27 dezembro, 2004

Viagem virtual pela Estrada Real

Janeiro vai chegando e o pensamento se ocupa das férias. Algumas idéias se organizam em torno da VIII Mostra de Cinema de Tiradentes, a se realizar na última semana (21 a 29/01/2005): reservar pousada e grana.
Como que adivinhando, o "genro-Noel" Daniel Caborges acaba de me presentear com o livro De Volta à Estrada Real, de Flávio Leão. Está sendo a preparação "espiritual" para mais um giro por Tiradentes-MG. Trata-se do diário da viagem de Flávio e seu amigo Rafael pela Estrada Real, do Rio de Janeiro até Ouro Preto, a pé, seguindo o rastro dos tropeiros do século XVIII. Comecei a ler e estou em plena viagem virtual.
Além de mergulhar na cultura cinematográfica e gastronômica, em Tiradentes vou ler o O Código Da Vinci, presente da Amélia, amiga-companheira-esposa.
Se "navegar é preciso, viver não é preciso" -lema dos argonautas, que Fernando Pessoa usou no prólogo de sua obra poética- viajar por terra também é preciso! Fascinam-me as estradas, com suas paisagens, surpresas, viajantes. Por isso mesmo Flávio Leão destaca, na orelha do livro, o poema da Rachel de Queiroz:
A Estrada
[Rachel de Queiroz]
Um palácio é bonito,
um arranha-céu é grande,
uma catedral é imponente,
mas uma estrada é viva.
Por isso, das construções do homem,
talvez seja a estrada
a que mais lhe fale ao coração,
lhe sugira com aproximação maior
o transitório, o inquieto,
o rápido da vida.
A estrada é o rio sem água -
quem desce nele são os viventes.
A estrada é o longe e o perto,
a presença da distância,
o convite à caminhada,
a aventura, a fuga.
A estrada leva e traz,
a estrada anda,
vive e participa também.

As metáforas da Rachel de Queiroz são preciosas: a sugestão do transitório, do inquieto, do rápido da vida, o rio sem água no qual descem os viventes... viajar é preciso, viver não é preciso!