01 novembro, 2005

Gentileza urbana

Édson Maia Campos é vigilante em uma empresa, aqui em Belo Horizonte. Numa noite dessas, enquanto fazia a ronda, surpreendeu um larápio(*) dentro do estabelecimento. Deu logo o grito:
- Alto lá! Esteja preso!
O marginal partiu pra cima dele.
- Pare ou atiro!
O ladrão avançava. Sem alternativa, o vigilante, que portava legalmente uma arma, deu um tiro para cima, como que dizendo:
- Não estou brincando, pare ou atiro!
Só então o ladrão foi imobilizado.
O delegado de plantão ouviu as partes e constatou que se tratava de um bandido respeitável, de extenso Curriculum Criminis. Gente fina, merecedor de toda delicadeza.
Baseado na Lei, mandou prender... o vigilante!
- Eu, Doutor?, protestou o funcionário, por que eu?
- O senhor colocou em risco a vida dos cidadãos! Sua bala poderia ter acertado algum inocente!
Quanto ao larápio, após ser lavrado um ato de suposta tentativa de arrombamento, foi jantar e dormir em casa. Afinal, estava cansado e estressado.
O vigilante amargou quatro dias de cana e está sendo processado por tentativa de assassinato.
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(*) Larápio: havia em Roma um pretor de nome Lucius Antonius Rufus Appius que se assinava L. A. R. Appius e passava sentenças favoráveis a quem melhor por elas pagasse, com o que larápio se tornou designativo de qualquer pessoa que agisse de modo desonesto.

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