31 julho, 2007

Amanhecer sobre Pampulha



O sol explodiu prateado sobre as águas calmas da Lagoa da Pampulha,
nesta manhã de terça-feira.

Nada relembra o agito da metrópole.

As flores acordam rubras e detêm meu olhar.

Impossível ficar indiferente diante de tanta beleza.

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Mais fotos aqui.

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E aproveitando o inverno, que tal seguir esta receita de Bette Keefer, publicada pelo Itiro?

Ontem à noite, na festa de confraternização da Olimpíada dos Veteranos, no Centro de Convenções que fica no Holiday Inn, em Sheridan, uma das atletas homenageadas foi Bette Keefer, uma simpática senhora de Windsor, Colorado, de 93 anos, a participante mais idosa dos jogos. Ela participou nos 100 m rasos e no boliche. Ela caminhou até a mesa de prêmios, toda sorridente e elegante, de saltos (!) e quando perguntada sobre o segredo de sua longevidade, respondeu toda faceira e com um sorriso malicioso: Chocolate (de preferência Dark Chocolate) e sexo!

Se você pretende seguir a receita, não se esqueça que antes do chocolate e do sexo você tem nadar 100m rasos e jogar boliche...

29 julho, 2007

Passeio por Belo Horizonte



A manhã fria (18 °C), porém ensolarada, convidou-nos (Amélia e eu) a um passeio por Belo Horizonte. Caminhamos contra o vento, sem lenço nem documento. Acompanhe-nos, por aqui.

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Updates:

Domingo à noite --------------------------------- Hoje, segunda, pela manhã:

27 julho, 2007

E se for verdade? A day in the life of Oscar, the cat

Superstições existem em todos os cantos e culturas. Têm certo parentesco com os mitos (aqui, utilizo a palavra no seu sentido mais prosaico: explicação mágica para tudo aquilo que não compreendemos).



Outrora, aprendi que passar debaixo de escada poderia fazer-me mudar de sexo. As pessoas gritavam: - Cuidado, vai virar mulher! Por via das dúvidas, dava a volta e seguia, feliz da vida com o sexo que Deus me deu.




Há superstições em torno de alimentos. Por exemplo: tomar leite e comer manga? - Mata na hora! Por outro lado, comer semente de romã em passagem de ano atrairá muito dinheiro, garantem. Confesso que fiz isso algumas vezes e, até hoje, a grana não caiu do céu.




Levantar com o pé esquerdo, andar de fasto, ou seja, de costas, poderia causar a morte de algum parente próximo, bem como não se benzer diante das cruzes pelo caminho. Tanta verdade existe nessas crenças que até Santos Dumont tomou suas providências: eu mesmo galguei aquela escada original, lá em sua casa de Petrópolis, na qual só se entra com o pé direito.




É viver e aprender quantos perigos nos rondam e, a cada pensamento agourento, é mister dar três toques na madeira [- Tem de ser madeira mesmo!, alertam] senão tudo dará errado.




Já fui advertido que tomasse cuidado com coruja no telhado, em noite escura: - Alguém da casa vai morrer!, sussurram os sábios. Pior, mesmo, é um gato preto cruzar na sua frente. Se for na estrada, pare e dê meia volta. Não desdenhe do aviso: - Quem avisa amigo é!




Eu já desacreditei de tudo isso e jamais desviei-me do caminho, ignorando gatos pardos, brancos e pretos. Mas agora...




Agora existe um tal de Oscar, um gato que vai chegando de mansinho e se aconchega no seu leito. Se isso acontecer, meu caro, encomende a missa de sétimo dia, pois o danado do Oscar já despachou 25 pessoas. E não sou eu que estou delirando, é a própria BBC quem garante isso:




O gato Oscar tem o hábito de se aninhar perto de pacientes em Providence, no Estado de Rhode Island (nordeste do país), em suas últimas horas de vida.
Segundo o autor do estudo sobre ele, publicado na revista de medicina New England Journal of Medicine, o gato de dois anos teria acertado suas previsões de morte em mais de 25 casos até o momento.




Vejam que o felino nem é o tal gato preto da tradicional superstição, mas eu prefiro que ele demore a chegar por perto. Por via das dúvidas, acabo de dar os três toques aqui na mesa e fiz o sinal-da-cruz três vezes, pra reforçar. Cruz credo!




Pra quem é mesmo incrédulo, cabeça dura, materialista e fatalista, tá aqui a prova na revista médica mais séria (hehehe) do mundo:

25 julho, 2007

Pedrinhas e pedreira


Muitos dizem que 'viajar de avião é coisa de rico' e que 'o país precisa é de comida, educação, saúde, distribuição de renda, estradas, portos, defesa da Amazônia, universidade para todos, etc'.


Às vezes as discussões se tornam bizantinas, onde o detalhe conta mais que o conjunto. Muitos problemas talvez sejam mesmo singulares e a pedrinha só machuca o pé de quem a tem no calçado. De tanta pedrinha, estamos sob uma pedreira sem fim.


Se formos enumerar os problemas de nosso país, este post seria a pedreira-mor, matando de tédio quem se dispusesse a lê-lo (olha que falei de Esperança no post anterior!).


Lembro-me de uma reportagem:

Ocorrera um grande terremoto num país distante, não restando pedra sobre pedra. Todas as casas desmoronaram, muitos morreram e a reconstrução era quase impossível, mas necessária.


O repórter observa um homem a chorar e se lamentar enquanto separava os escombros de sua casa, para aproveitar alguma coisa.
- Por que o senhor chora tanto?
- De desespero e raiva! Veja quanto trabalho tenho pela frente, o tanto que falta, isso aqui não vai acabar nunca! É a desgraça total!

Mais à frente, cenário semelhante. Outro homem, porém, cantava alegremente e carregava pedras com muita disposição.
- Por que está tão feliz assim?
- É que sobrevivi e cada objeto recuperado é uma possibilidade a mais. Cada pedra carregada é uma pedra a menos.


Ambos 'faziam sua parte', mas a disposição era influenciada pelo sentimento e pela perspectiva. Se olharmos apenas a pedreira, não valorizaremos as pedrinhas, fáceis de remover. Se considerarmos apenas essas últimas, perderemos noção de conjunto e brigaremos por migalhas.




  • Afonso vem falando de pedreiras em seus últimos posts.


  • Marília convida para movermos pedrinhas.


Mãos à obra.

21 julho, 2007

"Tsunami de FRUSTRAÇÕES ameaça nossa Esperança" [Manchete imaginária]


Este post está sendo escrito sob a inspiração deste aqui, do Marco Aurélio Brasil.


Quem é que não se frustra com tanta revelação de atos de corrupção ativa e passiva que corroem as esperanças de dias melhores?

Quem é que não tem vontade de se alienar, desligar-se do noticiário e enveredar pelo gozo apaziguante (e falso) do consumismo diante das aberrações administrativas, do lucro infinito dos donos do capital, do tsunami de acidentes em rodovias mal conservadas e outros descalabros? O vocabulário já não dá conta de expressar o superlativo de horror, medo, raiva, ódio, indignação...

Aí, lembrei-me de ter refletido sobre a Esperança, essa virtude tão bombardeada.

Eis a reedição do post de 2005:

“A esperança é irmã do desejo.”

Essa frase me ocorreu de repente, num estalo. Não me lembro de tê-la ouvido ou lido em qualquer lugar. Por ora, se quiserem citá-la em algum discurso ou obra literária, por favor, dêem-me o crédito: “A esperança é irmã do desejo”, segundo Cláudio Costa! Espero (= desejo ) que o façam.

O estalo ocorreu exatamente quando recebi um convite para fazer uma palestra em uma instituição que promove encontros e atividades para a 3a. idade.

“A esperança é irmã do desejo”. A idéia talvez comporte algumas variáveis: “A esperança existe em função do desejo”. Ou: “Sem desejo não há esperança.” Ou, então, bem radical: “Esperança é desejo!”

Outras idéias começaram a pipocar (“esperem todo o milho estalar, senão vai dar muito piruá”, dizia minha mãe, quando ficávamos em torno do fogão, crianças ainda, loucos para comer pipocas) e aí, o melhor é ter calma, senão...

Bom, se desejo e esperança se articulam tão intimamente, o que seria este tal de “desejo”?

Sei que NÃO é necessidade. NÃO é compulsão. NÃO é impulso.

Se a Psicanálise atribui a gênese do desejo à proibição do objeto sexual (tabu do incesto), na vida comum, longe de teorias complicadas, concorda-se que o desejo é algo distinto do querer.

Aceitamos mesmo que o desejo possa ser inconsciente a ponto de sermos por ele traídos - assim o demonstram os atos falhos.

Somos seres-de-desejo, isso nos diferencia dos animais. E só desejamos quando experimentamos a falta: a castração! Complicado!

Quando alcançamos o objeto desejado, o desejo morre. Ainda bem que este tal de objeto desejado NUNCA É O OBJETO TOTAL, completo, absoluto e isso nos garante continuar desejando... Ufa! Ainda bem.

Corri pra o Houaiss e lá estava a correlação que pipocara em minha cachola:
Desejo = ato ou efeito de desejar; aspiração humana diante de algo que corresponda ao esperado; aspiração humana de preencher um sentimento de falta ou incompletude.

Eureka! A conexão estava lá. Só há desejo quando há falta. E a maior de todas as faltas é a danada da Morte. A certeza de sua chegada ( sempre inoportuna ) é a grande castração (falta) sob a qual vive o ser humano. Se tivéssemos a garantia da imortalidade, nada faríamos, pois nada desejaríamos. Tudo aí, na nossas fuças!

E quem deseja, quem espera (tem esperança), sonha. Ou seria o contrário: só quem sonha tem desejos e esperanças? Acho que é isso: é preciso aprender a sonhar, ou cultivar os sonhos, ou acreditar neles. Talvez seja uma boa maneira de viver, driblar a Morte: sonhar.

Não se tratam, aqui, dos sonhos dos lunáticos e delirantes, mas do sonho que engendra a ação, a construção, a busca ativa. Quase inventaria: a sonha-ação!

Descobri e repito esta frase atribuída a alguém que não conheço, John Barrymore: Um homem não está velho até que comece a lastimar em vez de sonhar.

Sonho, logo vivo.

19 julho, 2007

Balaio de Gatos e Gatas

Que Belo Horizonte é a capital mundial dos botecos, todo mundo sabe. Aqui acontece, há anos, o festival gastronômico Comida di Buteco, que movimenta a saudável boemia dos sem-praia: programa garantido é ir a um barzinho.

A palavra barzinho concentra todo e qualquer estabelecimento com mesas internas ou espalhadas na calçada e uma infinita variedade de tira-gostos, para todos os gostos e bolsos. A cerveja tem de estar geladíssima, o atendimento tem de ser de primeira e a comida é atração especial de cada um.

Natural, pois, que o Idelber e Ana Maria Gonçalves nos convocassem para o encontro dos blogueiros no Balaio de Gato. Éramos blogueiros e blogueiras, daí já me considerei um gato e saltei dentro do balaio.

O encontro foi ontem, plena quarta-feira. Dia útil, e daí? Todo dia é dia de boteco na capital das alterosas!

O local é super simpático, misto de barzinho e bazar de artesanato, badulaques, enfeites, lembranças, antiguidades, quadros, roupas, luminárias. Você acha de um tudo.





Quando chegamos, Amélia e eu, a mesa já estava composta dos gatos e gatas, blogueiros mineiros: Idelber e Ana Maria Gonçalves, Letícia e Fernando Lara, Juliana Mothern Sampaio, Fernanda Fefê e Maurício. Pouco depois chegou Ana do MineirasUai!
Então, estávamos lá:
  • Juliana Sampaio, uma das duas Mothern, sucesso de blog e TV (GNT).
  • Ana Letícia, filhota nossa, representando todas as Mineiras, Uai!

  • Letícia Marteleto, nossa professora demógrafa na Universidade de Michigan (USA), descreve suas aventuras no Letícia na Web, além de ser mãe da Helena e esperar mais um filhote do:

  • Fernando Lara, também nosso professor na Universidade de Michigan (USA), que ensina arquitetura, fala de espaços e de tudo o mais em Parede de Meia.

  • É claro que este que vos fala estava muitíssimo bem acompanhado pela primeira dama do Pras Cabeças, meu bem-querer Amélia.
Foi um encontro delicioso: a empatia e camaradagem nos irmanaram imediatamente. Em minutos, já estávamos íntimos, quase que descobrindo parentescos. Descobrimos amigos e referências comuns, confirmando, mais uma vez, que este mundo é muito pequeno. Mas nossa alma, ah!, nossa alma é enorme!

Eis os gatos e as gatas da noite:

Você pode ver todas as fotos do Balaio bem aqui.

17 julho, 2007

Fabrício Carpinejar em BH

Há pouco mais de 1 mês fiz um pequenino post no qual citei o poeta Fabrício Carpinejar, gaúcho.

Hoje, fico sabendo que o próprio estará aqui em BH, para lançamento do seu livro "Meu filho, minha filha", dentro do projeto Sempre um Papo [Sala Juvenal Dias - Palácio das Artes - hoje às 19,30h - entrada franca].

Clique na figura abaixo para ler a matéria completa:



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Update [22:50h] - Eis que me apresso em deixar aqui um agradecimento ao Carpinejar, que tão gentilmente acedeu em dar-me seu autógrafo. Disse-me que, como eu, vários presentes se apresentaram como "leitores de seu blog". Deixou-me a dedicatória: "BH, 17/7/07. Para Cláudio amigo, essa nossa letra tremendo: como uma boca pedindo um copo d'água. Bj, Carpinejar."

Na primeira página de O Amor Esquece de Começar, leio:


Quando estamos sozinhos, somos pela metade.

Quando somos dois, somos um.

Quando deixamos de ser um dos dois,

não somos nem a metade que começamos a história.


Dei o livro de presente para Amélia...

15 julho, 2007

Una derrota que duele en el alma (La Nación)

Confesso que preparei meu espírito para não ficar muito triste com a provável derrota da seleção de futebol na final da morna Copa América. Até concordo com muitos que torciam francamente contra a "seleção de Dunga", aquele que disse "desprezar jogo bonito". Mas...
¿Hay algo peor qu perder una final de la Copa América con Brasil? Sí. Perder una final de un Mundial con Brasil.
Pero siempre perder con Brasil y más en un partido definitorio, clave por donde se lo mire, obliga a una de las especialidades de la prensa deportiva argentina: narrar lamentos.
Pero acá no hubo robos, ni quejas para soltar por el aire, ni reclamos para hacer. Brasil fue mejor de principio a fin, en el partido más importante de todos. [Marcelo Gantman]
O primeiro gol brasileiro, logo aos 4 minutos mexeu com a tradição impregnada dentro de mim. O gol-contra, logo depois, liberou o torcedor que é movido por emoção e não pela razão: daí pra frente acompanhei cada jogada, sofrendo nos ataques "deles", desejando o terceiro e sonhando com goleada.
"Venceu o melhor" é lugar-comum que se aplica ao jogo de hoje e aplaca o ranço mobilizado pela convocação de ilustres desconhecidos (com pouquíssimas exceções).
Tenho saudades de saber de cor o nome dos jogadores da Seleção Brasileira, reconhecer cada um, como acontecia durante aquelas transmissões televisivas com imagens ruins, vestir a camisa verde-amarela e escutar os fogos a espoucar nos céus da cidade.
Hoje, após o jogo, Belo Horizonte já estava coberta pelo manto noturno e, no céu, apenas o brilho forte do planeta Vênus (stella vespertina) chamou-me a atenção. Não havia fogos, nem buzinaços. Algumas janelas dos prédios vizinhos tremeluziam azuladas, denunciando o império da TV nas tardes de domingo.
Vem aí a segunda-feira...

10 julho, 2007

Memória gustativa de comidas mineiras: o simples que é o máximo!

  • Conversa vai, conversa vem, o assunto aportou as praias da culinária, mais precisamente das comidas simples e gostosas. Aí, surgem as memórias olfativas e gustativas, lembranças de comidinhas do tempo de criança, da adolescência e até mesmo do que se comeu ontem. Parece mesmo que somos feitos de memória e de...Sonhos!

  • "Somos feitos da matéria dos sonhos". ["We are such stuff as dreams are made on." ( Shakespeare, in The tempest, 4.156)].
  • Já os nutrólogos ensinam: "diga-me o que come e direi o que você é".
  • Os sexólogos: "diz-me quem comes e dir-te-ei quem és".
  • Pois os filósofos, estes elucubrarão: "Quem como? Como como? Quando e porque como? Como?".
  • Caetano Veloso simplifica tudo: "eu como, eu como, eu como, eu como..."

Mas isto são prolegômenos, com certeza fátuos.

Retomemos do princípio: Conversa vai, conversa vem, lembrei-me de comidas simples, prosaicas, aqueles petiscos ou pouco mais que isso dos quais ainda sinto o gosto e o cheiro, mesmo que saboreados há décadas. Então, vamos lá:

1. purê de batata recheado com sardinha ao molho de tomate: minha mãe fazia uma espécie de pastel gordo com o purê, recheava, passava no ovo batido e na farinha (ou seja, à milanesa) e fritava. Muito bom!

2. arroz-feijão-couve refogada-angu e ovo frito, que minha avó preparava quando ia visitá-la, de surpresa. O feijão ficava na trempe do fogão "a serragem" (alguém conhece?), cozinhando por horas, lentamente. Simples e divino.

3. arroz-de-forno, que era comida de domingo. Hoje nem sei se existe, se alguém faz...

4. sanduíche de pão francês com mortadela, acompanhado de guaraná Champagne Antárctica. Querem combinação mais banal? Era uma exceção, geralmente em viagens, quase sempre longe de casa. Dizem que paulista gosta disso até hoje. Há anos que não provo e fico pensando nas calorias, no sódio excessivo, na mistura cabulosa das carnes (até de cavalo, dizem)... então fico na lembrança.

5. lombo fatiado, acebolado, com fatias finíssimas de jiló, tudo passado na chapa, na hora do pedido, na frente do freguês. Onde: no Mercado Central de Belo Horizonte, quase todo domingo. Acompanhado de cerveja geladíssima. A gente come em pé, no balcão: é um ritual imperdível para quem sabe o que é bom. Virou marca registrada do local.

6. pão-de-queijo quentim com cafezim. Este aí, meus caros, é hors concours, nem vou falar. [várias receitas aqui]. Para variar o lanche, Amélia faz uma broa de fubá que parece coisa do céu! [Aproveite a receita secreta da Amélia aqui].

7. canjiquinha de milho com costelinha de porco. Amélia, aqui em casa, é mestre nesta iguaria, saborosíssima quando quente, com pimentinha, cebolinha, pedaços de queijo derretendo. Meu pai, Soié, adora. No Mercado Central é prato premiado, chamado Mineirinho Valente [receita aqui].

8. feijão tropeiro no Bar 10 ou outro, no Mineirão, em dia de jogo: é servido em prato descartável de alumínio. Acompanhado de um ovo frito e um bife de pernil, preparados ali na nossa frente! Uma celebração à gastronomia que tem a unanimidade das torcidas. [Receita aqui].

9. Macarronada fria, sobra do almoço, devorada no final do domingo. Alguém discorda?

10. a décima iguaria fica por sua conta, caríssimo leitor: compartilhe comigo.

- Agora, com licença: vou "forrar o estômago".

09 julho, 2007

De duas, uma...

Ou você vê este vídeo, ou não.
Se não vir, tudo mal.
Se vir, de duas uma:
ou você não gosta ou você gosta.
Se você não gostar, aí tudo mal;
Mas, se gostar, de duas uma:
ou você não comenta ou você comenta.
Se você não comentar, e tudo mal;
e se você comentar, de duas uma:
Posso ler ou não.
Se eu não ler, tudo mal.
Mas se eu ler, com certeza só uma coisa pode acontecer:
Vou ficar feliz em saber que você me visitou.

Inspirado (mal e porcamente) neste vídeo aqui
:

08 julho, 2007

BH by night

BH by night por ClaudioCosta

Vista noturna de Belo Horizonte, a partir da casa de uma colega, no Alto Santa Lúcia.

No centro da foto vê-se a avenida Raja Gabaglia, que parte do Bairro Santo Agostinho até o Belvedere: são 7km de avenida, sempre subindo, até chegar ao BHShopping, na saída para o Rio de Janeiro.

Agorinha mesmo, Amélia e eu acabamos de descer por esta avenida, vindos do Salão Chevals, feira de artesanato e decoração no Vale do Sol.

Pra quem está a fim de um bom programa neste julho, um convite: BH tem programação demais, muita cultura, jazz, artesanato, comida boa, frio suportável e o jeito mineiro de ser.

É bom demais ou não?


03 julho, 2007

Ocultação de cadáver

Quem conta um conto aumenta um ponto, reza o ditado ao qual recorro para me eximir de quaisquer responsabilidades pelo que vem a seguir.
Dr. Maciel é legista da Delegacia Regional de Segurança Pública numa grande cidade do interior de Minas, onde cumpre sua missão de emitir laudos cadavéricos, explicar causa-mortis, avaliar as lesões corporais, sua gravidade e suas sequelas, definir a consumação de estupros, descobrir tóxicos nos fluidos corporais, etc. Ao legista chega de tudo.
Num dos últimos jornais da Associação Médica de Minas Gerais, Dr. Maciel conta um episódio digno de ser aqui compartilhado.

Aconteceu o seguinte: chegou ao Instituto Médico Legal um tal sr. Winter, tomado de ansiedade, tão apressado que quase tropeçou nos degraus da portaria. Carregava um saco plástico, desses de supermercado. Seu rosto exprimia nojo e sua mão direita, guiada por um braço mais cabeludo do que o do Toni Ramos, mantinha o fardo o mais longe possível de si. Foi direto à recepção:

- Onde eu entrego este material?

- Que material, senhor?

- Isto aqui que encontrei no cemitério do distrito de Vila São Roque, aqui perto. Foi a polícia que mandou.

- Mas o que é isso?

- Como vou saber? Deve pesar uns 2 quilos, é meio mole e já está fedendo. Levei ao posto da Polícia Militar mas eles nem quiseram abrir e me mandaram trazer pra cá. Disseram-me que corpos em decomposição têm de ser examinados no IML. Inclusive, enviaram um envelope com este documento.


Tratava-se de papel timbrado da Secretaria Estadual de Segurança Pública, intitulado: Requisição de Exame. O texto era bem formal:


"Encaminho ao Sr. Dr. Médico Legista do IML desta Comarca o material recolhido no cemitério local. Solicitamos o competente exame, objetivando constatar se se trata de carne humana ou feto, estando o material da mesma forma como foi encontrado. Nesta data, aguardo parecer."


O Dr. Maciel pediu que se esvaziasse o saco sobre uma mesa de granito claro, chamada de 'mesa de exame'. Cuidando para não receber respingo algum, quase dois passos distante da mesa, o sr. Winter desfez o nó do pacote e despejou tudo de uma vez.


Fim do suspense: ali jaziam vários exemplares de peixes podres, provavelmente comprados no supermercado há uns dois dias. Talvez fossem traíras ou cascudos, muito comuns por aquelas bandas. O médico e seu ajudante dispararam em gargalhadas. O sr. Winter não se conteve e pôs-se a xingar a corporação policial do seu distrito, chamando-os de incompetentes e outros adjetivos impublicáveis.


Mas dever é dever, e carecia responder à Requisição: a documento oficial dá-se resposta oficial, justificou o médico, procedendo minuciosamente à autópsia das piabas (seria esta a espécia aquática?) e elaborou o seguinte laudo:


"Na forma da lei, faço emitir o seguinte Laudo Necroscópico:

1. material enviado para exame em saco plástico onde se lê Supermercado Fome Zero;

2. odor fétido típico de material em decomposição;

5. composto de 15 exemplares adultos de Hyphessobrycon reticulatus ellis, vulgo lambari, peixes teleósteos caraciformes, da família dos caracídeos, medindo entre 5 e 12cm;

6. aparência compatível com óbito datado de 48h;

7. todos os exemplares exibem secção céfalo-caudal longitudinal mediana ventral, acompanhada de evisceração compatível com preparo para fritura;

8. guelras com acentuada hiperemia de esforço;

9. nadadeiras amputadas;

10. ferida perfurante na região periobicular, compatível com lesão por anzol.


Conclusão: Face às circunstâncias e aos achados, pode-se concluir, a priori, haver elementos suficientes para caracterização de lambaricídio doloso em série, com premeditação (fritura), por meio insidioso (retirada do meio líquido) e por meio cruel (morte por asfixia). Agravante: ocultação de cadáver.

Solicita-se da autoridade policial as medidas cabíveis.

Com elevada estima e consideração, Dr. Maciel."


Dura lex, sed lex.