- O melhor era colocar um barbante (cordinha) amarrado a um pedaço de carniça. Urubu comia e voava para bem alto. Aí eu dava linha, como quem solta uma pipa, pendurava-me no barbante e o grande pássaro preto me carregava pelos céus da cidade. Às vezes, ao "sobrevoar" o rio Piracicaba, eu caia em suas águas e tinha que nadar rápido, para fugir do jacaré. Um dia, um urubu bem grande me levou até a caixa dágua, no alto do morro atrás do Hospital São José. E como conseguia fugir de todos os jacarés e sempre cair em lugar macio, estou aqui a contar como acontecia.
# Meu pai, Soié, lembrou-se de quando eu saía de mãos dadas com o vovo Ilidinho. Ao passar próximo ao matadouro municipal, diante dos animais abrigados no pequeno curral anexo, apontava para um ou outro e perguntava:
- Vovô, aquele boi ali é boi ou vaca?
# Tia Irani, irmã de meu pai (Soié), relembrou um fato acontecido também na minha infância. Eu já aprontava das minhas, é claro. Tia Irani comentou assim:
- GOSTEI e lembrei-me da vaca que entrou na venda (armazém) que meu pai (Ilidinho) tinha aqui junto à nossa casa... Foi o seguinte:
Era costume que os fazendeiros conduzissem sua boiada pelas ruas da cidade. Às vezes, uma ou outra rês se desgarrava e investia sobre os passantes. Numa dessas ocasiões, gritaram:
- "Vaca braaaaava"!
Todos correram para apreciar o espetáculo e o pobre do Claudinho, que estava assentado na porta do Foto Irineu, defronte à venda, saiu em disparada atravessando a rua e gritou:
- Vovôôôôô me acode!!!.
Acontece que a vaca, que estava bem próxima, deve ter pensado que o menino fosse seu bezerrinho (!) e igualmente atravessou a rua e adentrou as instalações do meu pai que, num relance, puxou o menino que tremia e berrava alojado num canto. A vaca tentou passar para detrás do dentro balcão, ficando "engasgalhada" na porta, bufando e batendo c/as patas no assoalho.
Os vaqueiros logo chegaram com um laço e arrastaram a coitada para a rua, onde o povo aglomerado aplaudia. Cláudio, nos braços do avô, chorava e reclamava:
-"Vovô, a vaca queria me pegar".
Nesta hora, foi chegando minha mãe com um copo d’água e biscoitos para acalmar o bezerrinho... ou melhor, o netinho!!!. Boas lembranças, muitas saudades!!!
# Ah, lembro-me dessa minha tia Irani, mocinha nova, a fazer bordados juntos às outras tias. Eu, menino de calça-curta, zanzava pela sala de costuras, pois era casa do meus avós Nhanhá e Ilidinho. E não é que as danadas das tias, quando queriam que não entendesse o que diziam, principiavam a falar na língua do pê? Espertinho, logo logo decifrei o código. Pois então, inventaram mais uma:
Depemoporeipei apa depecopodipifipicarpar.
Quanpandopo despescopobripri quepe eperapa apa linpinguapa dopo pêpê, epelaspas copomepeçaparampam apa upusarpar apa linpinguapa dopo epefeperrepe:
Voforrocêfêrrê confonronheferreceferre afarra linfinringuafarra doforro eferreeferre?
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