03 março, 2005

"PINGA NI MIM"

Parece que só penso nisso, mas é que um assunto puxa outro e, como psicanalista, não posso recusar uma "livre associação"!
Se ontem falava de vinho, hoje é a danada da cachaça que me sobe à cabeça. Se é bom "pras cabeças", tenho lá minhas dúvidas. Mas acontece que o
Daniel Caborges, o melhor genro que tenho, me mandou o informe a seguir, como sugestão para postar. Pedido de genro a gente não contraria. Então, vamos lá:
Antigamente, no Brasil, para se ter melado, os escravos colocavam o caldo da
cana-de-açúcar em um tacho e levavam ao fogo.
Não podiam parar de mexer até que uma consistência cremosa surgisse.
Porém um dia, cansados de tanto mexer e com serviços ainda por terminar, os
escravos simplesmente pararam e o melado desandou !
O que fazer agora ? A saída que encontraram foi guardar o melado longe das vistas do feitor.
No dia seguinte, encontraram o melado azedo fermentado. Não pensaram duas
vezes e misturaram o tal melado azedo com o novo e levaram os dois ao fogo.
Resultado: o "azedo" do melado antigo era álcool que aos poucos foi
evaporando e se formou no teto do engenho umas goteiras que pingavam
constantemente. Era a cachaça já formada que pingava.
Daí o nome "PINGA".

Quando a pinga batia nas suas costas marcadas com as chibatadas dos feitores
ardia muito, por isso deram o nome de "ÁGUA-ARDENTE". Caindo em seus rostos
e escorrendo até a boca, os escravos perceberam que, com a tal goteira,
ficavam alegres e com vontade de dançar. E sempre que queriam ficar alegres
repetiam o processo.
Hoje, como todos sabem, a AGUARDENTE é símbolo nacional !!!
Essa da "pinga pingando" é um achado!
Mas há outras explicações para o nome tão brasileiro. Olhaqui, Daniel, encontrei esta história num jornal do Ceará:
Foi por acaso que se descobriu a cachaça. A bebida, tão popular em todo o País, começou a ser feita pelos escravos a partir das impurezas retiradas durante o processo de fervura do caldo da cana. Era um subproduto dos engenhos. Ao lado do tacho com o mel da cana, colocava-se outro com água fria para limpar os resíduos da escumadeira, uma espécie de colher que retira a escuma.
Era essa água com impurezas que os escravos chamavam de cachaça. Fermentada naturalmente, a cachaça começou a ser bebida preferida dos escravos. Tempos depois passou a ser destilada e ganhou o nome de pinga porque no processo de destilação o alambique fica pingando. Além de ser consumida pelos escravos nos engenhos - servia de desjejum, estimulante e até remédio -, era usada como moeda, junto com os rolos de fumo, no comércio de escravos vindos da África.
Já o Sérgio Reis, aquele cantor que era da Jovem Guarda e se tornou um sertanejo-romântico, já fala em goteira na casa, uma mulher traidora e berrou aos quatro cantos:
Eu Estou Apaixonado
Muito Doido Enciumado,
Daquela Linda Mulher,
Meu Sentimento É Profundo,
Não Quero Nada No Mundo,
Se Ela Não Me Quiser
Estou Amando Demais
Esquece-La Não Sou Capaz,
Eu Preciso Dar Um Jeito.
Se Eu Vejo Em Outros Braços,
Vou Fazer Um Tal Regaço
E Meter Pinga No Meu Peito,
Nesta Casa Tem Goteira
Pinga Ni Mim, Pinga Ni Mim, Pinga Ni Mim
Nesta Casa Tem Goteira
Pinga Ni Mim, Pinga Ni Mim, Pinga Ni Mim
Na verdade, apesar de mineiro ter fama de gostar de uma pinguinha, não tomo da "mardita". Volto a insistir: meu negócio é vinho. Uva e vinho, uai. Ah! um queijinho também não pode faltar! Cafézinho e pão-de-queijo, também. Biscoito de polviho, broa de fubá, canjiquinha e angu-com-quiabo!
Por falar nisso, já vou lá na cozinha. É servido?

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