08 maio, 2005

Dia das Mães, à la Minas Gerais

Aqui em casa, muitas vezes, o jargão “psi” sempre foi perfeitamente inteligível – afinal somos da área, eu e minha esposa – “eterna namorada” como diz Soié, meu pai. Assim, os filhos Ana Letícia, Ângelo e Léo já utilizam termos psicanalíticos e psiquiátricos para se referirem a situações corriqueiras, quase sempre em tom jocoso e – é lógico – sem nenhuma presunção de cientificidade.
Ontem mesmo, enquanto viajávamos para Nova Era-MG, a fim de comemorar o aniversário do mano Nélio Costa e, simultaneamente, estar com a minha mãe, na véspera do Dia das Mães, o Léo me “pegou”: quando inventei um nome feminino para um personagem fictício, saiu-se com uma interpretação selvagem, porém típica das brincadeiras “psi”: - Aí, heim, pai, quem é essa tal? Está com fulana na cabeça, né?” O riso foi geral!

Um passeio como não fazíamos há tempos. Amélia, eu e “os meninos”! Coisa raríssima depois que a turma cresceu. É lógico que não precisou da típica discussão na garagem:

- Eu na janela!

- Não! Eu é que vou!

- Da última vez foi você!

- Naquela vez não valeu, pois você não reclamou!

- Então, na volta sou eu!

- Ta bom!

E, assim, transcorriam as horas e sucediam-se os quilômetros. Nas curvas, quando um caía em cima do outro, se estivessem bem humorados, era gargalhada. Caso contrário, uma encostadinha gerava briga. Às vezes eu tinha de parar o carro no acostamento para “fazer uma intervenção”. Pra quem já assistiu “Férias Frustradas”, reprisado sempre na Sessão da Tarde, dá pra imaginar o clima. Na verdade, nunca foram assim frustradas, mas as viagens eram bem temperadas!

Pois, ontem, estávamos, de novo, juntos. O papo rolava em torno de acontecimentos passados, tempos do colégio e da infância de cada um de nós. Lembrei-me do tempo de “grupo escolar”, especialmente de uma briga após a aula, no terreno defronte ao saudoso G. E. Desembargador Drummond. Não sei quem ganhou, mas tenho certeza de que não perdi! Anos depois, encontrei-me com o desafeto, que não reconheci, de imediato. Ostentava uma camisa do Clube Atlético Mineiro – Galo! - ele gordo, barbudo, com filho. Cheio de orgulho, gabou-se:

- Vou ao Mineirão não é pra assistir jogo, é pra brigar. Gosto é de confusão!

Já em Nova Era, almoço em família. O Nélio e a Valdenice, com dois filhos pequenos, moram em casa situada no alto de uma encosta. A cidade se derrama pelo vale, dividida pelo Rio Piracicaba.

O cardápio, bem mineiro, fez nossa alegria: feijão tropeiro com lombo assado, além dos acompanhamentos de praxe: arroz branco, salada e maionese. Foi encontro de gerações, com avós, filhos, irmãos, sobrinhos e netos. Como sempre, meus pais, Soié e Aparecida, sorridentes, felizes, orgulhosos da família ali reunida. Será que isso ainda existe?

Final do dia, hora de voltar. Estrada cheia – a famigerada 262. Curvas, subidas e descidas, faróis no olho, caminhões, caminhões, caminhões!

Sobreviventes, aqui estamos no domingo.

Desta vez, a pedido dos “meninos”, Amélia preparou mais um almoço à mineira: canjiquinha com costelinha de porco! Não faltou uma "couve assustada", rasgada e refogada com muito alho! Normalmente a gente almoça fora, mas hoje, a pedido dos filhos, foi dia de "matar saudades da comida da mamãe", pois há 3 meses que Amélia não "encosta a mão na cozinha" - expressão dela. Está em tratamento fisioterápico pós cirurgia ortopédica no ombro. (Isso é outra história). Os ingredientes foram comprados na sexta-feira, por mim e pelo Léo. A costelinha, cortada em pedaços pequenos, foi desengordurada, para não dar culpa no papai aqui, na hora de comer!
Sobremesa? manjar branco com calda de ameixa preta com rum– outra obra prima da homenageada do dia!

Um fim-de-semana bem familiar, pois não é o que sugere o Dia das Mães?