Parece que o mundo descobriu a roda e as revistas, jornais, TVs, tudo falando deste negócio de TDA/H... e eu, mais uma vez, vou dar um curso sobre o tema: estarei no Ciclo-Ceap, de 9h às 18, neste sábado, apresentando o seguinte programa:
1. Conceito/Histórico/Epidemiologia
2. Descrição clínica/psicopatologia
3. Causas: etiologia
4. Alterações neurofisiológicas
5. Como fazer o diagnóstico: entrevistas, escalas, exames
5. Alterações do comportamento: escola, família, vida social
6. Consequências sócio-psicológicas
7. Evolução: criança/adolescência/adulto
8. Tratamentos: orientação ao paciente e família/medicamentos
9. Discussão e apresentação de casos clínicos
Já escrevi, aqui, dois posts sobre TDAH. Republico, abaixo, um deles:
Grande número pessoas, em torno de 3% a 6% da população infantil e 2% da adulta, tem dificuldade para se concentrar, relaxar, ficar quieto e, consequentemente, apresenta baixo desempenho escolar, comprometimento afetivo-social e, na vida adulta, dificuldades conjugais e laborais.
Parece uma estatística exagerada. Entretanto, pesquisas feitas no Brasil e nos outros países confirmam este número. Descartando-se problemas físicos e outros transtornos emocionais (psiquiátricos), a causa mais frequente do quadro de desatenção e hiperatividade chama-se Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH).
É uma doença da moda? Não.
Na verdade, as revistas semanais e os principais jornais, até mesmo a TV, têm feito reportagens sobre o assunto, provavelmente porque a indústria farmacêutica está lançando alguns medicamentos novos (ou em nova apresentação) para tratar os portadores de TDAH. Essa constatação, no entanto, não invalida a preocupação dos educadores, psicólogos e psiquiatras com o transtorno, pois, segundo a Academia Americana de Medicina, o diagnóstico e tratamento deste quadro está muito bem estabelecido, com validade superior à de muitas doenças físicas: - é a condição mórbida crônica de maior prevalência em crianças na idade escolar; - é o distúrbio neurocomportamental mais comum na infância; - cerca de 40% das crianças portadoras, não tratadas, evoluem para abuso de drogas, comportamentos antisociais e de risco, na adolescência; - o transtorno persiste até a idade adulta, com sérias consequências.
O quadro clínico costuma ser predominantemente de Desatenção, de Hiperatividade, de Impulsividade ou, ainda, um misto disso tudo. O diagnóstico é clínico, quer dizer, não depende de exames laboratoriais (sangue, eletroencefalograma, imagens).
- Desatenção - os principais sintomais são estes: - dificuldade a prestar atenção, descuidar das atividades escolares e profissionais, parece não escutar o que se lhe diz, não seguir instruções, não terminar tarefas escolares ou deveres profissionais, dificuldade em organizar tarefas e atividades, evitar envolver-se em atividades que requeiram esforço mental constante, perder coisas, distrair-se facilmente...
- Hiperatividade - eis os principais sintomas: - agitar as mãos, tamborilar frequentemente, mexer-se nas cadeiras, balançar pernas e pés, abandonar o assento em momentos inadequados, correr incessantemente quando não apropriado, dificuldade em se envolver silenciosamente em atividades de lazer, estar frequentemente a "mil", como se fosse movido por um motorzinho, falar demais...
- Impulsividade - caracteriza-se por: - frequentemente dar respostas precipitadas antes das perguntas serem concluídas, apresentar constante dificuldade em esperar a vez (em filas, por exemplo), interromper ou meter-se em assuntos de outros, irritar-se rapidamente quando algo não vai bem, não tolerar frustração, envolver-se em brigas, apresentar comportamentos opositivos com frequência...
Como se pode ver, uma criança, adolescente ou adulto com TDAH terá dificuldades nas áreas principais de sua vida: acadêmica, relacional e profissional. Sobre este tema, já escrevi um post anterior. Fui mais objetivo neste atual, pois estou preparando um curso sobre o assunto, promovido pelo Ciclo-Ceap.
Um ótimo site, em português, sobre o assunto, é o da ABDA.
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