A CID-10, Classificação Internacional de Doenças-10ª revisão, descreve assim os portadores do que chama de Transtorno de Personalidade Anti-Social: Como se caracterizam essas pessoas ?
Caracteriza-se pelo padrão social de comportamento irresponsável, explorador e insensível constatado pela ausência de remorsos. Essas pessoas não se ajustam às leis do Estado simplesmente por não quererem, riem-se delas, freqüentemente têm problemas legais e criminais por isso. Mesmo assim não se ajustam. Freqüentemente manipulam os outros em proveito próprio, dificilmente mantêm um emprego ou um casamento por muito tempo.
Aspectos essenciais
Segundo esta classificação da OMS (Organização Mundial de Saúde), os transtornos de personalidade se constituem como uma perturbação grave da constituição caracterológica e das tendências comportamentais do indivíduo, não diretamente imputável a uma doença, lesão ou afecção cerebral, ou a outro transtorno psiquiátrico e que, usualmente, envolve várias áreas da personalidade, sendo quase sempre, associado à considerável ruptura pessoal e social.
Os portadores deste transtorno de personalidade anti-social têm uma característica muito interessante e que lhes convém: a forma aloplástica de defesa adotada diante dos fatores estressantes. Ou seja: tais indivíduos tendem a reagir com frieza, buscando mudar o ambiente ao invés de se transformarem, de buscarem mudanças internas. Assim, atribuem ao meio (aos outros, ao costume, às contingências) os motivos para seu comportamento. Não sofrem e não reconhecem a necessidade de ajuda. Quando se arrependem, fazem-no pelo que "deu de errado" e pelas "consequências" (castigos que porventura recebam), jamais pelo dano causado a outrem ou à sociedade. De maneira geral, são pessoas bastante espertas e inteligentes, com capacidade para urdir tramas, estabelecer vínculos proveitosos e lucrar sempre.
É muito difícil estabelecer um limite nítido entre o que seria uma personalidade "normal" e uma personalidade "anti-social", a ponto de muitos estudiosos defenderem a extinção dessa categoria diagnóstica. Dizem: "é necessário despsiquiatrizar a falta de limite, o crime, a sem-vergonhice. Com efeito, não existem os elementos fundamentais para uma conceituação rigorosa, do ponto de vista do modelo científico adotado pela medicina:
- etiologia (causa do problema): não detectada biológicamente; imprevisível do ponto de vista de antecedentes familiares, psicossociais, educacionais;
- tratamento: não existem medicações específicas para o suposto transtorno;
- substrato neuro-anatômico, neuro-funcional, neuro-hormonal: não existem.
Às vezes, diante das figuras patéticas e repugnantes que desfilam em nossos noticiários, enlameados pela corrupção, traidores da confiança dos eleitores e caras-de-pau sem nenhum constrangimento, fico na dúvida: estamos diante de um bando de 'personalidades anti-sociais' ou de simples bandidos?
Seja qual for a conclusão, merecem cadeia ou hospício. Se forem para os manicômios, temo pela sanidade e integridade dos loucos.