Pois é, quando se puxa o "fio" da memória, nunca se sabe o que vem lá do fundo de nossas lembranças.
O passado é como um tesouro escondido.
Bobo quem pensa que "o que passou já morreu".
O inconsciente não conhece o tempo, tudo está lá, gravado e tão vívido
quanto o que foi vivido: emoções se reanimam
e todos os nossos sentidos são atiçados.
Perfumes de outras épocas, sons distantes, imagens esmaecidas, tudo se revigora quando as associações se desencadeiam.
Eis o segredo das "Mil e Uma Noites", o segredo de Sherazade, que para não ser morta pelo califa, vai desfiando contos intermináveis.
Ou seja: falar, narrar, contar, rememorar, ter alguém que queira nos escutar e... faz-se o milagre do viver.
O homem inventou a linguagem - ou fomos por ela inventados?
In principio erat Verbum... No princípío, o Verbo.
Por isso se bloga tanto: falar, falar, falar.
Assim nos mantemos vivos, na suposição de que haja quem se interessa em ouvir.
Quando alguém comenta, dá um pitaco, palpiteia, discorda, provoca, faz um ruído qualquer, raspa a garganta, gargalha ou ironiza, eis que tomamos vida.
Afinal, somos constituídos pelo Outro, pois para ele existimos.
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