15 abril, 2004

Casuística: A lógica do capital

Recebo um telefonema. Em tom de urgência, X se identifica como a "sua gerente" da agência bancária onde mantenho uma conta. Pede-me para passar lá, "por favor". Lá vou eu... será que fui premiado? será que meu dinheiro sumiu?
Tchan tchan tcham! X queria me oferecer um ótimo negócio, pois "nosso banco pensa sempre o melhor para o cliente".
Negó seguín: propõe que eu mude o plano de seguro de vida, pois o meu, insiste, é arcaico e agora tudo é mais moderno, bastava que eu assinasse uma autorização (já pronta!). Peço para ver as vantagens. Insiste: "o antigo é arcaico e o atual é moderno". Digo que preciso ver, no papel, para comparar. Mais insistência: "mas este que te ofereço é mais barato, o sr. vai economizar R$ 7,00 (!!!) por mês, pois o banco só pensa no cliente e até abaixou o preço!" Permaneço irredutível e ela diz: "Ainda não sei mexer neste computador para comandar a impressão, mas vou tentar." Milagre! A impressora funciona! Apenas, entretanto, com a descrição do "novo" seguro. Assinala todos os ítens, mostra as vantagens, principalmente uma tal de "antecipação de auxílio funeral".
"Já virou humor negro", penso. Mas eu quero, mesmo, é a comparação no papel, ali, na minha frente. Mais um milagre: aparece o extrato do antigo. Conferimos ítem por ítem. Resumo da ópera: o "arcaico", é muito mais vantajoso. 300% mais vantajoso, na linguagem dos $$$. Mas a "minha" gerente ainda insiste! Pergunto-lhe: "E você, se fosse o cliente, com qual ficaria?" Sorrindo amarelo, responde: "-É lógico que com o antigo!". Dou-lhe as boas tardes e vou ganhar minha vida.

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