10 abril, 2005

DOMINGO MAIOR

1 - Para um domingo tão ensolarado quanto este, uma boa música e palavras de alto astral podem não ser a solução para os obstáculos da vida, mas não fazem mal... Ligue o som e clique aqui .

2 - O que é o real? Pergunta João Paulo Cunha, editor de Cultura do caderno Pensar, do Estado de Minas. Suas reflexões surgiram da análise da cobertura jornalística da agonia, morte e exéquias do Papa João Paulo II.

Afirma: Meios de comunicação e várias manifestações da arte perderam a dimensão dos assuntos de interesse humano e giram de forma bêbada atrás de seus próprios mitos de fancaria.

O Papa morto não é o Papa, é uma imagem do Papa. A forma como os meios de comunicação têm coberto um momento chave para o mundo mostra que mais informação nem sempre quer dizer informação melhor (...) houve o show, mas a informação não avançou. A culpa é menos das coberturas em si do que da nova formulação do jornalismo, que passou, nas últimas décadas, a assumir cada vez mais sua proximidade com a diversão.

Um dos signos da atual arte do consumo é a busca de rapidez, como valor por excelência. A compressão espaço-temporal transforma em defeito de composição qualquer raciocínio que exija tempo, toda narrativa que se sedimenta na vagareza, imagens que se constroem com delicadeza. As pessoas, atualmente, são ávidas por resumos, querem speed, ritmo, cortes sucessivos que destruam o pensamento em nome do efeito.

3 - Assisti, ontem, ao filme Magnólia, do diretor Paul Thomas Anderson, estrelado por Tom Cruise, Jason Robards, William Macy, Melinda Dillon, Philip Seymour Hoffman, Julianne Moore, John C. Reilly, Melora Roberts, Jeremy Blackman, Philip Baker Hall, Michael Bowen. Trata-se de um quebra-cabeças formado por fragmentos da vida de inúmeros personagens. Aos poucos, cada um vai chegando a uma situação crucial na própria vida, em que seus sentimentos e suas decisões terão peso às vezes insuportável. Apesar de incômodo, vale a pena ver.

3 - O Idelber Avelar, que tem o melhor blog do mundo, outro dia contou que fez uma palestra acerca do escritor argentino Júlio Cortázar .

Pois hoje, lendo o caderno Pensar do Estado de Minas de ontem, descubro a indicação de Cronópios Revista (Virtual) de Literatura & Arte. Cronópios? Corri pro Houaiss. Não existe a palavra em Português. Mas não desisto e vou lendo os artigos da tal Cronópios até chegar a este parágrafo esclarecedor da Suzan Bloom:

Algumas das características mais marcantes de Cortázar em sua obra são a transgressão e o ludismo. A transgressão é encontrada tanto no tempo e no espaço como na linguagem e nos personagens. O ludismo pode ser percebido nas palavras e nos personagens, um exemplo disso é a criação de seres que nominou como cronópios, famas e esperanças. Esses seres são encontrados em Historias de Cronopios y de Famas. Vivendo e aprendendo.

4 - Pra não perder o costume, o almoço de hoje foi a quatro mãos: enquanto eu grelhava o salmão, a filhota Ana Letícia fez o molho de alcaparras com alecrim e “passou” na frigideira o arroz-com-alho”. Acompanhamos com o “Vinho de Uva” (este é o nome!!!) feito pelos padres do Caraça, com nossas uvas!!! Pra lá de bom!

5 - Prá encerrar este domingo enorme, Amélia, Ana Letícia e eu iremos, no final da tarde ao Mercado das Pulgas:
objetos antigos ou contemporâneos, novos ou usados podem ser comprados ou trocados - como ocorre nos mercados que o inspiraram, o Marché Aux Puces, de Paris, e a feira de San Telmo, de Buenos Aires. Um dos destaques da programação é o revival do Drosophila, bar que agitou a cidade nos anos 80 e agora organiza um minifestival de arte eletrônica, uma mostra de filmes eróticos japoneses, apresentações de strip-tease, festas e um museu de coisas bizarras.

6 - Chega! Amanhã é outro dia.

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