12 julho, 2005

"OS JUSTOS SEMPRE PAGAM PELOS PECADORES"

"Tem gente muito maldosa, Doutor. Tem gente que só pensa mal dos outros. Veja, por exemplo, o caso daquele homem lá do Ceará, preso no aeroporto de São Paulo, carregando dinheiro na cueca. Estão falando que ele é corrupto, que o dinheiro era do PT ou do Genoíno, sei lá. Só porque o homem é um pobre lavrador, falam isso dele. Ele mesmo explicou tudo, por que ninguém acredita no coitado? Tá tudo explicado: ele trabalhou, lavrou a terra, plantou verdura naquele árido do Ceará, carregou água na lata pra regar as plantinhas. Depois, colocou numa carroceria de uma velha camionete, como a gente faz lá na roça. Veio pra São Paulo, viajando por este Brasil a fora. Deve até ter passado fome, Doutor. Deu sorte: vendeu as verdurinhas todas na cidade grande, que não tem roça, o senhor sabe. Verdura boa, lá do Ceará, vale dinheiro, não é? Ajuntou um dinheirinho. De tão pobre, nem conta em banco ele tinha. O que fazer? Não podia voltar de camionete pra casa, correr risco de ser assaltado. Eu faria o mesmo, largava a camionete em qualquer lugar, pegava um avião e voltava. Pois então, foi o que ele fez. Escondeu o dinheiro, que ninguém é bobo, né? A polícia sempre persegue os mais humildes. Ao ver aquele nordestino, careca e com barba por fazer, na fila do avião, foi logo desconfiando. Prenderam o coitado e revistaram ele, como se fosse um vagabundo, um ladrão. Aquele dinheiro na cueca era a defesa dele contra os assaltantes. Escondeu bem escondido, pensando que ninguém ia botar a mão ali dentro, inda mais os homens da polícia. Pois não é que os meganhas apalparam ele de tal jeito que descobriram o dinheiro? Não adiantou explicar que tinha vendido as hortaliças, fruto do trabalho honesto. Ninguém acredita mesmo em pobre. Neste país, doutor, pobre e trabalhador não tem vez. Agora, como é que faz? Sem dinheiro, preso e, pior, acusado de fazer parte dos políticos. Eles, os políticos, é que são perigosos. O homem, coitado, não tinha nada a ver com a história de mensalão. Aqui no Brasil é assim, os justos pagam pelos pecadores. Cruz credo!"
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A propósito:

A batina do padre e a cueca do PT

Padre Aneiko, deputado estadual pelo PDC do Paraná, vinha do Paraguai. Na ponte da Amizade, fronteira de Foz do Iguaçu, encontrou-se com duas eleitoras de Curitiba, que lhe pediram para passar com alguns perfumes. Padre Aneiko amarrou os perfumes no cinto da calça, embaixo da batina. Na alfândega, o fiscal perguntou:

- Alguma mercadoria, padre?

- Não.

- E aí embaixo da batina?

- O que tem aqui embaixo da batina é dessas duas moças. Quer
ver?

O fiscal não quis.

["Causo" contado hoje, pelo colunista Sebastião Nery, no jornal Tribuna da Imprensa]



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