31 março, 2005

Ha! ha! ha! ha! ha!

Um criminoso, levado à forca numa segunda-feira, comentou:

- ‘Bem, a semana está começando otimamente’.

Esta anedota é contada por Freud, em 1927, num delicioso artigo intitulado: O Humor.

Para ele, o humor tem algo de liberador e de grandeza: Essa grandeza reside claramente no triunfo do narcisismo, na afirmação vitoriosa da invulnerabilidade do Eu. Ou seja: fazendo pilhéria quando se depara com um motivo para sofrer, o humorista em causa própria alivia a tensão e o sofrimento, rebelando-se contra a dura realidade. Freud afirma: “O humor é rebelde”. Rebelde contra quê? Contra a própria fraqueza, contra a infelicidade que advém da própria experiência de estar no mundo, derivado de três fontes (segundo Freud):

a) de nosso próprio corpo, condenado à decadência e à dissolução, e que nem mesmo pode dispensar o sofrimento e a ansiedade como sinais de advertência, na forma de sintomas físicos ou psicológicos;

b) do mundo externo, que pode voltar-se contra nós com forças de destruição esmagadoras e impiedosas, tais como os terremotos, as enchentes, os incêndios, os tsunami, etc;

c) finalmente, de nossos relacionamentos com as outras pessoas: O sofrimento que provém dos desencontros afetivos, amorosos, rejeições, abandonos, dúvidas acerca do reconhecimento e do amor do outro; tudo isso talvez nos seja mais penoso do que qualquer outro.

Falando assim, parece que a vida é só desgraça. Não, não é mesmo. Ousaria dizer: “A felicidade até existe”.

Não dá pra ficar filosofando sobre o que é a felicidade, mas só experimentamos este sentimento quando somos arrebatados por vivências de alívio de grandes tensões: um desejo que demora a se realizar, a saúde que retorna após uma doença, uma conquista arduamente conquistada, um relacionamento afetivo concretizado após incertezas e tentativas...

Por outro lado, o prazer corriqueiro, cotidiano, duradouro e garantido, este nos causa apenas contentamento e bem-estar e só se transforma em felicidade quando, após perdê-lo, o reconquistamos. Aí, dizemos:
- Era feliz e não sabia!

Pois bem, diante de uma situação que nos leva ao sofrimento, ao mau humor, à queixa, ao horror e, até mesmo, ao desespero, não deixa de ser uma grande economia de energia, para nós mesmos e para quem convive conosco a utilização da piada, do chiste, da brincadeira, do bom humor.

Voltemos, com Freud, ao exemplo do condenado à forca: Suponhamos que o criminoso levado para execução na segunda-feira dissesse:
- ‘Isso não me preocupa. Que importância tem, afinal de contas, que um sujeito como eu seja enforcado? O mundo não vai acabar por causa disso’.

Teríamos de admitir que um discurso desse tipo apresenta de fato a mesma magnífica superioridade sobre a situação real. É sábio e verdadeiro, mas não revela traço de humor. Na verdade, baseia-se numa avaliação da realidade que vai diretamente contra a avaliação feita pelo humor.
O humor não é resignado, mas rebelde. Significa não apenas o triunfo do Eu, mas também o do princípio do prazer, que pode aqui afirmar-se contra a crueldade das circunstâncias reais.

Tais reflexões me ocorreram ao ler este artigo da Revista Encontro do mês de março, cujo título já é uma piada: HÁ, HÁ, HÁ, HÁ, HÁ.
...Para continuar do clima do bom humor, não deixe de ler o post de hoje do Soié:
  • Pega o ladrão
  • Fantástico mundo de imagens

    Uma dica prá quem gosta de imagens: a Biblioteca Pública de Nova York (NYPL) acaba de disponibilizar, gratuitamente, o acesso a mais de 275.000 imagens, via internet:
    NYPL Digital Gallery provides access to over 275,000 images digitized from primary sources and printed rarities in the collections of The New York Public Library, including illuminated manuscripts, historical maps, vintage posters, rare prints and photographs, illustrated books, printed ephemera, and more.
    Trata-se de um acervo interessantíssimo, histórico, de pinturas, capas de discos e livros, fotos de ciência e tecnologia, de arquitetura e mapas, etc.
    Já visitei o site e me deliciei com tantas imagens raras, curiosas, belas, inspiradoras. O visitante pode selecionar a área de seu interesse e navegar pela iconografia exuberante. Bom proveito.

    30 março, 2005

    P.I.Q.

    P.I.Q., ou PIQ, é o padrão ouro de qualidade na blogosfera. Se você fizer um blog com conteúdo, inteligência, humor, delicadeza e assertividade, respeitando as diferenças sem deixar de exercitar sua própria liberdade de opinar, então você tem um blog PIQ.
    Quer ter o seu PIQ? Então leia e pratique o Decálogo dos Direitos do Blogueiro na nova página do Idelber Avelar: O Biscoito Fino e a Massa! Idelber inaugura hoje o seu pontoCom, simples, direto, fácil, objetivo e com conteúdo. Por enquanto, é o único blog com PIQ. Ah! PIQ é, simplesmente, o PADRÃO IDELBER DE QUALIDADE!

    26 março, 2005

    Beleza pura


    Colégio do Caraça, originally uploaded by clcosta.
    Estive hoje no antigo Colégio do Caraça, fundado em 1774. Compartilho esta foto com vocês porque, para mim, ficou simplesmente espetacular! Até às 16h, o tempo estava chuvoso, com as serras encobertas pela neblina. De repente, o céu se abriu e o sol, caminhando para o poente, derramou uma luminosidade intensa, realçando a brancura das paredes do velho colégio. A torre da primeira igreja neo-gótica do Brasil, qual flecha rumo ao céu, divide os dois conjuntos de estilo colonial. Em primeiro plano, uma rocha, coberta de lí­quens, contrasta com a suavidade das núvens que se derramam sobre o maciço rochoso no horizonte. Ainda estou babando com tanta beleza!
    (Prá falar a verdade, queria postar mais e mais fotos, principalmente das flores: camélia, lírio - flamejante! - e de uma singela flor silvestre... Vejam na coluna da esquerda. Ninguém nunca comentou nada das fotos que deixo ali... sniff....)

    NEURAS...

    Certo dia de 1895, em Viena, caminhavam juntos a conversar o Dr. Breur e o jovem médico Sigmund Freud. Herr Professor, quinze anos mais velho, era um dos melhores clínicos de Viena, pois "escutava" seus pacientes, para além das queixas físicas. Interrompe-os um senhor bem vestido e solicita ao Dr. Breuer um minutinho de atenção. Freud se afasta respeitosamente, intuindo tratar-se de algum cliente. Este se despede logo. Ao retomarem a caminhada. Freud, entretanto, não se contém:

    - Era algum paciente?
    - Não ele, mas a esposa. Como sabemos - falou o Dr. Breuer em tom jocoso - em toda neurose, os problemas começam no leito conjugal.

    Vinte anos depois, Freud relata:
    - Se o Dr. Breuer tivesse levado a sério aquela pequena anedota, seria ele o criador da Psicanálise, não eu.

    25 março, 2005

    Alguém se interessa?


    Ponto de encontro semanal dos fotologgers de Belo Horizonte-MG, o Café Tina, da Savassi, vai abrigar, a partir de sábado, a I MOSTRA MINEIRA DE FOTOLOGGERS, com a participação de 54 expositores do Brasil e do exterior.

    24 março, 2005

    SEMANA SANTA EM VIENA

    - "Estima-se que mais de 70 mil pessoas sairão de Belo Horizonte pelo terminal rodoviário, hoje. As estradas que deixam a cidade em direção ao interior e ao litoral - Rio, Cabo Frio e Guarapari - estão com trânsito lento."
    Acabo de escutar a repórter da TV e penso comigo:
    - Apesar da neve e do frio, aqui em Viena está tudo tranqüilo...
    Desembarquei hoje em Viena, onde me esperava um fiacre [ s.m. etim fr. fiacre (1650) 'veículo de aluguel, puxado por cavalo e conduzido por cocheiro, que se contrata por corrida ou por hora' ] bem conservado, que me deixou na Bäckerstrass 7, a tempo de vislumbrar Sig e Breuer sendo recebidos pela Sra. Mathilde. Breuer não tirava Lou Salomé da cabeça, por isso se mostrou tão indiferente com a esposa.
    Não se deram pela minha presença, pois eu acabara de chegar à página 48 de Quando Nietzsche Chorou, guiado por Irvin Yalom.



    É o livro que estou lendo agora, do qual já ouvira falar, sempre com recomendações enfáticas. Estou ainda bem no início de um romance que parece ser muito interessante: uma ficção sobre o tratamento (jamais acontecido) a que se submetera um desesperado Nietzsche com o Dr. Breuer, em Viena, mais ou menos em 1880. Freud é um dos personagens convocados pelo autor para dar verossimilhança ao que se pode chamar de "romance de idéias" acerca do nascimento da psicanálise.
    Mas a figura mais interessante, até agora, é Lou Andreas Salomé, cuja biografia intitulada Lou: minha irmã, minha esposa (H.F.Peters) é imperdível. A edição que tenho é da Zahar(1986), que eu já havia lido há tempos. Marcou-me muito, pois Lou foi uma mulher "avançada para a época", para dizer o mínimo: independente, ousada, inteligente, bonita. Envolveu-se com figuras proeminentes no meio intelectual: Freud, Breuer, Nietzsche Paul Rée...


    Enquanto o trânsito engarrafa nas BRs do Brasil, aqui em Viena, por ora, faz frio e a neve umedece até a alma. Mas estou bem aconchegado: Ana Letícia faz ovos de Páscoa para o namorado. Amélia prepara brownies. Os rapazes se mandaram com as namoradas.
    Ah! deveria haver pelo menos uma "semana santa" a cada dois meses!

    Maravilhas do capitalismo selvagem

    Passo adiante, contrariando a "política" do Pras Cabeças, e sem fazer as contas, uma mensagem que recebi. Si non é vero...

    COMO FUNCIONA UM BANCO
     Se você, correntista, no dia 1º de julho de 1994 (data de lançamento do real) tivesse depositado R$ 100,00 (cem reais) na sua conta poupança e não tivesse efetuado nenhum resgate, seu saldo, hoje, seria a fantástica quantia de R$ 374,00 (trezentos  e  setenta e quatro reais)!
    Se, naquela mesma data, você estivesse com o saldo negativo de R$ 100,00 (cem reais) em sua conta, utilizando-se do cheque especial, teria hoje uma dívida de R$ 139.259,00 (cento e trinta e nove mil e duzentos e cinqüenta e nove reais). Ou seja: com os juros sobre os R$ 100,00 do cheque especial, você estaria devendo 9 carros populares, e com o rendimento da poupança,conseguiria comprar apenas 4 pneus.

    Quanto a mim, nem devo os 139 mil, nem tenho os míseros 374 reais. Não sou dono de banco. Estou mais ou menos como o José, do Carlos Drummond de Andrade: "sem teogonia / sem parede nua para se encostar".

    23 março, 2005

    ENCONTRO DE BLOGUEIROS

    Mais uma do Idelber: no post de hoje, ele propõe um encontro de blogueiros! Beleza de idéia. Luninosa, mesmo.
    Como seria este encontro? Qual sua amplitude, finalidade, meios de financiamento, etc.? Tudo isso o mestre Idelber já questionou e espera sugestões:
    No caso de haver encontro, podemos fazer desde uma pequena reunião até um balacobaco coberto pela imprensa grande e alternativa, por que não?. No mínimo, pode ser um espaço para discutir questões que nos afetam a todos, blogueiros e usuários da internet em geral. Entre os leitores que estão mexendo com blogs há mais tempo que eu, alguém sabe se já se fez algo assim no Brasil? Quem faria uma viagem de carro, ônibus ou avião para participar de um encontro de blogueiros sem temer haver enlouquecido completamente?
    Minha cabeça fermentou, pipocou, queimou serotonina, dopamina, cerebrosídeos, norepinefrina, alguns neurônios restantes e, antes que exploda, vai aqui minha sugestão:
    1. local: Serra do Caraça, no Colégio do mesmo nome.
    2. justificativas:
    a) no "centro" do Brasil, equidistante de Rio, São Paulo, Vitória, Goiânia. Mais próximo de Brasília e de todo o norte-nordeste e nem tão distante do sul maravilha; localiza-se na já famosa Estrada Real.
    b) fica a apenas 120km de BH, em rodovia asfaltada. Pode-se fazer uma viagem típica: de trem-de-ferro, da CVRD, até a cidade próxima ao Caraça (Barão de Cocais). É imperdível, típica, instrutiva e gostosa.
    c) atrações locais: cultura e ecologia. O Caraça é um dos mais antigos colégios do Brasil, com uma biblioteca que contém livros raríssimos, inclusive incunábulos (perguntem ao Idelber o que é isso). Passeios em cachoeiras, florestas, montanhas.
    Veja um exemplo de roteiro turístico ao Caraça, bem aqui.
    d) hospedagem incrivelmente barata, em torno de 100 reais a diária, incluindo café, almoço, jantar e um chá com pipoca, à noitinha, dando comida aos lobos.
    e) degustação do "vinho do Caraça", este ano fabricado com nossas uvas (é verdade, confira aqui);
    f) existe um convênio com uma faculdade de turismo de Belo Horizonte (Newton de Paiva), que poderíamos contactar e viabilizar algum suporte;
    g) repercussão na mídia, com certeza.
    Se fosse enumerar as vantagens (contaminadas pelo meu amor ao local), este post não teria fim...



    Se quiserem deixar sugestões aqui na caixa de comentários, repasso-as ao Idelber. Ou então, falem direto no Biscoito Fino e a Massa.

    21 março, 2005

    EDUCAR É DESILUDIR

    O Idelber Avelar é um dos mais lúcidos blogueiros que conheço. O cara é professor universitário em Tulane, nos EEUU há anos. Fala - e bem - de literatura, política, música, cultura em geral e... Clube Atlético Mineiro! Seu Biscoito Fino e a Massa é um dos blogs mais visitados, antes mesmo de completar 1 ano. Ou seja, se você não o conhece, saiba que está perdendo.
    Desde o dia 18 passado, há menos de uma semana, começou uma enquete acerca da hipótese de considerarmos a opção de voto nulo, nas eleições de 2006. Tá dando pano prá manga! Eis as reflexões iniciais do Idelber:
    1) o voto nulo, como movimento organizado da sociedade civil, pode ser uma forma legítima para que o eleitorado expresse seu descontentamento com a progressiva desaparição de toda a diferença entre os projetos políticos colocados na mesa;

    2) o atual governo completa 27 meses não tendo melhorado nem um único
    mísero índice social, tendo aplicado a mesmíssima receita ortodoxa, monetarista e concentradora de renda do governo anterior e utilizado todos os seus métodos mais fisiológicos, inclusive com extensa evidência de acobertamento de crimes;

    3) o Partido do Trabalhadores chega ao cabo de um processo de liquidação completa de sua democracia interna;

    4) o quadro partidário brasileiro mostra a consolidação de dois blocos (PT junto com PL, PP, PC do B e PTB, do outro lado PSDB junto com PFL e PDT, com migalhas do PMDB caindo dos dois lados) absolutamente idênticos em sua política econômica, prática política e pautas (não)éticas;

    Considerando tudo isso, não espanta que vários setores da sociedade civil e da blogosfera, incluindo o Biscoito Fino e a Massa, estejamos considerando participar de uma campanha cívica pelo voto nulo de protesto em 2006, não só para presidente como para os cargos legislativos também.

    Não me cobrem, por favor, que eu saiba de antemão o que se conseguiria com uma acachapante, escandalosa porcentagem de votos nulos em 2006. Não sei. Mas uma multidão votando nulo de forma organizada pode produzir algum movimento.

    Caso você seja contra, por favor poupe-me do cliché de que é importante votar em Lula para que a “direita” não volte ao poder. A direita está no poder. Se for criticar a iniciativa, eu sou todo ouvidos (ainda estou tomando minha decisão), mas apresente um argumento mais inteligente.
    Eu confesso que morro de curiosidade: Você está também considerando a possibilidade de anular seu voto em protesto? Você participaria de uma campanha pelo voto nulo? Seria receptivo a ela?

    Trata-se de uma questão muito importante.
    Todos somos educados, desde a infância, a acreditar na força do voto para o exercício da democracia e que cabe aos políticos garantir e proporcionar condições de vida mais igualitárias para o cidadão. Pensar em voto nulo é quase uma heresia - na verdade, o Idelber não propõe o voto nulo, apenas traz à baila essa possibilidade, como protesto contra a continuidade da política neo-liberal pelo governo Lula. Idelber afirma:

    Mas não acho que a decepção seja uma questão de “falhas” ou “falta de coragem” ou “de vontade” do governo (...) Para este blogueiro houve traição profunda.
    Já andei dando meus pitacos na caixa de comentários do Biscoito Fino, assim como têm feito outras pessoas muito mais importantes do que este pobre escriba: Por exemplo, o Rafael Galvão, cujo post "Sobre o voto nulo" merece ser lido.
    H
    No post de hoje, Idelber apresenta uma palavra importante: desencanto. Desencanto = perder o encanto.
    O que é "encanto"?
    Entre as 4 acepções propostas pelo indefectível Houaiss, escolho duas nas quais destaco a segunda:
    a) quem ou o que agrada, atrai, deslumbra por suas qualidades (p.ex., beleza, inteligência, simpatia);
    b) palavra, frase ou qualquer outro recurso que supostamente possui poderes mágicos de enfeitiçar; encantamento .
    Tá na hora de deixarmos de acreditar em mágica, em encantos, na política.
    Lembro-me da definição para "educação", feita pelo inglês Winnicott: educar é desiludir.
    Que bom que o povo se desiluda, se desencante e passe a engajar-se mais nas discussões e ATUAÇÕES pela melhoria da vida. Iludir-se com políticos e encantar-se com suas pirotecnias? Não!
    Há muitas AÇÕES que poderiam ser adotadas pela população (ou seja, por nós mesmos) no sentido de cobrar mais, agir mais, nos organizarmos melhor, etc. Inclusive, esta discussão proposta pelo Idelber, que está trazendo à consciência de todos que é preciso nos envolvermos mais e mais nas questões políticas, ao invés de ficarmos alienados, encantados e seduzidos por discursos demagógicos (deste e de todos os governos e de quase todos os políticos. Ou de todos?
    Apesar do "desencanto" de muitos com o governo Lula, com a política econômica e fiscal draconiana (tudo vale para controlar a inflação e "acalmar" o mercado - leia-se: os detentores de riqueza), a última pesquisa do Instituto Sensus, feita em fevereiro/05, aponta Lula como vencedor das eleições presidenciais em 2006, por ampla maioria, em tcinco cenários diferentes apresentados ao entrevistado:

    PRESIDENTE 2006 – 1º Turno

    LISTA 1

    FEV 05

    %

    Lula

    46,5

    Anthony Garotinho

    14,3

    Aécio Neves

    11,1

    César Maia

    6,6

    Outros

    ,5

    Indecisos/Branco/Nulo

    21,2

    Total

    100,0

    PRESIDENTE 2006 – 1º Turno

    LISTA 2

    FEV 05

    %

    Lula

    45,2

    Anthony Garotinho

    14,3

    Geraldo Alckmin

    12,9

    César Maia

    6,4

    Outros

    ,7

    Indecisos/Branco/Nulo

    20,7

    Total

    100,0

    PRESIDENTE 2006 – 1º Turno

    LISTA 3

    FEV 05

    %

    Lula

    45,4

    Anthony Garotinho

    15,9

    Tasso Jereissati

    8,2

    César Maia

    7,3

    Outros

    ,9

    Indecisos/Branco/Nulo

    22,5

    Total

    100,0

    PRESIDENTE 2006 – 1º Turno

    LISTA 4

    FEV 05

    %

    Lula

    44,4

    José Serra

    18,3

    Anthony Garotinho

    12,4

    César Maia

    5,4

    Outros

    ,8

    Indecisos/Branco/Nulo

    18,9

    Total

    100,0

    PRESIDENTE 2006 – 1º Turno

    LISTA 5

    FEV 05

    %

    Lula

    45,4

    Anthony Garotinho

    13,8

    Fernando Henrique

    13,2

    César Maia

    7,0

    Outros

    ,6

    Indecisos/Branco/Nulo

    20,2

    Total

    100,0

    Será que o voto nulo impediria a reeleição de Lula? Quem e o que faria outro político eleito no lugar de Lula e, por suposto, de outro partido diferente do PT? O PT ainda é o PT? Será que o povo (nós, o povo) ainda temos esperança de que, num segundo mandato, Lula e seu governo cumpram as promessas de campanha?
    A mobilização pelo voto nulo teria o poder de sensibilizar o atual governo e os políticos em geral? São perguntas para as quais não tenho resposta.

    Mas ainda considero, talvez iludido e encantado, a importância do voto.
    O nível da discussão está excelente e respeitoso. E você? O que acha?

    20 março, 2005

    PAPO ABERTO

    O post sobre Psicodrama rendeu muitos comentários e algumas questões. Então vamos esticar o papo:

    1. Os manos Clóvis e Sheila, que coordenam o Vida em Cena, disseram que sua troupe está a pleno vapor e que, brevemente, divulgarão em evento aberto ao público. Darei a notícia, aqui. Já o mano Ismael José, lá de Vitória-ES, filosofa: Viver é representar vários papeis.


    A vida tem dessas coisas, temos que parar para nos encontrar.


    não pra fazer bonito para os outros e sim por mim mesma. É isso aí, nem no Psicodrama se deve fazer bonito para os outros. Ser o que se é, eis a questão. Acontece que, quase sempre, não sabemos o que somos, pois não sabemos o que queremos. Afrodite, lembra-se do Desejar não é querer ?


    4. Márcio Candiani, psiquiatra e atleticano, publica um blog no qual descreve seu trabalho no Centro de Convivência Carlos Prates. Tem fotos dos trabalhos manuais feitos pelos pacientes. Confira.


    5. Ismael Cirilo, já famoso na blogosfera, publica seus “causos” originalíssimos vividos ao longo de seus 81 anos no Ontem e Hoje e deixou um recadinho simpático. Como sempre, elogiando o filho. Divirta-se com o último post: E a maré subindo! Subindo... Já sua neta, Ana Letícia, co-produtora do Mineiras, Uai!, já participou de algumas apresentações do Vida em Cena e reforça o belo trabalho do grupo. Seu último post, sobre CIÚMES no Orkut está muito interessante.


    6. O Alexandre Inagaki, agradece a etiologia da palavra “papel” para designar o desempenho dos atores numa peça teatral. Sobre a vida e suas vicissitudes, acaba de produzir um post relevante. Não deixe de ler.


    7. Alline disse que gostou do post. Tânia, do Ser somente mulher, também. Esta última acaba de replicar um texto do Jabor, que termina bem no espírito do Psicodrama: "A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios. Por isso cante, chore, dance e viva intensamente antes que a cortina se feche". É isso aí.



    11. Mônica, dona do confessional Monicômio, disse: Ter espontaneidade é uma coisa difícil, por questão de ferrugem, medo... Seu post de hoje está ótimo: “Sexismo é coisa chata”.


    Muito interessante o post, Cláudio. Pensei numa questão. Erving Goffman, autor de "A representação do eu na vida cotidiana (The Presentation of Self in Everyday Life)", fala de "atuações" "cínicas" e "sinceras". Ou seja, posso ser "cínico" e manipular o significado de alguns elementos da minha atuação para provocar certos resultados na "platéia". Esse tipo de coisa estaria presente no psicodrama? Dá pra perceber e analisar quando alguém está tentando "manipular a situação"?


    13. Reginaldo Siqueira, do polivalente Singrando, pergunta: Um terapeuta (ou psicólogo) trabalha em particular o resultado ao fim da apresentação? Geralmente, não. Se se trata de uma sessão “psicoterápica em grupo”, tudo é dito no grupo, durante a sessão. Faz parte do contrato. Numa apresentação do playback theatre, especialidade do Vida em Cena, aí, sim, dependendo do que foi abordado pelo espectador. Neste caso, porém, não se trata de psicoterapia!


    14. E a Bete, do feminino Believe in Life, pontua: as pessoas adoram representar papéis. Por isso mesmo o Psicodrama é uma técnica muito utilizada. Ao “representar”, as máscaras se desmancham e o sujeito é surpreendido pelo ato impensado!


    15. Tex Murphy, nome de pistoleiro do velho oeste que luta Por uma Vida Menos Ordinária, pergunta: a pessoa que se expõe em uma sessão de Psicodrama costumam aceitar numa boa a visão das demais sobre o seu problema? Pode até não gostar, mas não é pra isso mesmo que está ali?


    16. E o Ricardo Brazooca concorda que realmente é difícil não perder a espontaneidade na vida. Por isso mesmo o Psicodrama existe. Seu criador, o Moreno tem uma frase espetacular: “Deus é espontaneidade, daí seu mandamento: SÊ ESPONTÂNEO!”


    Bom Domingo!


    16 março, 2005

    ACALME-SE!

    Muitas pessoas procuram o psiquiatra ou o psicoterapeuta com queixas de ansiedade acompanhada de sensações corporais desconfortáveis (desde falta-de-ar a "iminência de morte"). Em alguns casos, o diagnóstico se impõe: trata-se da famosa "síndrome do pânico" - de tão falada, virou moda e, para alguns, caiu no descrédito. Seus portadores, às vezes, são vistos com desdém. Para os reais sofredores, no entanto, há tratamentos específicos, nos quais a medicação se inclui.
    Minha prática demonstrou que alguns esclarecimentos ajudam bastante. Ocasionalmente até dispensam o uso de drogas.
    Eis a transcrição de um texto que costumo dar aos que considero capazes de bem aproveitar as instruções nele contidas:

    1 - A "ansiedade paroxística aguda", também chamada “síndrome do Pânico”, é uma entidade clínica que consiste em crises agudas de ansiedade. Tem inúmeros sintomas, sendo esses os principais:
    a) taquicardia
    b) sudorese
    c) falta de ar
    d) formigamento das extremidades, câimbras
    e) sensação grande de desconforto
    f) sensação de morte iminente
    g) dores abdominais
    h) vista escura
    i) medos
    j) dificuldade em permanecer no local
    k) desorientação (raro)
    l) perda da conexão com a realidade (raro)

    2 - o início dos sintomas geralmente é abrupto: de repente a pessoa é tomada pela ansiedade, sem um fator causal determinado. As crises ocorrem com freqüência, costumando chegar a várias vezes por semana! Por isso,o quadro pode ser incapacitante para o trabalho ou para a vida social.
    3 - há crises que se desencadeiam em lugares públicos, com muita gente (restaurante, supermercado, praça pública): é o "transtorno de pânico com agorafobia"; as pessoas passam a evitar estes lugares, por causa do medo de ter medo!
    4 - Para se enfrentar a "síndrome do pânico" é necessário que se tenha conhecimento dos processos fisiológicos da ansiedade e se tomem medidas práticas, como a seguir:
    5 - Como se desencadeiam as sensações fisiológicas da ansiedade?
    A partir do momento em que a crise é deflagrada, há uma ativação do sistema nervoso autônomo (simpático), ou seja, a pessoa começa a respirar mais rápido e menos profundamente (hiper-ventilação e hiper-respiração). Como conseqüência, diminui o nível de oxigênio no organismo, especialmente no cérebro, provocando uma sensação aguda de falta-de-ar (dispnéia). Os vasos sanguíneos periféricos se contraem, pois se desencadeia a reação de "luta e fuga", própria dos seres vivos, diante de qualquer ameaça (descarga de adrenalina). As mãos esfriam. O indivíduo fica pálido, com a boca seca, a garganta constricta. A baixa oxigenação (hipóxia) leva o coração a bater mais depressa (taquicardia) a fim de compensar a falta de oxigênio e prover o organismo do calor necessário à musculatura. Tanto a hiperventilação quanto a hiperventilação e a taquicardia, a temperatura corporal se altera, ocasionando suor frio e abundante (sudorese). Cria-se um círculo vicioso em que, cada vez mais, os sintomas se agravam, a sensação de falta de ar aumenta, o coração bate muito depressa, a sudorese aumenta e a pessoa tem a sensação de que vai morrer. Muitas pessoas buscam ajuda em pronto-socorro, pensando que estão tendo um enfarto. Um cliente meu relatou que foi parar 6 vezes no Sócor, nas últimas semanas. Chegou a ir para o CTI, onde os cardiologistas nada constataram de anormal. São apenas reações fisiológicas que, NÃO MATAM e constumam cessar rapidamente (entre 01 e 03 minutos)!
    6 - Exercícios para controle da ansiedade aguda::
    Bernard Rangé,terapeuta comportamental, propõe uma palavra chave: ACALME-SE. Ele fez um acróstico: A.C.A.L.M.E.S.E, que designa os 8 passos para controlar a crise:
    1. Aceite sua ansiedade: trata-se de uma reação ao estresse, que não mata!
    2. Contemple o mundo exterior: distraia-se, preste atenção a outra coisa fora de você, leia, cuide de uma planta, conte "ladrilhos", etc...
    3. Aja com a ansiedade, não deixe de fazer o que tem a fazer.
    4. Libere o ar de seus pulmões: respire calma e profundamente, para que você tenha bastante oxigênio, seu coração bata mais lentamente, as sensações fisiológicas de calor, sudorese, falta-de-ar, formigamento, tonteira, etc., passem aos poucos. Em geral, uma série de 16 (dezesseis) sequências de inspiração-expiração bem profundas e lentas são suficientes para, em 01 minuto, debelar a sensação de desconforto e o medo de morrer.
    5. Mantenha os passos anteriores: consciência de si, controle da respiração...
    6. Examine bem o conteúdo de seus pensamentos catastróficos: que prova você tem de que tudo de ruim e trágico vai mesmo acontecer? Você não está exagerando o mal-estar? Você tem consciência de como está, neste momento, sua respiração? (Quanto mais angustiada uma pessoa, mais insuficiente a respiração. Aqui, vale o inverso: Quanto pior a sua respiração, pior a sensação física de desconforto, medo, etc...). Reconheça sua capacidade de se auto-controlar.
    7. Sorria, você está conseguindo!!! Até já conseguiu!
    8. Espere o melhor: na medida em que você se exercitar dessa forma, as crises serão menos ameaçadoras. Com a ajuda do seu médico/terapeuta, as crises vão sendo controladas. Se for necessário, o médico lhe receitará algum medicamento.
    Portanto: A C A L M E - S E !
    [Apesar de parecer orientações simplórias e puramente sugestivas, há fundamentos fisiológicos para o papel da respiração no equilíbrio do organismo. Na angústia, está comprovado que a respiração se torna superficial. Aliás, a palavra angústia vem do latim ( ángor = aperto, constrição )]
    Se você conhece alguém com os sintomas descritos acima, passe-lhe o texto. Ah! não custa dizer - e não é brincadeira: ao persistirem os sintomas, corra para o médico!!!

    14 março, 2005

    A VIDA EM CENA

    A arte de bem viver está na proporção direta da capacidade de desempenharmos bem os diversos papéis que a vida nos exige.
    Que é isso, representar papéis?
    A palavra
    “papel” tem sua origem no antigo teatro, quando os atores decoravam o texto que vinha escrito em pergaminhos, enrolados em bastões. Enquanto atuavam no palco, um leitor ia desenrolando o rolo do texto e “assoprava” as falas aos atores, como hoje se faz com o que se chama “ponto”. Este “rolo”, em francês, se diz “rôle”; em inglês, “role”, donde a expressão: to play a role = desempenhar um papel, atuar.
    Tanto no palco quanto na vida real, a qualidade está na espontaneidade. Acontece que, ao longo da vida, seja pelo processo educacional seja pela repressão social a que somos submetidos, seja pelas neuroses pessoais, vamos reduzindo a nossa capacidade de ser espontâneos. Incorporamos certos padrões de comportamento, cristalizando reações e modelos de funcionamento que acabam não sendo adequadas para as complexas exigências da vida. A rigidez de posições – o inverso da espontaneidade – dificulta ou impede o bom relacionamento interpessoal e nos faz sofrer. A nós e a quem nos cerca.
    Para lidar com este tão funesto destino, uma das técnicas que utilizo, em meu trabalho como psicoterapeuta é o Psicodrama.
    Psicodrama é uma técnica psicoterápica que tem raízes no teatro, na psicologia e na sociologia. Em termos teóricos, sua constituição se deu a partir da prática, na medida em que JACÓ LEVY MORENO (1892-1974) e seus seguidores intentaram formalizar.
    O ponto básico do Psicodrama é a "dramatização" ou "representação":
    A representação se faz com vários atores, daí o Psicodrama se caracterizar
    como uma técnica grupal, onde não mais é o indivíduo isolado que dramatiza, mas um grupo que expressa suas inter-relações.
    Uma sessão de Psicodrama obedece, basicamente, ao seguinte plano:

    • aquecimento: momento de fusão grupal, o warming up se constitui como a situação propiciadora para surgimento de um tema e da construção de um enredo sobre o qual se improvisará a representação;
    • representação: é o momento mais importante da sessão, uma vez que a improvisação colocará o "ator" diante de sua própria "produção": falas, gestos, atitudes, indecisões, atos falhos (que, sob o enfoque psicanalítico, são manifestações do inconsciente), etc;
    • comentários: na "volta-ao-grupo", os participantes e o terapeuta tecem considerações sobre o vivido. Cada participante tem a oportunidade de se expressar como se sentiu, como percebeu os colegas, que tipo de percepção nova obteve. Eventualmente, o terapeuta agrega algum comentário sobre o acontecido.

    Há variedade quanto às formas de se desenrolar cada uma destas etapas. O importante é permitir o afloramento do Inconsciente e que os atores (protagonistas e antagonistas) se deixem levar pela espontaneidade e possam se deparar com a reconstrução simbólica possível (re-significação): o sujeito, ao nos propor um tema, nos propõe uma metáfora e uma pergunta "- Quem sou eu, sob a pele deste personagem? Quem emerge? Que quero eu?".
    Na sua relação com o outro, o ator se depara com a farsa e o disfarce proporcionados pela rigidez de posturas, pelas condutas habituais na vida pessoal, familiar e profissional.
    Em Belo Horizonte, há um grupo que trabalha com uma modalidade interessante de Psicodrama. Chama-se VIDA EM CENA. Utilizam o playback theatre, que é uma técnica especial: consiste em solicitar aos participantes de uma platéia que narrem histórias pessoais vividas. A seguir, o próprio grupo de atores improvisa um pequeno sketch, uma pequena dramatização, na qual realçam certos temas e sentimentos percebidos na narrativa.
    É uma prática lúdica, interativa, desencadeia emoções e proporciona insights interessantes tanto ao protagonista – criador da história – quanto à platéia. Aplica-se como técnica de dinâmica de grupos em empresas, universidades, equipes de trabalho, etc.

    13 março, 2005

    Promessa


    Promessa, originally uploaded by clcosta.

    Os pequenos cachos de uva encerram promessas de vida.
    Apesar de tenros e frágeis, contêm uma incrível energia.
    Enfrentarão tempestades, frio, vento, chuva, sol, calor...
    até que se transformem em uvas suculentas, saborosas, rubras.
    Depois, quem sabe, encherão taças cristalinas e aquecerão momentos felizes.
    Evoé, Baco!

    11 março, 2005

    O ninho


    1 - As videiras renascem com a poda, feita duas vezes ao ano. Renascem com força: brotam as folhinhas, os ramos se alongam e, rapidamente, os cachinhos se formam. Em apenas quatro meses as uvas estão quase no ponto de colheita. Há um milagre que se repete. Pois outro aconteceu: uma ave construiu seu ninho bem no meio da parreira, escondido entre as folhas verdes. À minha aproximação, um alvoroçado bater de asas atraiu minha meu ohar: entre a ramagem, os filhotinhos. Deixei-os lá, contrariando os princípios da viticultura: "cuidado, vão comer-lhes os frutos!". Que comam!

    2 - Um relato imperdível: a cigana e o sapateiro.
    3 - Bom fim de semana!

    06 março, 2005

    Blog da semana!

    Foi o Allan, da Carta da Itália, quem me deu a notícia: O Inagaki, do Pensar Enlouquece, indicou o PrasCabeças como um dos "Blogs da Semana". Na semana passada, o Blog do Soié, Ontem e Hoje foi selecionado. Penhoradamente, agradeço. A responsa aumenta. Prometo não mais fazer sonetos de pé quebrado. Talvez nem sonetos perfeitos! Valeu, INAGAKI.

    05 março, 2005

    Crepúsculo após a chuva


    Soneto por-do-sol, originally uploaded by clcosta.

    O soneto "de pé quebrado" foi uma brincadeirinha - espero que desculpável... Bati a foto em fins de 2004, após uma grande tempestade que se abatera sobre Belo Horizonte. As núvens negras permaneceram no céu, mas o vento as tangia para leste.
    No poente, o sol se despedia da cidade e ainda teve tempo de demonstrar sua força. A força do Astro-Rei.

    Chove em BH


    Chove em BH, originally uploaded by clcosta.

    Tempo fechado. Chuva. Frio.

    03 março, 2005

    "PINGA NI MIM"

    Parece que só penso nisso, mas é que um assunto puxa outro e, como psicanalista, não posso recusar uma "livre associação"!
    Se ontem falava de vinho, hoje é a danada da cachaça que me sobe à cabeça. Se é bom "pras cabeças", tenho lá minhas dúvidas. Mas acontece que o
    Daniel Caborges, o melhor genro que tenho, me mandou o informe a seguir, como sugestão para postar. Pedido de genro a gente não contraria. Então, vamos lá:
    Antigamente, no Brasil, para se ter melado, os escravos colocavam o caldo da
    cana-de-açúcar em um tacho e levavam ao fogo.
    Não podiam parar de mexer até que uma consistência cremosa surgisse.
    Porém um dia, cansados de tanto mexer e com serviços ainda por terminar, os
    escravos simplesmente pararam e o melado desandou !
    O que fazer agora ? A saída que encontraram foi guardar o melado longe das vistas do feitor.
    No dia seguinte, encontraram o melado azedo fermentado. Não pensaram duas
    vezes e misturaram o tal melado azedo com o novo e levaram os dois ao fogo.
    Resultado: o "azedo" do melado antigo era álcool que aos poucos foi
    evaporando e se formou no teto do engenho umas goteiras que pingavam
    constantemente. Era a cachaça já formada que pingava.
    Daí o nome "PINGA".

    Quando a pinga batia nas suas costas marcadas com as chibatadas dos feitores
    ardia muito, por isso deram o nome de "ÁGUA-ARDENTE". Caindo em seus rostos
    e escorrendo até a boca, os escravos perceberam que, com a tal goteira,
    ficavam alegres e com vontade de dançar. E sempre que queriam ficar alegres
    repetiam o processo.
    Hoje, como todos sabem, a AGUARDENTE é símbolo nacional !!!
    Essa da "pinga pingando" é um achado!
    Mas há outras explicações para o nome tão brasileiro. Olhaqui, Daniel, encontrei esta história num jornal do Ceará:
    Foi por acaso que se descobriu a cachaça. A bebida, tão popular em todo o País, começou a ser feita pelos escravos a partir das impurezas retiradas durante o processo de fervura do caldo da cana. Era um subproduto dos engenhos. Ao lado do tacho com o mel da cana, colocava-se outro com água fria para limpar os resíduos da escumadeira, uma espécie de colher que retira a escuma.
    Era essa água com impurezas que os escravos chamavam de cachaça. Fermentada naturalmente, a cachaça começou a ser bebida preferida dos escravos. Tempos depois passou a ser destilada e ganhou o nome de pinga porque no processo de destilação o alambique fica pingando. Além de ser consumida pelos escravos nos engenhos - servia de desjejum, estimulante e até remédio -, era usada como moeda, junto com os rolos de fumo, no comércio de escravos vindos da África.
    Já o Sérgio Reis, aquele cantor que era da Jovem Guarda e se tornou um sertanejo-romântico, já fala em goteira na casa, uma mulher traidora e berrou aos quatro cantos:
    Eu Estou Apaixonado
    Muito Doido Enciumado,
    Daquela Linda Mulher,
    Meu Sentimento É Profundo,
    Não Quero Nada No Mundo,
    Se Ela Não Me Quiser
    Estou Amando Demais
    Esquece-La Não Sou Capaz,
    Eu Preciso Dar Um Jeito.
    Se Eu Vejo Em Outros Braços,
    Vou Fazer Um Tal Regaço
    E Meter Pinga No Meu Peito,
    Nesta Casa Tem Goteira
    Pinga Ni Mim, Pinga Ni Mim, Pinga Ni Mim
    Nesta Casa Tem Goteira
    Pinga Ni Mim, Pinga Ni Mim, Pinga Ni Mim
    Na verdade, apesar de mineiro ter fama de gostar de uma pinguinha, não tomo da "mardita". Volto a insistir: meu negócio é vinho. Uva e vinho, uai. Ah! um queijinho também não pode faltar! Cafézinho e pão-de-queijo, também. Biscoito de polviho, broa de fubá, canjiquinha e angu-com-quiabo!
    Por falar nisso, já vou lá na cozinha. É servido?