31 julho, 2006

De raparofilia e outras mumunhas

Pois não é que me surpreendi, hoje, ao ler a coluna Tiro e Queda, do Eduardo Almeida Reis?

O cara dá um
show de bola - com o perdão do trocadilho - pois, a partir de acontecimentos esportivos faz associações riquíssimas, cita filósofos, conta piadas e transforma sua coluna em leitura obrigatória até para quem não tolera esportes, não acompanha campeonatos e nem sabe que o Dunga é o novo... er... er... er... técnico da seleção!

Como ia dizento, hoje, o Eduardo faz um comentário sobre o Briattore:

- Flávio Briatore, o executivo da Renault que sofre de cromo-inversão sexual, acha que Schumacher não se aposenta em 2006.


Daí pra frente, desencadeia a falar de preferências sexuais:

No capítulo sobre Sexualidade Anômala do livro de Hélio Gomes, que foi meu professor – onde aprendi que raparofilia é atração sexual por mulheres desasseadas, sujas, incomodadas, grávidas – as cromo-inversões consistem na acentuada preferência amorosa por pessoas de cor diferente, enquanto as etno-inversões consistem na atração forte por pessoas de raça (etnia) diferente.

Toda cromo-inversão é uma etno-inversão, mas nem toda etno-inversão é uma cromo-inversão, porque há franceses que podem gostar de alemãs, assim como há tutsis que podem amar hutus. Quanto ao nosso Briatore, é sabido que não dispensa a companhia de modelos negras esculturais.


O livro do meu saudoso mestre deveria ser leitura obrigatória para todo cavalheiro maior de 50 anos, pela seguinte injeção de ânimo: “Crono-inversões ou gerontofilia – Consistem no amor pelo sexo oposto com grande diferença de idade: um moço de 20 anos amando uma velha de 60. O fato que freqüentemente observamos de velhos e velhas namorando moças e moços é de certo modo natural. O que caracteriza a crono-inversão é a mocidade querer amar a velhice”.

Corri para o computador e googlei o nome de Hélio Gomes e a expressão "sexo anômalo", seja lá o que isso queira dizer. A despeito de as teorias de Hélio Gomes me parecerem reacionárias e - pelo que andei lendo - serem fonte de argumentos contra leis a favor do casamento entre homossexuais, aprendi alguma coisa.

Descobri que um conhecido é raparofílico, outra é crono-invertida ou gerontófila e muitos são etno-invertidos.

Descobri, principalmente, que a ciência, muitas vezes, disfarça o preconceito e constatei, também, o que a Teoria Geral do Direito nos ensina: as leis são fruto de uma cultura, sempre a reboque dos usos e costumes e que precisam ser constantemente revistas...

30 julho, 2006

Apples in the air


Apples in the air I, originally uploaded by ClaudioCosta.

27 julho, 2006

De alcunhas, apelidos, apodos e similares

Existem apelidos cuja origem são óbvias: "Leo", de Leonardo; "Kiko", de Francisco; "Zé" de José; "Bolão" para quem é gordo, etc.
Mas outros epítetos, a gente nem imagina como nasceram.

O mais legal, pra mim, é assistir, ao vivo e a cores, o surgimento de um epônimo, não é? E o melhor de tudo, o que parece impossível, é ver o prosônimo brotar, saber o por quê de sua adoção e... esquecer-se o nome do portador do dito cujo! Aí, sim, o acessório se torna o principal!

Pois não é que eu tenho um caso assim, verídico de jurar de pé junto que é verdade?

Duvide quem quiser, dou este direito: afinal, é na dúvida que se avança na ciência, dizem os cientistas. Os magistrados decidem: in dubio, pro reo. Já o Descartes concluiu: Cogito, ergo sum - mudado para dubito, ergo sum por alguns filósofos metidos a psicanalistas.

Digressão minha, bem sei, mas as associações pululam mais rápidas que os dedos que batucam este teclado aqui. Olho pro texto que surge na minha frente antes que saiba bem o que estou a escrever. Será efeito da sexta-feira que se aproxima? Taquipsiquismo?

Bom, voltemos ao caso da alcunha que tomou conta do dono e, hoje, não me deixa recordar seu nome de batismo.

Aconteceu no meu tempo de colégio interno, lá nas alturas da Serra do Caraça.
Dormíamos em dormitórios coletivos, uns 80 em cada um, terceiro andar do antigo prédio que, hoje, é só ruínas e museu.

Parece que os padres imaginavam que a gente era anjo, pois só tinha uma - eu disse "uma" - casinha maior. Você não sabe o que é? Apenas designação eufêmica para privada, retrete, vaso sanitário, trono, latrina, só isso!
Casinha menor
tinha umas 8 - eu disse "oito", pros 160 jovens que dormiam lá em cima! Você já deduziu o que é casinha menor, né? Para os menos rápidos nas deduções lógicas e ilações fáceis explico: mictório, mijadouro, lugar pra fazer xixi! Até pra essas coisas se arranjaram apodaduras, flagra?

Então, continuemos.
Certa noite, um de nossos colegas estava meio que de piriri - ah, não me peça pra explicar o que é isso, senão esse caso não anda!

Acontece que outros alunos sofriam do mesmo mal e a fila crescia em frente à casinha maior! Descer três andares, à noite, num frio danado, nem pensar! Como resolver o premência evacuatória? O cólon descendente abastecia a ampola retal que, repleta, pressionava o esfínter e... (pára, isso aqui não é aula de fisiologia do intestino grosso! conta logo o caso, sô!)

Tá bom...
A necessidade é a mãe de todas as invenções, disse alguém. Se não disse, digo eu. O que fez o nosso colega?

Voltou à sua cama e abriu a pasta onde guardava sua correspondência - naquela época ainda se escreviam cartas. À tarde, rabiscara uma longa missiva pra família dando notícias, pedindo dinheiro e doces, etc. Faltava apenas colocar o selo no envelope já sobrescrito.
Que fez?

Agachou, despiu a bunda o estrito necessário e depositou no envoltório pardo a produção intestinal prestes a escorrer-lhe pernas abaixo. Com as folhas da carta, fez uma precária higiene loca.Tudo feito com discrição - só não controlou o odor que fez os vizinhos sonolentos desmaiarem de vez.

A tarefa a seguir era: como se livrar daquela "encomenda"?

Lembrem-se de que estávamos no terceiro andar?
Eureka! Pé-ante-pé o dito colega encaminhou-se à janela mais próxima e lançou na escuridão da noite o envelope devidamente repleto.

Dormiu em paz!

Dia seguinte, cedinho, após o café-da-manhã, saímos do refeitório e fomos para o pátio interno do colégio. Era o momento das brincadeiras, correrias, algazarras, idas às "casinhas" antes de subir para os salões de estudo.
Fila indiana, demandamos o pátio.

Eis que, bem ali no chão, rente à porta, banhado pelo sol radiante da manhã, lá estava o envelope pardo, semi-aberto, expondo a "obra" lançada na véspera. Minha imaginação de hoje me força a dizer que as moscas se locupletavam e zumbiam felizes.

Risos, espanto, caras de nojo.
Alguns, narinas tapadas, aproximaram-se e conseguiram ler:
"Remetente: fulando de tal".

A notícia se espalhou. Foi fulano! Este, a princípio, negou. Mas a prova estava lá, legível, nome e sobrenome!

E nasceu o apodo!

Daí pra frente, fulano só era chamado de "Remetente". No começo, não atendia, mas depois... até os padres aderiram. Enfim, a capitulação:
solidificou-se o cognome; não houve retorno e meu colega passou a se chamar "Remetente". Ele próprio se apresentava assim aos novatos.

O nome próprio se perdeu na poeira do tempo.
Até hoje.

26 julho, 2006

Obsolescência

Obsolescência: 1 processo de tornar-se obsoleto 2 condição do que está próximo de se tornar obsoleto 3 diminuição da vida útil e do valor de um bem, devido não a desgaste causado pelo uso, mas ao progresso técnico ou ao surgimento de produtos novos ¤ etim. obsolesc(ente) + -ência ¤ sin/var obsolescimento.

A definição está no Houaiss - ainda não afetado pelo obsolescimento, acho - e se aplica a tudo nesse mundo.

A expressão me vem à mente ao tomar conhecimento de que, na próxima Inforuso - feira de informática em BH - haverá um Museu de Informática e Tecnologia.

Entre as atrações está também o Museu de Informática e Tecnologia da Informação dos ex-alunos da Escola de Engenharia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). O museu propõe uma viagem pela evolução tecnológica de vários equipamentos de informática, som, imagem e telefonia. O público poderá conferir computadores analógicos da década de 50, gramofones de 1870 que reproduzem o som por meio da rotação de um cilindro, câmeras fotográficas, filmadoras e telefones antigos até os mais atuais.

Pois, outro dia mesmo se inventaram os computadores e toda a parafenália cibernética e já viraram matéria de memória! Avanços foram tantos que rapidamente viraram sucata aquelas maravilhosas máquinas, rapidamente suplantadas por outras e mais outras, cada qual mais poderosa, mais rápida, mais portátil, mais barata.

O mundo anda mesmo muitíssimo mais rápido do que pode acompanhar nossa vã correria: por mais que nos esforcemos, jamais estaremos up-to-date o suficiente para dizer: tenho o último modelo, tenho o top de linha, alcancei o state of art em hardware! Pela profusão de expressões em inglês, nem nossa própria língua portuguesa dá conta de expressar os nomes das novas máquinas!

Pelo menos uma exposição na feira poderá nos fazer parar um pouco e refletir sobre a fugacidade das coisas, a incessante corrente que avança e suplanta "tudo o que a antiga musa canta!"

Os museus constituem uma instituição duradoura e viva, cujo acervo se enriquece a cada tempo, buscando conservar a memória, a história e, quiçá, algum ensinamento.

Mas não, o tal Museu da Inforuso é provisório como as coisas que terá em exposição, e vai durar apenas os dias da feira (02 a 06 de agosto).

Enfim, é a vida. O moderno de hoje será a sucata de amanhã. Ou de daqui a alguns minutos?

25 julho, 2006

D.I.S.P.

Uma das artimanhas da bandidagem do Rio de Janeiro, motivo frequente de reportagens na TV e Jornais, é a falsa blitz: grupo de fora-da-lei veste roupas do exército, ou da PM, ou da Polícia Federal e bloqueia uma daquelas avenidas denominadas Linha Amarela e Linha Vermelha.
Quando vou ao extinto Estado da Guanabara e me aproximo da tal cidade maravilhosa, meu coração fica aos pulos, como se gritasse em meu peito: "olha lá, hein, toma cuidado com uma falsa blitz!".

Como distinguir a falsa da verdadeira?

Notícias nos dão conta de que a polícia prendeu 'policiais', até mesmo policiais federais, delegados que dão o golpe e se mancomunaram com os verdadeiros bandidos. Taí uma diferença semântica difícil de definir: quem é o bandido?

Isso já virou rotina e jogou por terra a expressão daquele bandido - por sinal, nascido na minha cidade, Nova Era - que dizia: "bandido é bandido, polícia é polícia".

Mas hoje meu queixo caiu e ainda não o achei!
Os jornais de Beagá nos informam que uma falsa delegacia de polícia foi descoberta na vizinha cidade de Betim! Os caras alugaram uma casa e montaram a arapuca. Tinha computadores, uniformes da Polícia Civil, sala de delegado e sala de detetives. A placa, para tranquilidade dos cidadãos, tinha escrito:
Departamento de Investigação e Segurança Privada!

Ótima essa, não?

Cá com meus botões, fiquei a matutar:
- Quem sabe os "funcionários" da D.I.S.P não são gente boa? Diante da ameaça do PCC, dos 'soldados' do tráfico, dos sanguessugas, eles poderiam ter tido uma boa intenção: garantir a segurança onde falta segurança, uma ONG do bem, por que não?

O que fariam quando se deparassem com outros bandidos em sua 'área de influência'? Com certeza explicariam que não lhes fizessem concorrência, fossem assaltar em outra freguesia, não os desmoralizasse. A população se sentiria mais segura, etc. e tal.
E não receberiam salário do Estado, colaborando com o 'déficit zero' do governador Aécio!

22 julho, 2006

Meu primeiro 'concerto' - sem conserto - !

Clique na imagem, espere carregar, ligue o som e... assista ao meu primeiro concerto on line!
Com vocês, myself!!!


21 julho, 2006

Dois links: um sério, outro só de bobagens

1. É sério:

Sobre as vítimas libanesas – em todas partes, mas muito especialmente em São Paulo – haverá o que dizer, oxalá: são 6 milhões de descendentes no Brasil. Quantos deles estarão em pânico de que um ser amado seja o próximo Basel Irmad Termos? Lembro-me vividamente de muitos deles, quando visitei São Paulo durante a última hecatombe promovida por Israel no Líbano, no começo dos anos 1980. Lembro-me do horror e do medo. (O texto completo você lê no Biscoito, do Idelber. Dá o que pensar.)

2. Agora é piada:
A barriga do padre crescia cada vez mais.
Descartada a hipótese de cirrose, os médicos concluíram por uma exploratória, já que não havia razão para aquilo. A cirurgia mostrou que era mero acúmulo de líquidos e o problema foi sanado.
Estudantes resolveram aprontar e quando o padre estava acordando da recuperação pós-cirúrgica eles colocaram um bebê em seus braços. O padre, espantado, perguntou o que era aquilo e os rapazes disseram que era o que ele tinha na barriga.
Passado o espanto e tomado de ternura, o padre abraçou a criança e não quis mais se separar.
Como se tratava de um filho de mãe solteira que morrera durante o parto, os rapazes envidaram todos os esforços para que o padre ficasse com a criança.
Os anos passaram e a criança, apresentada à comunidade como filho adotivo do padre, se transformou num homem que se formou em medicina.
Um dia. o padre, já velhinho e sentindo que estava chegando sua hora de partir, chamou o rapaz e disse:
- Meu filho! Tenho o maior segredo do mundo pra te contar, mas tenho medo que fiques chocado.
O rapaz, que já havia intuído de que se tratava, disse compreensivo:
- Já sei. Adivinhei há muito tempo. O senhor vai me dizer que é meu pai biológico.
- Não... - disse o padre, emocionado. E emendou:
- Sou sua mãe! Seu pai é o bispo!

[Para comprovar a origem dessa bobagem e ver muitas outras, o link é esse]

20 julho, 2006

The candidate´s head jump day

Há mais de 4 horas que 600 milhões de pessoas deram um pulo simultâneo, na intenção de mudar a órbita terrestre. Segundo dizem, é para combater o aquecimento global, afastando nosso planetinha do Astro Rei.

Às 8h 39' 13" (hora de Brasília), estava eu assentado em minha mesa de trabalho, quando senti um leve tremor. Não sei dizer se foi o caminhão que passou tonitroando pela rua de asfalto irregular (e o prédio do meu serviço é de 1914!) balançando as estruturas ou se foi o tal pulinho coletivo.

Pela manhã, escutara o noticiário da TV sobre o assunto: hoje é o World Jump Day (Dia Mundial do Pulo) e, por ironia do destino, no Brasil a única cidade a aderir ao projeto foi Brasília - ou os brasilienses, melhor dizendo.


Pois eu aqui proponho que transformemos o dia das eleições, em outubro, no:

The Candidate's Head Jump Day

A idéia é dar uns pulinhos sobre a cabeça dos candidatos em busca de reeleição, principalmente nos candidatos envolvidos com mensalão, sanguessugas, corrupção ativa e passiva, gazeta de reuniões no Congresso, viagens cheias de mordomias pelo mundo afora, nepotismo exacerbado, promessas não cumpridas, projetos de lei que favorecem seus apadrinhados, etc.

Seria o Dia do Pisoteio: é claro que falo no sentido metafórico! Não quero ver o sagrado solo de nossa Pátria Mãe Gentil (gentil só para alguns, infelizmente) com o excremento que escorreria das cabeças tão nobres. Nossos pés, sapatos, coturnos e chinelos seria a recusa em votar nos representantes do povo que não honraram a confiança que lhes foi depositada nas últimas eleições.

Quem sabe provocaremos uma mudança de rumo neste nosso país?

Salve o The Candidate's Head Jump Day!

15 julho, 2006

São emocões demais

Meu pai,
são emocões demais que sinto ao ler suas histórias no Ontem e Hoje.
A precisão com que conta aquelas histórias, papai, deixam transparecer todo seu carinho pelos filhos, pela mamãe, por tudo que já viveu e ainda vive.
Viver em plenitude, eis a maior lição que você nos dá: cada momento da vida, um acontecimento simples do cotidiano, tudo é matéria que se saboreia com prazer. Taí um segredo que não quero esquecer.
Hoje, mais uns causos.
Surpreendo-me sendo personagem.
Parece, realmente, que foi ontem...

São emoções demais.
Obrigado.

13 julho, 2006

Fim das ideologias?

Semana passada fiz um post no Bombordo descrevendo a situação política em MG como Samba do Criolo Doido.

Hoje, para ilustrar a impensável aliança entre Nilmário Miranda(PT) e Newton Cardoso (PMDB), o Estado de Minas publica uma série de frases ditas pelo primeiro a respeito do segundo:


“Não fazemos acordo com a corrupção, com este governador antipopular. O senhor Newton Cardoso deve buscar pactuar com seus semelhantes na corrupção e na violência. Não temos nenhum ponto em comum com este prepotente, com essas dez arrobas de indignidade”
Trecho de discurso publicado no Diário do Legislativo em 24/8/89, na página 54, ao encaminhar pedido de impeachment do então governador Newton Cardoso à presidência da Mesa da Assembléia Legislativa de Minas

“O povo não tolera essa encenação política e quer ver coerência entre a teoria e a prática, entre o discurso e a prática”
Trecho de discurso de 13/7/89, ao pedir a bancada do PT voto a favor do impeachment do então governador Newton Cardoso, publicado no Diário do Legislativo, em 30/7/89, na página 30

“Quando uma pessoa da falta de qualidade como Newton Cardoso diz que vai apoiar alguém, qualquer que seja esse alguém, no caso de um candidato de esquerda, só pode ser para queimá-lo”
Trecho de discurso de 19/10/89, publicado no Diário do Legislativo de 17/11/89, nas páginas 35 e 36

“Em Minas Gerais, está instalada a permissividade. Roubai! Roubai! A corrupção aqui é livre e generosa. Vinde corruptos, que nós os absolveremos. Dá até para engordar porco”
Trecho do discurso de 8/8/89, publicado no Diário do Legislativo, em 13/9/89, nas páginas 40 e 41


É o fim do 'ideário político', das ideologias? O que interessa agora é só o poder? O interesse aplainou todas as legendas?

Para o sociólogo e cientista político Rodrigo Mendes, a aliança entre dois adversários históricos como Newton e Nilmário é um reflexo do distanciamento entre a prática e a ideologia, que se acentuou no mundo inteiro depois da queda do Muro de Berlim, em 1989, que separava as duas Alemanhas. “As diferenças entre esquerda e direita ficaram pequenas após a queda e a ideologia passou a ter papel secundário. O que interessa são as alianças pragmáticas e não programáticas”. Para ele, o pragmatismo sempre foi a tônica de todos os partidos brasileiros e o único que fugia desse estigma era o PT . Mendes lembra que a primeira aliança em nível nacional feita pelo PT com um partido que não integrava seu tradicional arco de alianças foi em 2002, quando a legenda se coligou com o PL. De lá para cá, na avaliação do cientista, o PT teve um “ganho de pragmatismo” , que se tornou uma novidade dentro da legenda. “O que reforçou mais ainda a idéia de que o PT é um partido como os outros”.

Está correta essa análise do cientista político Rodrigo Mendes?
É o fim do 'ideário político', das ideologias? O que interessa agora é só o poder? O interesse aplainou todas as legendas?
Nilmário Miranda sairá queimado, como afirmou acima, pelo apoio do Newtão?

Acho que queimados estamos todos, calcinados pela descrença e pela indignação.

11 julho, 2006

Recordes

Ganhei um brinde em forma de livreco: "Os melhores recordes mundiais". É livreco mesmo, de 10xm x 10cm, editado pela Ediouro. Não, não se trata do Guiness Book, mas um extrato dos recordes mais malucos e bizarros que já vi.
Nunca fui chegado a recordes e sei que muitos deles não servem pra nada, apenas pra entrar no tal livro: existem empresas especializadas nisso, pessoas que fazem questão de inscrever seu nome na história da humanidade cuspindo mais longe do que se pode imaginar.
Destaco aqui alguns, que me fizeram rir, mais do que embasbacar:
  • Maior multa por execesso de velocidade: Jussi Salonoja, da Finlândia, foi multado em US$ 223.000 por dirigir a 80km/h numa estrada de Helsinque, agorinha há pouco, em 2004. A lei finlandesa multa os infratores proporcionalmente à sua renda anual e Jussi, herdeiro de um império de salsichas, teve uma renda de US$ 11 milhões! No meu caso, se fosse multado, acho que o Estado é que deveria me pagar, devolver o imposto absurdo que pago pra andar em estradas esburacadas.
  • Pessoa que mais sobreviveu a enforcamentos: Joseph Samuel, na Austrália, foi condenado à morte na forca. Primeira tentativa: a corda se rompeu. Segunda: a corda esticou tanto que os pés tocaram no chão. Terceira tentativa: a corda, novamente, se rompeu. Isso me lembra as tentativas de punição dos políticos corruptos e dos colarinhos brancos, aqui no Brasil: o processo anda, anda, anda até parar. No final: impunidade.
  • Enforcado mais idoso: Em 1843, no Reino Unido, Allan Mair foi executado por homicídio. Estava tão velho e alquebrado pelos anos que o enforcaram assentado numa cadeira, pois ele era incapaz de ficar em pé! E aqui? Muitos morrem deitados na fila de espera de atendimento. E ninguém vai pro Guiness por causa disso.
  • Melhor time do mundo que levou o maior show de bola na Copa: um certo time da América do Sul, com os grandes astros do Futebol, dois deles já eleitos como Melhores do Ano, conseguiram bater vários recordes: maior número de gols em Copa, maior número de jogos pela Seleção, maior número de vezes em que foram para as baladas, maior número de namoradas, noivas e esposas louras e modelos de passarela, melhores contratos com a Nike, Adidas, etc. Pois esse time não jogou nada contra a Franca, deu vexame e saiu pelos fundos quando chegou ao Brasil. Adivinha qual?

10 julho, 2006

Sic transit gloria mundi

  • Ronaldo já foi chamado de 'O Fenômeno'. Agora recebe apelidos: Ronalducho, Bola, O Gordo...
  • Roberto Carlos (jogador) já foi incensado pela imprensa como o maior lateral do mundo. Agora sai escorraçado, chamado de Roberto Meia.
  • Ronaldinho Gaúcho, duas vezes campeão do mundo. Não jogou nada e está sendo apedrejado pela crítica esportiva.
  • Cacá entra como o 'salvador da Pátria', a revelação da Copa 2006. Saiu-se mediocramente, é apontado como um dos 'enganos' de Parreira.
  • Parreira foi incensado por grande parte da imprensa, principalmente a Globo. É atacado por todos os lados.
  • Zidane dá um chapéu em Ronaldo, dispensa a Seleção Brasileira, é cantado em prosa e verso pelos franceses, preparava uma saída triunfal. Sai 'pelos fundos', deixando pra trás a Taça da FIFA World Cup.

08 julho, 2006

Dor do crescimento

O desenvolvimento psíquico de toda criança se dá pelas vivências afetivas, nem sempre prazerosas. "Dor do crescimento" é metáfora apropriada quando se descobre o fim de uma ilusão. Um pediatra-psicanalista inglês, Donald Winnicott, dizia: "educar é desiludir". E como dói uma desilusão.

A experiência como terapeuta de adolescentes me fornece exemplos preciosos, difíceis de serem narrados com propriedade, pois requereriam contextualizar cada caso. Mas o cinema, algumas vezes, o faz com maestria.

Hoje à tarde, por acaso, sintonizo um dos canais do TeleCine, bem no início de mais um filme:

Um garoto atravessa campos dourados de trigo, em sua bicicleta. Chega a uma casa abandonada e descobre, aterrorizado: uma criança é mantida acorrentada dentro de um buraco. Nas cenas seguintes, o menino percebe que se trata de um sequestro perpetrado pelos adultos do vilarejo, com a participação de seu pai e de sua mãe. A idealização da figura paterna se dissolve aos poucos. Simultaneamente o garoto descobre, em si, medo e coragem.

Esse é o argumento do filme "Eu não tenho medo", que recomendo com veemência. É possível que seja encontrado nas locadoras, pois foi lançado em 2002.
Marcelo Moutinho, do site Críticos.com.br é quem diz:

A perda da inocência através do dorido contraste com os porões mais escuros do universo adulto já serviu de mote a filmes os mais diversos. Poucas vezes, contudo, com a delicadeza de Gabriele Salvatores em Eu Não Tenho Medo, indicado pela Itália ao Oscar de melhor produção estrangeira no ano que vem. O diretor, já oscarizado por Mediterrâneo, foi extremamente feliz na adaptação do romance homônimo do escritor Niccolà Amanti, co-autor do roteiro.

Não consegui desgrudar do sofá.

Ficha técnica:
EU NÃO TENHO MEDO (io non ho paura)
Itália, 2002
Direção: GABRIELE SALVATORES
Roteiro: NICCOLÒ AMMANTI, FRANCESCA MARCIANO
Fotografia: ITALO PETRICCIONE
Música: EZIO BOSSO
Montagem: MASSIMO FIOCCHI
Elenco: GIUSEPPE CRISTIANO, MATTIA DE PIERRO, AITANA SÁNCHEZ-GIJÓN
Duração: 109 min

07 julho, 2006

Em Minas: Samba do Criolo Doido

Dizem que "mineiro trabalha em silêncio" (hohohoho). Fantasiam que "Minas é o ponto de equilíbrio da política nacional" (hihihihi). Espalham que "mineiro é matreiro, esperto, come-quieto, sabe fazer política, nunca... [veja a íntegra no Bombordo]

06 julho, 2006

Bom pras cabecas...


Pausa no transito, originally uploaded by ClaudioCosta.

Stop
O sinal está fechado
O trânsito engarrafou
Automóveis buzinam
A poluição irrita os olhos
O céu está nublado
E faz frio
Stress?
...
O rosa do ipê,
e árvores frondosas
colorem o olhar e a alma.

Isso é bom pras cabeças!

04 julho, 2006

Brincar de oposição

Essa oposição que aí está (PFL, PSDB) está brincando de fazer política.
Os ataques a Lula (e ao governo) são apenas em caráter pessoal (ele bebe, o governo é corrupto, etc). Nada falam de projetos, programas. Muito menos criticam ações do governo, não mostram clara e didaticamente erros administrativos).
Tudo fica na repetição ad nauseam de que "o PT é igual a todos os partidos - ou seja, igual a eles (oposição) mesmo! Já se sabe que o PSDB não quis queimar o Aécio Neves agora. Mandaram o Alckmin Chuchu pra forca.
Aqui em Minas, Aécio anda de braços dados com grande parcela do PMDB, flerta com o PT, não ataca Lula e já se fala numa chapa "Lulécio" ...
Será que políticos não têm jeito mesmo? Cada um quer "tirar o seu" e o resto que "zidane"?
Ops, falei no diabo!!!

02 julho, 2006

Fantasmagorias

Depois que a Seleção amarelou mais uma vez diante do fantasma da França, que tal uma história de fantasma contada pelo meu pai, o Soié do Ontem e Hoje? Aquilo sim, é que era fantasma de verdade!
Quem não conhece não sabe o que está perdendo.
Corram para o Ontem e Hoje!

01 julho, 2006

Guloseimas



Mais algumas fotos pro álbum.
Começo com duas guloseimas preparadas para acompanhar o jogo de hoje.
Foram feitos pela Amélia - psicóloga e artista da culinária. Duvidar, quem há-de?
A primeira:
Pão-de-queijo de forminha. Após assado, fica mais ou menos ôco por dentro. Daí, a gente recheia com carne-desfiada-com-alcaparras, lombinho de porco, linguiça, requeijão e, pasmem, queijo catupiry com goiabada cascão mole! É mole???

A segunda, também receita tradicional das terras de Minas, broa-de-fubá.
Além de fubá, leva ainda côco ralado e uns pedacinhos de queijo canastra! Polvilha-se canela com açucar e... sai um cafezinho aí?

Tudo isso, mais pipoca, cerveja e um longo etc... Teremos a companhia da filhota Ana com seu Daniel, o mano Clóvis com sua Consola e o filho Ângelo com sua Renata. Ou seja, por falta de torcida e guloseimas a Seleção não volta pra casa hoje. Se voltar... bem, nem é bom pensar!

É servido?
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Em tempo: as fotos foram batidas pela Ana, com a Sony N1.
______
Update: não deu! O Brasil agora volta à rotina: temos a campanha eleitoral e as eleições: é hora de mostrar patriotismo de verdade! Vamos vestir verde-amarelo e eleger... eleger.... quem mesmo?


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