29 julho, 2005

Uma noite das Arábias

Iniciamos a viagem de volta a Belo Horizonte e nos despedimos do litoral norte do Estado do Rio. Foram 6 dias entre Rio das Ostras, Barra de São João, Búzios e Cabo Frio.
Amélia e eu resolvemos passar a quinta (ontem) e a sexta (hoje) em Teresópolis. Deixamos para trás a baixada fluminense, após derivarmos à direita, na Via Lagos, via Itaboraí, depois Guapimirim, já no entroncamento com a BR-116, no sopé da Serra dos Órgãos. Daí, serpenteamos serra acima, por entre penhascos, à sombra da Mata Atlântica, em sua exuberância preservada (pena que dela reste tão pouco!).
A cidade recebeu o nome de Teresópolis - cidade da Teresa - em homenagem à D. Teresa Cristina, esposa de D. Pedro II. Este já havia criado a vizinha Petrópolis - a qual nomeou com seu próprio nome. Coisas do Imperador...
À chegada, um mirante nos proporciona o espetacular panorama do famoso "Dedo de Deus" e de outros picos. Dali, descortina-se, lá embaixo, parte da cidade do Rio de Janeiro e da baía da Guanabara (à noite, as luzes brilham como num céu estrelado,só que aos nossos pés!).

Ao anoitecer, buscamos a pousada que a mocinha do bureau de turismo nos recomendara. Por sorte, ficava bem próxima do mirante.

As trevas já encobriam florestas e montes quando, orientados por uma placa, adentramos uma alameda de paralelepípedos em curva ascendente, em direção a uma casa enorme, totalmente às escuras. Nenhum carro no estacionamento, nenhuma alma viva. Silêncio absoluto. Hesitamos um pouco até que estacionamos.

- Parece casa abandonada, foi o comentário da Amélia.
- É, acho que não tem ninguém aí, vou verificar, murmurei.

Um balcão, com aqueles aparelhos de cartão de crédito, era o único mobiliário do que deveria ser a recepção...

Entramos devagarinho, ressabiados. Descobri um interruptor e a luz se fez, revelando o vulto a descer silenciosamente uma escada de madeira: era franzino, de tez amorenada, olhos vivos. O diálogo inicio-se quase por monossílabos, enquanto nos sondávamos mutuamente.
Amélia, eu e o sujeito:

- Boa noite, vamos entrar?
- Isto aqui é a pousada?
- Sim, subam para conhecer.
- No escuro?
- Vou acender.
- Onde está o proprietário?
- Sou eu.
- E os hóspedes?
- Chegam amanhã, já tive 14 telefonemas...
- E os empregados?
- Moro aqui. Sozinho.
- Você arrendou a casa?
- Não, é minha. Moro aqui.

A sala de cima era enorme, com lareira, sofás. Tudo muito amplo. Nossas vozes ecoavam e os passos escandiam as poucas palavras. O sotaque do moço era nitidamente estrangeiro.

- De onde é você?
- Líbano.
- Um sheik árabe? Um magnata do petróleo? tentei brincar, para quebrar o clima ainda tenso.
A resposta foi contida e séria:
- Não, não, nada disso. Minha família está no Líbano. Moro aqui há algum tempo e resolvi abrir minha casa como pousada. Abri em janeiro, mas não apareceu ninguém para se hospedar. Somente agora, em junho, com a temporada de inverno, descobriram aqui. Primeiro, um casal. Depois, outro. Amanhã, como já disse, estaremos lotados.

Os quartos eram amplos, decorados sobriamente. Os cobertores sobre as camas, porém, destoavam de tão coloridos, com estampas florais.

Enquanto o libanês se afastou para buscar a chave de um dos cômodos, Amélia sussurou:

- Benzinho, isso aqui parece a pousada do filme "Psicose", do Hitchcock. O homem parece o Anthony Perkins...

A impressão dela quase se concretizou, diante da cortina de plástico que pendia no box do banheiro, tal e qual. Agora só faltava o facão!!!

[Com efeito, na minha cabeça, revi as cenas do mais famoso filme de Alfred Hitchcock, no qual uma jovem foge com o dinheiro da imobiliária onde trabalha e planeja encontrar o namorado, que mora em outra cidade, mas interrompe a viagem para dormir num velho motel administrado por um estranho rapaz (o psicótico Alan Bates) e sua mãe.]

Seria aquele homem uma réplica de Anthony Perkins? Um clone do perturbado Norman Bates? Esta "velha casa escura", transformada em pousada, não seria exatamente o local apropriado para se passar uma noite tranqüila... A "cena do chuveiro" iria se repetir?

- Quer procurar outra pousada?, perguntei.
- Agora a gente já está aqui... resignou-se minha Janet Leigh.

Fechada a porta do apartamento 05, Amélia cai no riso, incontrolavelmente alto, exclamando:

- Hitchcock, Hitchcock...
- Psiu! ria mais baixo! O homem deve estar escutando tudo!

Era um misto de espanto, perplexidade, tensão, comédia... Mas não havia retorno. Lá estávamos, numa mansão isolada, sozinhos. Éramos hóspedes de um excêntrico? Haveria um cômodo com a "mãe do rapaz?"

Tomei banho primeiro e deixei Amélia sozinha. Enquanto ela se banhava e se aprontava para o jantar, fui "conhecer" melhor o dono da pousada. Respirei aliviado quando descobri que seu nome não era Alan Bates, mas 'Haldun.

- 'Haldun? , tentei reproduzir o sotaque.
- Mais ou menos, vocês brasileiros não conseguem falar o som aspirado, próprio de nossa língua, disse.
- 'Haldun, 'Haldun...
- Mais ou menos, mais ou menos.

Levou-me à varanda, mostrando-me as luzes da baixada fluminense, à direita, lá no horizonte. Embaixo, a rua que conduz ao centro de Teresópolis. Mais à esquerda, a famosa Granja Comari, onde treina a seleção brasileira.

No quarto, porém, Amélia vivia momentos de quase terror: a TV mudava de canal sem que tocasse no controle remoto. Ao abrir uma bolsa, surgia o programa do Ratinho. Uma tosse, e aparecia a MTV. Caiu uma escova e mudava para a Globo. Ligou o secador de cabelos e novamente Ratinho com suas baboseiras surgia na tela.

- Este quarto é mal assombrado! Onde está o Cláudio, que não volta?

Tratou de se arrumar o mais rápido possível e quando me encontrou, o mistério foi desvendado: enquanto 'Haldun atendia o telefone, eu zapeava em busca de noticiários na TV, ao lado da lareira...

- Será que este controle aqui muda os canais lá do quarto?, perguntei ao libanês.
- Sim, sim... aqui é a tv principal!
- Ah! bom, por enquanto estamos sem fantasmas, pensei.

Após o jantar, num restaurante da cidade, retornamos à pousada, onde nos esperava o proprietário, dublê de recepcionista, camareira. Suas funções se multiplicaram no dia seguinte, quando nos preparou um soberbo café-da-manhã.
O dia estava radiante, o sol banhava a floresta e os pássaros faziam algazarra. Um bando de maritacas passou gritando rente à varanda.

Já de malas prontas, despedimo-nos do nosso anfitrião, transmutado em afável interlocutor.

À Amélia, que passava um creme no rosto, antes de entrar no carro, 'Haldun pergunta:
- O que é isso?
- Protetor solar. Sempre passo, pela manhã e à tarde.
- Pois você deveria passar à noite, também.
- Como assim?
- À noite, disse com um sorriso malicioso, o tempo esquenta, ao lado deste aí. Apontou para mim, sorrindo.

Descemos a alameda, em gargalhadas. Foi Amélia que entendeu tudo:

- Ele deve ter ouvido meus risos estridentes durante a madrugada. Deve ter imaginado uma princesa árabe nos braços de um califa...
- Pois acertou, minha Sherazade!

27 julho, 2005

Notícias do Litoral II

O aniversário da Amélia foi comemorado em três etapas:
1. Pela manhã, após uma caminhada "saudável" pelo calçadão da Costa Azul, aqui em Rio das Ostras, fomos a Búzios - lugar já conhecido por nós, porém com muitas mudanças: a tal Rua das Pedras, point famoso pelas lojinhas típicas e barzinhos, agora virou um boulevard de lojas de griffe, com galerias tipo shopping center, cheinhas de lojas finíssimas, tudo muito bonito - embora globalizado... entretanto a paisagem das praias e enseadas são um presente divino e permancecem tão lindas quanto Deus as criou.
Perambulamos pelas ruas fechadas, calçadas com pedras largas, arborizadas, tudo muito aconchegante. Estrangeiros fazem compras. Sotaques castellanos e gringos são ouvidos a todo instante. As atendentes das lojas são muito atenciosas.
Chamou-nos a atenção o grande número de ofertas de objetos de decoração oriundos de nossa Minas Gerais (região de Tiradentes, por exemplo) e da feira de domingo da Av. Afonso Pena, tais como bolas feitas com sementes variadas, esculturas de barro do Vale do Jequitinhonha, etc. Muitos destes objetos foram revisitados por artistas locais, com pinceladas de bom gosto. Já há asfalto entre Bú
zios e Cabo Frio, além de saídas para a região norte (Rio das Ostras, Macaé e Campos).
O almoço foi no Restaurante da Clara, simples, porém delicioso: abundância de saladas, arroz com gostinho de alho e peixes grelhados na hora! Ah! bom demais!
A sobremesa? Torta de chocolate com recheio cremoso e pavê de chocolate, pra variar...

2) À noite, já em Rio das Ostras, um passeio pela "Tocolândia", um shopping de artesanato e paisagismo, ao final da Costa Azul, com direito a pastel de frango com queijo catupiry, frito na hora, "pelando a boca". (Isto não parece férias, mas festival de gastronomia!).

3)
Já na Pousada Belmare, com amigos que conhecemos, abrimos uma garrafa de vinho chileno Taracapa -cabernet sauvignon- e queijo goulda. Brindamos à Amélia, em taças de cristal gentilmente cedidas pela Ana, dona da Pousada, que brindou junto. Uma festa!
Um dos hóspedes, o William, deu uma de fotógrafo profissional, preparando cenários para que o "jovem casal" posasse para o "álbum de fotos da aniversariante". (rsrsrsrs). [Depois eu deixo, aqui, uma amostra]

4. O final da noite foi no apartamento 02, como convinha. Daqui pra frente, a história foi nossa.

5. Hoje, com o tempo nublado, um passeio ao Sítio dos Hibiscos. Depois contamos tudo.

23 julho, 2005

Notícias do litoral

  • Os dedinhos coçaram e estamos aqui na LanHouse de Rio das Ostras... bom receber os votos de boas férias de tantos que passam pelo PrasCabeças: cada dia fica mais evidente que "amigo(a) virtual existe.
  • Aqui o sol está quente, nem uma núvem no céu: quem é das montanhas de Minas vai ficando vermelhinho (de queimar e de vergonha da brancura)!
  • Jantamos com o genro, Daniel-engenheiro químico, que namora a Ana Letícia (do MineirasUai). No cardápio, filé de peixe ao molho de camarão, purê, arroz e salada de palmito. Trivial. "Prato divino, lindo e delicioso", disse Amélia.
  • Hoje, às 6h da manhã, D. embarcou para uma daquelas plataformas da Petrobrás onde vai ficar uma semana (!). Segundo ele, a plataforma é sustentada por dois mini-submarinos, não é "fincada no fundo do mar"! Prá chegar lá, mais de uma hora de helicóptero, partindo de Macaé até à "Bacia de Campos". Os tais mini-submarinos ficam estabilizados a 200m de profundidade. Da lâmina dágua até o fundo são 2 mil metros. A sonda ainda perfura mais 3000 m rocha a dentro. Tanto trabalho para retirar o tal "ouro negro", depois bombeá-lo à terra, daí à refinaria, fabricar a gasolina, que nos chega ao posto em torno de R$ 2,30. Acabei achando barato (rsrsrsrs), vocês concordam? Em Búzios, uma garrafinha de 350ml de água mineral tá custando R$ 3,50 !!! A coca-cola, "apenas" R$ 5. Beber óleo diesel sai mais barato!
  • Daniel conta que, na plataforma, há academia de ginástica, TV via satélite, telefone-a-pagar, biblioteca, salão de jogos, alojamento e restaurante. "O pior é quando chove e o mar fica bravo", diz ele, "balança tudo!" (Tô fora dessa, meu genro.)
  • O almoço de hoje teve sabor de saudade: voltamos ao Restaurante Por-do-Sol, em Barra de São João, onde estivemos há mais de 10 anos. O filhos ainda eram crianças e corriam de lado a outro às margens do rio. Prá variar: moqueca de dourada com camarão, pirão e arroz. O restaurante funciona numa casa antiga, provavelmente de mais de 100 anos, estilo colonial decadente. Só a arquitetura, pois a comida, feita na hora, continua excelente. O por-do-sol, por tras das montanhas da Serra do Mar, realmente, é uma atração.
  • Bom, amanhã teremos de caminhar dobrado, prá queima as "saudáveis" calorias, acumuladas carinhosamente com cocadas de leite condensado - típicas da região.
  • Amélia prometeu, em voz alta, levar alguns exemplares da cocada prá sogrinha dela, a Aparecida do Soié (Ontem e Hoje).
  • Agradecemos à Viva, o convite pro chope (por conta dela!). Fica prá outra oportunidade, tá? Se quiser vir a Rio das Ostras, estaremos esperando por você na Pousada Belmare, praia Costa Azul. Aí, o chope fica por nossa conta!!!
  • Aos filhotes que ficaram em Belo Horizonte, um beijo, um abraço, muitas saudades...

21 julho, 2005

Prá não falar de mensalão, cpi, malas e cuecas, um pouco de inutilidades

24 coisas que vc não pode morrer sem saber !!

01 - O nome completo do Pato Donald é Donald Fauntleroy Duck.
02 - Em 1997, as linhas aéreas americanas economizaram US$ 40.000
eliminando uma azeitona de cada salada.
03 - Uma girafa pode limpar suas próprias orelhas com a língua.
04 - Milhões de árvores no mundo são plantadas acidentalmente por esquilos
que enterram nozes e não lembram onde eles as esconderam.
05 - Comer uma maçã é mais eficiente que tomar café para se manter
acordado..
06 - As formigas se espreguiçam pela manhã quando acordam.
07 - As escovas de dente azuis são mais usadas que as vermelhas.
08 - O porco é o único animal que se queima com o sol além do homem.
09 - Ninguém consegue lamber o próprio cotovelo, é impossível tocá-lo com a
própria língua.
10 - Só um alimento não se deteriora: o mel.
11 - Os golfinhos dormem com um olho aberto.
12 - Um terço de todo o sorvete vendido no mundo é de baunilha.
13 - As unhas da mão crescem aproximadamente quatro vezes mais rápido que
as unhas do pé.
14 - O olho do avestruz é maior do que seu cérebro.
15 - Os destros vivem, em média, nove anos mais que os canhotos.
16 - O "quack" de um pato não produz eco, e ninguém sabe porquê.
17 - O músculo mais potente do corpo humano é a língua.
18 - É impossível espirrar com os olhos abertos.
19 - "J" é a única letra que não aparece na tabela periódica.
20 - Uma gota de óleo torna 25 litros de água imprópria para o consumo.
21 - Os chimpanzés e os golfinhos são os únicos animais capazes de se
reconhecer na frente de um espelho.
22 - Rir durante o dia faz com que você durma melhor à noite.
23 - 40% dos telespectadores do Jornal Nacional dão boa-noite ao William
Bonner no final.
24 - Aproximadamente 70 % das pessoas que lêem este post tentam lamber
seu cotovelo após ler o item 9!!!
__________________
25 - mais inútil de tudo: amanhã inicio meu período de férias. Pequeno: dez míseros dias que aproveitarei segundo a segundo, na companhia da Amélia.
Até a volta ou, se os dedos coçarem, faço uma visitinha a uma LanHouse e deixo aqui um post lúdico!

19 julho, 2005

Ctrl+C / Ctrl+V (por minha conta e risco)

Fritz Utzeri
O NeoPT morreu, viva o PT!

Foram necessários dois anos e meio para que a traição ao ideário generoso de um partido que nasceu das lutas populares saltasse aos olhos dos brasileiros, pasmos ante a desfaçatez suprema de justificar o roubo - injustificável - apenas porque ''o PT fez o que é feito no Brasil sistematicamente'', nas palavras de seu expoente máximo, falando de Paris e comprometendo-se de vez com a sujeira
Pessoalmente, apesar de ter declarado publicamente meu voto em Lula, aqui mesmo no JB, já deixava claro que desconfiava da versão light do candidato, domesticado e repaginado por Duda Mendonça. Mas, não poderia imaginar até que extremos o aparelhamento do Estado e a corrupção chegariam. Logo após a posse, comecei a falar em ''estelionato eleitoral''. Parei de chamar o presidente de Lula, por considerar que o operário em que havia votado não era o que estava na Presidência. Publiquei uma página inteira no Pasquim21, no dia 28 de janeiro de 2003 (23 dias depois da posse), perguntando: ''Erramos de operário?'', com duas fotos, uma de Lula, com a legenda: ''Votamos neste'', e outra, de Lech Walesa: ''E ganhamos este?''. Fui chamado de ''impaciente'', e essa era uma opinião amigável.
Justificava-se a inação e a continuidade da política econômica com o argumento de que o orçamento daquele ano, o primeiro de Luiz Inácio, fora feito por seu antecessor, o príncipe dos (s)ociólogos, Fernando II, engessando a gestão petista. Dizia-se que o ''orçamento de Lula'' seria diferente, falava-se em ''fase dois'' aos que se espantavam com a continuidade da política econômica, alardeava-se um ''Fome Zero'' nacional, enquanto o molusco dava, cada vez mais, evidências de despreparo e deslumbramento. Passei a chamar o PT de NeoPT.
O tempo passou e as ''reformas'' anunciadas nada reformaram, além de eliminar conquistas dos trabalhadores. Inativos foram taxados e bancos privilegiados, como na Lei das Falências, dando prioridade às instituições financeiras sobre os trabalhadores, no caso de uma empresa quebrar, ''permitindo'' aos empregados negociar com os bancos ''em igualdade de condições'' (???). À medida que o governo revelava sua inação, incapaz de deslanchar até mesmo os programas assistenciais, mostrava, cada vez mais, que seu único objetivo era tranqüilizar a economia, para pagar banqueiros e especuladores e fazer caixa dois para a reeleição, uma praga que inviabiliza o país.
A propaganda, o marketing e a pesquisa de opinião viraram regra, manipulando a opinião pública. Enquanto isso, surgiam as primeiras suspeitas de que havia algo errado com a integridade do NeoPT, face às evidências cada vez maiores do aparelhamento e loteamento do Estado e da adesão de gente como Roberto Jefferson (o do cheque em branco), José Sarney, Delfim Netto, Orestes Quércia e outros ''companheiros''.
Até que um dos bandidos - ameaçado de pagar a conta, sozinho, devido a um filmete exibido na TV, mostrando um funcionário dos Correios embolsando uma mixaria de R$ 3 mil e dizendo que seu suposto chefe (o bandido) era ''doidão'' - resolveu provar que era ''doidão'' mesmo e chutou o pau da barraca. Nome do bandido? E precisa dizer? Ele agora escreve nos jornais pontificando sobre financiamento de campanhas, em lugar de estar preso por não explicar o que fez com R$ 4 milhões que diz ter recebido do NeoPT. O fato é que a barraca veio abaixo, os ventiladores espalharam tudo pra todos os lados e hoje o Brasil está mergulhado na m..., melhor dizer, na lama.
E como estão os generosos militantes que deram o melhor de si em nome da esperança, ''sem medo de ser feliz'', como dizia a melhor promessa política do PT? Eles não são corruptos nem venais. Apenas acreditaram e lutaram. Cadê a felicidade? Felizes estão os banqueiros, blindados e satisfeitos com seu governo paralelo (Palocci e Meirelles), inatingido e inatingível, administrando uma esfera própria, que nada tem a ver com o Brasil. É preciso refundar o PT, um novo partido, livre de todos os que se locupletaram dele (incluindo Luiz Inácio) e voltar às bases de luta do povo brasileiro. Será preciso tornar a dar o primeiro passo, porque se a esperança morrer, estaremos mortos. O NeoPT morreu, viva o PT!

Fritz Utzeri escreve no JB às quartas-feiras

16 julho, 2005

UM AMOR VIRTUAL "AVANT LA LETTRE"

Quando eu era criança, lá em Nova Era, adorava acompanhar meu pai, o Soié do Ontem e Hoje, em seu trabalho de telegrafista da outrora venerável ECT - Empresa de Correios e Telégrafos.

Naquela época, não havia ainda os Marcos Valérios e os mensalões, conquanto a política dos coronéis, provavelmente, já se utilizava do poder do dinheiro para comprar eleitores e subornar políticos. Ou não?

Soié, com certeza, tem muitas histórias daqueles tempos quase heróicos, em que o Código Morse era impresso em fitas de papel, intermináveis (ponto, traço, ponto...). O aparelho emitia um estalido intermitente, que meu pai decodificava "de ouvido"!

A história a seguir é de um tempo muito anterior ao que eu, de calça curta e suspensório, sonhava em aprender a decifrar, para além do código, o mundo que imaginava existir do outro lado das montanhas daquele vale banhado pelo Rio Piracicaba.

Estamos em Londres, dia 29 de janeiro de 1867:

Ao meio-dia, John envia um telegrama para seu amigo Jonathan, em Nova York:
- Quero me casar. Arranje-me uma americana do meu gosto.
Meia hora depois, de Nova York, recebe a resposta:
- Tenho justamente o que desejais: olhos azuis, dentes de neve, cabelos pretos, cintura delgada, sem magreza, amiga da ordem e da economia, em suma, um tesouro.
Às 13 horas, John estava decidido:
- Dou-vos plenos poderes para tratar do negócio.
Às 14 horas, Jonathan informa que a moça estava interessada no casamento, mas desejava ver uma foto de seu futuro marido.
Trinta minutos depois, John adaptou um aparelho chamado Casseli e envia sua foto.
Às 15h, a decisão da moça, no telegrama de Jonathan:
- Achou-vos bem parecido. Consente no casamento!
Associa ao texto uma imagem da moça, agora noiva. John, já apaixonado, dispara várias mensagens do tipo:
- Adorável Jenny, desde o primeiro segundo em que vi vossa pulquérrima imagem, ficou ela gravada no meu coração.
Inda mais:
- Anjo adorado, já me tarda poder chamar-te de minha mulher, apertar-te nos meus braços.
John autoriza imediatamente Jonathan a comprar jóias no valor de 100 mil francos e presenteie a amada.
Às 18h, avisa ao amigo que, logo à meia-noite, embarcará num navio para casar-se assim que chegar a Nova York.
Entretanto, às 20h, recebe um telegrama "urgente", com os dizeres:
- É inútil embarcardes. Enquanto tratava de vosso negócio, pude apreciar todas as excelentes qualidades de Miss Jenny. Abri-lhe meu coração; posto que ela vos estime, dá-me preferência visto que sou seu vizinho.
Furioso, John pede reparação, ou seja, propõe um duelo:
- Um de nós deve morrer!
Jonathan concorda, e até provoca:
- Nada de demora, devo casar-me ainda hoje, à meia-noite!
À meia-noite em ponto, acompanhados de quadro testemunhas, duas em cada país, John e Jonathan seguram um fio, no qual é liberada uma carga elétrica.
John, em Londres, cai morto.

E a gente, neste início do século 21, achando que virtual só a internet...

Essa deliciosa e trágica história de amor, na qual uma pessoa se apaixona, é traída e morta em curtíssimo espaço de tempo, foi contada pelo Jornal "Diário de Minas", de Ouro Preto, em janeiro de 1867.
Uma mentira bem tramada, através da qual o articulista da época propõe uma discussão atualíssima: diante de novas e mais rápidas formas de comunicação, novas formas de sociabilidade se articulam.
Superando a intermediação dos mensageiros e a demora das cartas, surgiram o telégrafo, o telefone, o fax, a internet.
Amores se tecem e se desfazem, na rapidez do teclado. As propostas, via Messenger ou pelos chats, começam com um "vamos teclar?", passam pela webcam e terminam com um logout. Promessas, imagens e emails não resistem a um delete!

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Os créditos deste post são para Jairo Faria Mendes, que me inspirou com seu artigo de hoje, no Caderno Pensar, do Estado de Minas.

12 julho, 2005

"OS JUSTOS SEMPRE PAGAM PELOS PECADORES"

"Tem gente muito maldosa, Doutor. Tem gente que só pensa mal dos outros. Veja, por exemplo, o caso daquele homem lá do Ceará, preso no aeroporto de São Paulo, carregando dinheiro na cueca. Estão falando que ele é corrupto, que o dinheiro era do PT ou do Genoíno, sei lá. Só porque o homem é um pobre lavrador, falam isso dele. Ele mesmo explicou tudo, por que ninguém acredita no coitado? Tá tudo explicado: ele trabalhou, lavrou a terra, plantou verdura naquele árido do Ceará, carregou água na lata pra regar as plantinhas. Depois, colocou numa carroceria de uma velha camionete, como a gente faz lá na roça. Veio pra São Paulo, viajando por este Brasil a fora. Deve até ter passado fome, Doutor. Deu sorte: vendeu as verdurinhas todas na cidade grande, que não tem roça, o senhor sabe. Verdura boa, lá do Ceará, vale dinheiro, não é? Ajuntou um dinheirinho. De tão pobre, nem conta em banco ele tinha. O que fazer? Não podia voltar de camionete pra casa, correr risco de ser assaltado. Eu faria o mesmo, largava a camionete em qualquer lugar, pegava um avião e voltava. Pois então, foi o que ele fez. Escondeu o dinheiro, que ninguém é bobo, né? A polícia sempre persegue os mais humildes. Ao ver aquele nordestino, careca e com barba por fazer, na fila do avião, foi logo desconfiando. Prenderam o coitado e revistaram ele, como se fosse um vagabundo, um ladrão. Aquele dinheiro na cueca era a defesa dele contra os assaltantes. Escondeu bem escondido, pensando que ninguém ia botar a mão ali dentro, inda mais os homens da polícia. Pois não é que os meganhas apalparam ele de tal jeito que descobriram o dinheiro? Não adiantou explicar que tinha vendido as hortaliças, fruto do trabalho honesto. Ninguém acredita mesmo em pobre. Neste país, doutor, pobre e trabalhador não tem vez. Agora, como é que faz? Sem dinheiro, preso e, pior, acusado de fazer parte dos políticos. Eles, os políticos, é que são perigosos. O homem, coitado, não tinha nada a ver com a história de mensalão. Aqui no Brasil é assim, os justos pagam pelos pecadores. Cruz credo!"
_________
A propósito:

A batina do padre e a cueca do PT

Padre Aneiko, deputado estadual pelo PDC do Paraná, vinha do Paraguai. Na ponte da Amizade, fronteira de Foz do Iguaçu, encontrou-se com duas eleitoras de Curitiba, que lhe pediram para passar com alguns perfumes. Padre Aneiko amarrou os perfumes no cinto da calça, embaixo da batina. Na alfândega, o fiscal perguntou:

- Alguma mercadoria, padre?

- Não.

- E aí embaixo da batina?

- O que tem aqui embaixo da batina é dessas duas moças. Quer
ver?

O fiscal não quis.

["Causo" contado hoje, pelo colunista Sebastião Nery, no jornal Tribuna da Imprensa]



09 julho, 2005

Um pouco de tudo e mais: escândalos, frio e... terremoto

1 - Lúcia Malla é brasileira que mora em Seul. Viajante se descreve e nomeia seu blog: "Uma malla pelo mundo". Vivo na sua carona, aprendendo coisas e loisas. Essa da "dog-poop-girl" é uma aula de antropologia e psicologia social. Só não lê quem quem não quiser.

2 - Fortes rajadas de vento (70 km/h) e o frio de 11 graus, recorde do ano, causaram transtornos em Belo Horizonte, na noite de quinta-feira e na madrugada desta sexta. Houve queda de árvores e congestionamento na região Centro-Sul. Para a madrugada de hoje para amanhã, prevê-se mais frio, ainda. Talvez a gente exprimente temperatura entre 8 e 9 graus... brrrrr

3 - Receita do Soié para que você se aqueça neste inverno. Confira no: Ontem&Hoje.

4 - Domingo tem clássico no Mineirão. Espero que o Galo tire o pé do atoleiro...
Peço ao Idelber que compareça ao estádio ao lado
dela. Ao que parece, ela é um "pé quente" e tanto...
Quanto a mim, torço e retorço.
Atualização(domingo): Não foi desta vez. Perdemos! Agora é: "lavanta, sacode a poeira, dá volta por cima!"... afinal, torcedor do Galo é mesmo sofredor - não é a solução, mas não deixa de ser uma rima.


5 -
Uma imagem vale mais que mil palavras: Ao ver esta foto, lembrei-me do episódio da Roseana Sarney e seu marido (ou ex), lá no Maranhão... alguém se lembra? Essa grana toda estava com um assessor de um deputado que é irmão do Genoíno... Uma imagem dessas - além da capa da Veja com a assinatura do Genoíno aposta ao lado da do Marcos Valério - é dose letal, meu irmão! Acabo de saber da renúncia do Genoíno. Parece até dominó: as pedras vão caindo, uma após outra... enquanto isso, o Cafajefferson é aplaudido no Jô Soares.

6 - Na madrugada de quinta para sexta-feira, Belo Horizonte e adjacências foram atigindas por um
terremoto!
Segundo os analistas, sua intensidade foi de 3.3 graus na Escala Richter: destelhou casas e quebrou vidraças no distrito de São Sebastião de Águas Claras (Macacos). Além da corrupção, Minas agora tem terremoto!!!
______________________________________________
Frio, terremoto, dog-boop-girl, dinheiro na cueca... Será tudo isso obra do Marcos Valério, o homem da mala? Ou do Bob Cafajefferson? Ou do PT? Quem sabe é obra de Osama Bin Laden? Mais uma do Bush?

08 julho, 2005

"Reunião de Bacana"

Pegue seu violão, convide um amigo para tocar pandeiro e outro prá tocar cavaquinho. Com uma caixinha de fósforo, alguém faz a percussão. Cantar o que? Eis a sugestão do dia:



Todo mundo cantando esse refrão

Se gritar pega ladrão

Não fica um meu irmão [BIS]

Se gritar pega ladrão

Não fica um

Você me chamou para esse pagode

Nem me avisou aqui não tem pobre

Até me pediu pra pisar de mansinho

Porque sou da cor eu sou escurinho

Aqui realmente está toda a nata

Doutores senhores até magnata

Com a bebedeira e a discussão

Tirei a minha conclusão

REFRÃO

Lugar meu amigo é minha baixada

E ando tranquilo e ninguém me diz nada

E lá camburão não vai com a justiça

Pois não há ladrão e é boa a polícia

Lá até parece a Suécia bacana

Se leva o bagulho e se deixa a grana

Não é como esse ambiente pesado

Que voce me trouxe para ser roubado

[do compositor Ari do Cavaco - cantado inicialmente pelo conjunto Originais do Samba - mais detalhes, aqui]

04 julho, 2005

Fun Latin

Curiosidade para os aficcionados da Língua Latina.
Nem sei mais como, o certo é que cheguei neste site e me diverti. Trata-se de uma tentativa de traduzir termos modenos utilizando-se - corretamente - de palavras latinas. Por exemplo:

Toda música é clássica - em latim:

The Beatles

The Temptations
  • Cimictus


  • Inlecebrae
  • The Rolling Stones

    The Who
  • Lapides Provolventes


  • Ille Quis
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