30 janeiro, 2009

Existe tratamento para os "maus"?

O que tem de "gente ruim" por aí não tá no gibi, mas todo o dia os jornais ("escritos, falados e televisivos") nos inundam com notícias de assassinatos, roubos, sequestros, pais que jogam filhos pelas janelas, torturas, etc.
A violência nos horroriza e às vezes dizemos: 'só um desumano faria uma coisa dessas', 'esse cara é um animal', 'é o capeta!".
Mas é tudo coisa do bicho homem, de gente como a gente (ohhh!), pessoas que nasceram ali ao lado, são nossos vizinhos, nosso chefe, alguém com cara de santo e, de repente, o cordão de maldades aparece. Por isso cabe a pergunta:
A Psiquiatria acaba sendo convocada a opinar sobre esses sujeitos, principalmente quando aparece um serial killer, um psicopata.
Existe tratamento?
Acabo de ler uma entrevista do Dr. Michael H. Stone, Psiquiatra da Universidade de Columbia-NY, concedida ao jornal "Psiquiatria Hoje". Foi o Dr. Michael que elaborou um índice de maldade, uma escala aterrorizante, constando de 22 ítens. Michael adverte que a escala gradativa de maldade visa apenas entender as causas do assassinato e deve ser utilizada apenas para fins científicos, não sendo adotada pela Corte Forense:

Nível/Critério
01
Mata em defesa própria e não demonstra tendências psicopatas.
02
Amante ciumento, egocêntrico ou imaturo, que não demonstra tendências psicopatas.
03
Tendência à companhia de assassinos: personalidade aberrante -- provavelmente movido pelo impulso, com características anti-sociais.
04
Mata em defesa própria, após ter submetido a vítima a provocações extremas para que o atacasse.
05
Traumatizado, pessoa desesperada que mata parentes e outros (para dar suporte a hábitos vinculados ao uso de drogas) mas carente de traços marcantes. Genuinamente pré-disposto ao remorso.
06
Impetuosidade, assassino impetuoso, porém sem características psicopatas marcantes.
07
Altamente narcisista, não se distingue de uma pessoa psicopata com fundo psicótico que mata outras pessoas ao seu redor (tendo o ciúmes como motivo fundamental).
08
Pessoa não-psicopata com raiva latente e que mata quando tem essa raiva inflamada.
09
Amante ciumento com características psicopatas.
10
Assassino de pessoas que estavam "em seu caminho", ou que matou, por exemplo, testemunhas (egocêntrico, mas não distintamente psicopata).
11
Assassino psicopata de pessoas que estavam "em seu caminho".
12
Psicopata com sede de poder, que mata quando encontra-se encurralado.
13
Assassino com inadequação social, personalidade cheia de fúria que ataca quando se vê pressionada.
14
Impiedoso, rude e auto-centrado, planejador psicopata.
15
Psicopata de sangue-frio, assassino impulsivo ou assassino múltiplo.
16
Psicopata que comete múltiplos atos bárbaros.
17
Assassino em série sexualmente perverso, assassino-torturador (entre os homens, o estupro da vítima é o principal motivo que conduz ao assassinato, com intenção de ocultar as provas. A tortura sistemática não é principal motivação.)
18
Assassino-torturador cujo assassinato é a principal motivação.
19
Psicopata cujas principais motivações são o terrorismo, a subjugação, a intimidação, a violação e o estupro.
20
Assassino-torturador cuja tortura é a principal motivação, mas em personalidades psicóticas.
21
Psicopata preocupado com a tortura ao extremo, mas não conhecido por ter cometido assassinato.
22
Psicopata assassino-torturador, que possui a tortura como motivação principal.
Na entrevista, o Dr. Stone explica que há diversas abordagens daqueles que têm transtornos graves de personalidade e que poucos se adaptam a alguma terapia. Confessa que não há muito que fazer, e o sistema os mantém hospitalizados. "Damos a eles jogos e atividades, exercícios e comida apropriada, etc., e isso é tudo que temos".
Há pessoas que, mesmo intratáveis, não cometeram crimes e vivem na sociedade: alguns são arrogantes, desagadáveis, tornam infelizes as vidas de seus familiares e colegas de trabalho (eu conheço gente assim...).
Sobre os assassinos em série (serial killers), classifica-os em três grupos:
a) anjos da morte: enfermeiros e médicos que matam pacientes em hospitais com drogas letais;
b) pessoas misantrópicas: odeiam pessoas em geral e matam homens, mulheres e crianças sem nenhum motivo sexual;
c) homicidas sexuais: têm uma motivação sexual clara. Há alguns que chegam a experimentar orgasmo durante o crime; têm personalidade sádica (prazer obtido no sofrimento do outro).
O médico de NY advoga que todos os assassinos sexuais em série deveriam ficar presos pelo resto da vida.
Parece que o diabo existe e anda ao redor de nós:

29 janeiro, 2009

O ENTRUDO DAS PALAVRAS


As palavras agarram-se às coisas e ao tempo
Vêm de tão longe carregadas de vida e de sentido
Que só se deixam conhecer por música.
Escrever é pôr uma máscara que as esconde
E as deixa a dormir esperando quem as diga.

Há palavras com as asas do sentido cortadas
E quando as dizemos não somos capazes de voar
Nem nós as entendemos
Porque andamos com elas no bolso
Como cachico de vida que ficou agarrado ao retrato.

As palavras têm bilhete de identidade
E certidão de nascimento
Há que entrar em casa delas uma por uma
Descobrir o que têm dentro
E estendê-las à janela como mantas em manhã de S. João.

Poema de Fracisco Niebro Original escrito em língua mirandesa Tradução de João Ferreira
(Do livro Cebadeiros, da autoria de Fracisco Niebro.
Porto: Campo das Letras, 2002)

25 janeiro, 2009

Tiradentes: Mostra de Cinema

Começou neste final de semana a XII Mostra de Cinema de Tiradentes-MG, que acompanhamos desde sua primeira edição.
Neste 2009, infelizmente, não estamos lá. Mas as lembranças de mergulhos no mundo da tela grande, pré-estreias (será que aprendo a nova ortografia?), artistas e equipe técnica trançando prum lado e pro outro ainda alimentam meu espírito.
A cidade é fotogênica demais.
Impossível falar de Tiradentes sem recordar o piuíííí do trem:

22 janeiro, 2009

Queijo canastra

A tradição mineira de presentear com queijo ("um queijim") vem de longe...
A reportagem do "Terra de Minas" desta semana falou da Serra da Canastra, onde se produz o melhor queijo das Gerais. Num dos segmentos do programa, um pouco do nosso linguajar típico e 'segredos' de fabricação do famoso "queijo canastra". Clique e veja.

05 janeiro, 2009

Três filmes: 2 bons, 1 dispensável

Nunca antes na história deste país tivemos tão grande sequência de feriados e, graças à minha amnésia meteorológica, creio que jamais caiu tanta chuva em tão pouco tempo. Daí, que o programa mais frequente foi, mesmo, permanecer em casa, usufruindo as delícias domésticas (interprete como quiser; critique se puder).
Um dos programas foi assistir aos filmes da hora:
1- Sete vidas (Seven Pounds/ EUA, 2008)
Diretora:
Gabriele Muccino
Roteirista(s): Grant Nieporte
Elenco: Will Smith, Rosario Dawson
Sinopse: No filme, Smith interpreta Ben Thomas, um agente do Imposto de Renda com um segredo trágico que embarca numa extraordinária jornada de redenção que mudará para sempre a vida de sete estranhos. Um mistério intrigante e uma história de amor surpreendente, Sete Vidas (Seven Pounds) levanta questões perturbadoras acerca da vida e da morte, arrependimento e perdão, estranhos e amizades, amor e redenção - e explora as relações que unem os destinos das pessoas de modos surpreendentes.
O argumento é interessante, prende nossa atenção e suscita algumas De início, achei bastante lento e fragmentado. Mas a trama ganha densidade a partir do ponto em que se centra na relação entre o Will e Dawson. Não é moralista, apesar de tocar na universal questão da culpa. Em resumo: gostei muito e recomendo. Trailer.
2. Crepúsculo (Twilight/EUA 2008)
Direção: Catherine Hardwicke
Roteiro: Melissa Rosenberg
Elenco: Kristen Stewart, Robert Pattinson
Sinopse: Isabela Swan vai morar com seu pai em uma nova cidade, depois que sua mãe decide casar-se novamente. No colégio, ela fica fascinada por Edward Cullen, um garoto que esconde um segredo obscuro, conhecido apenas por sua família. Eles se apaixonam, mas Edward sabe que quanto mais avançam no relacionamento, mais ele está colocando Bella e aqueles à sua volta em perigo. Quando ela descobre que Edward é, na verdade, um vampiro, ela age contra todas as expectativas e não tem medo da sede de sangue de seu grande amor, mesmo sabendo que ele pode matá-la a qualquer momento.
Embora seja classificado como 'suspense', trata-se de um mix de ação, suspense e romance água-com-açucar. É o velho tema da atração pelo perigo, pelo estranho, pelo diferente. Pelo que li, está fazendo grande sucesso pelo mundo afora, com legiões de meninas (adolescentes) morrendo de amores pelo Robert Pattinson. Talvez seja pelo 'olhar feminino' que rege a direção: as meninas querem desvendar o mistério que possuem os homens e se mostram dispostas a tudo para isso. Um 'romeu e julieta' meio dark, com fotografia pálida, quase noir. Quase não consegui ultrapassar os primeiros 20 minutos, até que a trama envereda pela ação. Há uma certa mensagem acerca da aceitação das diferenças.
Fraco. Pior: parece que já está programado o Crepúsculo-2, a seqüência.
3. Na Natureza Selvagem (Into the wild/EUA, 2007)
Site Oficial: www.intothewild.com
Direção: Sean Penn
Roteiro: Sean Penn
Sinopse: Após concluir seu curso na Emory University, o brilhante aluno e atleta Christopher McCandless (Emile Hirsch) abre mão de tudo o que tem e de sua carreira promissora. O jovem doa todas as suas economias - cerca de US$ 24 mil - para caridade, coloca uma mochila nas costas e parte para o Alasca a fim de viver uma verdadeira aventura. Ao longo do caminho, Christopher depara-se com uma série de personagens que irão mudar sua vida para sempre.
Só por ter sido dirigito e roteirizado por Sean Penn, já é uma recomendação para Na Natureza Selvagem. Minha filha Ana Letícia foi quem me recomendou: - "Pai, você vai adorar este filme!"
A história é baseada em fato real e a família McCullen demorou a permitir sua filmagem. Quem é que nunca pensou em 'sumir no mato', 'morar numa praia primitiva' ou 'fugir da cidade grande'? Hoje, a Natureza é vista como o lugar de onde nunca deveríamos ter saído, o Éden perdido pelo pecado original.
O que não podemos esquecer é daquilo que nos falou Freud, em O mal estar na civilização: sair da natureza e entrar na cultura exige do homem enormes sacrifícios e repressões para regular a agressividade intrínseca que nos habita.