A razão desta carta não é o orgulho vão, sim a certeza de que a verdade é a única capaz de salvar os tempos atuais, nas mãos do cientista moderno, cuja ignorância é bem maior do que a Via Láctea. Sei que provoco estranheza imensa ao ver ignorância no cientista, exatamente em que todo mundo vê sabedoria e poder comparáveis aos de Deus.
Nada obstante, repare-se bem. No mundo, só as coisas têm o poder de agir, somente elas fazem. Quando Deus ou o homem diz que fez algo, está dito que uma coisa foi usada para fazê-lo (a notar que o corpo humano é coisa, nas mãos do homem). Sendo mais exato: só coisa faz; e coisa só faz coisa; neste mundo, toda coisa vem de outra. O cientista não sabe o que a coisa é. Mas, pela ciência e pela técnica, sabe como a coisa é (constituição), e o que a coisa faz tal que nem coisa, podendo fazer coisa e o que coisa faz: pode fazer coisa que destrói ou congela, e destruir ou congelar; pode fazer coisa que mata ou cura, e matar ou curar. Ora, não sabendo o que coisa é, e agindo exatamente como coisa age, o cientista parece coisa, ignorância maior do que firmamento. Acresce que na percepção, diante do que a coisa é (ordem), vemos o que nós somos (fim). E o cientista e o vulgar (opinião pública) fica sem saber se ele é o que as coisas são (Jacques Monod, Prêmio Nobel), ou se as coisas são o que ele é (Konrad Lorenz, Prêmio Nobel), prevalecendo aquela opinião (Jacques Monod), baseada no concreto, extenso, positivo, experimental.
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