Somos seres-da-palavra ("parlêttre"), dizia Lacan. Ainda mais: o nosso inconsciente é estruturado pela linguagem. Somos o que falamos (hommelettre = homem letra) Pensamos porque falamos. Somos atravessados pela palavra. As palavras traem. No princípio era o Verbo. Cometa um lapsus linguae e seu desejo inconsciente estará revelado. Morre-se pelo que se diz.
Pois bem, eis aqui alguns exemplos de como as palavras formam nosso juízo moral sobre as coisas, estruturam nossos preconceitos e valores acerca da mulher:
Pois bem, eis aqui alguns exemplos de como as palavras formam nosso juízo moral sobre as coisas, estruturam nossos preconceitos e valores acerca da mulher:
- Em alemão, os substantivos são divididos em três gêneros: masculino, feminino e neutro. Mas não deixa de ser curioso que para os alemães a palavra criança seja neutra. Mas classificar como neutra a palavra (Mädchen) que designa menina ou moça, é estranho, não? O mesmo ocorre para esposa (Weib).
- O órgão sexual da mulher pertence ao gênero feminino em todas as línguas latinas, mas no francês, "le vagin" é masculino!
- Na cerimônia de casamento, sempre há recomendações aos noivos: Na Alemanha, o noivo recebe instruções de "amar e honrar" a esposa. Em hebraico, recomenda-se que a noiva "ame, acalente e obedeça" ao marido. No casamento grego, o papel da mulher está bem explícito: "Esta mulher submeter-se-á a este homem". Já na Espanha, o feminismo venceu: "Eu lhe dou uma esposa, mas não uma escrava!"
- Já a lei islâmica dá ao homem o direito de desposar quatro esposas de cada vez, com uma vantagem: para se divorciar, basta que o homem pronuncie, três vezes, a seguinte fórmula: "Taaleka wallahi wa billahi wa tallahi" [Por Alá os laços estão dissolvidos]. Esta fórmula não pode ser usada pela mulher...
- Em espanhol, você não pode usar a palavra "madre" para se referir à mãe de alguém. As expressões "la madre" ou "tu madre" sugerem um insulto, que remete a práticas sexuais questionáveis por parte da mãe da pessoa com quem se fala... Por isso, quando você quiser se referir respeitosamente à mãe de seu interlocutor, não se esqueça de falar "su señora madre" (a senhora sua mãe). Aqui no Brasil, a gente é mais direto e grita logo: "Filho de uma p***!"
- Mas se você quiser externar sua indignação em espanhol - menos em conversas polidas, é claro - grite: "carajo!". "Carajo" é a palavra que indica o membro viril do touro. Antigamente, este apêndice era transformado em chicote para açoitar escravos...
- Agora, se você quiser chamar seu amor de forma poliglota, aprenda:
- Em alemão: mein Schatz = meu tesouro
- Em espanhol: mi sangre = meu sangue (bem dramático, não?)
- Em francês: mon petit chou = meu repolhindo (vai uma saladinha, aí?)
- Em italiano: gioia mia = minha alegria
- Em russo: golubchik = meu pombinho
- Em japonês: tamago kato no kao = um ovo com olhos
- Já o italiano, quando quer lançar um gracejo para uma mulher mais madura, não hesita em dizer: "Vechia ma ancora buona!" = velha, mas ainda boa! (Por nossas bandas, já se cantou: "Não interessa se ela é coroa, panela velha é que dá comida boa!")
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Onde aprendi isso? Lendo e me divertindo demais com o livro "As línguas do mundo", de Charles Berlitz. Super interessante! Tenho a 3a. edição da Nova Fronteira, de 1988, há anos e, de vez em quando, abro aleatoriamente e vou lendo. Charles Belitz é neto do famoso fundador das Escolas Berlitz, embora não tanha mais vínculo nenhum com essa instituição.
Onde aprendi isso? Lendo e me divertindo demais com o livro "As línguas do mundo", de Charles Berlitz. Super interessante! Tenho a 3a. edição da Nova Fronteira, de 1988, há anos e, de vez em quando, abro aleatoriamente e vou lendo. Charles Belitz é neto do famoso fundador das Escolas Berlitz, embora não tanha mais vínculo nenhum com essa instituição.
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