28 maio, 2004

O DIA D

Thiago Zanini é um jovem advogado que faz Mestrado em Direito Internacional na Sorbonne (Paris) e mantém um blog Putz...exilado em Paris, linkado ao lado como Um brasileiro em Paris, que vale a pena visitar. Outro dia, falou de uma viagem à Normandia, local de desembarque dos aliados, na II Guerra Mundial, em 6 de junho de 1944. Foi o suficiente para que eu fosse invadido por uma lembrança de meus tempos de colégio, quando estava no Colégio do Caraça.
Naqueles dias, éramos visitados por padres franceses e um deles trouxe umas latas de filmes de 8mm sobre a França. À noite, fomos para o pátio assistir os "filminhos", quando... assisti a um filme feito por um cinegrafista americano, in loco, ao vivo e a P&B, dos preparativos, travessia do Canal da Mancha e o desembarque debaixo do fogo infernal dos inimigos (alemães). Chovia, o mar estava muito turbulento, aquelas barcaças que abriam a proa como se fossem baleias cuspindo gente, jipes, tanques... os homens, quais cupins saindo do buraco, iam caindo na água, ali mesmo se afogando. Cara, fiquei impressionadíssimo com aquilo. Não era filme de Hollywood, não, era filme 8mm, num projetor de mil novecentos e pouco, numa telinha feita de lençol, no pátio do colégio, à noite. Era filme mudo, imagine, e os padres-professores colocaram uma caixa de som tocando a Abertura de 1812, alternando com o Capricho Italiano, ambos de Tchaikowsky. Não dormi, à noite. Toda vez que escuto uma destas sinfonias, lembro-me nitidamente do dia D, no dia 6 de junho de 1944 (?). Veja as fotos aqui.
Muitos anos depois, assisti "O mais longo dos dias", uma superprodução hollywoodiana no cinema, technicolor, com artistas famosos (não me lembro mais quais eram - se alguém souber, diga-me). Olhaqui: as emoções que experimentei no pátio do Colégio, naqueles tempos remotos (!), foi maior do que as provocadas pelo filme. Ou então, para uma criança, tudo que acontecia era muito grande...

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