31 agosto, 2005

Circuito cultural: Jazz & companhia

De alguns anos para cá, Belo Horizonte tem sido incluída no roteiro de shows internacionais. Não os maga-eventos (Pink Floyd, por exemplo) mas os mais intimistas, como de música de câmera e jazz.

Os eventos mais nobres são realizados no Palácio das Artes, que fica no "Central Park" de BH, o famoso Parque Municipal, palco de uma das aventuras mais hilariantes do Sr. Soié - leia!

Lembro-me de meu primeiro show de jazz no Palácio das Artes: há mais de 20 anos, fomos eu e Amélia, ainda noivos, assistir uma histórica apresentação do Dave Brubeck Quartet. Já vimos, também, o Jean Luc Ponty, para falar dos "dinossauros".

Hoje, mais um evento imperdível: o Festival "Jazz Gerais 2005", de hoje até sexta-feira.

A abertura será feita por uma banda de BH, formada em Belo Horizonte por experientes músicos da cidade e da Europa prestigia em seu repertório o jazz tradicional da década de 20 e o swing da década de 30, dosando durante a execução das músicas a marca própria do grupo com os arranjos originais. (
site do festival).
A seguir:
Judy Carmichael, pianista da Califórnia, que é uma das maiores representantes do swing da atualidade. Seus estudos musicais são tão profundos que Judy já foi requisitada para viajar por todo os EUA ensinando estudantes de música sobre a história e a evolução do jazz. Desde que se mudou para Nova York no início dos anos 80, Judy Carmichael tem sua agenda repleta de apresentações, já tendo se apresentado em países como Índia, Brasil, Singapura e China.

Vou ver se ainda consigo ingresso...

30 agosto, 2005

Retrato

"Estamos perdidos há muito tempo...
O país perdeu a inteligência e a consciência moral.
Os costumes estão dissolvidos, as consciências em debandada.
Os caracteres corrompidos.
A prática da vida tem por única direção a conveniência.
Não há princípio que não seja desmentido.
Não há instituição que não seja escarnecida.
Ninguém se respeita.
Não há nenhuma solidariedade entre os cidadãos.
Ninguém crê na honestidade dos homens públicos.
Alguns agiotas felizes exploram.
A classe média abate-se progressivamente na imbecilidade e na inércia.
O povo está na miséria.
Os serviços públicos são abandonados a uma rotina dormente.
O Estado é considerado na sua ação fiscal como um ladrão e tratado como um inimigo.
A certeza deste rebaixamento invadiu todas as consciências.
Diz-se por toda a parte, o país está perdido!"
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[Texto de Eça de Queiroz, escrito em 1871. A qual país ele se referia? Ganha um doce quem adivinhar. Do site Brasileiro Pocotó, boletim n. 26)]

29 agosto, 2005

Maluquice

Pra quem quer saber o que é conversa-sem-pé-nem-cabeça, recomendo um(a) interlocutor(a) completamente biruta, que dá resposas às vezes divertidas, outras burras, irritantes ou... quaquer coisa odara... clique aqui.

27 agosto, 2005


Vontade mesmo eu tinha de estar em Tiradentes, no melhor festival de Gastronomia do Brasil. Pra começar, uma viagem de "maria-fumaça" partindo de São João del Rei... Posted by Picasa

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Pra não ficar apenas na saudade, fui pra cozinha e preparei uma moqueca de surubim, degustada pelo meu pai, o Soié do Ontem e Hoje, e minha mãe, a eterna namorada dele! O pai está aqui em casa, recuperando-se de cirurgia, conforme ele conta lá no blog dele...

26 agosto, 2005

Faça humor, não a guerra (3)

Continuando esta série "faça humor, não a guerra", compartilho hoje o "causo" contado pelo meu amigo Paulo Alonso. Ele mora em Brasília, portanto, é fonte fidedigna! Mandou-me:

MENSAGEM CODIFICADA

No Palácio do Planalto, estavam juntos, em reunião de alta cúpula, Zé Dirceu, Delúbio e Lula.

Apressado e nervoso chega um mensageiro, e diz:

- Senhor Presidente da República! É urgente e muito importante! Acabaram de enviar um e-mail com esta mensagem codificada, e me ordenaram que viesse entregá-la imediatamente para o conhecimento de Vossa Excelência.

E entrega uma folha, com o carimbo CONFIDENCIAL e URGENTE, onde está escrito apenas uma curta mensagem: O63FBI.

Lula olha e diz que não entende nada. Então, passa a folha para Delúbio que também olha e não entende nada. Delúbio passa o papel para Zé Dirceu, que diz:

- Também não entendo nada. Parece uma mensagem codificada, mas disseram que é importante... Senhor Presidente, sugiro enviá-la imediatamente para o pessoal da Agência Brasileira de Informações (ABIN) decifrá-la...

Nisto, o mensageiro, um mineiro muito humilde e tímido, diz, assim, meio envergonhado:

- Eu sei o que isto quer dizer....

E, então Lula, surpreso, falou:

- Mas, como você sabe, companheiro? Esta é uma mensagem muito complexa e enigmática, é coisa de gente da área de informações, do pessoal da espionagem...

E o mineirinho, muito inseguro, mas matreiro, disse:

- Eu acho que O63FBI quer dizer o seguinte: - "Oceis Treis Ferraram o Brasil Inteiro".

24 agosto, 2005

Faça humor, não a guerra (2)

Entre tantas mazelas, decepções e indignação com o campo político brasileiro, mais um post "levanta moral". Esta foi repassada pela Elenara, de Porto Alegre:

A MORTE DO SENADOR

Um senador está andando tranqüilamente quando é atropelado e morre. A alma dele chega ao Paraíso e dá de cara com São Pedro na entrada.
-"Bem-vindo ao Paraíso!"; diz São Pedro .
-"Antes que você entre, há um probleminha. Raramente vemos parlamentares por aqui, sabe, então não sabemos bem o que fazer com você.
-"Não vejo problema, é só me deixar entrar", diz o antigo senador. -"Eu bem que gostaria, mas tenho ordens superiores.
Vamos fazer o seguinte: Você passa um dia no Inferno e um dia no Paraíso. Aí, pode escolher onde quer passar a eternidade.
-"Não precisa, já resolvi. Quero ficar no Paraíso diz o senador. - Desculpe, mas temos as nossas regras."
Assim, São Pedro o acompanha até o e levador e ele desce, desce, desce até o Inferno. A porta se abre e ele se vê no meio de um lindo campo de golfe. Ao fundo o clube onde estão todos os seus amigos e outros políticos com os quais havia trabalhado. Todos muito felizes em traje social. Ele é cumprimentado, abraçado e eles começam a falar sobre os bons tempos em que ficaram ricos às custas do povo. Jogam uma partida descontraída e depois comem lagosta e caviar, so bebem Wisky 24 anos e cercados de lindas ninfetas só de calcinha. Quem também está presente é o diabo, um cara muito amigável que passa o tempo todo dançando e contando piadas. Eles se divertem tanto que, antes que ele perceba, já é hora de ir embora. Todos se despedem dele com abraços e acenam enquanto o elevador
sobe. Ele sobe, sobe, sobe e porta se abre outra vez. São Pedro está esperando por ele. Agora é a vez de visitar o Paraíso. Ele passa 24 horas junto a um grupo de almas contentes que andam de nuvem tocando harpas e cantando. Tudo vai muito bem e, antes que ele perceba, o dia se acaba e São Pedro retorna. -"E aí ? Você passou um dia no Inferno e um dia no Paraíso. Agora escolha a sua casa eterna."
Ele pensa um minuto e responde:
-"Olha, eu nunca pensei ... O Paraíso é muito bom, mas eu acho que vou ficar melhor no Inferno."
Então São Pedro o leva de volta ao elevador e ele desce, desce, desce até o Inferno. A porta abre e ele se vê no meio de um enorme terreno baldio cheio de
lixo. Ele vê todos os amigos com as roupas rasgadas e sujas catando o entulho e colocando em sacos pretos. O diabo vai ao seu encontro e passa o braço pelo
ombro do senador.
-" Não estou entendendo", - gagueja o senador
- "Ontem mesmo eu estive aqui e havia um campo de golfe, um clube, lagosta, caviar, e nós dançamos e nos divertimos o tempo todo. Agora só vejo esse fim de
mundo cheio de lixo e meus amigos arrasados!!!"
O diabo olha pra ele, sorri ironicamente e diz:
-"Ontem estávamos em campanha. Agora, já conseguimos o seu voto..."
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Agora, o seguinte: o blog da Elenara é o que há! Criativo, politizado, lúcido, lúdico... corra pra lá!

23 agosto, 2005

Faça humor, não a guerra

Repasso, como recebi, o texto abaixo, enviado pelo amigo, Dr. Márcio Candiani, psiquiatra, batuqueiro e piadista:

Pérolas da Polícia Militar/MG

Este anedotário é obra de um Tenente Coronel da PM-MG, que recentemente expôs o conteúdo de seu livro no Programa do Jô Soares, salientando que todas as frases foram originalmente coletadas dos livros e relatórios de registro policial.

Eis alguns erros notórios escritos por policiais em ocorrências:

"Senhor delegado, deu entrada no Pronto-Socorro Municipal o cidadão, vítima de 'gargalhada'. Gargalhada no peito, no rosto e nas costas. Segue anexo um 'gargalho' de garrafa."

"O veículo, durante o acidente, teve amassamento no pára-choques e nos pára-lamas dianteiros, sendo quem não pudemos colher melhores dados, devido à vítima haver fugido a galope." (Era um atropelamento de cavalo).

"O condutor foi preso em flagrante por estar dirigindo em velocidade 'incombatível' com o local."

"Ocorreu um abalroamento de pessoas."
"Os conduzidos! , além da algazarra, ainda xingavam a todos com palavra de baixo escalão".

"Demos cobertura à ambulância na condução de um 'débito mental' até o PSM".

"O condutor do veículo colocava em risco a segurança das pessoas, pois estava dando 'cavalo de Paulo' na rua."

"Chegando ao local, encontramos a vítima caída ao solo, aparentando ter cometido um homicídio contra si mesmo."

"No históric o da ocorrência, constava como objeto apreendido: duas latas de cera 'Odd' e uma lata de cera PPO."
(Uma das latas estava de cabeça para baixo).

"Formava uma 'língua de fogo que lavava a rua'."

"O cidadão machucou o 'membro do rosto'."

"O conduzido, que foi preso em flagrante, disse que era inocente na acusação e que não estava passando de bode respiratório."

"O sujeito estava vestido com uma calça Jeans e uma camisa 'destampada'."

"...os indivíduos tentaram resgatar o autor do nosso domínio através do uso de força 'anônima'."

Essa é a melhor:
"O cadáver apresentava sinais de estar morto."

"Foi apreendido um quilo de lingüiça 'perfumada'."

"Atendemos à 'solicitação do solicitante', que nos narrou que o autor praticava 'atentado violento' ao pudor, pois exibia para os transeuntes os 'órgãos sanitários'."

"Após discutir com a vítima, o autor desferiu um forte soco no rosto da mesma, que de tão violento, 'soltou a tampa de seu nariz'."

21 agosto, 2005

É PRECISO REINVENTAR A POLÍTICA

A cena política está emporcalhada. Sinto náusea, tédio, descrença e, até, desesperança. Talvez seja este o maior mal que a onda de denúncias de corrupção - quase sempre comprovadas - que assola o atual governo - para mim TODOS os governos: fazer-nos descrer da política. Se desanimarmos, se desistirmos, o que virá, depois?
Nessa tarde de domingo, uma leitura, entretando, me faz repensar e, até, renova-me algumas esperanças, dá-me um pouco de alento. Compartilho com vocês.

Conheço pessoalmente, o Dr. Célio de Castro, ex-prefeito de Belo Horizonte, atualmente afastado de suas atividades para se recuperar de um Acidente Vascular Cerebral.
Célio sempre se mostrou pessoa estudiosa, afável, que sabe escutar, atenciosa. Essas qualidades lhe granjearem demanda incessante por seus serviços de clínico geral. Tanto assim que seu slogan de candidato á prefeitura da capital mineira foi "Doutor BH". Elegeu-se com mais de 76% dos votos.

Iniciou o discurso de posse, em janeiro de 1997, com uma passagem do escritor mineiro Guimarães Rosa, segundo quem "uma coisa é pôr idéias arranjadas; outra é lidar com país de pessoas de carne e de sangue, de mil e tantas misérias". Foi reeleito em outubro de 2000. A doença o afastou em novembro de 2002.. Sucedeu-lhe Fernando Pimentel.

Em artigo para a revista Transfinitos, da Escola de Psicanálise-ALEPH (Editora Autêntica, BH, 2003), Célio de Castro tece alguns comentários sobre Política e Psicanálise - parece-me que o texto é de 2001 - no qual demonstra um espírito conectado com vários campos do saber, da filosofia à psicanálise, da história às ciências políticas.

Em Política e Psicanálise, o então prefeito de BH, assinala que tanto o criador da Psicanálise (Freud) quanto seu reinventor mais famoso e polêmico (Jaques Lacan) eram muito céticos em relação à política. Leia-se a carta de Freud a Einstein ("Por que a guerra?") . Cita a descrença de Lacan quanto aos grupos: "Juntem-se o tempo necessário para fazer algo e, logo, se separem para fazer outra coisa".

Para Célio de Castro, o que não é Política:

a) "Política não é economia. Não pode, definitivamente, ser submetida ao predomínio da lógica do mercado. Desagradam-me, profundamente, certas figuras do sucesso midiático, que expressam a lógica do mercado: como a marqueteira esperta e o jovem impúbere ao qual chamo neo-yuppie, com um celular na mão e a cotação da bolsa na outra. Tanto uma como o outro não conseguem juntar a lógica (ou a sede) do lucro com a banalidade do pensamento."

b) "Política não é a gestão administrativa dos negócios, pois as propostas administrativas primam pela arrogância e pelo culto à burocracia mais paralisante."

c) "Política não é opinião pública. Muitas vezes, fazer política é opor-se rigorosamente à opinião pública. Sustento que a opinião pública, no pós-moderno, é uma caricatura manipulada pelos âncoras de TV, pelos marqueteiros presunçosos e pelos editorialistas donos da verdade."

d) "Política também não é ciência, cuja proximidade dogmática com a política produziu catástrofes históricas, como o stanilismo, e aporias dramáticas, como expresso em toda a obra de Althusser."

e) "Política sequer deve ser entendida como atrelada à história ou, mais precisamente, a um historicismo sociológico vulgar, fatalista e ingênuo, cuja consequência mais irônica é a disposição, muitas vezes manifestada pelas esquerdas, de marcar dia e hora da revolução."

f) "A política não é o social. Mais que ninguém, reconheço o valor e a necessidade dos programas sociais, principalmente num país devastado pela desigualdade e pela miséria. Porém, é preciso atentar para o seguinte ponto: as demandas sociais são manifestações - legítimas ou não - de grupos, corporações, segmentos ou classes sociais. E uma característica imprescindível da política é o seu caráter universalizante, isto é, dirigir-se a toda humanidade."

Continua o Dr. Célio: O que é a política:

"Política é um pensamento coletivo que produz ações para mudar a realidade. Um pensamento sem ação esgota-se numa retórica vazia. A ação, sem pensamento, perde-se num ativismo estéril, quem sabe histérico. Há uma subjetividade na política, ouso dizer. Sem subjetividade, essa política não existe. Porém, atenção: esse sujeito é um sujeito do pensamento coletivo. A subjetividade desse pensamento coletivo sustenta-se num conceito de igualdade que pronunci que todo Homem pensa, portanto, pode fazer política."

O que significa "Pensar política":

"Pensar política significa, em rápidas palavras, sustentar contra todos os obstáculos e circunstâncias, as idéias de justiça, igualdade e liberdade. Estas são palavras que legitimam o pensamento político (...)
Diria que as palavras que explicitam a ação coletiva podem ser enumeradas: ousar, resistir, inventar e manter a fidelidade."

Política não é politicagem:

"Politicagem é praticada sob o predomínio do interesse. Ao contrário, a política é essencialmente desinteressada. Para usar um termo de Alain Badiou, é um interesse desinteressado."

"Ou reinventamos a política ou será a barbárie" (Célio de Castro)

18 agosto, 2005

Desatenção, Hiperatividade e Impulsividade = TDAH

Sábado - depois de amanhã - mais um curso sobre Transtorno de Déficit de Atenção com ou sem Hiperatividade... doença da moda?
Parece que o mundo descobriu a roda e as revistas, jornais, TVs, tudo falando deste negócio de TDA/H... e eu, mais uma vez, vou dar um curso sobre o tema: estarei no Ciclo-Ceap, de 9h às 18, neste sábado, apresentando o seguinte programa:
1. Conceito/Histórico/Epidemiologia
2. Descrição clínica/psicopatologia
3. Causas: etiologia
4. Alterações neurofisiológicas
5. Como fazer o diagnóstico: entrevistas, escalas, exames
5. Alterações do comportamento: escola, família, vida social
6. Consequências sócio-psicológicas
7. Evolução: criança/adolescência/adulto
8. Tratamentos: orientação ao paciente e família/medicamentos
9. Discussão e apresentação de casos clínicos

Já escrevi, aqui, dois posts sobre TDAH. Republico, abaixo, um deles:

Grande número pessoas, em torno de 3% a 6% da população infantil e 2% da adulta, tem dificuldade para se concentrar, relaxar, ficar quieto e, consequentemente, apresenta baixo desempenho escolar, comprometimento afetivo-social e, na vida adulta, dificuldades conjugais e laborais.
Parece uma estatística exagerada. Entretanto, pesquisas feitas no Brasil e nos outros países confirmam este número. Descartando-se problemas físicos e outros transtornos emocionais (psiquiátricos), a causa mais frequente do quadro de desatenção e hiperatividade chama-se Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH).
É uma doença da moda? Não.
Na verdade, as revistas semanais e os principais jornais, até mesmo a TV, têm feito reportagens sobre o assunto, provavelmente porque a indústria farmacêutica está lançando alguns medicamentos novos (ou em nova apresentação) para tratar os portadores de TDAH. Essa constatação, no entanto, não invalida a preocupação dos educadores, psicólogos e psiquiatras com o transtorno, pois, segundo a Academia Americana de Medicina, o diagnóstico e tratamento deste quadro está muito bem estabelecido, com validade superior à de muitas doenças físicas: - é a condição mórbida crônica de maior prevalência em crianças na idade escolar; - é o distúrbio neurocomportamental mais comum na infância; - cerca de 40% das crianças portadoras, não tratadas, evoluem para abuso de drogas, comportamentos antisociais e de risco, na adolescência; - o transtorno persiste até a idade adulta, com sérias consequências.
O quadro clínico costuma ser predominantemente de Desatenção, de Hiperatividade, de Impulsividade ou, ainda, um misto disso tudo. O diagnóstico é clínico, quer dizer, não depende de exames laboratoriais (sangue, eletroencefalograma, imagens).
  • Desatenção - os principais sintomais são estes: - dificuldade a prestar atenção, descuidar das atividades escolares e profissionais, parece não escutar o que se lhe diz, não seguir instruções, não terminar tarefas escolares ou deveres profissionais, dificuldade em organizar tarefas e atividades, evitar envolver-se em atividades que requeiram esforço mental constante, perder coisas, distrair-se facilmente...
  • Hiperatividade - eis os principais sintomas: - agitar as mãos, tamborilar frequentemente, mexer-se nas cadeiras, balançar pernas e pés, abandonar o assento em momentos inadequados, correr incessantemente quando não apropriado, dificuldade em se envolver silenciosamente em atividades de lazer, estar frequentemente a "mil", como se fosse movido por um motorzinho, falar demais...
  • Impulsividade - caracteriza-se por: - frequentemente dar respostas precipitadas antes das perguntas serem concluídas, apresentar constante dificuldade em esperar a vez (em filas, por exemplo), interromper ou meter-se em assuntos de outros, irritar-se rapidamente quando algo não vai bem, não tolerar frustração, envolver-se em brigas, apresentar comportamentos opositivos com frequência...

Como se pode ver, uma criança, adolescente ou adulto com TDAH terá dificuldades nas áreas principais de sua vida: acadêmica, relacional e profissional. Sobre este tema, já escrevi um post anterior. Fui mais objetivo neste atual, pois estou preparando um curso sobre o assunto, promovido pelo Ciclo-Ceap.

Um ótimo site, em português, sobre o assunto, é o da ABDA.

15 agosto, 2005

Ridendo Castigat Mores

As charges do Paulo Barbosa podem ser vistas:
  • Paulo Barbosa: Cartunista e ilustrador, Paulo Barbosa já trabalhou em diversos jornais e revistas de Belo Horizonte. Hoje, atua na imprensa sindical. Paulo Barbosa define-se como ateu praticante, atleticano pero no mucho e recomenda, como receita de saúde, falar mal do governo, qualquer que seja, pelo menos uma vez por dia. [ retirado daqui ].
  • Ridendo castigat mores = Pelo riso corrigem-se os costumes

13 agosto, 2005

A crise e os arquétipos do eu interior: brincando com Jung

Não sou junguiano e confesso que, de Jung, li apenas a enorme correspondência trocada entre ele e S. Freud e o livro autobiográfico "Memórias, Sonhos e Reflexões". Sua noção de arquétipo é uma das contribuições mais marcantes - embora alguns questionem, como sempre.
"Arquétipo", para C.G. Jung (1875-1961), é o conteúdo imagístico e simbólico do inconsciente coletivo, compartilhado por toda a humanidade, evidenciável nos mitos e lendas de um povo ou no imaginário individual, esp. em sonhos, delírios, manifestações artísticas etc.; imagem primordial (definição do Houaiss).

Carol Pearson é uma psicóloga que aplicou a teoria dos arquétipos de Jung ao desenvolvimento da personalidade e estendeu estes conceitos às posturas individuais e grupais nas relações interpessoais e organizacionais. Para ela, Arquétipos são padrões naturais da mente e coração humanos. Orientam-nos e nos ajudam a saber o que fazer e para onde ir. Compreendo-os, podemos nos defender dos perigos, enfrentar dificuldades e evitar as quedas.
Em seu livro "O despertar do herói interior" Carol Pearson classifica os arquétipos da personalidade em 12 categorias básicas, jamais encontradas isoladamente em cada um de nós, nem mais valorizadas umas em relação a outras. Na verdade, cada "arquétipo" tem lá seus pontos positivos e negativos.

Resumidamente, os 12 arquétipos são:
  • do Ego: o inocente, o órfão, o guerreiro e o caridoso
  • da Alma/Espírito: o explorador, o destruidor, o amante e o criador.
  • do Self: o governante, o mago, o sábio e o bobo.

Não me estenderei aqui sobre cada um (veja quadro aqui - em inglês), mas ocorreu-me correlacionar os quatro arquétipos do Ego com os modos de enfrentamento da crise política atual, em especial, a derrocada do PT e a desilusão (dos 53 milhões de eleitores) com o presidente Lula.

O inocente se caracteriza pelo otimismo e confiança, vê tudo pelo lado positivo e encara o mundo como terra prometida, na qual tudo dá certo. Não se preocupa com nada, confia cegamente que viver não é pesado ...
Essa postura faz com que o inocente rejeite a verdade, desconfie de quem aponta os fracassos e os perigos e acredite nas promessas das autoridades, do pai, do Presidente.
É o arquétipo da "velhinha de Taubaté", personagem criada pelo escritor Luis Fernando Veríssimo, que assim a descreve:
Os governos mudam, as promessas se renovam, as autoridades nem tanto, mas se há uma coisa firme no país é a crença da Velhinha de Taubaté. Presidentes da República e ministros, por exemplo, a consideram um patrimônio nacional, já que ela acredita em todos os seus projetos e nas justificativas que dão depois para o fracasso dos projetos. Criada durante o Governo Figueiredo, a Velhinha não é mais personagem das crônicas de Verissimo, mas permanece um símbolo da fé cega no Brasil.


O inocente, pois, acreditou piamente nas promessas de campanha do seu candidato (Lula) e desconfia de todos aqueles que o criticam. Seus irmãos gêmeos, também inocentes, crêem totalmente nas boas intenções de Roberto Jefferson ou de Zé Dirceu ou de cada um daqueles políticos que vociferam contra a corrupção, fazendo teatro à frente das câmeras da TV Senado. Podem acreditar em coisas diferentes, mas fator que os une é: acreditam, confiam cegamente, têm certeza de que o mundo é bom e tudo vai dar certo! O Lula sabe o que está fazendo, ele é bom, honesto, bem intencionado.
- Tudo se resolverá, não se preocupem!, diz o inocente.

Mas a decepção é inevitável: contrariando promessas de campanha, o governo liderado pelo "campo majoritário" do PT manteve a mesma política econômica neoliberal, colocando Henrique Meirelles - big boss do capitalismo - com a chave do cofre, que só abre para os banqueiros. O escândalo do mensalão cobriu de lama os cintilantes palácios de Brasília. As campanhas políticas - como sempre - foram pagas com dinheiro sujo, caixa dois, contas no exterior... Oh! e agora?
Entra em cena o órfão. Este é dominado pela inibição, pela mágoa.
Sente-se desajeitado, abandonado, traído, maltratado. Diante dele, temos vontade de consolá-lo, carregá-lo no colo, Para o órfão, disse Lula: "Não perca a esperança!"
O órfão vive o horror: está desesperado, aceita a mão de qualquer um. Vasculha os jornais em busca de algum político que o oriente, diga as soluções para o país, aponta diretrizes. Lamenta-se todo o tempo: -"Oh! que desgraça. E agora?" Identifica-se com o José, do Poema de Drummond: E agora, José?

Alguns se identificarão com o guerreiro. Gritam palavras de ordem, tentam salvar o partido, organizar manifestações contra a corrupção. Clamam pela ética, acreditando que basta ter boas intenções. Estabelecem metas e se crêem salvadores do mundo. O guerreiro tem suas qualidades, lógico, mas pode se tornar refém de suas crenças, fanático e intolerante. Assim, tratam qualquer opinião diferente como um anátema. Aquele que não concorda com suas idéias é um inimigo mortal. Seu lema é:
- Quem não está comigo está contra mim!
O guerreiro quer resultados imediatos e, no afã de conseguir seus intentos, chega a se utilizar de métodos anti-éticos para defender a ética! Tem uma necessidade obsessiva de vencer e se torna querelante, intolerante e, às vezes, até paranóide. Vê, em tudo, uma conspiração:
- São as elites que querem desestabilizar o governo. Abaixo as elites! Morte aos inimigos!

Finalmente, há o caridoso: acredita na união de todos, na Família, no espírito de colaboração. Defende a organização das pessoas, fica condoído quando os depoentes da CPI se põem a chorar. Os caridosos choraram com a Renilda, com o Marcos Valério. Derramaram rios de lágrimas quando Duda Mendonça contou sua trajetória de menino pobre, na Bahia. Sentiu pena do Roberto Jefferson.
O maior exemplo de caridade foi dado na sede do PT, em São Paulo, quando um grupo de aposentados doou pouco mais de R$ 240,00 reais aos cofres petistas. Afinal, o PT está devendo demais, não tem como pagar os empréstimos. Os aposentados renovaram sua filiação ao partido. Acreditam que podem salvá-lo. Tudo em nome da unidade.
Na época da campanha "Dê ouro para o bem do Brasil" (alguém se lembra?), arrancaram os próprios brincos e alianças e os depositaram nas urnas, em praça pública. Não reclamaram dos empréstimos compulsórios, cobrados por sucessivos governos. Pagam seus impostos sem se queixar, pois acreditam que o dinheiro será efetivamente utilizado para o bem de todos. Assistem e fazem mil telefonemas para o Criança Esperança e se orgulham disso.

Cada um de nós é resultante da mistura destes arquétipos. Não há o melhor. Todos têm seu lado positivo e seu lado negativo. Os extremos são patológicos. Mas, de acordo com Carol Pearson, cada um de nós pode descobrir, em si, traços mais marcantes de um ou de outro.

Pois é, diante desta crise que nos atingiu, como fazer? Em que acreditar? Vale a pena lutar? Qual a saída?
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A propósito, está em cartaz, em Belo Horizonte, uma peça teatral, Jung-Sonhos de uma vida:
“Tomamos cuidado para não tornar a peça uma autobiografia. Apresentamos momentos da vida dele, em que as sensações falam mais alto”, explica Jayme Periard, que interpreta Jung. Em um processo de flashback, enquanto o médico relata, para uma jornalista (Fátima Freire), os fatos e pessoas importantes de sua vida, os atores vão interpretando as situações. “É tudo muito tocante, emocionante mesmo. Jung fascina pois, além de ser médico, tinha uma mediunidade grande e se interessava por processos ocultos”, completa.

12 agosto, 2005

Circuito boemia & cultura

1. O Idelber nos convidou e, de bom grado, aceitamos: Ana Letícia e eu fomos à tradicional e tão significativa Cantina do Lucas - tombada pelo patrimônio histórico de Belo Horizonte, sim senhor! - para nos encontrar com o Biajoni. Lá estavam o Guto e a Mônica.
Dizer que o Bia é gente fina é pouco: o papo rolou solto, com "causos" mineiros de um lado e prosa paulista - com direito a todos os rrrr - de outro. O Bia está esquentando os motores para participar do VI Salão do Livro de BH.
Hoje, daqui a pouco, assistiremos à Mesa Redonda com Idelber, Inagaki e Fal. Ou seja: blogueiros dando o show!
2. O Lula, hoje, falou, falou e nada disse. A vaca está indo pro brejo? E agora, José? Mais o vez, vale a pena a leitura deste post aqui do Idelber. Profético!
3. Corrigindo o link do post anterior: O Soié anda vendo coisas, agora vê vacas que olham para o céu...
4.
Enquanto isso, lá na China:
Ex-diretor do Banco da China é condenado à morte por corrupção
PEQUIM - O ex-presidente do escritório em Hong Kong do Banco da China, uma das quatro principais entidades estatais do país, foi condenado à pena de morte nesta sexta-feira por corrupção, informou a agência oficial Xinhua.
[notícia completa, no jbonline].
_____________________________
P.S. por causa de um atendimento que extrapolou o horário, não conseguimos chegar a tempo da Mesa Redonda do Idelber... por telefone, disse-me que foi ótima. Então, fica pra ele, pro Ina, pra Fal, pro Bia e pra mais quem lá esteve contar... (23h)

10 agosto, 2005

Quequiéisso?

Meninos, eu vi:
ontem, no interrogatório do Marcos Valério, quando o assunto era o aluguel de dois andares de um hotel em Brasília, pelo ex-sócio do MV, para festas animadas por garotas de programa, o nobre, ilustre e preclaro deputado, Sua Excelência Romeu Tuma, disse:
- Acho que tem muito deputado com mais medo do Surubão do que do Mensalão!

09 agosto, 2005

(Quase) tudo sobre artes

Em Rio das Ostras-RJ, Amélia e eu conhecemos Maria da Penha Araújo: [Pesquisadora e Web-Writer; Formada em Relações Públicas, Membro da ABI (Associação Brasileira de Imprensa), da Radio Netherland (Holanda) - Programas culturais e da The Developing Countries Farm Radio Network (Canadá) - Programas culturais]

Penha e sua irmã Lourdes são proprietárias do Hotel Atlântico, na Costa Azul de Rio das Ostras. O Atlântico é coisa fina: tem piscina, jardins, um restaurante com pratos deliciosos (principalmente massas), fica na praia mesmo, onde sopra constantemente a brisa e o marulhar das ondas embala conversas prá lá de culturais: pois as irmãs viajaram meio mundo e têm, nas paredes, quadros de artistas, pôsteres de espetáculos da Brodway e off-Brodway, ingressos de teatros e shows, autógrafos de artistas, etc. Há, ainda, uma sala de leitura, biblioteca de literatura e arte, com uma varandinha anexa e o infinito oceano à sua frente...
Pois a Maria da Penha mantém um site, AllAboutArts, que é um arraso!
"Tudo sobre artes" = artigos, ótimos textos, fotos, recomendações, fonte de pesquisa, etc.
Há referências sobre mais de 600 artistas de todo o mundo, com perfil biográfico, principais trabalhos, etc. Apesar do nome em inglês, o site é brasileiríssimo e já está sendo "adotado" em faculdades, escolas, cursos livres, etc. Também divulga eventos artísticos e você pode enviar folders e comunicar seu trabalho: basta acessar a página.

(Amélia e eu não nos hospedamos no Hotel Atlântico, mas o visitamos três vezes e lá jantamos, servidos elegantemente pela proprietária Lourdes. Sugeriu-nos um Tagliatelli com ervas e Filé de frango grelhado. Acompanhamos com o Merlot bem encorpado, Reserva Especial. Ah... nem te conto.)
Na apresentação AllAboutArts, Maria da Penha Araújo escreveu:
Uma obra de arte é como o amor: desde o início da sua criação, ainda em semente, até a sua concretização final, ela deve ser tratada com paixão e carinho, para que possa alcançar a plenitude. Somente o amor e a arte são capazes de trazer sensações especiais: alegrias supremas, tristezas profundas ou desejos indescritíveis.
No momento em que o homem cria a arte ele passa a dominar a matéria.


É isso: All about arts... tudo (ou quase tudo) sobre artes. Para quem sabe ou quer saber.

08 agosto, 2005

Salão do Livro - não dá pra perder!

Programa obrigatório a partir desta quinta-feira (11/08) é o VI Salão do Livro de Minas Gerais & Encontro de Literatura. Serão dez (!) dias plenos de atividades culturais. Programação aqui!
Amélia e eu sempre participamos, visitando stands, assistindo uma palestra ou outra. Comparecemos a lançamentos de livros. Fuçamos tudo!!! Compramos, também: verdadeiras pechinchas, pois quase tudos os livros são vendidos com desconto.
Tropeça-se com autores e com gente conhecida, gente ligada às artes e à literatura-em-especial.

Desta feita, teremos a participação de BLOGUEIROS ILUSTRES:
No dia 12, às 19h30, a mesa Blogs: a literatura e o espaço virtual aborda as novas linguagens literárias e as interações coletivas pela internet. Participam da discussão o jornalista Alexandre Inagaki (SP), a escritora Fal Azevedo (SP) e o doutor em Literatura Latino-americana, Idelber Avelar (BH). A coordenação é do professor e historiador Afonso Andrade (BH).
Na foto, o escriba aqui com o "professor" Idelber, num encontro regado a Bohemia (a prova do crime está aí). Foi na Pizzaria Glutões, com a presença de outros blogueiros: a Cynthia Semíramis, o Túlio, o Guto e a Mônica. Mais detalhes aqui.

Essa Mesa Redonda não podemos perder. Estarei na primeira fila !!!
E vocês?

07 agosto, 2005

Além do que se fala: sexo, machismo e outros preconceitos

Somos seres-da-palavra ("parlêttre"), dizia Lacan. Ainda mais: o nosso inconsciente é estruturado pela linguagem. Somos o que falamos (hommelettre = homem letra) Pensamos porque falamos. Somos atravessados pela palavra. As palavras traem. No princípio era o Verbo. Cometa um lapsus linguae e seu desejo inconsciente estará revelado. Morre-se pelo que se diz.

Pois bem, eis aqui alguns exemplos de como as palavras formam nosso juízo moral sobre as coisas, estruturam nossos preconceitos e valores acerca da mulher:
  • Em alemão, os substantivos são divididos em três gêneros: masculino, feminino e neutro. Mas não deixa de ser curioso que para os alemães a palavra criança seja neutra. Mas classificar como neutra a palavra (Mädchen) que designa menina ou moça, é estranho, não? O mesmo ocorre para esposa (Weib).
  • O órgão sexual da mulher pertence ao gênero feminino em todas as línguas latinas, mas no francês, "le vagin" é masculino!
  • Na cerimônia de casamento, sempre há recomendações aos noivos: Na Alemanha, o noivo recebe instruções de "amar e honrar" a esposa. Em hebraico, recomenda-se que a noiva "ame, acalente e obedeça" ao marido. No casamento grego, o papel da mulher está bem explícito: "Esta mulher submeter-se-á a este homem". Já na Espanha, o feminismo venceu: "Eu lhe dou uma esposa, mas não uma escrava!"
  • Já a lei islâmica dá ao homem o direito de desposar quatro esposas de cada vez, com uma vantagem: para se divorciar, basta que o homem pronuncie, três vezes, a seguinte fórmula: "Taaleka wallahi wa billahi wa tallahi" [Por Alá os laços estão dissolvidos]. Esta fórmula não pode ser usada pela mulher...
  • Em espanhol, você não pode usar a palavra "madre" para se referir à mãe de alguém. As expressões "la madre" ou "tu madre" sugerem um insulto, que remete a práticas sexuais questionáveis por parte da mãe da pessoa com quem se fala... Por isso, quando você quiser se referir respeitosamente à mãe de seu interlocutor, não se esqueça de falar "su señora madre" (a senhora sua mãe). Aqui no Brasil, a gente é mais direto e grita logo: "Filho de uma p***!"
  • Mas se você quiser externar sua indignação em espanhol - menos em conversas polidas, é claro - grite: "carajo!". "Carajo" é a palavra que indica o membro viril do touro. Antigamente, este apêndice era transformado em chicote para açoitar escravos...
  • Agora, se você quiser chamar seu amor de forma poliglota, aprenda:
    • Em alemão: mein Schatz = meu tesouro
    • Em espanhol: mi sangre = meu sangue (bem dramático, não?)
    • Em francês: mon petit chou = meu repolhindo (vai uma saladinha, aí?)
    • Em italiano: gioia mia = minha alegria
    • Em russo: golubchik = meu pombinho
    • Em japonês: tamago kato no kao = um ovo com olhos
    • Já o italiano, quando quer lançar um gracejo para uma mulher mais madura, não hesita em dizer: "Vechia ma ancora buona!" = velha, mas ainda boa! (Por nossas bandas, já se cantou: "Não interessa se ela é coroa, panela velha é que dá comida boa!")
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Onde aprendi isso? Lendo e me divertindo demais com o livro "As línguas do mundo", de Charles Berlitz. Super interessante! Tenho a 3a. edição da Nova Fronteira, de 1988, há anos e, de vez em quando, abro aleatoriamente e vou lendo. Charles Belitz é neto do famoso fundador das Escolas Berlitz, embora não tanha mais vínculo nenhum com essa instituição.

06 agosto, 2005

Três, quatro ou cinco blogs para começar bem este sábado:


1 - Lúcia Malla - em suas Viagens Virtuais carregando uma Malla pelo Mundo, a gente aprende e aprende...

2- Soié - (foto ao lado) após várias semanas atarefado com as visitas dos filhos e netos e reformando o quintal, meu pai Soié apareceu com novo "causo". Vai lá na década de 50 e recupera um momento pitoresco de sua vida com a eterna namorada, Aparecida... [ A Rosinha Monkees visitou o Soié e deixou este comentário no blog dela: "Ainda falando em idade: o número não importa, o que importa é o estado de espírito. Além do bom exemplo da senhora no café colonial, tive uma surpresa agradável quando cheguei em casa e li os comentários que chegaram ao meu blog. Cláudio Costa, lá de MG, comentou sobre o blog do pai dele, o Sr. Ismael Cirilo, mais conhecido como "Soié"... gente, ele tem 81 anos e bloga!!!!! Eu visitei o blog dele e adorei, parece uma conversa entre amigos... super gracinha!!" O filho, corujão, agradece! ]

3- Nós por nós - a Yvonne fez um post-colagem com os nomes de alguns blogs e blogueiros. Ficou "doido" demais (como dizem). Coisa "pras cabeças", como diz ela... (O nome do blog é: "nospornos". Por isso o computador da instituição onde trabalho não permite que o link seja acessado: o firewall bloqueia qualquer coisa que cheire a porno-grafia!)

4- MineirasUai! da filha Ana Letícia + duas colegas: causos das "meninas" boas de cabeça, etc. e tal.

5- Doidivana - a Ivana tem um jeito todo especial para contar seus casos... o de hoje está ótimo!

Enquanto isso, o presidente da CPI do Mensalão quer mudar o nome para CPI do Suborno. Segundo o gajo, "mensalão é pejorativo", melhor falar "suborno". Pois é, é melhor ser corrupto do que dependente de malas...

04 agosto, 2005

Os corruptos: interface entre a Polícia e a Psiquiatria?

A CID-10, Classificação Internacional de Doenças-10ª revisão, descreve assim os portadores do que chama de Transtorno de Personalidade Anti-Social:

Como se caracterizam essas pessoas ?
Caracteriza-se pelo padrão social de comportamento irresponsável, explorador e insensível constatado pela ausência de remorsos. Essas pessoas não se ajustam às leis do Estado simplesmente por não quererem, riem-se delas, freqüentemente têm problemas legais e criminais por isso. Mesmo assim não se ajustam. Freqüentemente manipulam os outros em proveito próprio, dificilmente mantêm um emprego ou um casamento por muito tempo.

Aspectos essenciais

  • Insensibilidade aos sentimentos alheios;
  • Atitude aberta de desrespeito por normas, regras e obrigações sociais de forma persistente;
  • Estabelece relacionamentos com facilidade, principalmente quando é do seu interesse, mas dificilmente é capaz de mantê-los;
  • Baixa tolerância à frustração e facilmente explode em atitudes agressivas e violentas;
  • Incapacidade de assumir a culpa do que fez de errado, ou de aprender com as punições;
  • Tendência a culpar os outros ou defender-se com raciocínios lógicos, porém improváveis.
Segundo esta classificação da OMS (Organização Mundial de Saúde), os transtornos de personalidade se constituem como uma perturbação grave da constituição caracterológica e das tendências comportamentais do indivíduo, não diretamente imputável a uma doença, lesão ou afecção cerebral, ou a outro transtorno psiquiátrico e que, usualmente, envolve várias áreas da personalidade, sendo quase sempre, associado à considerável ruptura pessoal e social.

Os portadores deste transtorno de personalidade anti-social têm uma característica muito interessante e que lhes convém: a forma aloplástica de defesa adotada diante dos fatores estressantes. Ou seja: tais indivíduos tendem a reagir com frieza, buscando mudar o ambiente ao invés de se transformarem, de buscarem mudanças internas. Assim, atribuem ao meio (aos outros, ao costume, às contingências) os motivos para seu comportamento. Não sofrem e não reconhecem a necessidade de ajuda. Quando se arrependem, fazem-no pelo que "deu de errado" e pelas "consequências" (castigos que porventura recebam), jamais pelo dano causado a outrem ou à sociedade. De maneira geral, são pessoas bastante espertas e inteligentes, com capacidade para urdir tramas, estabelecer vínculos proveitosos e lucrar sempre.

É muito difícil estabelecer um limite nítido entre o que seria uma personalidade "normal" e uma personalidade "anti-social", a ponto de muitos estudiosos defenderem a extinção dessa categoria diagnóstica. Dizem: "é necessário despsiquiatrizar a falta de limite, o crime, a sem-vergonhice. Com efeito, não existem os elementos fundamentais para uma conceituação rigorosa, do ponto de vista do modelo científico adotado pela medicina:
  • etiologia (causa do problema): não detectada biológicamente; imprevisível do ponto de vista de antecedentes familiares, psicossociais, educacionais;
  • tratamento: não existem medicações específicas para o suposto transtorno;
  • substrato neuro-anatômico, neuro-funcional, neuro-hormonal: não existem.
Às vezes, diante das figuras patéticas e repugnantes que desfilam em nossos noticiários, enlameados pela corrupção, traidores da confiança dos eleitores e caras-de-pau sem nenhum constrangimento, fico na dúvida: estamos diante de um bando de 'personalidades anti-sociais' ou de simples bandidos?

Seja qual for a conclusão, merecem cadeia ou hospício. Se forem para os manicômios, temo pela sanidade e integridade dos loucos.

03 agosto, 2005

É proibido proibir

Copiei e transcrevo o texto abaixo, atribuído ao Paulo Coelho. Não sou lá um admirador do "Mago", mas também não sou cego a ponto de desconsiderar a pertinência de algumas "lições" do auto-intitulado mestre (!). Às vezes, as utopias servem apenas como "sinais" (olha o Paulo Coelho aí!) a indicarem uma direção. Chegar lá pode não ser possível, mas pelo menos alguém se põe a trabalho.
Eis o texto que compartilho com vocês:

"Quando o proibido é proibido

LOGO DEPOIS DE UMA PALESTRA EM Haia, na Holanda, um grupo de leitores se aproximou. Eles queriam que visitasse a cidade onde vivem, já que, garantiam-me, ali estavam fazendo uma experiência única na Europa.

Estou vacinado contra “experiências únicas no mundo”, mas, ao mesmo tempo, adoro conversar com desconhecidos. Marcamos para o dia seguinte cedo, pois meu vôo para Paris saía apenas no final da tarde.

Os leitores — duas moças e quatro rapazes, que se comprometeram a me deixar no aeroporto assim que eu tivesse visto algo “único na Europa” — levaram-me até a cidade de Drachten. Saímos do carro, eles beberam cerveja, eu tomei um café. Olhavam-me surpresos, mas eu não conseguia entender o que estava acontecendo. Depois de algum tempo, um deles perguntou:

— Não reparou nada diferente?

Uma cidade pequena, bonita, com gente andando pela rua, em um outono que ainda parecia verão. Fora isso, igual a todas as outras cidades que conheço no mundo. Eles pagaram a conta, atravessamos a rua para ir a outro bar, pediram que olhasse de novo — e continuei achando Drachten muito simpática, e muito igual ao resto da Europa.

— Você me decepcionou — disse uma das moças. — Achei que acreditava em sinais.

— Claro que acredito.

— E você viu algum sinal aqui?

— Não.

— Pois é justamente isso! Drachten é uma cidade sem qualquer sinal!

Seu namorado completou:

— De tráfego!

De repente, dei-me conta que eles tinham absoluta razão: não havia a famosa placa “stop”, as faixas de pedestre, as marcas de cruzamento e de “ceda a passagem”. Não havia um só aparelho daqueles que chamamos de sinais, ou semáforos, com suas luzes vermelhas, amarelas e verdes! E, para minha surpresa, nem sequer existia a divisão entre a calçada e a rua. O movimento estava longe de ser pequeno: caminhões, carros, bicicletas (onipresentes na Holanda), pedestres, todos pareciam estar perfeitamente organizados no meio de um lugar onde não havia nada para colocar ordem no trânsito. Em momento algum ouvi um impropério, escutei freadas súbitas ou buzinas ensurdecedoras.

No caminho para o aeroporto, eles me contaram um pouco mais sobre a experiência, que — preciso concordar — é realmente singular. A idéia nasceu de um engenheiro, Hans Mondermann (site em inglês). Ele trabalhava para o governo holandês na década de 70, quando começou a pensar que a única maneira de diminuir o crescimento constante de acidentes era dar ao motorista total responsabilidade pelo que fazia.

Sua primeira providência foi diminuir a largura das estradas que passavam por vilarejos, usar tijolos vermelhos em vez de asfalto, tirar a linha central que separa as duas mãos, destruir os meio-fios, e encher as alamedas com fontes e paisagens relaxantes — de modo que as pessoas, presas em engarrafamentos, pudessem distrair-se enquanto esperavam. Logo em seguida veio a decisão radical: tirar os sinais de trânsito e acabar com um limite de velocidade.

Ao entrarem na cidade, os seis mil motoristas que passavam ali por dia ficavam assustados: onde posso dobrar? De quem é a via preferencial? E, assim, passavam a prestar o dobro de atenção ao que acontecia em volta. Duas semanas depois, a velocidade média era abaixo dos 30 km/h permitidos em locais como Drachten. Monderman (nota em português) apostava alto: “Se um pedestre vai atravessar a rua, claro que o carro terá que parar: nossos avós nos ensinaram as regras de cortesia.” Até o momento, isso tem dado certo. Cheguei no aeroporto pensando que Mondermann não fez apenas uma experiência de trânsito, mas algo muito mais profundo. Afinal, é sua a frase: “Se você tratar uma pessoa como idiota, ela se comporta conforme o regulamento e nada mais. Mas, se você lhe der responsabilidade, ela saberá usá-la”. "

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Fonte: aqui e aqui também.

02 agosto, 2005

Em Rio das Ostras-RJ, com os royaties do petróleo, investe-se muito no aparelhamento da orla, com o objetivo de atrair turistas. A "Costa Azul" está quase pronta.
Ao lado do shopping de artesanato, "Tocolândia", há esta escultura de uma baleia. Não resisti.Como todo turista, fotografei. Modéstia à parte, mereço um prêmio... Ou não? Posted by Picasa

01 agosto, 2005

Será este o "veículo" que o Zé Dirceu se utiliza para ir e vir? Taí uma boa sugestão para transportar depoentes às CPIs... Posted by Picasa


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Ah! um recadinho: neste mês o MineirasUai! (da minha filha AnaLetícia e + duas colegas) completa aniversário. Visitem-na. O "papai aqui" agradece.