Carlos Perktold é psicanalista e advogado, dublê profissional que trabalha com as palavras. Foi meu aluno na PUC-MG, onde cursou Psicologia. A importância desta última informação é constatar que, mais uma vez, um bom aluno supera o mestre!
Encontramo-nos, há pouco, em um evento do Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais, conforme atesta nossa foto.
O Carlos, além de desenvolver as atividades jurídicas e psicanalíticas, é pesquisador na área de História e um colecionador de obras de arte. Entende das coisas, o homem.
Escreveu Ensaios de Pintura e Psicanálise, leitura para admiradores, críticos e para quem quer conhecer os meandros inconscientes da criação artística.
Publicou, também, Caixa de Ferramentas, coletânea de crônicas e contos, dentre os quais destaco O Perverso. Corra para ler, aqui.
Foi ele quem descreveu a Síndrome de William Moreira:
Todo portador desse sintoma tem uma singularidade: entende apenas o que ouve e não o que lê. Tiago, por exemplo, reclamava de um erro no computador e recebeu instruções escritas para corrigi-lo. Não conseguiu entender o que leu. Depois de ouvir a leitura do que estava escrito disse: "Ah, é isso? Não tem problema, faço agora".
O sintoma William Moreira parece, mas não é, oligofrenia. Também não é analfabetismo funcional, porque não se manifesta apenas em pessoas com baixa escolaridade. Não é, enfim, uma doença catalogável. É, sim, um fenômeno intelectual de um tempo em que o texto praticamente sucumbiu ao recurso visual e, principalmente, à imagem da televisão. O batismo do sintoma vem, assim, do cruzamento dos nomes dos dois mais conhecidos locutores-apresentadores de televisão: William, de William Bonner, e Moreira, de Cid Moreira.
A causa é a falta de leitura!
Muitas pessoas não aprenderam a ler na escola, mesmo que tenham diploma de curso superior. Desconhecem o hábito da leitura. Aprendem de orelhada. Têm informação, mas não têm conhecimento. Ouvem falar disso e daquilo, passeiam os olhos nas manchetes de jornal, apreendem um fiapo de ciência no Globo Reporter, participam da política como carneirinhos conduzidos pelos locutores de telejornais e... é só.
Alguns dominam sua área de trabalho e podem ser bem sucedidos. Mas não lhes peça para fundamentar argumentos, pois raciocinam com a profundidade de um pires. Aqui em Minas a gente diz: "ouvem o galo cantar e não sabem onde". Abusam dos clichês, dos lugares comuns e das generalizações. Gostam mesmo é de divertimento e muito barulho. Quanto mais barulho, menos pensamento. Pior, sem conhecimento de causa, costumam ter convicções e certezas. Com essa gente não adianta discutir.
Para que você não seja um desses, leia O Sintoma William Moreira e, depois, uma ótima entrevista com o Autor.
Existe remédio: leitura, leitura, leitura.
Agora me responda:
- Você conhece William Moreira?
- Ou estou falando com o próprio?
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