deus, em sua infinitude, jamais poderá ser totalmente conhecido pelo ser humano (tão finito e limitado). Portanto, é Deus quem mais pode amar, pois ele é onisciente, tudo conhece, até os mais recônditos e obscuros porões de nossa alma. Tanto pode Deus amar, que nos criou por amor, etc etc etc... (Não vou fazer "outro sermão", o Vieira já o fez..)
Mas esses comentários acima me vêm à cabeça, Ismaelzinho, porque acredito que, se a nós nos for dada a graça de Amar, que nosso amor seja cada vez mais iluminado pelo dom do Conhecimento.
Obrigado pelo exemplo