11 junho, 2005

A ESPERANÇA VENCERÁ, AINDA, O MEDO?

Núvens negro-avermelhadas: tempestade? Incêndio? Estrela de ferro rachada: Terremoto?
Confesso que estou perplexo e assustado. Leio articulistas bem informados (quase nunca isentos, é verdade), mas não previa uma avalanche tão assustadora.
O acusado (Bob Jefferson, para os íntimos) aponta o dedo (sujo) e espalha sujeira. Afunda e leva consigo um Titanic inteiro?
O que vem após o dilúvio? (trocadilho infame, repetido ad nauseam: após o Delúbio?) Seráo todos os políticos (petistas e não petistas) corruptos?
O que começou a circular, hoje, na Veja e o que vai circular amanhã, na Folha de São Paulo, será combustível para incendiar o país?


O deputado nessa última entrevista, acusou Deus e o mundo, falou até em mala cheia de dinheiro. Mas alertou:
- "Não tenho provas"!
"Esse dinheiro [do 'mensalão'] chega a Brasília, pelo que sei, em malas. Tem um grande operador que trabalha junto do Delúbio [tesoureiro do PT], chamado Marcos Valério, que é um publicitário de Belo Horizonte. É ele quem faz a distribuição de recursos."

"José Janene [líder do PP] é um dos operadores.Ele vai na fonte, pega, vem."

"Se você perguntar: 'Tem prova? Fotografou? Gravou?'. Não. Mas era conversa cotidiana na Câmara."
Inda mais, diz que não precisa de segurança, não teme morrer, porque se fizerem alguma coisa com ele, a República afunda!

Assim é fácil: digo o que quero e os outros que se lasquem! Os acusados sem prova que se expliquem...
Onde estamos?

E a Editora Abril tem credibilidade? A CPI vai apurar, MESMO? Os culpados (todos) serão punidos? Trata-se de uma purgação, uma crise que nos levará ao crescimento?
Há um complô da direita? É o golpe?

Na entrevista das páginas amarelas da VEJA que circula a partir de hoje, o Gabeira detona o PT, o Lula, as utopias:
Veja: Houve um momento em que o senhor acreditou na luta de classes como saída para a transformação da sociedade. Em outro momento, defendeu a política do corpo e, mais recentemente, viveu a experiência de ser, por dez meses, governo. Foram três decepções?

Gabeira: Eu acho que, realmente, na escolha do socialismo houve um erro meu no sentido de não compreender o momento histórico. Contribuiu para isso o fato de estarmos na ditadura militar e essa ditadura militar ser, em si, um símbolo do atraso. Então, você é facilmente levado à ilusão de que, sendo contra ela, você está na frente, quando a verdade é que você está na frente de um projeto em declínio. Quando entendi isso, com a visão do marxismo sendo superada na minha cabeça, não havia mais uma explicação da história, que era uma espécie de substituição da religião. Aí, eu tive de me voltar para dentro de mim para buscar onde estava a referência. Nisso, me vi com a política do corpo, que eu reconheço que foi absorvida pelo sistema. Passou a ser uma grande indústria, como, aliás, ocorre com todos os grandes movimentos. O elemento mais recente nessa sucessão de fracassos foi esse envolvimento com um governo que ia transformar o país e que resultou nessa farsa que vemos agora.

Veja: Diante desses três fracassos, o que restou das suas convicções?
Gabeira: A decisão de me apoiar em alguns princípios de atuação: a democracia é como uma visão estratégica, e não mais como os comunistas a viam, uma títica para chegar ao poder -, a defesa dos direitos humanos, da consciência ecológica e, finalmente, da justiça social. E caminhando por aí eu acho que posso fazer alguma coisa. Não é mais uma grande revolução, com o esplendor daqueles tempos, mas é um pouco parecido com aquela história do Salinger, de O Apanhador no Campo de Centeio: quando eu era jovem, eu queria morrer pela revolução. Agora, quero viver para transformar um pouco as coisas. Sem grandiosidade, sem melodrama. Com pequenas ações, apenas.

Há muito que pensar, observar, esperar para julgar, decidir, escolher... Mas acho que o deputado tem, ele sim, as mãos sujas, o dedo sujo, muita culpa em cartório e está surtando. Ou sou eu que estou ficando maluco?

E agora, José?