30 maio, 2004

Soié, o espirituoso

Quem é Soié?
Soié é o apelido de meu pai, Ismael. Se fosse fazer-lhe um rapidíssimo perfil, começaria assim:
Meu pai "é um sujeito espirituoso"....
a palavra "espírito" vem do latim (spiritus) que, por sua vez, vem do grego "Pneuma". Tanto "spíritus" quanto "pneuma" significam "sopro". Por isso, a gente chama aquela borracha cheia de ar de PNEU, abreviatura de "pneumático". O médico que cuida de pulmão é o pneumologista, para diagnosticar as pneumonias... Daí, a gente lê na Bíblia que, após moldar no barro o corpo de Adão, Deus "assoprou e infundiu-lhe o espírito", ou seja, encheu-o de ar... que traduzimos por "alma"="espírito".... No Novo Testamento, em Pentecostes, o "Espírito Santo" (o sopro divino) desce sobre os apóstolos.
Ora, do barro inerte a um ser vivo, só mesmo cheio de "ar", "de espírito", de "alma".
Quando alguém está angustiado (angústia = aperto no peito) é porque sua respiração está insuficiente, consequência da ansiedade, do medo, da depressão... A voz (produto do ar que sai dos pulmões e vibra nas cordas vocais) fica mais fraca... às vezes, até dizem: -"parece que tem um bolo aqui na minha garganta"... quando queremos chorar, ficamos com um nó na garganta e quando gargalhamos, rimos até "até faltar ar"... ou seja, para podermos rir bastante, é preciso estarmos cheios de ar, ou seja: sermos ESPIRITUOSOS.
Quando paramos de respirar, o "espírito" se vai, é o fim.
Por tudo isso, meu jovem pai de 80 anos é um senhor muito vivo, pois é super-espirituoso, conta piadas e brinca com todos: é a VIDA em pessoa!
Para quem não conhece: meus Pais!  Posted by Hello

Auxilium profligatis contumelia est.

Muita gente se pergunta por que os iraquianos, afegãos e outros povos invadidos pelos norte-americanos, especialmente pelos "Bush boys", reagem agressivamente contra aqueles que se propõem a "ajudar a restaurar a democracia, acabar com a fome e a miséria, melhorar as condições de vida" e outras benesses. Sem menosprezar as explicações dadas por especialistas internacionais, sabedores de geopolítica e quejandos, nomeio este post com uma das sentenças de Siro. PUBLIUS SYRUS(c. 85 - 43 a.C), era poeta latino, escravo em Roma durante sua juventude e, após ser libertado, percorreu diversas vilas da Itália, declamando suas peças burlescas, recheadas de lições de moral. Algumas de suas sentenças se conservaram até hoje.[M.-N. Bouillet, Dictionnaire Universal d’Histoire et de Géographie. Paris: Hachette, 1857, p. 1462].
Pois bem , o que Siro teria a dizer ao pretenso Senhor do Universo, aquele presidente "bonzinho" do Norte?
- Auxilium profligatis contumelia est! (tradução para Bush: Help wounds the pride of those whose cause is lost!).
Ajuda depois da derrota é afronta..
Para conhecer centenas de citações de Siro, corra para a página do Kocher. É muuuuito boa!

O tal do "controle externo"

Uma discussão que se arrasta, por ser complexa e por ferir interesses nem sempre honestos, trata do "controle externo" do Judiciário. Tradicionalmente, o Poder Judiciário (Juizes e Magistrados) se ordenam por dispositivos internos ao próprio sistema, seja para prevenir ou remediar possíveis erros sentenciais ou mau uso do Poder, seja para gerir carreiras, salários, promoções, etc. Não vou entrar no mérito da questão, que foge à minha alçada. Entretanto, associo este imbroglio a uma outra esfera: a policial. Também, aqui, sabemos de dispositivos internos ao sistema de Segurança Pública, que tem lá suas Corregedorias e, em última instância, está subordinado ao Poder Executivo. Este, por sua vez, respeitando os limites constitucionais, tem no Poder Legislativo uma espécie de monitoragem quase obsessiva, uma vez que necessita de acordos com partidos diversos para que o Governo se sustente.
È o tal do "equilíbrio" entre os Três Poderes (até nome de praça, em Brasília!) que caracteriza da Democracia representativa.
O que me despertou para o tema foi um post do Alexandre Cruz Almeida, em seu LiberalLibertárioLibertino. Cruz cita uma frase em inglês, "Who Watches the Watchers?",
"Quem vigia os vigias?" que serviu de título para um livro recém publicado:
Um estudo sobre controle externo da polícia no Brasil
Julita Lemgruber, Leonarda Musumeci e Ignacio Cano, Editora Record, 2003. com a seguinte resenha:
"Até mesmo os policiais do próprio país não gostam da Polícia do Brasil. Investigadores, escrivães inspetores, a "tiragem" do policiamento civil, e os soldados, cabos e sargentos, os praças da polícia militar - todos dizem que estão sendo injustiçados e perseguidos pelos superiores hierárquicos. Apontam como vilões a minoria privilegiada das duas entidades: delegados e oficiais da PM que vivem isolados nos gabinetes, distantes dos riscos de morte de quem faz o patrulhamento nas ruas mais violentas do mundo.
A revolta silenciosa da base das duas grandes corporações de segurança pública brasileiras é apenas uma das descobertas deste livro, embora não seja uma obra de denúncia.
Quem vigia os vigias? é o primeiro resultado concreto de um projeto de pesquisa que visa aprimorar o controle externo da polícia, hoje limitado às ações ainda muito frágeis das Corregedorias e das Ouvidorias de Polícia."
. Julita deu uma entrevista a Paloma Cotes, da Revista Época (26/2/2004), que pode ser lida integralmente aqui.
Pois bem, AlexandreCruz acaba de pedir aos seus leitores a origem daquela expressão "Quem vigia os vigias?". Após fuçar um pouco, encontrei o site do Professor Henerik Kocher, PÁGINA DOS PROVÉRBIOS, MÁXIMAS E CITAÇÕES, riquíssima em citações em Latim, Espanhol, Francês, Italiano, Português e... Esperanto! Não encontrando a citação em sua página, pedi ajuda ao professor que, imediatamente, enviou-me a seguinte resposta: "Bom dia, Claudio. A frase é "Sed quis custodiet ipsos custodes?" É de Juvenal, Satirae 6.347. No caso, a tradução será "Mas quem vigiará os próprios vigias?" Como ex-aluno do Caraça, você sem dúvida sabe mais latim do que eu, que sou mero amador. Por isso, peço que, se encontrar erros na minha página, me informe, para que os usuários aproveitem melhor. Um abraço, Kocher."
Alguns me falam de "cultura inútil", mas como é bom!


29 maio, 2004

TDAH : a "doença da hora?"

TDAH é a sigla para o Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade. Segundo a Associação Médica Americana, trata-se de um transtorno dos mais bem estudados e documentados, como poucos em Medicina.
Catarcterísticas: Desde a década de 50, nos EUA, já encontramos a referência a crianças que não conseguem manter a atenção e a concentração por muito tempo, são muito irritadiças, não suportam a frustração, são extremamente inquietas, desobedientes, impulsivas, etc. O fracasso escolar se explica pela "voação", quando ficam "no mundo da lua", nem escutam o que a professora diz. Esquecem-se de anotar os deveres, esquecem objetos e compromissos, não toleram um esforço mental mais prolongado. Tendem a ser birrentas, desafiadoras, destemidas (sobem em qualquer lugar!), correm de um lado para outro. Geralmente são crianças inteligentes, espertas e, por isso mesmo, aos poucos vão percebendo os próprios fracassos e as constantes repreensões e castigos dos adultos, concluindo que são rejeitadas e piores que os colegas. Daí, podem se tornar mais deprimidas, ansiosas e com baixa de auto-estima. Ou seja, não é fácil ser um "portador" de TDAH.
As classificações deste transtorno se baseiam nas três principais
característas:
a) disatenção: distractibilidade
b) inquietação: hiperatividade
c) comportamentos agressivos e desastrados: impulsividade.
A evolução dos estudos foi mudando, aos poucos, a compreensão deste quadro e a consequente substituição de seu nome:
- Lesão cerebral mínima, quando se pensava que o distúrbio era devido a uma pequena e invisível lesão no Sistema Nervoso Central.
- Disfunção Cerebral Mínima: quando o foco passou a ser a incapacidade funcional do cérebro.
- Transtorno hipercinético e Transtorno de Déficit de Atenção com ou sem Hiperatividade, nas classificações atuais, de origem norte-americana: DSM-IV e CID-10.
Da mesma forma, as causas do problema vêm sendo deslocadas de fatores educacionais (falta de limites) para fatores genéticos (há enorme concordância de aparecimento do transtorno em gêmeos e parentes). Atualmente se sabe que há alterações na transmissão dos impulsos nervosos, principalmente na córtex cerebral (responsável pela atenção e interesse, no sistema límbico e hipotalâmico e nos núcleos da base, onde funcionam os "filtros" dos impulsos originários das percepções.
Uma explicação simplificada poderia ser dada com o seguinte exemplo: ao escutarmos uma campanhia de telefone, podemos ignorá-la se não estivermos esperando chamada. ("Que alguém atenda, não eu.") Logo voltamos a nos concentrar no que estávamos fazendo. O hiperativo-desatento logo correria para atender, chamaria o verdadeiro destinatário e... se esqueceria de voltar a fazer o que fazia.
As pesquisas mais acuradas apontam para um índice de prevalência relativamente alto de portadores de TDA/H: de 3% a 7% da população escolar. Todas as escolas possuem crianças com este transtorno e, muitas vezes, tratam-nas como se fossem puramente indisciplinadas, de "má índole", sem educação, etc. Acabam expulsando e estigmatizando tais alunos que passam a "peregrinar" de escola para outra, acarretando prejuízo acadêmico e onerando as famílias.
A evolução dos casos não tratados pode ser muito ruim, com 40% se tornando adolescentes mal-adaptados, recorrendo a drogas (álcool e outras) e com comportamentos anti-sociais. Muitos chegam até à idade adulta com transtornos graves, desajustes acadêmicos, laborais, relacionais, além de doenças secundárias, como depressão, ansiedade e abuso de drogas.
Os tratamentos propostos incluem:
1) uso de medicamentos
2) orientação da família, do portador e da escola
3) às vezes psicoterapia e ou treinamento
Há estudos mostrando o risco de se fazer este diagnóstico com "muita facilidade", tornando um problema médico aquilo que poderia ser característica pessoal ou consquência de estresse ou até mesmo incapacidade das escolas.
Além disso, o mundo contemporâneo nos oferece uma multiplicidade de estímulos, fazendo exigências e provocando uma inquietação constante. Sobre isso há uma pesquisa recente, feita pelo psiquiatra Rossano Lima, mestre em Saúde Coletiva do Instituto de Medicia Social da Uerj, em que "relaciona os sintomas de uma doença cujo diagnóstico vem crescendo a taxas espantosas com as características do sujeito pós-moderno, aquele que, segundo o sociólogo Zigmunt Bauman, está "pronto a adaptar-se a um mundo que não oferece mais garantias e lastros estáveis e sólidos".
Numa entrevista excelente feita por Carla Rodrigues no site NoMín imo, Rossano afirma: Podemos dizer que a rápida propagação do TDA/H depende de um amplo arranjo cultural a lhe respaldar e ressoar. Edward Hallowell, um dos principais divulgadores do transtorno nos EUA, chegou a propor que a sociedade atual é indutora de "pseudo-TDA/H". O problema, não resolvido por ele nem por ninguém, é o da ausência de critérios confiáveis para diferenciar o quadro tido como verdadeiro (supostamente biológico) do falso (que seria culturalmente induzido). De qualquer maneira, podemos afirmar que uma sociedade que celebra como valores supremos a agressividade permanente no trabalho, a necessidade de mobilidade incessante e o imperativo do desvio contínuo do foco da atenção torna a existência do transtorno mais convincente e estimula a adesão das pessoas a suas concepções e a seu vocabulário. Não é por acaso que o surgimento e a explosão desse diagnóstico se dá agora, e não há trinta ou sessenta anos. .
Há inúmeros sites que falam sobre o assunto. Em português, recomendo este aqui.

... e o papagaio se foi!

Madrugada o telefone toca:
- Alô, Sô Carlos? Aqui é o Uóshito, casero do sítio.
- Pois não, Seu Washington. Que posso fazer pelo senhor? Houve algum problema?
- Ah, eu só tô ligando pra avisá pro sinhô que o seu papagaio morreu.
- Meu papagaio? Morreu? Aquele que ganhou o concurso?
- É, ele mess.
- Puxa! Que desgraça! Gastei uma pequena fortuna com aquele bicho! Ele morreu de que?
- Di cumê carne istragada.
- Carne estragada? Quem fez essa maldade? Quem deu carne para ele?
- Ninguém. Ele cumeu a carne dum dos cavalo morto.
- Cavalo morto? Que cavalo morto, seu Washington?
- Aqueles puro-sangue que o sinhô tinha! Eles morreu de tanto puxá carroça d'água!
- Tá louco? Que carroça d'água?
- Pra pagá o incêndio!
- Mas que incêndio, meu Deus?
- Na sua casa. Uma vela caiu, aí pegô fogo nas curtina tudo!
- Caramba!! Mas aí tem luz elérica! Que vela era essa?
- Do velório!
- Velório de quem???
- Da sua mãe! Ela apareceu aqui de noite, sem avisá e eu dei um tiro nela pensano que fosse ladrão!

28 maio, 2004

O DIA D

Thiago Zanini é um jovem advogado que faz Mestrado em Direito Internacional na Sorbonne (Paris) e mantém um blog Putz...exilado em Paris, linkado ao lado como Um brasileiro em Paris, que vale a pena visitar. Outro dia, falou de uma viagem à Normandia, local de desembarque dos aliados, na II Guerra Mundial, em 6 de junho de 1944. Foi o suficiente para que eu fosse invadido por uma lembrança de meus tempos de colégio, quando estava no Colégio do Caraça.
Naqueles dias, éramos visitados por padres franceses e um deles trouxe umas latas de filmes de 8mm sobre a França. À noite, fomos para o pátio assistir os "filminhos", quando... assisti a um filme feito por um cinegrafista americano, in loco, ao vivo e a P&B, dos preparativos, travessia do Canal da Mancha e o desembarque debaixo do fogo infernal dos inimigos (alemães). Chovia, o mar estava muito turbulento, aquelas barcaças que abriam a proa como se fossem baleias cuspindo gente, jipes, tanques... os homens, quais cupins saindo do buraco, iam caindo na água, ali mesmo se afogando. Cara, fiquei impressionadíssimo com aquilo. Não era filme de Hollywood, não, era filme 8mm, num projetor de mil novecentos e pouco, numa telinha feita de lençol, no pátio do colégio, à noite. Era filme mudo, imagine, e os padres-professores colocaram uma caixa de som tocando a Abertura de 1812, alternando com o Capricho Italiano, ambos de Tchaikowsky. Não dormi, à noite. Toda vez que escuto uma destas sinfonias, lembro-me nitidamente do dia D, no dia 6 de junho de 1944 (?). Veja as fotos aqui.
Muitos anos depois, assisti "O mais longo dos dias", uma superprodução hollywoodiana no cinema, technicolor, com artistas famosos (não me lembro mais quais eram - se alguém souber, diga-me). Olhaqui: as emoções que experimentei no pátio do Colégio, naqueles tempos remotos (!), foi maior do que as provocadas pelo filme. Ou então, para uma criança, tudo que acontecia era muito grande...

27 maio, 2004

Antidepressivos x suicídio

Suicídio com antidepressivos?

Acabo de dar uma entrevista para o programa Rádio Vivo, da Rádio Itatiaia de Belo Horizonte-MG (95.7 FM e 610 AM). O apresentador queria saber minha opinião acerca da possível exigência de se colocar, nos rótulos dos antidepressivos (AD), a inscrição:"Este medicamento pode levar ao suicídio" (sic). A notícia vem dos Estados Unidos, onde o órgão regulador da indústria farmacêutica e alimentícia (FDA-Food and Drug Administration) está sendo pressionado por defensores do consumidor, diante de alguns casos de auto-extermínio de pacientes em uso de AD. Fiz os seguintes esclarecimentos:
1. A primeira consideração é sobre o diagnóstico correto de Depressão. Na verdade, o termo "depressão" vem sendo utilizado indiscriminadamente. Nós, seres humanos, face a qualquer frustração (amorosa, empresarial, reprovação escolar, perda de um ente querido, etc) nos entristecemos, com toda a razão. Isto não significa que estejamos doentes. Ao invés de buscarmos as causas mais profundas do fracasso, que estão em nós mesmos - na maioria das vezes -, logo queremos um remédio que nos traga felicidade. A indústria farmacêutica estimula e se aproveita disso, fazendo-nos acreditar que existe a tal pílula da felicidade: o antidepressivo!!!
2. O diagnóstico psiquiátrico de Depressão deve levar em conta alguns critérios já estipulados em manuais diagnósticos, basear-se na história clínica e familiar do paciente e decidir pelo tratamento mais adequado.
3. Há depressões: a) predominantemente ansiosas, b) predominantemente com sintomas físicos (cefaléias, dores, problemas gástrointestinais, etc.), c) predominantemente com sintomas de irritabilidade, d) com sintomas de desânimo e inibição motoras, etc...
4. Neste último caso (depressão com inibição psicomotora), na forma mais grave (ideação de auto-extermínio) é que se deve tomar precaução quanto à possibilidade de uma passagem ao ato, ou seja, a real tentativa de suicídio. Isso pode ocorrer, paradoxalmente, na medida em que o paciente, após iniciar o tratamento, melhora e, sentindo-se mais animado e disposto, adquire forças para por em prática suas idéias de auto-extermínio e, aí sim, tentar realmente se matar!!!
5. Essas informações já constam na bula dos medicamentos e devem ser dadas pelo médico, no momento da prescrição (geralmente se explica isso aos parentes ou responsáveis pelo paciente). São casos raros, mesmo.
Mas não se pode esquecer que a depressão é uma doença que tem alto potencial de levar o sujeito ao suicídio, em índices muito elevados. Veja no PsicoWeb, que é um site espetacular de informação psiquiátrica, mantido pelo psiquiatra paulista GJBallone.
6. Além do mais, o tratamento para Depressão não é apenas medicamentoso, mas deve incluir uma Psicoterapia, processo em que o indivíduo terá oportunidade de rever sua posição na vida, sua relação com as pessoas e com o mundo em geral, implicar-se com seu adoecimento e com os processos de mudança, necessários para a não recaída. Na Medicina "organicista", o ideal é a restitutio ad integrum (volta ao estado anterior, supostamente íntegro), enquanto que na Psiquiatria que leva em conta o psiquismo da pessoa e sua responsabilidade no próprio adoecimento, a cura não será o retorno ao que era antes, pois, assim, estariam sendo restabelecidas as próprias condições de um novo adoecer!!!
A cura verdadeira supõe uma mudança de vida, geralmente feita às custas de muito esforço, onde cada um de nós terá que se haver com os descaminhos anteriores.
(Post republicado e atualizado)

26 maio, 2004

Realinhamento Sexual

Saiu na Folha de S. Paulo, em 23.maio.04 uma notícia instigante a respeito de um canadense, chamado David Reimer, nascido menino. Entretanto, foi transformado em menina aos dois anos, após seu pênis ter sido destruído em uma circuncisão feita por uma pessoa inexperiente usando um cauterizador.

"Num primeiro momento, a vida de Reimer foi descrita como história bem-sucedida, sendo objeto do primeiro estudo documentado de realinhamento sexual de uma criança cujos sexo, hormônios e cromossomos eram todos masculinos. Durante mais de duas décadas ele foi descrito em textos médicos como prova viva de que o gênero pode ser determinado pela maneira como uma criança é criada --ou seja, a vitória da criação sobre a natureza.

Mas Reimer chocou o mundo em 1997, ao levar a público sua jornada dolorosa para transformar-se novamente no homem que sempre sentira que devia ser."


A discussão a respeito de como uma pessoa "se torna" homem ou mulher é tema recorrente nos campos da Biologia, da Psicologia, da Psicanálise, do Direito e outros. É possível transformar um menino em menina, criando-o "como menina'? Ou o contrário? A "escolha sexual" depende do ambiente ou é determinada pelo gen? A aplicação de hormônios sexuais (estrógenos ou andrógenos) pode alterar a mente de uma pessoa, fazendo-a sentir e pensar como mulher ou como homem?
O caso de David Reimer serviu de paradigma médico e psicológico, até que ele mesmo desmentiu as observações que apontavam para o "sucesso" da decisão tomada por seus cuidadores, aos 2 anos de idade.
Sua história trágica tem sido contada pela imprensa leiga e médica, como em aqui(em inglês), onde se podem ver algumas fotos do David ainda quando criança, no colo da mãe (ele e o irmão gêmeo); ou mais tarde, já como rapazinho.
Reimer deu uma histórica entrevista a John Colapinto, que resultou num livro dramático intitulado "As Nature Made Him
The Boy Who Was Raised as a Girl" ou Como a natureza o fez. O rapaz que foi criado como uma moça, cuja capa aparece aqui.
A notícia da Folha, registrada no início deste post, informa que David Reimer acaba cometer suicídio.


23 maio, 2004

Nostalgia poética

Affonso Romano de Santana é poeta, ensaista, escritor. Em sua crônica de hoje, a propósito de uma viagem ao interior de Minas, incorpora o espírito proustiano de A la recherche du temps perdu e inspirado pelo topônimo da cidade que visitou, relembra um dos poetas que morreram cedo - conforme abordei no post anterior: Cassimiro de Abreu.
A crônica é deliciosa e vale a pena ser lida aqui:.Eu me lembro, eu me lembro.

Eis os versos:
Eu me lembro, eu me lembro! – Era pequeno

E brincava na praia; o mar bramia

E erguendo o dorso altivo, sacudia

A branca espuma para o céu sereno.

E eu disse a minha mãe nesse momento:

“Que dura orquestra! Que furor insano!

“Que pode haver maior do que o oceano

“Ou que seja mais forte do que o vento?”-

Minha mãe a sorrir olhou pr’os céus

E respondeu: – Um Ser que nós não vemos

“É maior do que o mar que nós tememos,

“Mais forte que o tufão! Meu filho, é – Deus!”.

Autodenúncia

As discussões sobre do poderio dos chefões dos traficantes, a partir de suas bases nos morros, se desdobram cada vez mais. De um lado, acusa-se o Governo de não exercer suas atribuições, deixando à míngua um contingente enorme de marginalizados sociais que, diante da falta absoluta de perspectiva, enveradam pelo caminho da contravenção e do crime, servindo de "soldados" dos morros, "aviões" e "sentinelas" nas bocas-de-fumo e drogas. A terminologia escancara que a guerra já está aí.
Por outro lado, há uma crescente conscientização a respeito do financiamento dessa máquina mortífera, sugerindo perguntas tais como: -"Quem consome e paga pela droga, injetando dinheiro no esquema do tráfico?"
Veja-se o artigo
Eu ajudei a destruir o Rio, do jornalista
Sylvio Guedes, editor-chefe do Jornal de Brasília, no qual ele critica o "cinismo" dos jornalistas, artistas e intelectuais ao defenderem o fim do poder paralelo dos chefes do tráfico de drogas. Guedes desafia a todos que tanto se drogaram nas últimas décadas que venham a público assumir: "eu ajudei a destruir o Rio de Janeiro!"
"É irônico que a classe artística e a categoria dos jornalistas estejam agora na, por assim dizer, vanguarda da atual campanha contra a violência enfrentada pelo Rio de Janeiro. Essa postura é produto do absoluto cinismo de muitas das pessoas e instituições que vemos participando de atos, fazendo declarações e defendendo o fim do poder paralelo dos chefões do tráfico de drogas.
Quando a cocaína começou a se infiltrar de fato no Rio de Janeiro, lá pelo fim da década de 70, entrou pela porta da frente. Pela classe média, pelas festinhas de embalo da Zona Sul, pelas danceterias, pelos barzinhos de Ipanema e Leblon. Invadiu e se instalou nas redações de jornais e nas emissoras de TV, sob o silêncio comprometedor de suas chefias e diretorias. Quanto mais glamuroso o ambiente, quanto mais supostamente intelectualizado o grupo, mais você podia encontrar gente cheirando carreiras e carreiras do pó branco.
Em uma espúria relação de cumplicidade, imprensa e classe artística (que tanto se orgulham de serem, ambas, formadoras de opinião) de fato contribuíram enormemente para que o consumo das drogas, em especial da cocaína, se disseminasse no seio da sociedade carioca - e brasileira, por extensão. Achavam o máximo; era, como se costumava dizer, um barato. Festa sem cocaína era festa careta. As pessoas curtiam a comodidade proporcionada pelos fornecedores: entregavam a droga em casa, sem a
necessidade de inconvenientes viagens ao decaído mundo dos morros, vizinhos aos edifícios ricos do asfalto.
Nem é preciso detalhar como essa simples relação econômica de mercado terminou. Onde há demanda, deve haver a necessária oferta. E assim, com tanta gente endinheirada disposta a cheirar ou injetar sua dose diária de cocaína, os pés-de-chinelo das favelas viraram barões das drogas. Há farta literatura mostrando como as conexões dos meliantes rastacuera, que só fumavam um baseado aqui e acolá, se tornaram senhores de um império, tomaram de assalto a mais linda cidade do país e agora cortam cabeças de quem ousa lhes cruzar o caminho e as exibem em bandejas, certos da impunidade.
Qualquer mentecapto sabe que não pode persistir um sistema jurídico em que é proibida e reprimida a produção e venda da droga, porém seu consumo é, digamos assim, tolerado. São doentes os que consomem. Não sabem o que fazem. Não têm controle sobre seus atos. Destroem famílias, arrasam lares, destroçam futuros.
Que a mídia, os artistas e os intelectuais que tanto se drogaram nas três últimas décadas venham a público assumir: "Eu ajudei a destruir o Rio de Janeiro". Façam um adesivo e preguem no vidro de seus Audis, BMWs e Mercedes."
Taí, falou quem pode.


Não quero acreditar

Transcrevo a notícia publicada no Caderno D+ do Estado de Minas em 18.maio, terça-feira passada:
"Pesquisa maluca:
Poetas morrem mais cedo do que outros escritores, como novelistas e roteiristas, segundo um estudo realizado nos Estados Unidos. Segundo James Kaufman, da Universidade do Estado da Califórnia, isso deve-se ao fato de que poetas são torturados ou autodestrutivos, ou adquirem uma má-reputação ainda jovens. Kaufman estudou 1.987 escritores mortos de todo o mundo que viveram nos últimos séculos e descobriu que os poetas “morrem significativamente mais jovens”. Na média, a expectativa de vida de um poeta é de 62 anos, contra a dos roteiristas, que é de 63 anos, a de novelistas 66, e a dos escritores de obras não-ficcionais, 68 anos."

Não quero acreditar nisso: será que o pesquisador James Kaufman considerou outras variáveis: Estilo de vida, abuso de substância, fome... Afinal, ser poeta nunca foi lá um meio de vida valorizado pela sociedade. A poesia transita por caminhos alternativos ou, mesmo, marginais. Um poeta consegue efetuar rupturas no discurso dominante e estereotipado da linguagem usual e, muitas vezes, é atravessado por conflitos entre o princípio da realidade e o que irrompe de seu interior. Não são poucos os poetas que afirmam escrever por necessidade e não por prazer.
A propósito, taí um poema do Fernando Pessoa:
Autopsicobiografia

O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.

E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.

E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.


19 maio, 2004

Novos links

1) Pras Cabeças agradece os comentários e incentivos do Luiz Alberto Machado, que tem um blog literário muuuuuito bom, com uma escrita ágil e bem típica, tornando os acontecimentos mais banais fonte de inspiração e gancho prá muita prosa. Vale a pena visitar Tataritaritatá.
2) O mesmo Luiz Alberto Machado mantém um Blog sobre poesias onde dá dicas e indicações preciosas. Prá muita gente, poesia é coisa vã e para nada serve! Por isso mesmo é tão importante, pois não se faz poesia para algo prático, mas por necessidade interior do poeta. A gente, então, aproveita e sai ganhando um refrigério ou uma punhalada na alma... que é bom prá deixar de ser "boi no pasto".
3) Mais um blog com literatura boa, dicas culturais, etc, do mesmo cabra macho aí de cima: VarejoSortido.

17 maio, 2004

Omelete por US$ 1.000!

Até eu sei misturar seis ovos, cebola picada, manteiga, creme de leite, carne de lagosta e caviar (só prá esnobar). Depois de tudo batido, jogo numa frigideira e... taí minha omelete chic. Preço?
Bom, se você estivesse no Hotel Norma, em Nova York, lá estaria o preço no cardápio:a ninharia de US$ 1.000 ! Confira esta noticia em Tablóide UOL e veja que não sou de mentiras (tão grandes, pelo menos!).
Para evitar gastar tanto, Amélia e eu nos hospedamos no novíssimo HOTEL FLORENZA, de NOSSOS PRIMOS Henriquinho/Cláudia e Linete Lopes, em Santa Bárbara, conforme relatei no post anterior. O Hotel é ótimo, novo, camas king size, frigobar e tv a cabo, uma ducha que põe você novinho, mesmo após uma caminhada pela Serra do Caraça. Os primos estão de parabéns.Tem um preço ótimo e as omeletes são quase de graça!


16 maio, 2004

Pelo circuito do ouro...

Amélia e eu passamos o final de semana fazendo um mini-tour pela região da Serra do Caraça, a 120km da capital mineira. Estivemos na Festa do Vinho, em Catas Altas, onde as barraquinhas no adro da Matriz vendiam artesanato local, quitutes variados e o "vinho" de jaboticabas, fabricado na região. Shows musicais animaram as noites, de sexta a domingo. Catas Altas está se tornando um destino turístico desde que se emancipou de Santa Bárbara.
Como viticultores e futuros produtores de vinhos, com certeza não endossamos a aplicação da palavra "vinho" para o produto resultante da fermentação das jaboticabas, aquelas frutinhas pretas, saborosas e típicas de Minas Gerais. Mas... trata-se de um esforço da comunidade de Catas Altas, marcando lugar no Circuito do Ouro, trecho importantíssimo da Estrada Real, o maior projeto turístico em implantação no país. Vale a pena experimentar!

15 maio, 2004

Néctar

Mobilizado pela sede de néctar para o espírito me conduzi ao colega Lucas Monteiro de Castro Sobrinho que, gentilmente, empresta-me o mais recente livro de Maria Esther Maciel, A MEMÓRIA DAS COISAS, ensaios de literatura, cinema e artes plásticas. Lucas acabara de recebê-lo, com dedicatória pessoalíssima, das mãos da própria autora. A leitura abriu-me um território instigante e transdisiplinar. Mas, antes de tudo, apresentou-me a poética de Maria Esther. Mineira de Patos de Minas, é professora de Teoria da Literatura na Faculdade de Letras da UFMG e possui um curriculo extraordinário. Sua poesia é precisa e ambígua, cristalina e certeira, surpreendendo por dizer exatamente o que não se sabe dizer:
AULA DE DESENHO
Estou lá onde me invento e me faço:
De giz é meu traço. De aço, o papel.
Esboço uma face a régua e compasso:
É falsa. Desfaço o que fiz.
Retraço o retrato. Evoco o abstrato
Faço da sombra minha raiz.
Farta de mim, afasto-me
e constato: na arte ou na vida,
em carne, osso, lápis ou giz
onde estou não é sempre
e o que sou é por um triz.

Ao SobreSites-Poesia Maria Esther Maciel concedeu Entrevista que merece ser lida. Navegando nas ondas provocadas pela minha queda neste, para mim, novo oceano poético, aporto em recantos paradisíacos, como este Vigna-Maru.
A quem me lê, um convite: viaje pela poesia da palavra e da fotografia... Um bom fim-de-semana, com muita Arte!

13 maio, 2004

O "caldo" entornou!

Primeiro um jornalista do New York Times, um dos mais importantes jornais do mundo, faz a reportagem acerca da "preocupação nacional"(?) com um suposto abuso de álcool do presidente Lula". Depois, há uma reação extremamente histérica e, por isso mesmo, inadequada: confundiram péssimo jornalismo com ataque à honra pátria. Agora,o caldo entornou de vez, com a cassação do visto do malfadado jornalista. Criou-se uma pendenga muito maior do que o episódio mereceria! Além de criar espaço para discussão a respeito de liberdade de imprensa, etc. etc. O STJ concedeu a liminar dando direito a Larry Rohter de permanecer no país... E agora, José?
Aproveite esse imbroglio para treinar seu inglês, lendo o artigo original.

Chega de rego! (?)

Notícia veiculada na Agência Estado: Um deputado quer tornar ilegal vestir calças de cintura baixa no Estado americano da Louisiana. O projeto de lei, do deputado Derrick Shepherd, transforma em crime o ato de usar roupas em público que “exibam intencionalmente as roupas de baixo ou exponham intencionalmente qualquer porção dos pêlos pubianos, do sulco das nádegas ou dos genitais”. “Chega um momento, em toda sociedade, quando é preciso traçar uma linha pela decência”, disse ele em seu discurso pela medida, que foi saudado com vaias e pelo menos um grito jocoso: "Chega de rego!"
Eu, heim?

O pior da TV

A programação televisiva sempre foi alvo de muitas críticas e poucas recomendações. Por ser um poderoso meio de comunicação, sobre o qual todos, literalmente, lançam os olhos, a TV provoca avaliações de toda ordem, críticas e tentativas de controle. A Câmara Federal, através da campanha "Quem Financia a Baixaria é Contra a Cidadania", que recebe e cataloga as denúncias e reclamações da população, divulgou a lista dos dez piores programas de TV, O período de 13 de janeiro a 7 de maio de 2004:
1º - "Celebridade" - 107 votos
2º - "Kubanacan" - 64 votos
3º - "Ratinho" - 28 votos
4º - "Pânico na TV" - 20 votos
5º - "Big Brother Brasil" - 18 votos
6º - "Eu Vi na TV" - 17 votos
7º - "Superpop" - 15 votos
8º - "Malhação" - 11 votos
9º - "Gilberto Barros" - 10 votos
10º - "Cidade Alerta" - 8 votos
Os critérios de inclusão foram as críticas aos programas de televisão que desrespeitam os direitos dos cidadãos. Segundo os telespectadores, as principais queixas contra as novelas foram: horário impróprio de exibição, apelo sexual e incitação à violência.
Na minha modesta opinião, não podemos ler estes dados sem levar em conta o índice de audiência. Se muito mais pessoas assistem determinado programa, é provável que surjam mas telespectadores dispostos a criticar. Será? Há péssimos programas em alguns canais, que quase ninguém vê... portanto ninguém reclama.
Num próximo post, vou comentar sobre algumas pesquisas acerca do poder ou não da TV influenciar crianças, etc.

Conhecimento é Poder

Sheila Maria envia-me uma historinha dessas que transitam pela internet. Essas anedotas sempre retornam, modificadas ou não, reenviadas por quem tem o seu e-mail. Transcrevo a historinha de hoje, pois pretendo desenvolver um pouco mais este tema.
Valorize a sua especialidade
Um especialista foi chamado para solucionar um problema com computador de grande porte e altamente complexo... um computador que vale milhões de dólares. Sentado em frente ao monitor, pressionou algumas teclas, balançou a cabeça, murmurou algo para si mesmo e desligou o computador.
Tirou uma chave de fenda de seu bolso e deu volta e meia em um minúsculo parafuso, ligou o computador e verificou que tudo estava funcionando perfeitamente.
O presidente da empresa se mostrou surpreendido e ofereceu pagar a conta no mesmo instante.
-Quanto lhe devo? -perguntou.
-São mil dólares, por favor.
-Mil dólares? Mil dólares por alguns minutos de trabalho? Mil dólares por apertar um parafuso? Eu sei que meu computador vale milhões de dólares, mas mil dólares é um valor absurdo! Pagarei somente se você me apresentar uma nota fiscal com todos os detalhes que justifique tal valor.
O especialista balançou a cabeça e saiu.
Na manhã seguinte, o presidente recebeu a nota fiscal:
Serviços prestados:
Apertar um parafuso..................$ 1 dólar
Saber qual parafuso apertar........$ 999 dólares

11 maio, 2004

Rave para surdos?

Inclusão social é a tônica dos discursos atuais, quando se trata de atenção aos portadores de deficiência e aos doentes mentais (eufêmicamente "portadores de sofrimento mental"). Trata-se de uma política interessante, enquanto visa diminuir a segregação a que são sujeitos os tais portadores. É obrigação, lógico, de toda a sociedade, o acolhimento a todos, sem discriminação das diferenças, obedecendo ao preceito constitucional (Art. 5° da Constituição da República/88). Além disso, do ponto de vista das políticas de saúde, em especial do que se denomina a Reforma Psiquiátrica, cabe à comunidade propiciar o tratamento possível aos seus membros, acionando os dispositivos sanitários apenas nos casos mais complexos ou de urgência/emergência.
Essas reflexões emergiram em minha mente, ao ler a nota do Caderno D+, do Estado de Minas, informando que as famosas raves (festas de música eletrônica) para deficientes auditivos estão cada vez mais populares na Grã-Bretanha. Nelas a música é tão alta que pode ser sentida fisicamente e os DJs abusam de batidas pulsantes e graves que fazem tremer o chão. Na semana passada, vários DJs organizaram uma rave para surdos que levou o nome de Deaf Jam.
A notícia, completa, aqui.

Thriller poético

Luciano Almeida faz magia com as palavras para dar uma notícia. Corra para ler Gripe? Depois, aproveite e passeie pelo seu Fogo Cruzado.

10 maio, 2004

Google caipira?

Repasso a notícia como o cibernauta Márcio Candiani ma (epa!) passou:
Mineiros lançam o “Google caipira”
(AE)
Vem do interior de Minas a resposta brasileira ao Google. O site de busca Katatudo, lançado no começo do ano, foi todo desenvolvido em software livre - que pode ser usado e modificado gratuitamente, como o sistema operacional Linux - e planeja abrir seu próprio código-fonte até outubro.

"Estamos recebendo apoio da comunidade de software livre", afirma Leonardo Cardoso, de 27 anos, diretor de Tecnologia da Informação do Katatudo. A idéia da empresa é vender consultoria e tutoriais para quem quiser usar seu mecanismo de busca, gratuito, em seu site ou intranet, rede interna que usa a mesma tecnologia da internet.

Cadê?

Apesar de ter planos ambiciosos, o Katatudo, uma espécie de "Google caipira", ainda é pequeno mesmo na internet brasileira. O site não aparece no ranking do Ibope eRatings, o que quer dizer que possui menos de 120 mil usuários únicos por mês, segundo a empresa de pesquisas. O líder da lista dos serviços de busca mais visitados no Brasil é o americano Google, que prepara a abertura de capital em Wall Street. Em segundo lugar vem o Yahoo!, que controla o Cadê, o site de busca mais popular entre os criados no Brasil.

"O Cadê responde por 75% de nossas buscas", afirma o diretor-executivo de Serviços de Busca na América Latina do Yahoo!, Carlos Augusto Araújo. Em março, foi lançada uma nova versão do site, que usa a tecnologia de busca internacional da empresa configurada de acordo com os interesses do usuário brasileiro.

"A busca tem que ter um certo sotaque local", explica Araújo. Ele dá um exemplo: a palavra "vestibular", em inglês, tem outro significado. Num site de busca internacional, o internauta acaba recebendo várias indicações de páginas sobre "vestibular disorder", uma doença do ouvido. No Cadê (ou no Yahoo! Brasil, que usa a mesma base de dados), isto não acontece, pois o conteúdo brasileiro tem prioridade.

Universalização

Num cenário dominado por empresas globais, como o Google e o Yahoo!, o Katatudo, de Uberaba, traça uma estratégia de universalização. A empresa criou uma versão em inglês. "Até julho, vamos lançar mais quatro versões: em italiano, espanhol, russo e japonês", afirma Cardoso, do Katatudo.

Dez pessoas trabalham no site de busca mineiro, fundado por Cardoso e outros dois brasileiros. Parte do dinheiro usado vem dos serviços prestados pela empresa Minas Agência Digital, dos mesmos sócios. Eles criam e hospedam sites, entre outras atividades. Para se tornar conhecido, o Katatudo lançou um serviço de e-mail grátis, com capacidade ilimitada de armazenamento para usuários brasileiros.


09 maio, 2004

O erro médico no Código de Hamurabi

Dr. Márcio Candiani, psiquiatra de Belo Horizonte-MG, a propósito do Texto Completo do Código de Hamurabi, citado na Aula do Boni, enviou-me gentilmente o texto ASPECTOS DA RESPONSABILIDADE PENAL DO MÉDICO de Antonio Evaristo de Moraes Filho, cujo início transcrevo aqui:
"Ao longo dos séculos, a responsabilidade penal do médico, por atos praticados no exercício da profissão, recebeu os tratamentos mais variados, desde de um excessivo rigor como resposta ao fracasso em suas intervencões, até uma extremada benevolência, desembocando numa quase absoluta impunidade.
Pelo mais antigo estatuto penal conhecido, o Código de Hamurabi, os médicos não estavam sujeitos ao talião, sendo, neste ponto, mais felizes do que os arquitetos, que respondiam com a própria vida, nos casos de desabamento com vítimas fatais. Entretanto, a pena reservada aos profissionais da saúde se revestia de rigor: havendo a morte do paciente resultado de sua atuação, tinha as mãos decepadas (Asúa, "Tratado", t. IV, 1952, p. 681), pena que se destinava, na observação aguda de Moacir Scliar, "a evitar que um doutor desastrado repetisse o erro" ("A Paixão Transformada - História da Medicina na Literatura", 1996, p. 22). Ainda é de Scliar a informação de que as mãos eram cortadas se o paciente morto fosse um homem livre, pois se se tratasse de escravo, a sanção consistiria, tão só, em fornecer ao dono, um outro escravo em troca."

E hoje, como se lida com o erro médico?

Pras Cabeças na Galegria de Honra!

Alexandre Cruz Almeida, editor de LiberalLibertárioLibertino e do Guia de Blog, acaba de colocar Pras Cabeças em sua "galeria de honra"! Acredito que seja uma espécie de atestado de qualidade. Não é nada fácil, embora seja ótimo fazer Pras Cabeças: um exercício necessário.
Ah! o "galegria" aí do título foi um lapsus e, como tal, não se corrige, interpreta-se.

Celso Pitta x Paes de Barros

Fernando Massote, cientista político e colunista de Opinião no jornal mineiro Estado de Minas, faz um interessante comentário acerca da voz de prisão dada pelo Senador Paes de Barros ao ex-prefeito paulistano, Celso Pitta. Creio que o professor Massote foi bastante ousado em sustentar seu discurso nos fundamentos do Direito, sem se deixar seduzir pelo alvoroço e regozijo de uma certa mídia. Eis sua Opinião:
O estado e o cidadão
A atitude do senador Paes de Barros, presidente da CPI do Banestado, contra o ex-prefeito Celso Pitta, mereceu um oportuno destaque por parte da imprensa. Numa clara manifestação contra os direitos do réu que ali se apresentava para ser interrogado, o senador utilizou as prerrogativas de sua função para provocar abertamente o depoente. À reação de Pitta, inteiramente legítima, pronunciada em função defensiva e cobrando do senador o respeito a seu direito a ser tratado com isenção, Paes de Barros respondeu com uma atitude francamente autoritária, arbitrária, mandando prender o depoente por desacato à autoridade.
A atitude de Pitta, acatando, sem reagir, o flagrante abuso de autoridade por parte do presidente, atesta o quão grave é o desconhecimento dos direitos do cidadão. Depondo numa audiência pública da CPI, em meio a dezenas de testemunhas, o ex-prefeito poderia ter reagido à altura, dando voz de prisão ao senador por abuso de autoridade, arrolando três testemunhas entre os presentes e levando o fato ao conhecimento da autoridade competente que, na ocasião, era a própria polícia, ali presente. O senador fez certamente os seus cálculos – político- eleitorais –, antes de consultar, como consultou, a sua assessoria técnica, que, irresponsavelmente, respaldou a atitude intolerante. Não é de hoje, aliás, que as CPIs são acusadas de se tornarem instrumentos
de propaganda de políticos inescrupulosos, que subordinam o trabalho de averiguações essenciais que as comissões realizam aos seus mais mesquinhos interesses pessoais. A melhor prova disso está
numa proposta que o deputado José Mentor (PT-SP) fez ao senador no
sentido que fosse dada a Pitta a oportunidade de se retratar. Os integrantes da CPI não quiseram correr riscos de ver o caso se agravar ainda mais contra eles e respaldaram logo a atitude provocativa do presidente, rechaçando a sugestão do deputado.
O senador presenteou a si mesmo com todos os direitos e negou,
em contrapartida, ao réu, todos os seus. E esta é uma experiência muito corriqueira na vida do cidadão comum, freqüentemente às voltas com o autoritarismo policial que vem do passado, num lastro cultural infernal que é o mais triste e fatal legado das nossas tantas ditaduras. A legislação atesta este autoritarismo. No Código Penal, o cidadão que desacata está sujeito a uma pena de seis meses a dois anos, enquanto a autoridade que abusa de suas prerrogativas pode sofrer uma pena máxima de dez dias a seis meses! E verdade é que pode também sofrer a perda da função que exerce, mas, mesmo assim, fica evidente a diferença pela
qual o estado submete autoritariamente o cidadão no Brasil.

08 maio, 2004

Chuva poética

Embora indecisa entre sol e nuvem, a manhã deixou cair fina chuva de poesia. Ramiro Conceição compôs "Catassol".

07 maio, 2004

E por falar em poesia...

A descrição deste Blog, sob a forma de um poema de Fernando Pessoa, é um aperitivo do que você poderá encontrar bem aqui.
Afinal, a arte poética é a linguagem que expressa o inexprimível, o inenarrável, a "coisa" que está dentro da alma! Por isso, os poetas dizem que escrevem por necessidade, não por diletantismo. Os verdadeiros, claro. Há momentos em que somos invadidos por emoções tão fortes, desconhecidas, ou tão estranhas, que palavras corriqueiras se tornam pálidas e vazias. Não foi em vão que muitos adolescentes (talvez nós mesmos, um dia) tomamos papel e lápis para, timidamente, rabiscarmos um poema apaixonado. Titubeantes e gaguejantes, emendamos "amor" e "coração", rimamos "querida" com "amor de minha vida". Sim, por que não? Não é o estado da arte mas é a emergência de uma necessidade de dar sentido ao frêmito que descompassa o coração. Cedo descobrimos: rimas pobres, palavras soltas ou garimpadas nos dicionários não nos tornam Poetas. Então, recolhemos da estante um livro de Literatura para dele extrair alguma bela poesia que fale por nós. Muitas vezes, selecionamos uma música, pela melodia e pelos seus versos, seja um Renato Russo, Bob Dylan, Caetano... Ah! como gostaríamos de ser poetas, "para eles é tão fácil", ingenuamente pensamos. Há, também, os poetas das telas, dos teclados, do mármore, da máquinas fotográficas, dos graffiti, etc. Onde houver uma emoção indizível e um espírito criativo, aí pode germinar um poeta.
Tomar de empréstimo a Fernando Pessoa uma centelha de sua arte foi a alternativa que me restou para a epígrafe deste meu bloguinho.

Hamurabi: o texto completo!

Jorge Luís Gomes Fernandes disponibiliza, para quem quiser, o Texto Completo do Código de Hamurabi, citado na Aula do Boni.

06 maio, 2004

Maura dá aula!

Maura Mayrink, de Vitória-ES, nos ensina muito em seu comentário acerca do post Proibido para maiores:
"Os organizadores de eventos, desconhecem os princípios constitucionais como os que garantem a igualdade de todos perante a lei (artigo 5º) e promovem o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer formas de discriminação (artigo 3º, inciso XXX) da Lei 9.029/95 (que proíbe práticas discriminatórias). Eles deveriam ter observados os princípios que coíbem a discriminação. Pois a discriminação não deve ser tolerada. Se houve esta discriminação por idade um princípio constitucional foi violado e um princípio é muito mais do que uma norma, o princípio está acima da lei." (Maura Costa Mayrink)
Confira também a Aula do Boni

Cultura e Violência

Transcrevo o primeiro parágrafo do artigo "A luz não é para todos", de Martin Vasques:
"A cultura de uma civilização só pode ser analisada corretamente se for iluminada através da sua violência. Ambos os fenômenos são intrínsecos. Não há como negar o fato de que o ser humano é incapaz de controlar a violência interna que, por um desses paradoxos que ninguém explica, é a mesma que o faz construir suas casas, seus instrumentos de trabalho e também as suas manifestações artísticas. E é aqui que a poesia, com a linguagem simbólica que capta os movimentos contraditórios da vida do espírito, nos ajuda a ver, com um pouco de clareza, como se pode controlar a destruição que sustém a cultura humana, antes que entremos numa alucinante dança macabra."
Mobilizado pelas palavras do Vasques, penso:
Nem precisamos de "teoria" para sabermos disso, já que experimentamos insatisfações e frustrações o tempo todo. Vivemos incessantemente sobressaltados pelo temor às forças incontroláveis da natureza (tempestades, furacões, vulcões, maremotos, incêndios, raios, frio ou calor excessivos, etc...). Ainda sofremos com as imperfeições de nossa corpo, onde o adoecimento e a morte nos assombram. Atribulam-nos as violências praticadas por nossos semelhantes (assaltos, crimes, arrogâncias, etc.). Disso o velho Freud muito bem falou em seu livro "O mal estar na civilização" (boa literatura, acreditem).
A Psicanálise nos ensina o que não queremos saber: da impossibilidade de realização plena do desejo, cujo objeto ideal está "perdido para sempre". É exatamente a dor desta perda (denominada de "castração", por analogia ao desejo sexual) que possibilita o edifício simbólico da língua: colocar em palavras aquilo que não podemos ter concretamente. A linguagem, tendo a poesia como expressão mais sublime, é o meio de que dispomos para suportar o inenarrável.
Assim, diante da mãe que se afasta por motivos diversos, a criança chora e clama: "Mamãe!". A evocação, pela palavra, tem o poder de re(a)presentar o objeto-mãe, do qual a criança deverá aprender a se desligar, a se desfusionar. A mãe é o protótipo de todo objeto desejado que, cedo, a criança descobre não possuir totalmente.
Se imaginarmos a dor e a raiva que sentimos ao sofrer as primeiras perdas, compreenderemos que, sem a palavra, restaria ao ser humano apenas o "ato" violento, a agressão ao objeto amado (agora também odiado por nos abandonar) A ambivalência se instaura e é um longo aprendizado o caminho para o controle dos impulsos detrutivos, detonados desde o início. A pulsão é recalcada, mas continua inconscientemente exercendo sua força.
Pois bem, graças ao recalque destes impulsos, doravante "sublimados", tornamo-nos seres capazes de viver socialmente. Se Caim matou Abel, foi por não ter conseguido resolver "simbolicamente" seu ciúme, sua raiva, sua inveja, seu horror à suposta rejeição parental. Mais uma vez, voltemos aoFreud: que tal ler "Totem e Tabu"? (mais ótima literatura, acreditem).
O ato inaugural da cultura, para a Psicanálise, está neste dispositivo da "castração": -"Isso não é permitido! Isso não pode! Controle-se".
O que podemos esperar de uma civilização em que o exercício da autoridade está sendo colocado em cheque, os governantes titubeiam no exercício do controle de atividades ilícitas, já não se consegue diferenciar o certo e o errado, a polícia e o ladrão?

05 maio, 2004

Proibido para maiores

O Minas Tenis Clube (MTC) é um dos mais tradicionais clubes de lazer de Belo Horizonte-MG. Sua história remonta à bucólica "capital das Alterosas", cantada em prosa e verso pelo clima ameno das montanhas e por suas retilíneas alamedas arborizadas. As árvores, florescentes por quase o ano todo, exalavam perfumes inesquecíveis aos visitantes, principalmente aqueles que praticavam o footing noturno, seja na Praça da Liberdade, seja na Avenida Afonso Pena, onde flertavam as provincianas, porem charmosas, donzelas mineiras: os guapos rapazes, de paletó, gravata e chapeu, estacionados nas calçadas a admirar as moçoilas a desfilar, num vai-e-vem alvoroçado, despertando suspiros e inspirando poemas apressados.
O romancista e cronista Roberto Drummond (Hilda Furacão, Sangue de CocaCola, etc.) foi buscar sua mais famosa personagem, Hilda Furacão, entre as moçoilas do MTC... Pois foi este mesmo Clube, agorinha no mês de abril de 2004, que PROIBIU a venda de ingressos para o show da banda Dib Six a maiores de 59 (cinquenta e nove) anos! Alguns jornais publicaram a notícia que alvoroçou meio mundo, principalmente o das jovens senhoras com mais, muito mais, de 60 anos. Não que estivessem muito a fim de assistir a bandinha. Mas, e se quisessem? Não! Isso não! Estavam pro-i-bi-das! Nem mesmo acompanhadas dos respectivos maridos ou dos filhos menores de idade, nem que estes se responsabilizassem por elas! "Proibido vender ingressos a maiores de 59 anos" era o aviso aplicado na bilheteria.
Que mundo é este? "Que país é este?" diria o piauiense Francelino Pereira, ex-governador de MG, deputado pela ARENA, partido que apoiava a ditadura pós-64.
A discriminação e a segregação causaram constrangimento e revolta. O que significa isso? Você concorda com esta medida do MTC? Assim como proibiram pessoas acima de 59 anos, poderiam ter proibido pessoas de cabelos negros, ou louras, ou cidadãos de unha encravada... Quem tem este poder? Afinal, as pessoas podem ser descartadas? Hein? Hein? Dê sua opinião.

03 maio, 2004

Afinal, quem é trabalhador?

O amigo Fernando Gomes enviou-me as seguintes informações, que repasso a vocês.
A população brasileira é de 170 milhões de habitantes.
Como 62 milhões são aposentados, sobram 108 milhões para fazer o trabalho.
Há 29 milhões nas escolas (crianças e adolescentes), o que deixa 79 milhões para fazer o trabalho. Destes, 49 milhões trabalham para o Governo Federal, ou seja, deixam o trabalho para os restantes 30 milhões.
Sabendo que 2 milhões estão nas Forças Armadas e um total de 24,8 milhões estão nos Governos Estaduais e Municipais – todos dizem que eles não fazem nada - sobram 3,2 milhões de pessoas para fazer o trabalho.
Infelizmente, 1 milhão de brasileiros estão doentes, em casa ou nos hospitais restando apenas 2,2 milhões em condições de trabalhar.
E os 200.000 que estão nas prisões? Lá eles dormem, bebem e comem de graça, e sobram 2 milhões para fazer o trabalho.
Como há 1.999.998 pessoas desempregadas, adivinha quem sobrou prara trabalhar? VOCÊ E EU!
E como VOCÊ esta aí lendo.... sou o único que trabalha neste país!

02 maio, 2004

Seus comentários, on line!

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Liberal Libertário Libertino

Trata-se de um blog que venho "seguindo" há algum tempo, escrito por Alexandre Cruz Almeida, residente no Rio de Janeiro. Dos muitos blogs que conheço, resolvi colocar seu link na coluna ao lado. Basta clicar no botão "Compreensão não é tudo". Por razões que ainda vou comentar aqui, essa frase me é muito especial, por isso está aí. Não se trata de um endosso mas de uma forte recomendação. Descubra variados temas e se aventure.

01 maio, 2004

Os XI Mandamentos

Recebi um email com esta mensagem. Se é difícil praticar os bíblicos 10 mandamentos, imagine praticar estes 11:
I. Você acha um absurdo a corrupção da polícia?
Solução: NUNCA suborne nem aceite suborno!
II. Você acha um absurdo o roubo de carga, até mesmo com assassinatos dos motoristas?
Solução: PEÇA a nota fiscal em suas compras!
III. Você acha um absurdo a desordem causada pelos camelôs?
Solução: NÃO compre nada com eles! A maior parte de suas mercadorias são produtos roubados.
IV. Você acha um absurdo o poder dos marginais das favelas?
Solução: NÃO compre nem consuma drogas!
V. Você acha um absurdo o enriquecimento ilícito?
Solução: denuncie à Receita Federal aquele vizinho que enriquece repentinamente. Não o admire, repudie-o.
VI. Você acha um absurdo a quantidade de pedintes no sinal ou de flanelinhas nas ruas?
Solução: NUNCA dê nada. Ajude o próximo de outra maneira.
VII. Você acha um absurdo que qualquer chuva alague a cidade?
Solução: Só jogue o LIXO no LIXO.
VIII. Você acha um absurdo haver cambistas para shows e espetáculos?
Solução: NÃO compre deles, nem que não assista ao evento.
XIX. Você acha um absurdo o trânsito da sua cidade?
Solução: NUNCA feche o cruzamento.
X. Você acha um absurdo o poder econômico e militar dos Estados Unidos da América?
Solução: Prestigie a indústria brasileira !
XI. Você está indignado com o desempenho de seus representantes na política?
Solução: Nunca mais vote neles e espalhe aos seus amigos seu desalento e o nome dos eleitos que o decepcionam.