23 março, 2008

Páscoa Feliz

A Páscoa seja mais uma ocasião para nos confraternizar.

Arranjo simples e delicado feito pela Amélia. Natural e saudável, com maçãs, ameixas e cerejas.
Chocolate não poderia faltar e, mais uma vez, Amélia nos surpreende com suas iguarias divinas: pannetone e colomba pascal recheados com ganache de chocolate e licor de cacau.

Fotos by Cláudio Costa.

18 março, 2008

Oscar Niemeyer: o espetáculo arquitetural e... eu!

Quando visitamos Curitiba-PR, em outubro de 2006, Amélia e eu nos encantamos com a cidade.

O 'olhar-de-turista' seleciona paisagens e monumentos e vislumbra belezas onde o cidadão comum vê apenas o caminho de leva-e-traz ao trabalho, à escola, ao lazer. O Parque da Cidade, a Ópera de Arame, o Shopping Estação, o Babilônia, o Castelo de Batel, o Restaurante Pata Negra e a Estrada da Graciosa deixaram-nos indeléveis lembranças visuais e afetivas . O mais impressionante, porém, foi o Museu Oscar Niemeyer, no qual passamos uma tarde inteira, extasiados tanto com as obras em exposição quanto com o próprio edifício, projetado pelo grande arquiteto (á esquerda, foto by Cláudio Costa).

Todos sabem da importância de Belo Horizonte na história de Oscar Niemeyer, pois foi aqui, nos idos de 1940, que "pela primeira vez se desliga da rigidez da arquitetura moderna européia". A Igreja de S. Francisco, carinhosamente chamada de igrejinha da Pampulha tornou-se um ícone da ousadia e evoca as montanhas de Minas pelas suas linhas curvas, absolutamente originais. Há, ainda, o Cassino (Museu de Arte da Pampulha), a Casa do Baile e o Iate Clube.

Ainda solteiro, acabei morando no Edifício JK, ou seja, dentro de uma obra do Niemeyer:
Quando universitário, morei por quatro anos num apartamento criado pelo Oscar Niemeyer! Uma caixa de vidro e cimento, com janelões voltados para o norte, inundada de sol durante o inverno e de luminosidade ofuscante o ano inteiro. Os corredores imensos, totalmente dependentes de iluminação artificial, são desafio para os claustrofóbicos. Trata-se do enorme Conjunto JK, uma "cidade" com 5.000 habitantes! Habitei o nono andar do bloco mais baixo (24 andares). O espigão tem 36. [Oscar Niemeyer e eu]

Mais tarde, Amélia e eu escolhemos a igrejinha para nosso casamento, abençoados pelo São Francisco criado por Portinari, abrigados pela abóboda de cimento protendido, quase impossível à época da construção.

Agora, sinto o maior orgulho em compartilhar fotos minhas com quem quiser folhear e aprender no belíssimo Oscar Niemeyer: o espetáculo arquitetural. Trata-se de uma publicação do Núcleo de Ação Educativa do Museu Oscar Niemeyer de Curitiba. Uma "cartilha" em dois volumes, quase duzentas páginas, cheia de fotos e textos muito bem elaborados.

Pois não é que os produtores do livro me solicitaram autorização para reproduzir 5 fotos da Igreja da Pampulha de autoria do papai aqui? Muito chique, ou chique demaisss, como dizem os mineiros. É claro que autorizei e, hoje, recebi os volumes como pagamento simbólico.
Agora, fico a pensar: continuo psiquiatra ou assumo de vez que Oscar Niemeyer e eu fazemos uma boa dupla? Ele projetou, eu fotografo...
Foi 'aqui' que descobriram minhas fotos...

15 março, 2008

A Arte da Convivência

Para que você entenda o comportamento dele e não o transforme em um neurótico é importante que, antes de puni-lo, conheça algumas atitudes que fazem parte do seu instinto.

Uma delas é a forma como ele se comunica com os outros, o que acontece através do cheiro e das mudanças das expressões facial e corporal.

Num primeiro contato, é comum que ele cheire o bumbum do outro. É esse cheirinho que os identifica e determina se o relacionamento será amigável. Geralmente, isso ocorre entre aqueles que ainda não chegaram na puberdade.

Se por alguma razão o cheiro não agradar, um tenta ameaçar o outro. E se um dos dois se sentir dominado, abaixa a cabeça ou vira de costas e expõe a genitália.

Isso demonstra que não se quer brigar. Quando um concorda com a rendição do outro, o relacionamento pode ser amigável.

Fique ligado nessas reações. A sua interferência, nesse momento, não é aconselhável e pode precipitar uma briga.
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Por que será que os humanos não aprendem com os cães?
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13 março, 2008

Divertissement

[Não sei quem fez. Recebi por email e repasso. Se o dono tiver copyright, deleto.]

01 março, 2008

Estômago


Outro dia mesmo estávamos em Tiradentes, onde curtimos uma semana de férias. Além dos habituais passeios e abusos gastronômicos, mergulhamos na 11a. Mostra de Cinema . As projeções começavam às quatro da tarde, tudo gratuito. A cidade se mobiliza em função do festival, proporcionando a convivência entre os nativos, turistas, artistas e técnicos, que se cruzam nas ruas, pousadas, restaurantes e nos cinemas. Há projeções especiais para crianças, debates e oficinas para aficcionados, festas, etc.

Tiradentes entrou no circuito turístico-cultural não só pela impressionante conservação de seu casario, igrejas e ruelas coloniais mas, principalmente, pelos dois eventos anuais de maior repercussão: em janeiro, a Mostra; em agosto, o Festival Internacional de Cultura e Gastronomia.

Por falar em gastronomia...

A Mostra de Cinema encerrou-se com a projeção de Estômago, dirigido pelo curitibano Marcos Jorge. Comida, sexo e poder são os temas de fundo deste ótimo filme. O ator baiano João Miguel achou o tom certo para representar o protagonista da história, um migrante piauiense que busca uma cidade grande do sul do país para se arranjar na vida:

Grande parte dos créditos pelo sucesso do filme deve ir para o baiano João Miguel, um dos
maiores atores brasileiros do momento. Ele cria um personagem que, entre o ingênuo e o
esperto, ganha uma caracterização cativante, sem nunca cair nos clichês de representação do
nordestino simpático. Com o ator, o filme ganha uma leveza que contrasta com a dureza do
cenário e que faz o filme render
.
[Chico Fireman, www.G1.com.br]

O filme é muito bom e surpreende o espectador. A culinária perpassa toda a trama e é utilizada para subverter os outros dois polos: sexo e poder.
Ao final do filme, Amélia e Ana Letícia fizeram questão de serem abraçadas pelos atores João Miguel e Babu Santana:

11a. Mostra de Cinema de Tiradentes-MG. Babu, Amélia, João Miguel, Ana Letícia e Cláudio.

29 fevereiro, 2008

Então, tá!

Leia o post anterior e entenda isso:

"De acordo com o irmão do noivo, Rodrigo, tudo não passou de uma brincadeira dele e dos amigos.

Ele disse que, além da mensagem divulgada na Avenida do Contorno, no Bairro Santa Efigênia, o grupo pôs outra faixa, na Avenida Prudente de Morais, pedindo para Ricardo não se casar e “voltar para o Jorjão”. Na manhã de quarta-feira, ambas foram retiradas.

“A noiva ficou doida, chegou a duvidar dele. Até cancelamos os foguetes e as faixas que programamos para a porta da igreja no dia do casamento”, explicou Rodrigo, que é solteiro. Com amigos como esses, quem precisa de inimigos?"

Fonte: Uai. (link do Estado de Minas).

27 fevereiro, 2008

Coisas de Beagá

O fusquinha estacionou em frente ao meu local de trabalho, ontem pela manhã. O dia amanhecera chuvoso, mas o carro estava limpinho, denotando os cuidados dispensados pelo dono. Nunca o vira anteriormente e chamou-me a atenção pela pintura e pelo ano de fabricação. Os passantes dedicavam um minuto de sua pressa para admirar o modelito muito simpático. Lembrou-me a instalação artística com os fuscas do Centro de Arte Contemporânea de Inhotim.


Já a foto abaixo vai rodar meio mundo, não pela ameaça em si, mas pelo inusitado da mídia escolhida: uma faixa defronte à loja do tal Ricardo. Ou seria do Ricardão? O EM de hoje a publicou na coluna de notas sobre a jeunesse dorée belorizontina. Já circula como spam em e-mails. Autoria da foto: MTCorreia/EM. Pág. 3, caderno Cultura, Jornal Estado de Minas. 27.2.08


A pergunta é: o que você faria se fosse o noivo?

12 fevereiro, 2008

Peculiaridades: meia dúzia

Meu filho Ângelo acaba de se formar em Medicina Veterinária pela UFMG. Talvez isso seja minha maior aproximação com qualquer espécie de rebanho, seja vacum, seja caprino, seja taurino ou ovino. Também nada tenho a ver com vara de porcos e a manada de veados.
Portanto, não possuo pecus (do latim = gado), não sou pecuarista, nem aqui nem em Santa Rosa do Alto, município desconhecido lá pras ribas de Rio Abaixo.
Pecus (gado) vale muita pecunia (dinheiro). Se é o que me falta, deduz-se que minhas posses pecuniárias são parcas, quase porcas.
É habito de políticos e administradores públicos amealhar pecunia de forma irregular, ilegal, sub-reptícia e até descaradamente desonesta. Conjugam bem o verbo peculiari, principalmente na primeira pessoa do singular (peculior) e são adeptos ao peculato (ato de roubar dinheiro público) e formam, assim, seu peculio (bens particulares, posses, haveres, dinheiro para a velhice e para velhacarias, pois sim!). O dinheiro (pecunia) público, surrupiado (sub-reptum = tirado às escondidas), torna-se peculiar (usado como próprio).
Chegamos, então ao vocábulo em questão: peculiar, que significa inerente, próprio, respectivo. Por extensão, veio a significar o que é predicado de algo ou de alguém, sua peculiaridade.
Dido isso, e esclarecidas quaisquer dúvidas, descubro que não tenho, mesmo, nenhuma peculiaridade. Nada, nadeca, nadinha de peculato, muito menos de pecunia.
De qualquer forma, a Elza pediu, repassando-me um meme, no qual devo descrever meia dúzia de peculiariadades, algo que me seja próprio e me diferencie dos demais. - Ora, direis, tu és Cláudio, nada mais.
Sendo assim, revelo-me:
1a. Não gosto de memes.
2a. Gosto de aprender.
3a. Duvido muito, mas faço.
4a. Quase sempre conto até 10.
5a. Música & fotografia.
6a. Goiabada cascão com queijo canastra.

02 fevereiro, 2008

Olha o trem!

Filmei, em Tiradentes-MG, a chegada da Maria-Fumaça à estação, vindo de S. João del Rei.
É acontecimento que mobiliza turistas e mesmo alguns moradores, principalmente crianças.
A locomotiva apita lá longe, não a vemos mas o coração já dispara.
Depois apita longamente quando se aproxima da curva da estação.
Aí, é um alvoroço só: Ele já vem, olha o trem!
Então, aquela 'coisa' aparece gritando e bufando, soltando fumaça e vapor pelas ventas, um estrupício barulhento, resfolegando com suas mil engrenagens de ferro, tac-tatac-tatac-tac.
Das janelas dos vagões vêem-se mãozinhas acenando: Ciao, gente!
Olhares ansiosos procuram alguém conhecido ou vasculham a paisagem em busca da tão afamada Tiradentes.
Minha memória afetiva impulsiona minhas pernas a correr atrás do comboio, que lentamente pára na estação.
Um último suspiro e a Maria-Fumaça descança.


Este filminho vai pro Ismael Hipólito, meu sobrinho de Marataízes-ES, que adora tudo que tem a ver com ferrovias.

28 janeiro, 2008

Trem bão

Eu ia fazer um post sobre nosso (Amélia, Ana, o carioca Alex e eu) passeio de Maria-Fumaça: Tiradentes-São João d'el Rei-Tiradentes.
Mas a descrição poético-onírica da Ana já disse tudo.
Corram lá.

25 janeiro, 2008

Visitar Tiradentes-MG, nas férias de janeiro, virou um hábito.
No final deste mês acontece a 11a. Mostra de Cinema, durante a qual são exibidos mais de 120 filmes, entre longas e curtas, além de vídeos e oficinas de arte.
A cidade barroca se torna destino de centenas ou milhares de pessoas, que acorrem do Brasil inteiro. Não chega a ser uma invasão de bárbaros (esta acontece no Carnaval e na Semana Santa), o que torna a estadia uma oportunidade de viver cultura, enquanto nossos olhos passeiam pelos telhados e paisagens coloniais, palmilhamos vielas tortuosas, num ambiente que nos transporta ao século XVIII.

É impossível deixar de imaginar os habitantes daquela época, senhores e escravos, senhoras e senhorinhas, garimpeiros, tropeiros, religiosos, beatas, fiscais da Coroa Portuguesa, conspiradores. Cada rua, agora iluminada pela energia elétrica, outrora escondia desvãos obscuros, becos surpreendentes, janelas indiscretas e dissimuladas pelas cortinas e venezianas.Telhados coloniais e a Serra de São José, vistos da varanda de nosso apartamento.
Foto by Cláudio Costa

Amélia e eu já estamos aqui desde quarta-feira, impregnados de história, assistindo a tudo quanto é filme (a programação é totalmente gratuita).

Os filmes são exibidos na Tenda, um imenso auditório de lona, com ar condicionado, 700 lugares assentados, tela e som de primeiríssima qualidade ou na Praça (Largo das Forras), também com cadeiras confortáveis e todo aparato tecnológico. A iluminação do entorno é desligada e ao povo da cidade se juntam os turistas e os participantes da mostra (diretores, técnicos, atores, estudantes de cinema e cinéfilos em geral). O local se torna um verdadeiro cinema à la belle étoile, como dizem os franceses. O silêncio durante as exibições é sagrado. Ao final, cada um vota de acordo com o próprio gosto. Os votos serão computados para a premiação na Final da Mostra, que será amanhã, às 22h. Ou seja, o juri é totalmente popular.
Rua Direita, famosa pela vida noturna, restaurantes sofisticados e bem decorados.
Foto by Cláudio Costa.

Daqui a pouco, nossa filhota Ana Letícia vai chegar. Teremos sua companhia para curtir os últimos momentos de mais um passeio pelas Minas Gerais.
Se a alguns pode parecer puro bairrismo, saibam todos que as belezas e encantos da cidade conquistam a todos. É impressionante a quantidade de paulistas, cariocas, gente do nordeste e do sul, sem falar nos gringos, que se admiram a preservação histórica e o riquíssimo artesanato local.


Ano que vem nos encontraremos aqui.

22 janeiro, 2008

Cor - Sabor - Textura: Iguaria

Um bolo de cenouras é trivial, simples, fácil de se fazer, gostoso, nutritivo e pode ser encontrado em confeitarias e padarias. A cobertura de chocolate dá-lhe aspecto especial e um sabor que combina muito bem.



Mas...



Mas Amélia não é deste mundo e conseguiu transformá-lo em iguaria quase divina.



À massa de cenoura ralada, ovos, óleo de canola, açucar, farinha de trigo, fermento-em-pó e uma pitada de sal, Amélia acrescentou nozes, castanhas, damascos, ameixas pretas, uvas-passas brancas e pretas, além de frutas cristalizadas.

A cobertura foi feita com chocolate amargo (cacau em pó) e leite desnatado com uma pitada de açucar. Depois, enfeitou, num exercício quase barroco. Cores, sabores, texturas, aromas: um amálgama que encantou nossos olhos, despertou as papilas gustativas, ativou memórias afetivas e nos transportou ao êxtase:


[Se você não teme ser tachado de maluco, aspire o aroma que exala da tela de seu monitor e dê uma mordida. Pode servir-se de mais um pedaço, não se acanhe. Afinal, internet não é 'vida virtual'? Não há aqueles que se contentam até mesmo com namoros e sexo on line?]


Desminta-me, se for capaz.


Mais fotos, AQUI.


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Lembrete: Chapéu Panamá, a nova guarda do samba, banda em que tocam nossos filhotes Ângelo e Leo, vai aparecer na TV. Domingo 27-01, 15,30h, TV MINAS/CULTURA, programa Feira Moderna (Show completo!):

Clique na imagem para conhecer a banda.

20 janeiro, 2008

Uma tarde em Ouro Preto



Casario colonial em Ouro Preto-MG. (foto by clcosta)

Visitar Ouro Preto-MG é experiência singular e provoca emoções estéticas que motivam poetas, escritores, pintores, compositores e artistas de todo gênero. Embora não me enquadre em nenhuma dessas categorias, experimento igualmente emoções várias, à medida que subo e desço ladeiras, em meio ao casario colonial.
Desta feita, Amélia e eu, mais o filhote Ângelo, passamos uma tarde na antiga Vila Rica. Foi num impulso a decisão. Eram 11h da manhã de quarta-feira e pensávamos o que fazer para o almoço. Amélia sugeriu: Vamos almoçar em Ouro Preto? Não pensei duas vezes:
Vamos!

O Ângelo, que acabara de acordar, aceitou o convite e, num minuto, subíamos a Av. Raja Gabaglia em direção à BR-40, BH-Rio. Pouco mais e já estávamos no trevo de Alphaville. Daí a Ouro Preto a rodovia serpenteia por encaracoladas serras, como diria um antigo professor de literatura.

O caminho é parte da Estrada Real e bordeja lugares históricos que moldaram o espírito dos habitantes da Província das Minas Geraes: Itabirito, Cachoeira do Campo, Santo Antônio do Leite, Glaura... é uma viagem pela Inconfidência Mineira, pelas trilhas dos bandeirantes, pelas minas de ouro e minério de ferro que fizeram e ainda fazem a riqueza de poucos.

Decidimos almoçar mais tarde e fizemos um lanche revigorante: empadas de peito de frango com queijo catupiry e com palmito, além do tradicional pão-de-queijo.

Logo surge a entrada para Santo Antônio do Leite, lugarejo simpático, bem ali, pertinho. Dobramos à direita, não custava nada. Visitamos o Capricho Asturiano, famosa pousada do espanhol Manuel Noriega, com quem conversamos rapidamente. Somos atraídos por uma igrejinha recém-pintada, cartão-postal típico do interior, a capela de São José, em Gouveia:

Capela de São José, em Gouveia, próximo a Ouro Preto-MG (foto: clcosta)

Já em Ouro Preto, estacionamos próximo à igreja do Carmo. Visitamos, então, o Museu do Oratório, no qual se explicita a religiosidade doméstica e peregrina dos séculos XVII e XVIII. O acervo foi coletado e doado pela família Gutierrez, proprietária da famosa construtora Andrade-Gutierrez e idealizado pela filha do patriarca, Ângela Gutierrez.

A igreja do Carmo, imponente sobre a pequena elevação que tem o Museu da Inconfidência voltado para a Praça Tiradentes, é impressionante pela arquitetura barroca, com elementos estrangeiros pouco comuns: pedras italianas, azulejos portugueses e afrescos franceses. Não há aquela típica profusão de dourados, mais comuns ao estilo rococó, o que propicia ambiente místico e contemplativo:

Igreja de Nossa Senhora do Carmo, em Ouro Preto-MG (foto: clcosta)

A natureza se impôs e buscamos o Relicário 1800, restaurante tradicional, que funciona há 38 anos sob a batuta da família de D. Firmina, dublê de marchand e chef. Ocupa, literalmente, as instalações de antiga senzala, cujas paredes de pedra-à-vista são recobertas de obras de arte, pinturas, esculturas e artesanato:

Escada de acesso ao Restaurante Relicário 1800, em Ouro Preto-MG. (Foto by clcosta)

O cardápio é variado mas qual mineiro recusa um frango-com-quiabo-e-angu? A entrada, mineiríssima: mandioca frita e linguiça de lombo.

No restaurante, deparei-me com uma belíssima obra do José Assunção, que morou e trabalhou em minha terra, Nova Era-MG. Conheci-o pessoalmente: era barbeiro (cabelereiro), até que sofreu um acidente e mudou-se para Itabira-MG. Faleceu há mais ou menos 5 anos e ficou famoso como uma das expressões da pintura primitiva, ou naïve (naïf):

Pintura de José Assunção, meu conhecido de Nova Era-MG (foto by clcosta)

O sol ainda derramava seu calor e sua luminosidade sobre a terra, convidando-nos a permanecer na Vila Rica colonial. Descemos a Rua Direita, dobramos a primeira esquina e caminhamos até a Igreja de Nossa Senhora do Rosário: Igreja de Nossa Senhora do Rosário, em Ouro Preto-MG (foto by Ângelo)

Ao crepúsculo, em foto do Ângelo, Amélia e eu nos despedimos desta viagem ao passado histórico das Minas Geraes. Algumas horas, apenas, em Ouro Preto e voltamos revigorados à metrópole.

____________Clique nas fotos e entre no álbum.

06 janeiro, 2008

Churrasqueiro de primeira viagem

Dia desses, em companhia da Amélia e da AnaLetícia, caminhava pela orla da Lagoa da Pampulha quando fomos atraídos pela exposição de uma dezena de minichurrasqueiras. Estavam enfileiradas na calçada mesmo. Ao lado, um sujeito com cara de bon vivant descansava numa cadeira de praia (ou de "beira de lagoa", já que Minas não tem mar). Outros caminhantes seguiam em frente, acompanhados pelo homem com um olhar de soslaio, bem despistado. Era o vendedor que, depois, se nos apresentou como o próprio fabricante.

Amélia e Ana se cutucaram (coisa de mineiro), adivinhando meu interesse denunciado pela diminuição do ritmo da caminhada. A troca de olhares entre elas era mais eloquente que o diálogo que imaginei:
- Olha o pai querendo comprar a churrasqueira!
- Ele sempre quis, mas nem sabe fazer churrasco!
- Nem gosta tanto, né?
- Aposto que ele vai lá ver de perto.

Num instante, atravessei a Av. Otacílio Negrão de Lima -aprazíveis 18km que circundam a lagoa- e já perguntava ao tal homem como era aquilo, como funcionava, quanto gastava de carvão, se podia colocar na varanda do apartamento, o material com que era fabricado, etc.
O sujeito se empolgou, explicou tudim, tim-tim por tim-tim, não perdeu a paciência e garantiu a qualidade do produto com um argumento sólido:

- Sou eu mesmo que fabrico. É chapa de aço de 1mm, não dá fumaça, não enferruja, o calor dura até 12h sem precisar trocar o carvão, a pintura é resistente ao calor, pode levar que o senhor vai ficar satisfeito. Só aqui na região da Pampulha já vendi mais de duzentas. Leva lá pra sua mulher ver.
Carreguei a menorzinha.
Repeti o discurso do vendedor-fabricante, enquanto as duas faziam mil perguntas. Ana se empolgou primeiro. Amélia foi cedendo e terminou me incentivando a comprar:
- A gente pode por na varanda. Pra pouca gente vai ser a conta e não precisaremos ir para a churrasqueira grande do prédio.

Após regatear, tornei-me o mais novo proprietário de uma minichurrasqueira, sonhando com uma costelinha no abafo e coisas que tais.
A estréia foi imediata. Tão logo chegamos em casa, entronizamos o aparelho numa posição estratégica e começou a odisséia: afinal, como é mesmo que se acende o carvão da churrasqueira?

Os experts em churrascologia em geral e os gaúchos em particular podem rir e debochar, mas só Deus sabe como apanhei até obter o ponto certo de assar a carne e ter certeza de que, finalmente, comeríamos churrasco.


Daí pra frente, só alegria: o churrasco teve acompanhamento de umas geladíssimas Terezópolis e nacos de ciabata. Foi nosso almoço de domingo.



Amélia se lembrou de que tínhamos algumas bananas "caboclas", dadas pela tia Nhanhá, lá de Santa Maria de Itabira. Foram assadas ali mesmo, na churrasqueirinha e num minuto tínhamos a mais maravilhosa das sobremesas: banana assada com açucar, canela e sorvete!
Virou festa:
Agora que aprendi, posso convidar:
- Aceita?
__________

28 dezembro, 2007

Maria Cleonice

Maria Cleonice - é assim que gosta de ser chamada, pois "os nomes duplos inspiram nobreza"- acordou bem disposta.
Bonita, suave, de olhos azuis, ajeitou o cabelo, caprichou na maquiagem, borrifou um pouco de Poison nas curvas de seu pescoço e no colo bem feito. Os 41 anos não lhe cobram quase nada.
Feliz? Pode-se dizer que sim, embora o ex-noivo, Antônio, ainda a faça suspirar, com recordações que lhe avivam a libido. De verdade, nunca se afastaram; embora casado com Vanessa, o moço é seu colega de escritório. Além disso, mantêm explícita amizade e, para espanto de uns e admiração de outros, Maria Cleonice é íntima do casal - coisa dos tempos modernos.
Às nove da manhã, suavemente envolta pela fragância venenosa do perfume, ela está diante do ex-noivo que, mais uma vez, solicita-lhe visita a um cliente, na vizinha cidade de Santa Luzia:
- Não sei se é possível, Tonico, meu carro está na oficina.
- Pois lhe empresto o meu, vá no Corsa.
...
Lá pelas onze, Antônio explica isso à Vanessa que, no trajeto para casa, tomada por um ciúme medrado insidiosamente nos últimos tempos, demonstra-lhe desagrado:
- Benzinho, essa mulherzinha já tá abusando, você não acha? Tá sempre arrumando desculpa para ficar perto de você e, agora, nosso carro está com ela! Estou me segurando, não é de hoje!
Antônio evitava qualquer discussão. Contemporizou:
- Ah! meu amor... tá bom, tá bom, não vou dar mais colher de chá, você sabe que te amo!
A tempestade quase fora adiada se não tocasse o celular. Era Maria Cleonice:
- Oi, meu Tonico, passo na sua casa, devolvo o carro e almoço com vocês.
Indeciso entre não desagradar à mulher e à ex-noiva, passa o telefone à Vanessa:
- Você decide.
- Olhaqui, sua noivinha frustrada, fique no seu lugar, vê se desconfia e dá um tempo!
...
Às 16,32, o porteiro do prédio de Antônio e Vanessa abre o portão para o Corsa do 504.
Bonita, suave, de olhos azuis, Maria Cleonice ajeita o cabelo:
- O carro já está na vaga, Feliz Natal!
...
A fumaça toma conta do ambiente. Espessa e negra, provém da garagem. Os bombeiros são chamados.
Maria Cleonice comemorara o Natal incendiando o "corsinha do Tonico".
Na delegacia, explica:
- O fogo se alastrou, não foi minha culpa. Não queria queimar os outros cinco carros, lamentou.
Bonita, suave, de olhos azuis...
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Publicado pela vez primeira em dez.2004.

24 dezembro, 2007

Natal são muitos

Cada pessoa experimenta um sentimento particular por ocasião do Natal: se dermos ouvidos ao que nos ensina a psicologia do desenvolvimento, as vivências da primeira infância, os vínculos primários e mais um caldo de imagens armazenadas no inconsciente configuram a matriz que sustentará o sujeito pelo resto da vida. Há controvérsias, bem sei, mas não se pode ignorar o conteúdo imagético e afetivo que se evoca em certas ocasiões, como no Natal, por exemplo.

Há os que se sentem plenamente imbuídos da idéia do sagrado e valorizam os rituais religiosos com a celebração alegre do nascimento do 'menino-deus': preparam-se no tempo do advento e comemoram a epifania como o acontecimento mais importante para o gênero humano. Trata-se de uma experiência mítica e místico-religiosa, que os afeta em sua singularidade e os faze se sentir partícipes de um projeto de salvação universal. Ser religioso importa num conjunto de crenças e, para alguns, uma fé convicta sustenta sua posição perante o mundo. Se, de um lado, a fé e o pertencimento ao grupo garantem a segurança do "um" pela identificação ao "outro", contudo não é suficiente: de que vale a fé sem as obras? O esgarçamento dessa dimensão ao longo dos séculos e sua incorporação pela cultura judaico-cristã-ocidental mitigaram as exigências éticas e reduziram a rituais o comprometimento exigido nos primórdios.

Inda mais, o avanço do capitalismo e seu mais perverso corolário, "não existem pessoas, o que existe é O Consumidor", descambaram na transformação das festividades natalinas em orgia consumista, cujos templos são os palácios dos shoppings ou as tendas abarrotadas de ofertas. A cada ano, o onipresente departamento de marketing inventa o 'produto dos sonhos' e nosso desejo é capturado pela promessa de felicidade infinita, aqui e agora. Basta comprar o celular G4, a tv de plasma, o laptop de mil recursos, o automóvel definitivo.

Não se pode negar que existam ainda muitas e muitas pessoas dotadas daquele 'sentimento oceânico' do qual se ocupou Freud: trata-se do anseio por um pertencimento ao mundo, desejo esse em que o medo da perda de amor se situa na dianteira do sentimento de autopreservação e segurança a partir da identificação com o universo em que o indíviduo vive. Para Romain Rolland, o pensador francês que criou este termo, o sentimento oceânico seria o fundamento do sentimento religioso. Creio que o perído natalino desperta uma certo olhar compassivo para o semelhante, servindo de alívio para a culpa que alguns carregam pela indiferença à fome, à miséria, à exclusão. Distribuem-se presentes, fazem-se campanhas de solidariedade, distribuem-se migalhas aqui e ali. O mundo parece mais cor-de-rosa, ainda há esperança quanto ao futuro da humanidade, o ser humano pode até ser bom. Mas a vida continua, cada qual mergulha na azáfama cotidiana em busca de acumular bens, riquezas e segurança, enquanto os excluídos aguardam o próximo Natal, que será usufruído apenas pelos sobreviventes. E la nave va.

Deparamo-nos com muitos que dizem detestar o Natal. Se uns criticam o consumismo, outros reclamam do trânsito, muitos se sentem angustiados com os gastos para presentear por pura obrigação. Mas há os que se sentem tristes, verdadeiramente deprimidos: o Natal é a pior época do ano, confessam. Às vezes dizem: 'não sei o porquê disso'. Bastam alguns minutos de atenção e nossos ouvidos se enchem de lembranças amargas, ressentimentos nunca resolvidos, culpa, raiva, solidão. Podem acusar a sociedade de ser hipócrita e não há como tirar-lhes a razão. Mas não se trata de ter razão, pelo menos na clínica.

É tempo de reencontros, reaproximações, visitas à família distante, encontro com vizinhos, abraços na repartição, festinhas de amigo-oculto (sempre chatas e burocráticas!)...

Como enfrentar tantas contradições? Mergulhar de cabeça nas compras? Comer, comer e comer? Isolar-se de tudo e de todos? Rezar e orar? Cada um encontrará seu jeito próprio, pois as receitas em oferta pela mídia nem sempre são fáceis de seguir.

Quanto a nós, vivenciamos um pouco de tudo isso. Reencontramos os amigos, desejamo-lhes sinceramente um Feliz Natal (cada qual sabe como é ser feliz - não?), decoramos a casa, repartimos uns poucos presentes. Evitamos o consumismo e o desperdício. E o aniversariante do dia, aquele que deu origem a tudo isso, este tem um lugar simbólico na simplicidade de um presépio artesanal. Amélia, Ângelo e Renatinha representaram na estante uma pequena vila do interior. Os caminhos são tortuosos, como a vida. Mas as cores são vivas e, um pouco afastado, lá está ele, o Menino:

Presépio feito por Amélia, Ângelo e Renatinha,

com casinhas-de-barro (artesã: Jovita, do vale do Jequitinhonha-MG) Foto by Cláudio Costa.

22 dezembro, 2007

E F E M É R I D E S

Bolo de chocolate e cerejas, com creme ganache: Arte da Amélia. Foto by Cláudio

1. Ontem foi o aniversário da Ana, filhota. A proximidade com o Natal torna o mês de dezembro mais cheio de festividades. Ana não deixou por menos: festa no trabalho, festa-show na Utópica Marcenaria, com direito a show da Banda Copo Lagoinha e presença de amigos e amigas e, last but least, um almoço aqui em casa, preparado pela Amélia, claro! Vieram: tio Clóvis & Consola, tia Zilah, tia-madrinha Rosa, prima Adélia, amigas Gil, Renata e Manuela, o mano Ângelo & sua Renatinha. Ou seja, o apê se encheu de gente e de alegria. Filhota, parabéns!

2. Outro dia foi a inauguração da "árvore-de-natal-da-Lagoa-da-Pampulha". Parece que já está virando tradição. Começou no Rio -Lagoa Rodrigo de Freitas-; São Paulo construiu a sua no Ibirapuera e, agora, Beagá entra no esquema. Há patrocínio comercial, claro, mas não deixa de ser mais um motivo para a gente circular pelos lados da Igrejinha da Pampulha. Pelas
fotos que vi, parece que a "deles" está mais bonita, mesmo! A vantagem é que essas imensas estruturas são flutuantes e temporárias. A Ana aproveitou uma foto minha e colocou como banner no Mineiras, Uai!. Ficou bonito.

Árvore de Natal na Lagoa da Pampulha-BH. Fotos & composição by Cláudio Costa. Ver mais.

16 dezembro, 2007

O Rio de Janeiro continua lindo, amigão!


1. Mais um pulinho ali: estive, ontem no Rio. Tempo bom - sol sem muito calor, mas nada de folgar: fui de manhã e voltei à noite, já que tudo se resumiu em trabalho.

O que vi do Rio?

1. Aeroporto horroroso, o tal do Tom Jobim. Saindo de lá, em direção à zona sul, você pega a 'linha amarela' (cercada da favelas) ou a 'linha vermelha' e cai na Av. Brasil, cujo trânsito é qualquer coisa de louco. Pro centro - minha reunião foi na Presidente Wilson - o caminho passa pelos armazens decadentes e sujíssimos do porto, numa avenida, a Rodrigues Alves, que avança debaixo de uma via suspensa. Tudo muito feio e, por suposto, perigoso.


2. Aos poucos, o cenário do 'Rio Antigo" se mostra: Mosteiro de São Bento, Rua Santa Luzia, Academia Brasileira de Letras, Teatro Municipal, Candelária e o Bar Amarelinho, já na Cinelândia. Andei por esses caminhos há muito tempo e nunca me sairam da memória as ruas estreitas, igrejas coloniais e gente, muita gente.


3. E o Rio de Janeiro continua lindo. Literalmente abri uma cortina e vislumbrei o Aterro do Flamengo, Museu de Arte Moderna, Monumento aos Pracinhas, Marina da Glória, Outeiro de N. S. da Glória e, lá longe, o Pão de Açucar. Estava dentro de um cartão postal:



4. À tardinha, hora de voltar pro Galeão. Deram-me uma dica: vá ali pro Santos Dumont e tome o frescão, é só R$ 6,50. Como o tempo sobrava, aceitei a alternativa. Mas...



Mas em frente ao Santos Dumont (a parte nova) não vi ponto de ônibus. Perguntei ao segurança que me apontou o lugar correto, uns 200m além. Virei as costas quando escuto:


- Ô amigão!


Era o segurança, correndo em minha direção e já dizendo:


- Olha aqui, tem um amigão meu ali, mexe com frota de carro executivo, ele te leva.


- Mas não estou com pressa, amigão (nessa hora, é bom ter "amigões", não?).


Estacionado, vi o tal-que-mexe-com-frota-de-carro ao lado de um Honda prata, todo sorridente, um corpanzil que dava três de mim. Pensei: -Mais parece um leão-de-chácara, vigilante de boate.


Hesitei por meio segundo e perguntei o preço da corrida.


- O preço é 50 paus, mas faço por 25, amigão.


- Só tenho 15, não vai dar.


- Dá sim, amigão, vamo lá!


Com tanta prova de amizade, não resisti. O segurança me olhava todo sorridente e o amigão/motorista já abria a porta do banco traseiro. Delicadezas cariocas, presumo.


O motorista contou vantagens do seu novo Honda, dizendo que, agora, estava casado com aquele carro. Empolgadíssimo, explicou:


- Foi ontem, foi ontem mesmo que o emplaquei.


Elogiei ao máximo sua nova esposa, enquanto voltávamos pelo mesmo trajeto da manhã: "Pelo menos estamos indo em direção ao Tom Jobim", pensei.


5. Voei de volta pela Gol, tratado como marajá: 1 horinha só de atraso, poltrona apertadíssima e lanche requintado: um pacote de amendoim torrado e 1 copo dágua!


6. A aproximação do Aeroporto de Confins foi sob os últimos raios de sol:



7. Em casa, Amélia me pergunta:


- E aí, meu bem, como foi lá no Rio?


- Ótimo, arranjei um amigão!

09 dezembro, 2007

Oscar Niemeyer e eu

As comemorações do centenário de Oscar Niemeyer se fizeram ao longo deste ano. Mesmo quem não tem interesse especial em arquitetura se depara, cotidianamente, com referências às obras do aclamadíssimo arquiteto.

Foi Juscelino Kubitschek, prefeito da capital mineira na década de 40, quem abriu espaço para Niemeyer, entre nós: convocou-o para transformar a Lagoa da Pampulha em atração turística. Oscar projetou, então, o Iate Clube, o Cassino, a Casa do Baile e a Capela de São Francisco de Assis. Dez anos depois, já governador, JK faz outro mutirão de obras e, novamente, convoca o já consagrado arquiteto. Novas obras são construídas: o Colégio Estadual de Minas Gerais (1954), a Biblioteca Pública (só terminada mais tarde), o Edifício Niemeyer (1955), o Banco Mineiro da Produção, hoje Banco do Estado de Minas Gerais (Bemge), a Escola Técnica da Gameleira e o Conjunto JK. (Veja o vídeo desta reportagem (8min) da GloboMinas). Para ver fotos, plantas e descrição das obras em BH, clique aqui.

Niemeyer, entretanto, não é unanimidade. Alguns criticam a repetição de fórmulas ou mesmo o que chamam de hostilidade do ambiente de moradia e trabalho e, até mesmo, o uso que dele fazem alguns políticos: ao invés de promoverem concursos fazem a contratação direta do arquiteto e se blindam contra críticas.

Quando universitário, morei por quatro anos num apartamento criado pelo Oscar Niemeyer! Uma caixa de vidro e cimento, com janelões voltados para o norte, inundada de sol durante o inverno e de luminosidade ofuscante o ano inteiro. Os corredores imensos, totalmente dependentes de iluminação artificial, são desafio para os claustrofóbicos. Trata-se do enorme Conjunto JK, uma "cidade" com 5.000 habitantes! Habitei o nono andar do bloco mais baixo (24 andares). O espigão tem 36. A foto abaixo fala por si:



Apesar disso, gosto muito das 'invenções' de Niemeyer e me surpreendo cada vez que me deparo com suas obras. Em Curitiba, visitei o Museu Oscar Niemeyer de onde recebi, outro dia, um pedido inusitado: querem reproduzir algumas fotos minhas da Igrejinha da Pampulha. Viram-nas no meu álbum do Flickr, disseram que estão ótimas e ilustrarão uma revista especial sobre Niemeyer! Claro que autorizei e aguardo, ansioso, receber um exemplar.

Àqueles que visitarem nossa cidade, fica o convite: além do pão-de-queijo, do quiabo-com-angu e de muita prosa, conheçam também a BH de Niemeyer.