Há algum tempo, fiz um passeio com meus pais (Soié e Aparecida) na antiga estação ferroviária de Belo Horizonte. O prédio estava sendo remodelado para instalação do Museu de Artes e Ofícios e já nos fazia antever quão maravilhoso seria.
Visitamos uma instalação multimídia, com fotos do início do século passado (Belo Horizonte acaba de completar 108 anos), da construção de vários prédios públicos, imagens de visistantes ilustres (Príncipe Albert, da Bélgica; Getúlio Vargas), campanhas políticas, etc.
Meus pais ficaram empolgados, relembrando as viagens que fizeram à capital, ainda na década de 40. Soié apontava, nas fotografias, os lugares percorridos, acontecimentos pitorescos, pensões onde se hospedara. Impressionante a capacidade de evocação dele e da minha mãe.
Naquela época, de Nova Era a Belo Horizonte o trajeto era percorrido pelos trilhos da Estrada de Ferro Central do Brasil (EFCB), em vagões puxados pelas "marias-fumaça", as locomotivas fabricadas nos EEUU e na Inglaterra.
Demorava-se mais de 8h para vencer os 140km de vales, rios e montanhas, geralmente margeando rios e córregos (Rio Piracicaba, Rio das Velhas...). Cidades históricas eram atravessadas pelo único meio de transporte "moderno", alternativa às tropas de burros, que levavam mantimentos para cidades que se denominavam de acordo com sua localização: Itabira do Mato Dentro, São Gonçalo do Rio Acima, São Gonçalo do Rio Abaixo, Conceição do Mato Dentro, São João do Morro Grande, etc.
Nesta semana, finalmente, inaugurou-se o tal museu, que será aberto definitivamente ao público em 10 de janeiro de 2006. Do pouco que vi, dá para recomendar: será um programa imperdível para quem visitar Belo Horizonte. Para os habitantes daqui, servirá de resgaste da memória de uma cidade que se transforma velozmente: em 108 anos evoluiu de uma fazenda às margens do Córrego do Leitão para a metrópole de mais de 3 milhões de habitantes.
O primeiro empreendimento museológico do Brasil dedicado integralmente ao tema das artes, ofícios e trabalho foi inaugurado nesta quarta-feira em Belo Horizonte. O Museu de Artes e Ofícios ocupa os prédios históricos da Estação Central onde funciona a principal estação do metrô e um ramal ferroviário, numa área de 9.200 metros², na Praça Rui Barbosa, no centro da capital mineira. A visitação do público estará aberta a partir do dia 10 de janeiro. O projeto, do arquiteto e museólogo francês Pierre Catel, é uma iniciativa do Instituto Cultural Flávio Gutierrez e foi desenvolvido a partir da doação ao patrimônio público de uma coleção de 2.200 peças, dos séculos XVIII, XVIX e XX, feita pela empreendedora cultural Ângela Gutierrez.
O acervo vai apresentar ao público um amplo painel da história das relações sociais do trabalho no Brasil, nos últimos dois séculos - as tecnologias de produção da era pré-industrial, os fazeres, artes e ofícios que deram origem a muitas das profissões contemporâneas. Poderão ser vistos ferramentas, utensílios e equipamentos, que caracterizam formas de conhecimento e revelam diferentes condições de trabalho. Entre os destaques estão uma carpintaria do século XVIII, movida a água, e uma balança de pesar escravos, do século XVIII.
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