30 janeiro, 2006

Alcione Araújo: O ponto a que chegamos


Alcione Araújo é quem conta este caso, em sua crônica de hoje no jornal Estado de Minas (link disponível só para assinantes):

Dia desses, no cinema – o verão no balneário Rio de Janeiro é um carnaval de etnias, cores, gêneros e idiomas sob canícula senegalesa que, para muitos, só o cinema refresca –, o filme ia a meio, quando soou algum celular. À frente, a voz feminina, com sotaque, digamos, não carioca, para não estigmatizar, foi ouvida por toda a sala: “Oi. Ainda tá na praia? Esperei, amor, juro! Ninguém pintou. Três horas vim pro cinema refrescar. Sei lá, um filme besta, tô sacando nada.”
O volume da voz e a espontaneidade das falas davam a impressão de que, embora longe da torrão natal, ela sentia-se em casa, quem sabe no banheiro, no quintal ou no curral: lixava-se para as centenas de espectadores – eu entre eles – interessados no que o filme fala do homem e do mundo, alheios ao desencontro dela com o seu amor. Logo, ouviram-se vários shhhhhs na platéia. Aos arrufos, ela seguiu a conversa. A tolerância da platéia se esgotou e surgiram gritos: “Desliga essa p...! Cala a boca! Quero ver o filme!” Inacreditável, mas ela seguiu na conversação.


De repente, uma senhora levantou-se indignada da fila atrás de mim e marchou até a poltrona da falastrona, arrancou-lhe da mão o celular e voltou na penumbra do corredor: “Essa tecnologia é pra quem tem educação. Vou entregar seu brinquedo na bilheteria. Pegue na saída.” A platéia aplaudiu. A moça ergueu-se aos gritos: “Me dá esse telefone! Devolve meu celular! Você não tem o direito! Isso é meu, sua ladra! Polícia, Polícia!” Parte da platéia vaiou-lhe, outra parte aplaudiu a senhora. No escuro, todos os gritos são pardos: “Telefona da rua! Expulsa! Chama a polícia! Cala a boca! Eu paguei pra ver filme, pô!” Uma voz de bêbado rosnava ao fundo: “Exsfola! Exscalpela! Exstupra!” Ela, então, perdeu o controle e soltou a desastrada carteirada: “Vocês não sabem com quem estão falando. Meu pai é autoridade! Sou filha do deputado fulano de tal.” E em passos ágeis e gesto preciso, sacou o celular da mão da senhora: “Isso é meu, sua perua!” festejou triunfante, de volta ao seu lugar.

Em súbita e coletiva reação, o cinema, tomado de cólera, vaia e grita: “Fora! Piranha! Rua! Filha de ladrão ganha mensalão! Vagabunda!” Alguns sobem nas cadeiras. O rapaz salta feito gato em telhado e, num gesto mais ágil, retoma o telefone: “É teu? Teu pai é deputado? Então vá pegar seu celular!” – com violência, atira o aparelho contra a parede. A projeção é interrompida, luzes se acendem. Espectadores furiosos a cercam aos gritos: “Mensalão, mensalão, filha de ladrão, recebe mensalão!” A moça recua em pânico, quando a providencial turma do deixa disso acalma a turba e retira-a da sala, aos prantos. O projecionista teve o bom senso de reiniciar logo o filme.

Eis o ponto a que chegamos. Nem sei o que dizer. Talvez seja o caso de os políticos e seus familiares evitarem ostentações e confrontações, serem mais discretos, quem sabe até usar disfarces – cautelas que os ladrões sempre observam.

Alcione Araújo escreve publica suas crônicas no Estado de Minas, sempre às segundas.
Algumas obras publicadas:
NEM MESMO TODO O OCEANO (1998, Record)
SIMULAÇÕES DO NAUFRÁGIO – VOL I (1999, Civilização Brasileira)
VISÕES DO ABISMO – VOL II (1999, Civilização Brasileira)
METAMORFOSES DO PÁSSARO – VOL. III (1999, Civilização Brasileira)
URGENTE É A VIDA (2004, Record)
A PALAVRA AMEAÇADA (no prelo, Record)

[A ilustração deste post foi feita por Alexandre, do EM, e acompanha a crônica de hoje].

29 janeiro, 2006

T i r a d e n t e s - M G




Imagens de luz e de sombras
Ladeiras, sacadas, portais
Descanso e gastronomia
Becos e trilhas

Ouro nos altares
Ferros, cerâmica, madeira
Pedras no chão
E a Serra de São José
Tiradentes são muitas
Minas Gerais

27 janeiro, 2006


Tinha um rocambole no meio do caminho
No meio do caminho tinha um rocambole
Recheado com doce-de-leite e chocolate
Tinha um rocambole no meio do caminho

(Sempre acontece o rocambole
Em Lagoa Dourada-MG
Entre BH e Tiradentes)

Nunca me esquecerei deste acontecimento
Na vida de minhas papilas tão curiosas
Que tinha um rocambole no meio do caminho
No meio do caminho tinha um rocambole
(Que me perdoe o Drummond).

22 janeiro, 2006

FARMÁCIA OU DRUGSTORE?

O filósofo grego, Platão, em seu diálogo chamado Fedro, descreve a analogia socrática entre a ciência médica e a retórica: ambas se ocupam da natureza: a do corpo e a da alma.
Sócrates afirmava que, enquanto a ciência médica administraria ao corpo medicamentos e alimentos - promovendo desta forma a saúde e a força - a dialética, visando a alma, proporcionaria idéias e ocupações justas que conduzem à convicção e à virtude.


O conhecimento médico entre os gregos da época era pautado pela noção hipocrática de phísis: aquilo que é o que é por natureza, independente da decisão ou vontade racionais dos seres humanos.

Eis o fragmento do texto de Platão:

Sócrates - A ciência médica tem, de certo modo, o mesmo caráter da retórica.
Fedro - Como assim?
Sócrates - Em ambas é preciso analisar uma natureza: a do corpo em uma, a da alma na outra, se se quer recorrer não somente a uma rotina e a uma prática, mas a uma técnica, para ministrar ao corpo remédios e alimentos e produzir assim, nele, a saúde e a força; e para a alma, idéias e ocupações justas para lhe transmitir a convicção e a virtude que são desejáveis.

De acordo com a concepção de Hipócrates, retomada por Platão, a saúde estaria no equilíbrio entre as virtudes éticas da alma e as "virtudes" do corpo: uma, espelho da outra. A simetria das partes e das forças naturais configuraria a saúde. Daí o aforismo: mens sana in corpore sano (mente sã em corpo saudável).



Se o uso de medicamentos – embora primitivos, empíricos – já era prática, é preciso distinguir as várias concepções do phármacon, de acordo com Jorge Saurí (Temor de la Terapéutica, Revista Latinoamericana de Psicopatologia Fundamental, V. I, no. 1, São Paulo, 1998):
  1. Droga - pode ser remédio e/ou veneno, dependendo da singularidade de cada pessoa, da indicação, da quantidade e da época da doença.
  2. Tintura - pode fazer algo parecer outra coisa. São as drogas que tratam apenas o sintoma, sem atingir as causas. Por exemplo: antitérmico que pode baixar a febre, mas que não combate a infecção que está desencadeando essa febre.
  3. Escritura - favorece a recordação e incita o esquecimento: pela confiança no que já está escrito. O apego à tradição promove a inflexibilidade na aplicação dos medicamentos e a utilização de ritos mágicos ou supersticiosos. As proibições de combinar certos alimentos (manga com leite, por exemplo) se enquadram neste tópico.
  4. Objeto Numinoso - remete ao mágico, numa função expiatória. A Medicina hipocrática situa, aqui, a expectativa mágica de cura que fica investida, pelo doente, na figura do doutor que dele cuida. Há uma “sacralização” da figura do profissional, conforme descreve Hipócrates: As coisas que são sagradas devem ser reveladas aos homens sagrados; aos profanos, elas não são permitidas enquanto eles não sejam iniciados nos mistérios da ciência.
Todas essas atribuições dos fármacos e da função médica devem ser levadas em conta e orientam uma boa prática.

Infelizmente, com as promessas da indústria farmacêutica, os pacientes já chegam ao médico demandando um tipo específico de medicação, uma solução mágica para seus problemas.

Isso é muito mais evidente em meu consultório, ao qual algumas pessoas acorrem na expectativa única de que posso fornecer a
felicidade plena ministrando um comprimido de Prozac ou de Lexotan! Não querem falar de si, não querem voltar-se para a própria história, têm medo de perscrutar seu inconsciente. Muitos recusam uma psicoterapia, dizendo:
- E se eu descobrir que não faço nada do que quero e vivo sem paixão?
Ao que respondo:
- E alguém lhe diz o contrário?

Preferem a tintura: algo que mascare seu sofrimento, sem que se busquem as causas, assentadas que estão em sua história e em seus conflitos.

À utopia de se ter felicidade plena, corpo perfeito, integração social sem conflitos atendem os médicos que se julgam deuses (operam apenas como objeto numinoso) e as atuais farmácias, já explicitamente chamadas de drugstores, onde tudo se vende: remédios, doces, alimentos dietéticos, presentes, picolés, sorvetes, refrigerantes, shampoos, comida pra cachorro, telefone celular, carvão para churrasco, jornais, etc.
É o que se chama loja de conveniência.
Conveniência do mercado dos ideais hedonistas da cultura, cujo marketing se baseia em promessas vãs (exatamente aquelas em que todos querem acreditar!).


Já o doente...

_______
Atualização:Resposta ao comentário da Erika:

O tratamento dos transtornos psiquiátricos evoluiu muito e podemos creditar ao uso de psicofármacos grande parte deste avanço.
Nos idos de 1950, descobriram-se as fenotiazinas (amplictil, neozine, melleril, etc) e as butirofenas (haldol, triperidol, etc); também os ansiolíticos (diazepan e assemelhados). Isso possibilitou incomensurável alívio aos portadores de doenças mentais e que evitou o absurdo número de internações psiquiátricas (quem nunca ouviu falar dos terríveis "hospícios", destino inexorável dos "loucos de toda espécie"?) iniciando-se o processo de desospitalização.

Com o advento dos antidepressivos (anafranil, tryptanol, tofranil - os tricíclicos) na década de 60 e dos mais modernos (fluoxetina, citalopram, sertralina, etc), muitos dos que padeciam de depressões se viram livres do sofrimento sem fim.
Por isso, não se pode descartar o arsenal terapêutico disponível, cada vez com menos efeitos colaterais.

Por outro lado, é necessário que se tenha uma visão abrangente do ser humano. Se temos um cérebro com sua complexíssima estrutura e quase misterioso funcionamento, é claro que a neurofisiopatologia se tornou uma ciência respeitável.
Há e haverá, ainda, muitos avanços. Assim como abusos, infelizmente. Mas não somos, apenas, neurônios.


Afinal, somos seres-de-linguagem, essencialmente angustiados pelo conhecimento da morte e em constante conflito interpessoal, moral, etc.
Há que ser artista todo aquele que se dedica à Psiquiatria. Eis o meu desafio cotidiano...

_____________________
[ Republicado a propósito do "Dia do Farmacêutico", transcorrido dia 20 de janeiro, dia de São Sebastião, padroeiro da gloriosa cidade fundada às margens da Baía da Guanabara.
Motivou-me a notícia de que as grandes redes de drogarias/farmácias estão abrindo verdadeiros "shoppings" para venda de remédios, produtos de beleza e "secos e molhados" em geral!
Em BH, já existem "megastores" de medicamentos... ]

19 janeiro, 2006

Sou feito de linguagem, logo blogo!


Outro dia - Há alguns meses, Idelber relatou seu encontro com Blogueiros em Vila Madalena-SP. O pessoal, além de uma libação etílica, falou de tudo, de filosofices a bobices (tudo no bom sentido, pelamordedeus!).
Pra mim, o melhor de tudo, foi a camiseta usada pelo Idelber, onde se lê:
  • I AM... THEREFORE I BLOG
  • EU EXISTO... LOGO EU BLOGO
Trata-se de uma paráfrase do dito cartesiano:
  • Cogito, ergo sum.
  • Eu penso, logo existo.
A associação me veio de imediato:
somos seres-de-linguagem, por isso falamos, escrevemos, discutimos, contamos histórias, temos memória, construímos sonhos, mentimos, buscamos a verdade, poetamos, romanceamos, deixamos marcas... somos hommelettre (homemletra), caminhando num oceano de significantes.
Só existo enquanto significo algo para alguém. Significar = ser um signo, um sinal, uma letra.
Por isso, blogo.
E, quando blogo, me divirto.
E la nave va.

-------
Atualização em 20jan06:

Começa, hoje, a 9a. Mostra de Cinema de Tiradentes.
Estaremos lá, Amélia & eu, além dos "artistas" todos, na Pousada Mãe Dágua, até 28, sábado.
Nosso cardápio será: Turismo, Cultura, Gastronomia, Diversão, Arte e... nós dois juntinhos!

16 janeiro, 2006

- Sawu bona! - Sikhona!

Entre as tribos do norte de Natal, na África do Sul, a saudação mais comum, equivalente ao nosso popular "olá!", é a expressão:
- Sawu bona. Literalmente, significa: -Te vejo.

Um membro da tribo poderia responder:
-Sikhona! (Eu estou aqui!).

O importante é o simbolismo desta troca de cumprimento:
- Até você me ver, eu não existo.
Ou seja: ao me ver, você me faz existir.

Este significado faz parte da cultura ubuntu e, talvez, só faça sentido para aquelas tribos.

Várias são as teorias psicológicas que afirmam a importância do Outro na formação de nossa identidade, de nossa subjetividade.

Nascemos como 'tabula rasa' em termos de linguagem, noção de identidade pessoal e consciência do Eu. Sem o Outro da cultura, sem alguém que nos veja como um semelhante, nada seríamos.

A Psicanálise - principalmente a partir de Jaques Lacan - demonstra que até mesmo o Eu de cada um é uma criação imaginária vinda do Outro, ou seja: é a partir do olhar da mãe (Outro) e dos cuidados de outros seres humanos que nos tornamos igualmente humanos.

Essas reflexões me surgem toda vez que recebo comentários aqui no Pras Cabeças. Há um certo júbilo que interpreto: "ah!, se alguém lê meu post, isso me faz existir no mundo-blog."
Esquisito, não?

Creio que o sistema de comentários, tão próprio dos blogs, é um dos "ganchos" que sustentam essa atividade apaixonante: quem diz algo deseja ser escutado; quem escreve, deseja ser lido. Há um interlocutor imaginário ao qual o post é dedicado.

Mas o puro imaginário, creio, não sustentaria a existência de um blog, você concorda?

Quantos romancistas, cronistas e poetas chegam a explicitar essa necessidade do Outro em seus escritos! Utilizam-se de recursos estilísticos vários. Por exemplo: "o leitor que me acompanha até aqui...".

João Guimarães Rosa já começa seu Grande Sertão: Veredas com um travessão, indicando que, ali, começa a narrativa do Riobaldo. Trata-se de um diálogo entre o narrador e... o leitor! E quem é o interlocutor? Nós, seus leitores, que mergulhamos na leitura e "escutamos" aquela estonteante catarse, principiada com um misteroso vocábulo:
- Nonada.

Há uma cumplicidade fundantamental entre o Autor que publica (publicar = tornar público; dar ao povo) e o suposto leitor. Este "suposto" leitor é uma "realidade" que sustenta o escritor, o poeta, o pintor, o Artista. Realidade imaginária, você sabe, mas com força de Real. Sustenta o blogueiro também, por que não?

Seu comentário, caro leitor, é a prova de que meu imaginário (embora quase sempre inconsciente) tem lá sua realidade: "ah! alguém comentou!"; "oh! quantos comentários!", etc.

Há outros artifícios que sustentam os milhões de blogueiros: verificar o número de page-views, as estatísticas, os termos de procura no Google, etc.

Assim, nos livramos da loucura: só mesmo o psicótico prescindiria de um Outro. Mas, mesmo nesses casos, há a criação de uma realidade delirante, um "outro" que é puro reflexo de si mesmo, tal qual Narciso apaixonado pela própria imagem refletida no lago. Uma cisão (squízein) de si mesmo: esquizofrenia.

Por isso, cada comentário deixado no Pras Cabeças é uma saudação:
- Sawu bona!

E eu sempre respondo:
- Sikhona!

14 janeiro, 2006

Mineirinho Valente

Mineirinho Valente




Ingredientes:
600 gramas de canjiquinha (deixar de molho na água por 1 hora aproximadamente)
2 cebolas picadas
1 pimentão vermelho picado
2 talos de aipo picado em cubos
Tempero alho e sal
2 litros caldo de costela
4 dentes de alho picado
3 colheres de sobremesa de manteiga
4 colheres de azeite
Uma pitada de curry
Pimenta Biquinho
Espinafre picado
Cheiro verde
300 grs de queijo minas meia cura ralado grosso
pimenta do reino a gosto
500 grs de lombo defumado picado em cubos
400 grs lingüiça caseira
500 grs Costelinha de porco desossada picada em cubos e temperada com vinho branco

Preparo:
Fritar o alho no azeite, em seguida colocar a cebola, pimentão, aipo e curry, deixe fritar por alguns minutos. Escorrer a água da canjiquinha e colocar na panela. Adicionar o caldo de costela, pimenta do reino e temperar a gosto. Deixe cozinhar aproximadamente por 15 minutos mexendo de vez em quando para não agarrar, vai colocando caldo de carne a medida que for secando, misturar 2 colheres de manteiga e reservar. Fritar levemente a lingüiça com um pouco de manteiga e reservar. Fritar a costelinha desossada e reservar. Misturar o lombo defumado, lingüiça e a costela na panela da canjiquinha por 10 minutos em fogo baixo, em seguida colocar as folhas de espinafre e fazer a montagem com queijo.

Levar o caldeirãozinho ao fogo, forrando-o até ao meio com a canjiquinha preparada, Colocar o queijo ralado, formando uma camada. Completar com a canjiquinha, mais uma camada de queijo, cheiro verde e pimenta Biquinho. E..., bom apetite!

Autor: Ilmar
Esta foi a melhor "comida di buteco' de 2005, em Belo Horizonte! O festival popular de gastronomia, que agita os bares e botequins de BH e, desde ano passado, de outras cidades de Minas, já esquenta os tamborins para 2006.

Uma notícia de hoje, no EM, encheu de orgulho os belorizontinos, já bairristas por natureza:

Um dos bares mais tradicionais de Belo Horizonte vai receber um prêmio no 31º Festival Internacional de Hotelaria, Gastronomia e Turismo de Madri, na Espanha. O Casa Cheia, que fica no Mercado Central, na região Centro-Sul da capital, foi reconhecido como um dos mais importantes estabelecimentos do setor e será condecorado com a insígnia de ouro “Global Quality Management”.

O prêmio será entregue dia 25, na abertura do festival, que se prolonga até o dia 29, na capital espanhola. O dono do Casa Cheia, Ilmar Antônio de Jesus, viaja com a família segunda-feira para receber a condecoração. O bar é o primeiro de Minas Gerais a receber o prêmio.

De acordo com Ilmar, a indicação ocorreu depois do término do último Festival Comida di Buteco, em junho, quando o Casa Cheia foi escolhido como o bar com o melhor tira-gosto de Belo Horizonte. O prato escolhido foi o “mineirinho valente”, que combina canjiquinha, lombo e lingüiça defumados, costelinha temperada ao vinho, creme de espinafre, queijo e pimenta-biquinho,

TURISTAS Ilmar conta que logo depois do festival, recebeu a visita de um grupo de turistas espanhóis e serviu a eles, durante uma semana, diferentes pratos da casa, como o “porconóbis e sabugosa”, o “costela de Adão” e o “feijão mexicano”, já premiados em edições anteriores do Comida di Buteco. Depois de trocar receitas com o grupo, Ilmar ficou surpreso ao descobrir que entre eles estavam integrantes do comitê de seleção do prêmio internacional.

“Estou muito feliz com o reconhecimento e o prêmio vai servir para divulgar o turismo de BH”, comemora Ilmar, que foi informado sobre a premiação em novembro. O Casa Cheia é um dos mais antigos bares do Mercado Central e, a exemplo do complexo comercial, atende um público bastante diversificado. O sucesso do bar é tanto que, nos fins de semana, os clientes fazem fila para conseguir uma mesa.

"Estou muito feliz com o reconhecimento e o prêmio vai servir para divulgar o turismo de BH" - Ilmar Antônio de Jesus, dono do Casa Cheia.

___________
Outro que deveria ser condecorado é o Soié.
Veja aqui, por quê.

13 janeiro, 2006

ASSIM FALOU SOFOCLETO:

  1. A liberdade consiste em não usar relógio.
  2. As melhores coisas sobre a liberdade têm sido escritas no cárcere.
  3. É preciso ser louco para se pôr nas mãos de um psiquiatra.
  4. Muitos escritores esgotam-se antes dos seus livros.
  5. O açúcar é o sal da vida.
  6. O homem criou o espelho à sua imagem e semelhança.
  7. O mundo está dividido entre os de mais e os de menos.
  8. Os aniversários são o aluguel que pagamos pela vida.
  9. Os imbecis deixam suas impressões digitais no que dizem.
  10. Para compreender os pais, é preciso ter filhos.
  11. A mediocridade é a arte de não ter inimigos.
  12. Quando a gente se apaixona pensa em tudo menos no que está pensando.
  13. Não há nada tão difícil como ler o pensamento de um analfabeto.
  14. Ousar é tropeçar momentaneamente, não ousar é se perder.
  15. Os biógrafos e os abutres alimentam-se de cadáveres


    [Luis Felipe Angell, pseudônimo: Sofocleto (Peruano, 1926- 2004).
    Autor de “La tierra prometida”.
    Escreveu artigos de caráter humorístico e satírico nos jornais de Lima, compilados em suas obras: "Sinlogismos"(1955), “Sofonetos” e “Al pie de la letra”(1960) e “Diccionario chino"(1969).]
Essas frases lembraram-me Millor Fernandes, que é mais do que humorista, quase filósofo "marginal".
Saber manejar palavras e sintetizar uma idéia complexa em uma única sentença, para mim, é uma arte.
Arte pras cabeças.
A gente pode rir, mas pensa.
Às vezes começamos com um sorriso e terminamos com um travo meio amargo.

Diante do trágico da vida, rir é preciso, chorar não é preciso.

12 janeiro, 2006

No escurinho do cinema

Assistir a um bom filme é experiência sensorial e emocional plena, principalmente se for "no escurinho do cinema", se a platéia souber se comportar, é claro.

Infelizmente, o "povo" hoje está muito mal educado e transformou as salas de exibição em lugar de convescote, ou pic-nic, como se diz: levam-se sacos e mais sacos de pipoca, copos e mais copos de refrigerante, desembrulham-se quilos e mais quilos de balas, chocolates, bombons e pirulitos, além das conversas em voz alta, piadas de mau gosto, etc. Quem nunca passou pela tortura de querer prestar atenção em um filme e ser desconcentrado pela bagunça reinante?

Mas quando se consegue o propício ambiente, não há como se deixar envolver por uma boa trama, uma história bem narrada, música e ruídos realçando sensações desencadeadas pelo desfile de luz e sombra que nos hipnotiza e nos transporta para outra dimensão.

Há, porém, outras utilidades para a tal da "sétima arte", dentre as quais salientarei uma que concerne ao meu campo de trabalho: o ensino da Psiquiatria e da Psicanálise.

Diz-se que "a arte imita a vida", o que muitas vezes é verdade. Afinal, o simbólico surge como fator inaugural da cultura: dizer o indizível, representar os conflitos, os medos, os sonhos... tudo isso compete à arte.

A Psicanálise (pacientes, psicanalistas, conflitos) tem sido tema de inúmeros de filmes. Um casamento nem sempre feliz, pois predominam a caricatura e o simplismo. Veja-se o que diz
Cláudio Duque, psiquiatra pernambucano recentemente falecido:

O cinema, ao se aproximar da psicanálise o faz de fora, com o olho do espectador, e a psicanálise não existe para terceiros. Por isso, um filme sobre o trabalho psicanalítico parece tão sem vida quanto uma sessão anotada por um aprendiz para mostrar ao seu supervisor. Tão expressiva quanto um calendário-brinde de bolso, com uma reprodução da Santa Ceia, em comparação com o original.

Se "a via régia" para se aproximar do inconsciente são os sonhos, conforme nos ensinou Freud, em A Interpretação dos Sonhos, a analogia destes com o cinema é óbvia. Na sala escura temos a oportunidade de vivenciar emoções mais diversas, intrigantes, assustadoras ou prazerosas, assim como nos sonhos. A "realidade" imaginária do sonhar, onde tudo é possível, em que a aparente lógica do dia-a-dia é totalmente subvertida, o passado e o presente se misturam, tudo isso ocorre nas telas e nos envolve plenamente.

Cito, novamente, Cláudio Duque:

Esse poder absoluto, disponível nos sonhos, de criar uma realidade alucinatória, desde há muito tem sido comparado com a atividade de construir um espetáculo cênico e se torna mais evidente se tomarmos o cinema como exemplo. Quem faz cinema se aproxima mais que ninguém desse poder criador. Muito antes das brincadeiras dos irmãos Lumiére, Joseph Addison, no The Spectator n. 487, Londres, publicou em 18 de setembro de 1712, um artigo intitulado "Sobre os sonhos", em que dizia:


"Não há ação mais penosa da mente do que a invenção. Não obstante, nos sonhos funciona com uma facilidade e uma diligência que não ocorrem quando estamos acordados". (...) "O que desejo destacar é o divino poder da alma de construir a sua própria companhia. Conversa com inumeráveis seres de sua própria criação e se transporta a dez mil cenários de sua própria imaginação. É o seu próprio teatro, seu ator, e seu espectador. Isso me faz recordar o que Plutarco atribui a Heráclito: todo homem acordado habita um mundo comum; porém cada um pensa que habita seu próprio mundo quando dorme (sonha)"(...).

Acho que é hora de ir ao cinema. Até.

10 janeiro, 2006

Linkagens

  1. Dicas de como permanecer casado, por alguém de muita experiência!
  2. Poesia em prosa em forma de confissões: 100meiasconfissões.
  3. O dia em que o padeiro derrubou o MacDonald's: focaccia 1 x Big Mac 0!
  4. Quer ganhar na loteria? Aposte no 23.568.
  5. Afinal, o que é um intelectual?
  6. Você conhece o blog nota 10 eleito pelo Gravatá, d'O Globo?

09 janeiro, 2006

Pedido de Demissão

CARTA DE DEMISSÃO


Quero pedir urgente a demissão,
Do compromisso banal de ser adulto,
E me recuso a prestar o velho culto,
De insanidade, problemas e ambição.

Retroceder ao tempo da descontração,
Ir com os ventos, viver cada minuto,
Com a pureza no olhar, sem nada oculto,
Correr na chuva, sorrir, deitar no chão.

Quando o cansaço chegar, dormir profundo,
Ir passear no sonhar, em outro mundo,
Brincar de nuvem, num céu que é colorido.

E extasiado em viver cada momento,
Quero gritar bem alto, aos quatro ventos,
Que desse mundo sem cor, fui demitido.


[Martinho Ferreira de Lima - inspirado em um post de Conceição Trucom]

07 janeiro, 2006

Vinho, boa companhia, peixe e música

Sábado especial:
almoço com os filhos Leo e Ângelo, a norinha Renata e a amada Amélia.


Cardápio:
  • - Arroz e salada: a Amélia
  • - Batata sauté: a Leo
  • - Sobremesa: sorvete com nozes, avelãs, castanhas (Sessão coletiva de quebra-nozes)
(Chegou Ledinha, a outra norinha).

06 janeiro, 2006

JK - A minissérie global

É difícil não compartilhar da opinião de que as minisséries produzidas pela Rede Globo têm qualidade excepcional e se diferenciam da maioria das produções da TV brasileira.


Mesmo quando não emplacam na audiência, os figurinos, os atores, a ambientação, a edição, a música e o roteiro costumam ser exemplo do cuidado que deveria nortear as emissoras.
Está em cartaz a minissérie JK, sobre a vida do ex-presidente Juscelino Kubitschek, tido como um dos mais bem sucedidos presidentes do Brasil. Há quem o acuse de populista e "criador" da onda inflacionária que assolou o país nas últimas décadas. Os aspectos políticos e econômicos não estão em julgamento, em meus comentários.
Para a gravação em Minas, duas equipes completas de gravação foram deslocadas para o estado e cerca de quase 100 profissionais - entre elenco e equipe técnica - trabalham para compor as cenas que farão parte das duas primeiras fases da minissérie. [leia mais, aqui]
A mineiridade que nos impregna a alma colore definitivamente nossa apreciação, mas... fazer o quê? Uma dose de bairrismo é inevitável ao se falar de JK e de tudo que lhe diz respeito. Afinal, o homem nasceu em Diamantina, percorreu os trilhos que o trouxeram à novíssima capital das Minas Gerais. Os bancos da Faculdade de Medicina que ele frequentou foram frequentados também por mim... As paisagens montanhosas de Minas, as locações (Tiradentes, Diamantina, BH - Praça da Liberdade, Palácio do Governo, casarões, alamedas perfumadas que ainda inspiram caminhantes noturnos nas arborizadas ruas daqui), até mesmo o sotaque, uai! Tudo ressoa no coração mineiro, facilitando a identificação com personagens que conhecemos pelos nomes das avenidas e instituições belorizontinas.
Penso, entretanto, a geração pré-64 há de se lembrar da figura sorridente, dos olhos puxados, da convicção e do otimismo de JK.
Pois tudo isso está brilhantemente retratado nos capítulos já exibidos, o que nos faz aguardar ansiosamente os outros.

05 janeiro, 2006

Meu pé esquerdo


Alguém se lembra do filme "Meu pé esquerdo", sucesso, há algum tempo?
O diretor Jim Sheridan (O Lutador) leva às telas a história de Christy Brown, que apesar de sofrer de paralisia cerebral desde que nasceu conseguiu mostrar ao mundo sua inteligência e talento através da arte. Com Daniel Day-Lewis. Vencedor de 2 Oscars!
Pois o Caderno de Informática do Estado de Minas de hoje traz a história de Priscila:
Uma usuária especial
(Marcos Vieira)

"Portadora de paralisia cerebral e dependente de cadeira de rodas, apesar de todos os tratamentos submetidos, Priscila de Toledo Fonseca, de 20 anos, não tem movimentos corporais voluntários, mal consegue balbuciar algumas palavras (a maioria das vezes incompreensível para quem não convive com ela diariamente) e tem como parte mais funcional do corpo, o pé esquerdo, com o qual executa suas tarefas. Todas, claro, ligadas ao computador, inclusive a redação de seu primeiro livro de poemas.
Apesar das muitas barreiras, Priscila Fonseca superou todas com dignidade e força de vontade incomuns. O computador, com certeza, foi o principal aliado nessa batalha, principalmente depois que ela descobriu que tudo ficava mais fácil quando utilizava o pé esquerdo. Ela ressalta que o computador entrou em sua vida em 1990, mas de 2000 para cá é que ele fixou-se , além de uma ferramenta imprescindível de comunicação, também como um companheiro inseparável em virtude da internet e de outros recursos oferecidos pela máquina, e que ela utiliza como poucos."

São exemplos assim que nos fazem acreditar no poder do desejo, que alimenta a esperança e nos move em todas as nossas ações.

Parece muito romântico dizer que o desejo é capaz de tudo, assim como a Fé, move montanhas! Na vida cotidiana isso parece não fazer muita diferença, mas é diante de alguma dificuldade, de uma tarefa mais árdua, que nos confrontamos com nosso verdadeiro desejo. Do contrário, cairemos no pior dos vícios: a tibieza.

Ser tíbio é triste!

04 janeiro, 2006

Descobri porque sou feliz! (hehehehe)

Trabalhar duro pode ser a chave para a felicidade, dizem cientistas
Sorriso
Relacionamentos também são antídotos contra depressão
Pesquisadores da Universidade de Gotemburgo, na Suécia, estão realizando um estudo em que está ficando claro que trabalhar duro pode ser uma das chaves da felicidade.

Leia mais, aqui!

03 janeiro, 2006