Basta pensar em sentir Para sentir em pensar. Meu coração faz sorrir Meu coração a chorar. Depois de parar de andar, Depois de ficar e ir, Hei de ser quem vai chegar Para ser quem quer partir. Viver é não conseguir. Fernando Pessoa, 14-6-1932
21 julho, 2004
Observatório da Imprensa publica PrasCabeças!
Achei mais do que bom o Observatório da Imprensa publicar meu post acerca da manchete obscura do Jornal Estado de Minas, em 16/7/04. Na verdade, enviei uma carta ao jornal mineiro, que não se dignou a responder nem a publicar. Pois o "Observatório" acolheu minha manifestação, que você pode ler aqui ou aqui.
Rosto de Gelo
Não sei quem é Roberta Wollen, mas tropecei com este poema e... gostei!
Não sei se é por causa de meu nariz gelado neste inverno siberiano que se abateu sobre Belo Horizonte ou porque conheço gente assim, "frio, calculista, rosto impassível" a esconder sentimentos.
Congelei meu rosto
para suportar o frio
que vem de fora de mim.
Fiz uma máscara risonha,
modelada com a dor
de disfarçar meus sentimentos.
E as pessoas me aceitaram,
apreciando o ruge e o batom,
a coloração do rímel nos meus olhos
cujo brilho sugere a umidade
de um pranto a querer-se insinuar.
Aceitaram até a palidez
que não pude esconder,
as rugas tensas da testa,
a escuridão do olhar.
E atrás do riso estridente
que irrompe alto e banal,
preso em represa
de estática energia,
debatem-se lágrimas revoltas
de uma revolta impossível,
formando uma barreira que
- até quando? -
me impede de sair deste lugar.
E essas lágrimas apagam a fogueira
que me incendeia o coração por dentro,
para que não derreta o gelo
tão duramente esculpido,
o gelo do meu rosto
que é como o mundo quer...
[Poema de Roberta Wollen]
Não sei se é por causa de meu nariz gelado neste inverno siberiano que se abateu sobre Belo Horizonte ou porque conheço gente assim, "frio, calculista, rosto impassível" a esconder sentimentos.
Congelei meu rosto
para suportar o frio
que vem de fora de mim.
Fiz uma máscara risonha,
modelada com a dor
de disfarçar meus sentimentos.
E as pessoas me aceitaram,
apreciando o ruge e o batom,
a coloração do rímel nos meus olhos
cujo brilho sugere a umidade
de um pranto a querer-se insinuar.
Aceitaram até a palidez
que não pude esconder,
as rugas tensas da testa,
a escuridão do olhar.
E atrás do riso estridente
que irrompe alto e banal,
preso em represa
de estática energia,
debatem-se lágrimas revoltas
de uma revolta impossível,
formando uma barreira que
- até quando? -
me impede de sair deste lugar.
E essas lágrimas apagam a fogueira
que me incendeia o coração por dentro,
para que não derreta o gelo
tão duramente esculpido,
o gelo do meu rosto
que é como o mundo quer...
[Poema de Roberta Wollen]
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