A relação dos mineiros com as mineradoras oscila desde a complicidade até a hostilidade. Ao mesmo tempo que alguns se orgulham, por exemplo, da Cia. Vale do Rio Doce - esquecendo-se de que não é mais mineira coisa nenhuma - muitos vão se conscientizando acerca da atividade predatória que nos empobrece.
Desde os tempos coloniais, a extração das riquezas de Minas é testemunhada por tantos que aqui vivem. Alguns deram a vida em rebeliões contra a Coroa Portuguesa, sendo a Inconfidência Mineira o episódio mais conhecido.
Havia, então, a "derrama", uma plus na expropriação das nossas riquezas naturais:
No antigo Direito português derrama se chamava o imposto lançado sobre todos para suprir gastos extraordinários. Imposto "derramado" sobre todos. Foi uma derrama que produziu a Inconfidência Mineira. Causa imediata da Inconfidência Mineira, de 1792, era o tributo de que lançava mão a Coroa Portuguesa para, na região das minas, cobrar de uma só vez os quintos (20% do ouro extraído) em atraso. (Texto inicial de um artigo que compara os "pardais" - radares pendurados nos postes das avenidas - com uma forma de derrama. Aqui.)
O sentimento de que "estão levando embora aquilo que é nosso a preço de banana" existe até hoje, graças à consciência de que os lucros dessas empresas são enormes, enquanto o país continua quase que fornecedor de insumos básicos para indústrias do exterior, enquanto ficamos aqui como mais uma República das Bananas, ou dos minérios, do ouro, etc. Drummond, nosso poeta, já sentenciou, a respeito da destruição do pico do Cauê: "Itabira é apenas um retrato na parede, mas como dói"...
Algumas dessas grandes mineradoras começaram um trabalho de marketing, tentando melhorar sua imagem junto ao povo. Alardeiam a restauração das crateras, a filtragem das águas, as ações sociais. Tudo bem: isso realmente TEM de ser feito. O estrago, porém, permanece. Até quando? Existem alternativas?
Aqui em Belô, uma dessas iniciativas mais conhecidas é a manutenção dos jardins da Praça da Liberdade, pela MBR. Agora, de março a outubro, essa mineradora promove o envento cultural "Música na Praça": apresentações gratuitas de músicos daqui e de outros estados.
Pois no domingo, lá estive eu, aplaudindo o grande compositor Guinga. Muitos não o conhecem - ou acham que não. O cara é simplesmente genial. Tenho um disco dele, Suíte Leopoldina.
Consegui lugar privilegiado, bem à frente do palco, assentado! Levei a câmera e registrei alguns lances. Até produzi um filmeco de 90 segundos - nada que comprometa os direitos autorais, claro: afinal, foi feito em praça pública, com muito ruído do público, apenas para atiçar a curiosidade. Quem quiser ver e ouvir, que clique aqui. Trata-se de um fox, bem suingado, executado por um trumpetista cujo nome não guardei. Guinga ao violão, no meio do palco. Momento sublime...
Desde os tempos coloniais, a extração das riquezas de Minas é testemunhada por tantos que aqui vivem. Alguns deram a vida em rebeliões contra a Coroa Portuguesa, sendo a Inconfidência Mineira o episódio mais conhecido.
Havia, então, a "derrama", uma plus na expropriação das nossas riquezas naturais:
No antigo Direito português derrama se chamava o imposto lançado sobre todos para suprir gastos extraordinários. Imposto "derramado" sobre todos. Foi uma derrama que produziu a Inconfidência Mineira. Causa imediata da Inconfidência Mineira, de 1792, era o tributo de que lançava mão a Coroa Portuguesa para, na região das minas, cobrar de uma só vez os quintos (20% do ouro extraído) em atraso. (Texto inicial de um artigo que compara os "pardais" - radares pendurados nos postes das avenidas - com uma forma de derrama. Aqui.)
O sentimento de que "estão levando embora aquilo que é nosso a preço de banana" existe até hoje, graças à consciência de que os lucros dessas empresas são enormes, enquanto o país continua quase que fornecedor de insumos básicos para indústrias do exterior, enquanto ficamos aqui como mais uma República das Bananas, ou dos minérios, do ouro, etc. Drummond, nosso poeta, já sentenciou, a respeito da destruição do pico do Cauê: "Itabira é apenas um retrato na parede, mas como dói"...
Algumas dessas grandes mineradoras começaram um trabalho de marketing, tentando melhorar sua imagem junto ao povo. Alardeiam a restauração das crateras, a filtragem das águas, as ações sociais. Tudo bem: isso realmente TEM de ser feito. O estrago, porém, permanece. Até quando? Existem alternativas?
Aqui em Belô, uma dessas iniciativas mais conhecidas é a manutenção dos jardins da Praça da Liberdade, pela MBR. Agora, de março a outubro, essa mineradora promove o envento cultural "Música na Praça": apresentações gratuitas de músicos daqui e de outros estados.
Pois no domingo, lá estive eu, aplaudindo o grande compositor Guinga. Muitos não o conhecem - ou acham que não. O cara é simplesmente genial. Tenho um disco dele, Suíte Leopoldina.
Consegui lugar privilegiado, bem à frente do palco, assentado! Levei a câmera e registrei alguns lances. Até produzi um filmeco de 90 segundos - nada que comprometa os direitos autorais, claro: afinal, foi feito em praça pública, com muito ruído do público, apenas para atiçar a curiosidade. Quem quiser ver e ouvir, que clique aqui. Trata-se de um fox, bem suingado, executado por um trumpetista cujo nome não guardei. Guinga ao violão, no meio do palco. Momento sublime...
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