13 julho, 2006

Fim das ideologias?

Semana passada fiz um post no Bombordo descrevendo a situação política em MG como Samba do Criolo Doido.

Hoje, para ilustrar a impensável aliança entre Nilmário Miranda(PT) e Newton Cardoso (PMDB), o Estado de Minas publica uma série de frases ditas pelo primeiro a respeito do segundo:


“Não fazemos acordo com a corrupção, com este governador antipopular. O senhor Newton Cardoso deve buscar pactuar com seus semelhantes na corrupção e na violência. Não temos nenhum ponto em comum com este prepotente, com essas dez arrobas de indignidade”
Trecho de discurso publicado no Diário do Legislativo em 24/8/89, na página 54, ao encaminhar pedido de impeachment do então governador Newton Cardoso à presidência da Mesa da Assembléia Legislativa de Minas

“O povo não tolera essa encenação política e quer ver coerência entre a teoria e a prática, entre o discurso e a prática”
Trecho de discurso de 13/7/89, ao pedir a bancada do PT voto a favor do impeachment do então governador Newton Cardoso, publicado no Diário do Legislativo, em 30/7/89, na página 30

“Quando uma pessoa da falta de qualidade como Newton Cardoso diz que vai apoiar alguém, qualquer que seja esse alguém, no caso de um candidato de esquerda, só pode ser para queimá-lo”
Trecho de discurso de 19/10/89, publicado no Diário do Legislativo de 17/11/89, nas páginas 35 e 36

“Em Minas Gerais, está instalada a permissividade. Roubai! Roubai! A corrupção aqui é livre e generosa. Vinde corruptos, que nós os absolveremos. Dá até para engordar porco”
Trecho do discurso de 8/8/89, publicado no Diário do Legislativo, em 13/9/89, nas páginas 40 e 41


É o fim do 'ideário político', das ideologias? O que interessa agora é só o poder? O interesse aplainou todas as legendas?

Para o sociólogo e cientista político Rodrigo Mendes, a aliança entre dois adversários históricos como Newton e Nilmário é um reflexo do distanciamento entre a prática e a ideologia, que se acentuou no mundo inteiro depois da queda do Muro de Berlim, em 1989, que separava as duas Alemanhas. “As diferenças entre esquerda e direita ficaram pequenas após a queda e a ideologia passou a ter papel secundário. O que interessa são as alianças pragmáticas e não programáticas”. Para ele, o pragmatismo sempre foi a tônica de todos os partidos brasileiros e o único que fugia desse estigma era o PT . Mendes lembra que a primeira aliança em nível nacional feita pelo PT com um partido que não integrava seu tradicional arco de alianças foi em 2002, quando a legenda se coligou com o PL. De lá para cá, na avaliação do cientista, o PT teve um “ganho de pragmatismo” , que se tornou uma novidade dentro da legenda. “O que reforçou mais ainda a idéia de que o PT é um partido como os outros”.

Está correta essa análise do cientista político Rodrigo Mendes?
É o fim do 'ideário político', das ideologias? O que interessa agora é só o poder? O interesse aplainou todas as legendas?
Nilmário Miranda sairá queimado, como afirmou acima, pelo apoio do Newtão?

Acho que queimados estamos todos, calcinados pela descrença e pela indignação.

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